Capítulo X



Capítulo dez


 


A sensação da
realidade, do físico e do existente, simplesmente escoou entre seus dedos; ele
ainda estava ali, em carne e osso? De repente, Haykito percebeu que não sentia
as pernas; o calor passara em uma rapidez impressionante e, o bilhete deixou-se
cair frouxamente por seus dedos, escorregando e flutuando até o chão metálico.


As cores a sua volta
juntaram-se em um grande borrão sem foco; arfando, ele levantou-se, tonto, e
apoiou a cabeça no vidro gelado, para o sangue voltar a circular por suas
veias; o hálito fresco embassou momentaneamente a superfície lisa do vidro e,
então, ele apoiou-se no espaldar das poltronas e virou-se para Andrew, afinal,
devia uma explicação a ele.


- H.P.? - sussurrou
o garoto, com ar inquisitivo. - HP... quem tem essas iniciais? - Ele estreitou os olhos levemente,
contraindo o rosto em uma expressão pensativa e, então, foi citando nomes. -
Tem a Helga Panny, uma quartanista... e tem também um tal de Hogwan... Hogwan
Prinston... algo do tipo... e tem... o... como pude me esquecer? O Harry Potter.
Cicatriz - Ele reprimiu um sorriso e, então, ergueu os olhos para Haykito, como
questionasse se era algum daqueles que ele citara.


- O... o Potter -
murmurou Haykito, com a voz rouca. - É ele...


- Hum... vocês são
amantes?


- Claro que não -
respondeu o garoto, rindo nervosamente. -, ele é só... ele é só meu amigo...
claro...


- Que bom então -
disse Andrew, levantando-se e segurando uma mão de Haykito; ele inclinou-se e
tocou de leve os lábios macios na pele adocicada do garoto.


- Ãããh - Haykito
desvencilhou-se rapidamente, sentindo as maçãs do rosto escaldarem novamente
e, então, adiantou-se para fora do compartimento, alegando que deveria ir
depressa para a cabine de Harry, já que ele o chamara.


Alguns estudantes
persistiam e permanecer no corredor obstruindo o caminho, enquanto fofocavam
sobre quem ficara com quem nas férias.


Foi sem dúvida o
caminho mais longo que Haykito já fizera; talvez por estar caminhando com a
mesma velocidade que uma formiga carregando sua folha pesada nas costas ou
talvez fosse porque sentia o coração batendo aceleradamente no pomo-de-adão
de tal forma, que parecia prestes a explodir dentro de si e voar miolos,
ricocheteando contra a parede.


O que Haykito sentiu
foi que o percurso de sua cabine para a de Harry parecera transcorrer em quase
duas horas, até que ele finalmente viu-se parado à frente de uma porta lisa
com números dourados incrustados nela. 87.


Ele ergueu uma mão
trêmula de dedos pálidos e, timidamente, bateu à porta. Esperou alguns
segundos, que pareceram horas intermináveis e, então, uma voz masculina
murmurou algo como Entre e ele girou
com certa dificuldade a maçaneta.


As cortinas estavam
fechadas, impedindo que a fraca luz solar entrasse, porém, uma claridade
dourada, incindia de um candeeiro à óleo, pairando no ar levemente. Harry
estava sentado em um dos bancos, lendo uma revista que Haykito nunca vira na
vida - O Pasquim.


- Hum... sente-se -
começou Harry, com a voz aveludada, batendo levemente no assento do seu lado.


- Oi, Harry -
Haykito começou a dissertar diversos murmúrios ininteligíveis, gesticulando
animadamente com as mãos e, então, deixou-se cair ao lado e Harry, os olhos
presos nos do garoto. - Eu estava me perguntando o que você
iria querer comigo, não é? E... assim - Ele afastou os cabelos para o lado e
tentou afastar-se um pouco do outro, sentindo que a aproximação não seria
suportada muito tempo. - Qual seria assim... o assunto a ser tratado? Por
que...Mas calou-se; os seus pensamentos também pararam; de repente, o mundo
inteiro afundou-se em um mar e só eles dois existiam; ele sentiu o toque cálido
em suas mãos e, então, Harry inclinou-se, tocando com os lábios seu rosto.


As maçãs da
bochecha de Haykito simplesmente arderam em brasa e ele cerrou os olhos azuis,
sentindo as pálpebras pesarem, o coração acelerado socando dentro do seu
peito.


O toque ávido de
Harry em suas mãos aprofundou-se e, então, ele sentiu os lábios úmidos e uma
língua penetrando em sua boca...


 


Ainda é doloroso tocá-lo


E esse amor parece cada vez mais
difícil


Porém, vamos caminhar unidos


Pela estrada pedregosa


Passando pelos obstáculos...


Juntos...


 


Um sussurro
silenciou-se dentro de si e ele envolveu Harry com os braços, encostando seu
peitoral no do garoto e comprimindo-o, para que sentisse como estava quente... o
calor que ele passava para ele... os beijos foram ficando cada vez mais cálidos,
até que Harry deslizou os dedos alvos pelas mangas da suéter de Haykito,
tocando a pele do outro com uma sensualidade excitante.


As árvores que
deslizavam, correndo ao lado dos vagões haviam simplesmente explodido, assim
como os diversos alunos apinhados em seus compartimentos, tendo saudáveis
conversas e olhando, apreensivos, o lado de fora, ansiosos para chegar logo em
Hogwarts.


Mas nem Harry e nem
Haykito pareciam ansiar pela chegada em Hogwarts, aproveitando cada segundo.
Harry passou os braços em volta do outro e arrancou-lhe a suéter, contemplando
o corpo esculturalmente definido, com músculos retesos no peitoral; um volume
largo revelava-se claramente sob a calça apertada de Haykito, dando lugar à
imaginação, conforme uma linha negra de pêlos descia para dentro da região
do baixo ventre.


Harry inclinou-se no
sofá, segurando o outro sobre si e começou a movimentar-se lentamente, em um
vai e vem, embora ainda estivessem de roupa.


Haykito podia sentir
um incômodo volume nas nádegas, conforme Harry movimentava-se... o tempo
estava lento... etéreo... mágico... nada mais existia... nem mesmo a voz de
Hermione Granger, cansada, para um Rony Weasley.


- Vamos... Harry
deve estar sozinho na cabine agora...


Abriu os olhos,
aterrorizado. Desvencilhou-se o mais rápido que pôde e, jogou-se no banco
defronte ao de Harry no instante em que a porta escancarou-se e uma garota de
altura mediana, com a cabeleira castanha cheia precipitou-se para dentro.


Hermione perscrutou
o compartimento por alguns segundos em silêncio e, então, alteou o olhar de
Harry para Haykito, com uma expressão séria estampada no rosto de traços
femininos; Rony estacou logo atrás dela, parecendo não notar nada que estava
acontecendo enquanto debatia-se, lutando contra um sapo de chocolate.


- Eer... Haykito...
está... frio... por que não coloca uma camisa? - sussurrou Hermione, com a voz
embargada. - Logo deveremos estar chegando em Hogwarts...


- Ééé... bem - O
garoto sentiu uma lágrima brilhar em seus olhos, mas simplesmente engoliu em
seco, o suor deslizando por sua testa. -, eu estava... me trocando para pôr o
uniforme...


- Mas seu malão não
está em outra cabine?


- Éé, está -
exclamou ele, histérico. -, mas sabe como é. Eu acabei de descobrir que não
está no meu número e aí eu vim aqui porque... porque... achei que fosse o
mesmo número que o Harry... não foi? Harry?


Harry ergueu os
olhos fora de órbita e então, acenou brevemente a cabeça, parecendo acabar de
ver algo muito inacreditável, como um extraterrestre passeando com seu cachorro
em uma manhã agradável de domingo.


- Bem... eu vou
voltar para a minha cabine - prosseguiu Haykito, constrangido. -, ah... Harry.
Obrigado pela atenção... err... tchau então...


E apressou-se para
sair, sendo, então, interceptado por Hermione.


- Não vai andar no
corredor sem camisa, vai? - ela falou, com um sorriso reprimido nos lábios. -
Ande, vista sua suéter antes que congele.


Ele apanhou seu
casaco pressurosamente e disparou para o último vagão, jogando-se no seu
compartimento e caindo em um banco, tremendo da cabeça aos pés.


Andrew ainda estava
lá, sentado olhando, etereamente, pela janela. Ele encarou Haykito por alguns
segundos e, então, ajoelhou-se defronte ao banco e alisou de leve os cabelos do
outro.


- Talvez Harry
Potter não seja um bom amante - sussurrou, calmamente. -, até porque, ele já
tem namorada... talvez você seja apenas uma peça para obter prazer...
talvez...


- Cala
a boca
- vociferou Haykito, irritadamente; no mesmo segundo, Andrew inflou,
adquirindo uma coloração púrpura no rosto magro e, puxou o seu malão do
bagageiro, abrindo-o com uma agitada de varinha e puxando para si os uniformes
escolares; extravasava irritação em cada movimento, mas não soletrou nenhuma
letra e nem disse mais nada.


Talvez ele tivesse
razão e Haykito estava apenas se iludindo... mas talvez não... Não sabia ao
certo, algo dentro de si afirmava veementemente que Harry o amava de verdade e só
o que atrapalhava o romance dos dois era Gina Weasley, sua namorada.


Se fosse aquilo,
Harry poderia acabar dando um jeito e terminar com a garota. E os dois poderiam
ser felizes juntos...


Mas talvez, tudo
fosse uma grande mentira... ele não sabia...


O trem foi
desacelerando lentamente e Haykito ergueu os olhos para a janela, podendo ver a
grande silhueta do castelo erguer-se pouco mais a frente; pequenos flocos de
neve caiam em espirais quase artesanais e uma grossa fumaça negra condensava
sobre os vagões, vinda do trem.


A plataforma de
Hogsmeade foi aproximando-se, e Haykito precipitou-se para seu malão, girando a
varinha e fazendo com que as roupas automaticamente mudassem. Ouviu uma freada
rude e, então, um arrastar de pés elefantino; encarou Andrew com um leve
constrangimento e, então, se esgueirou para o 
corredor apinhado de estudantes, espremendo-se entre eles para conseguir
chegar à plataforma e respirar novamente...



 


Nota
do autor:


Ano novo
o.o' provas xD colégio. eh, férias? isso não me pertence mais _o\ capítulo
17 sendo escrito lentamente xD até o próximo, e comentem, pelo amor de Deus



 


 



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