Capítulo II



Capítulo dois


[Michiyuki]


Depois de algumas horas, que pareceram infindáveis, a porta do carro abriu e
um homem alto e magro, com luvas brancas nas mãos, cutucou Haykito para que ele
acordasse; estavam na porta do Caldeirão Furado, onde o garoto ficaria
hospedado até o dia de ingressar em Hogwarts.


Com uma das mãos ele apoiou-se no banco e levantou-se, caminhando pela
calçada enquanto olhava em volta.


Alguns transeuntes caminhavam tranquilamente depois de um dia cansativo de
trabalho, ninguém parecendo notar a porta preta e imunda que servia de entrava
para o Caldeirão Furado; na verdade, nem o próprio Haykito imaginaria que
aquilo fosse um pub. Antes ele comprava o material em outra lugar, e nem
nunca ouvira falar do Beco Diagonal; o garoto puxou o malão perto do corpo e
agradeceu o motorista, encaminhando-se para a entrada e abrindo parcialmente a
porta, para espiar pelo lado de dentro. Diversos bruxos conversavam
animadamente, bebendo conhaque em demasia e fumando cigarro, uma nuvem cinzenta
dissipando-se calmamente pelo ar, em espirais.


Haykito olhou para trás e pensou seriamente se não deveria dar meia volta e
fugir para algum lugar, ao invés de embarcar naquela nova escola com pessoas
que nunca vira na vida e longe de sua casa... Mas logo decidiu que deveria ser
corajoso e enfrentar o problema de frente!


Entrou rapidamente, fechando a porta atrás de si e sentou-se num banco alto,
jogando o malão para o lado e batendo a mão com selvageria no balcão.


- Me vê algo para beber? Alguém serve isso aqui?


- Sim, eu - disse um homem gordo que pareceu aparecer magicamente à sua
frente; ele era meio careca e sustentava um simpático sorriso banguela no rosto
castigado pelo tempo. -, o que deseja?


- Hum... que tal um whisky? - sugeriu Haykito, sorrindo.


- Quantos anos o senhor tem?


- Dezesseis - respondeu o garoto, estufando o peito desafiadoramente. -, por
quê?


- Bem, então eu sugiro um suco de laranja - murmurou o outro, abrindo um
sorriso de lado a lado do rosto e precipitando-se para baixo do balcão. Alguns
segundos depois, ele emergiu com um copo cheio de um líquido amarelado e
pousou-o no balcão, descansando o rosto nas mãos. -, então... o que veio
fazer aqui?


- Hum... vou estudar em um colégio - respondeu Haykito, sem vontade. - algo
como... Hogwarts.


- Ah, claro! Hogwarts!


- O senhor conhece?


- Quem não conhece - Ele ergueu os olhos orgulhosamente e começou a limpar
alguma sugeira invisível com o pano que estivera em seu ombro. -, lugar
perfeito aquele... sim, eu diria... e já tem onde dormir, garoto?


- N-não - respondeu ele, rapidamente. -, mas vou procurar algum hotel ou
algo do tipo.


- Por que não fica aqui? - perguntou Tom, simpático. - Temos quartos vagos.
Em ótimas condições.


- Ah... claro - murmurou Haykito, olhando em volta; podia imaginar
perfeitamente bem que tipo de condição o quarto deveria se encontrar, porém,
não podia simplesmente dizer que não ficaria ali, já que entregara que não
tinha onde dormir. Tudo bem, talvez não fosse tão ruim assim, afinal, seriam
apenas alguns dias até o ingresso. -, posso ver o quarto?


- Venha comigo - disse Tom, alegremente e conduziu-o a um lance de escadas
estreito, que dava para um patamar igualmente estreito; eles caminharam passando
por várias portas e, então, estacaram na frente de uma preta lisa, com um
número em dourado indicando qual era o quarto. 9. -, aqui. - Ele
apressou-se em puxar a chave do bolso e destrancar a porta, girando a maçaneta
e saindo da frente para que o garoto perscrutasse o quarto.


Não era o pior lugar que já vira, ao contrário; era um cômodo bastante
agradável, com uma janela de caixilhos baixos, de vidro, uma mesinha ao lado da
cama de solteiro larga com um edredon laranja-berrante.


Haykito pousou o malão ao lado da mesinha e aproveitou para pegar sua
varinha, colocando-a na borda da cama, para depois apreciá-la; faziam alguns
meses já que não usava-a em nenhum feitiço. Virou-se novamente para Tom.


- Obrigado, amigo - disse, rapidamente. -, agora acho que vou descansar...
amanhã, comprar os materiais...


- Não quer levar alguém consigo para ajudá-lo? - perguntou Tom, sorrindo
simpaticamente.


- Como assim?


- Tem uma hóspede aqui acostumada com as compras que poderia guiá-lo -
continuou ele. -, não quer?


- Hum... até pode ser. - murmurou Haykito, pensativo.


- Sim, senhor. Venho acordá-lo amanhã às nove horas, ok?


- Obrigado, Tom...


- O banheiro fica logo ali - Ele ergueu um dedo fino para a direita, onde uma
porta de madeira sustentava-se raquiticamente e, depois, virando-se com outro
sorriso, desapareceu de vista, fechando a porta ao passar.


Haykito deixou-se cair na cama, relembrando-se de toda a trajetória de casa
até o Caldeirão Furado. Sonhara; era uma casa de campo bonita com um ar
etéreo, com flores pelo jardim, árvores altas e cheias de folhas
demasiadamente verdes, um balanço preso firmemente a um galho e lá estava ele.
Anos mais novo, pequeno, com cabelos ralos, um rosto liso e alvo, com olhos
empapuçados azuis, brilhando enquanto era embalado por uma mulher.


- Venha aqui, querido - ela murmurava, suavemente, erguendo-o nos
braços e sorrindo para ele com uma ternura maternal. - se sente bem?



O garotinho gemeu algo em concordância, batendo as mãozinhas gordas para a
frente e rindo com a voz aguda.


- Acho que isso significa um sim - continuou a mulher, alegremente. -, razão
do meu viver... - Ela inclinou-se para a frente, selando os lábios na testa
alva do menino e pousando-o sobre os braços, ninando-o para que dormisse.


Logo, toda aquela cena foi dissipando-se, até virar uma névoa prateada e
Haykito aterrissar em sua cama novamente, os olhos já marejados de lágrimas.
Precisava parar de lembrar dela, ou não conseguiria melhorar nunca... sabia que
ela fora a pessoa mais importante de sua vida, porém, não poderia ficar
sofrendo e parar sua própria vida, como se também tivesse morrido.


Levantou-se e puxou uma roupa qualquer do malão, encaminhando-se para a
porta do outro lado do quarto e abrindo-a; uma banheira de gesso branca, com um
dossel cercando-a e um chuveiro singelo... ele encheu-a até quase a borda,
imergindo uma mão para ver se a água estava no ponto. Morna...


Haykito despiu-se lentamente, mergulhando com suavidade na banheira até
imergir completamente e, depois, ficou apenas com o nariz para cima, para poder
respirar.


No dia seguinte iria ser apresentado a uma garota... até que não fora uma
má idéia. Poderia conhecê-la melhor... nunca sentira necessidade de um
amor, para falar a verdade. Sempre conseguira manter-se calmo, sem apaixonar-se
perdidamente como grande parte dos adolescentes... exceto uma vez... uma única
vez. E achara que aquilo era comum, declarando-se para... ele. E acabara
sofrendo mais do que os outros, sofrendo em dobro; primeiro pela recusa
instantanea do garoto, segundo pelo preconceito sofrido pelos colegas. Bichinha.
Fora o que eles o chamaram diversas vezes.


Mas ele lutara, ah, se lutara! Quantos azarados por ele. Lembrando-se agora
dava até vontade de rir. Mas logo eles esqueceram; ou fingiram ter esquecido,
porque ninguém mais tocou no assunto. Acharam que ele estivesse curado
quando apareceu namorando Amanda Reinnond, uma garota de outra classe, do mesmo
colégio. Mas ele não via doença nenhuma para ser curado. Quando ficava
contemplando os corpos dos outros, simplesmente sentia atração por ambos os
sexos e não via mal nenhum naquilo... mas, infelizmente, os outros não
pensavam daquele jeito.


Haykito pegou uma esponja, passando-a pela pele, enquanto limpava-a; não era
mais aquele garotinho do sonho. Era um adolescente com um corpo bem cuidado,
pêlos distribuídos parcialmente e - notara - as genitais haviam crescido
demasiadamente, desde que era uma simples criança.


Alguns minutos depois, ele levantou-se e vestiu-se em um confortável pijama,
pulando na cama em seguida e sentindo que o sono começava a levá-lo para
mundos distantes... uma taça de conhaque, uma mão segurando-a... um homem
gordo bêbado. Pai...


Uma mulher gritando e sendo jogada contra a parede, caindo pesadamente no
chão; um berro masculino, uma mão descendo sobre a mulher. Mais gritos e,
depois, lágrimas.


O cenário mudou para um quarto escuro, Haykito deitado em uma cama com a
mãe no colo, acariciando os cabelos dourados dela. Ela estava com hematomas
roxos espalhados pelo corpo e, haviam gotículos de sangue nos fios dourados...


- Tudo vai dar certo, mãe... tudo...



Nota do autor:


Hello \o\ 4 comentários. da pra aumentar neh *_* mas por enquanto tá bom =]
bem. e como vcs foram bonzinhos e comentaram, eu vou atualizar \o/ tenho até o
4 escrito e espero logo escrever os próximos. Minhas aulas voltaram, então o
tempo vai ser menor - de noite apenas x.x mas eu vou tentar. Agora respostas aos
comentários =P


Beatriz Potter - ¬_¬' sem comentários pra vc né xD tu sabe que eu te amo
né então nem vou falar nada. Mas tudo bem. Ainda faço tu gostar de yaoi e het
XD hauahua.


João Paulo - Sim \o\ eu consegui me cadastrar na porrilda do fanfiction.net,
mas o baka-mor aqui não sabe nem postar uma fic lá xD mas tá tranqüilo \o\
uma hora o cérebro resolve funcionar e eu consigo neh n.n' até que o nível de
aceitação até agora está bom né. Ainda não apareceu nenhum babaca para
estressar =]


N.W.Black - *-* eu te surpreendo? \o/ que feliz *morre* tu sabe que eu te amo
né =P ainda dedico um livro pra ti =] aguarde xD


Tomlec - Eu vou continuar; postar é um outro assunto né >D depende do
pessoal comentar... Obrigado e continue lendo =]~


Agora vou indo =] logo volto com mais! Até \o/



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