Ginny e o Whisky de Fogo
Capítulo Seis – Ginny e o Whisky de Fogo
Acordei lentamente, muito devagarinho. A melhor parte de brigar com Harry era sempre o ritual de reconciliação. Meu despertar foi tão tranqüilo e pacífico que até demorei um pouco para me dar conta de que tinha que voltar ao Ministério da Magia naquele dia.
Ohhhhhhhhh não!
Por favor, Draco Malfoy não, Draco Malfoy não... O quê diabos Tonks tinha na cabeça quando resolveu me enturmar com ele? É muito provável que no meio de uma conversa politicamente incorreta e confidencial ele comece a falar como os Weasley são patéticos e conhecidos por toda a sociedade bruxa como traidores do sangue... E todos vocês sabem que eu não vou demorar muito para estragar o disfarce e transformar aquela cara convencida dele em um monte de furúnculos cheios de pus e...
Puxa, espero que ninguém tenha resolvido ler isso enquanto come. Sinto muito se aconteceu! Mas enfim, acho que deu pra compreender o quanto eu NÃO quero ir para o Ministério da Magia hoje.
E pra completar, Harry já se levantou. Odeio acordar sozinha... Mas dessa vez eu perdôo, afinal ontem mesmo nós estávamos em pé de guerra. A reconciliação é maravilhosa sim, mas se houver uma por dia, vai acabar perdendo a graça, entendem?
Vamos ver, mais tarde preciso encontrar Tonks para que ela me transforme de novo. Detesto isso. Queria ter pegado mais N.O.M.s em Transfiguração, agora dependo dela. Mas não custa nada arrumar e pentear um pouco o cabelo. Vejamos como aquelas madames costumam prender... Um coque vai fazer parecer que eu tenho mil anos, melhor não. Mas tudo solto também não é adequado. Será que Tonks saberia me ajudar? Por mais que ela não goste, afinal, ela é provavelmente uma das últimas Black restantes no mundo mágico. Claro que ainda resta aquela mãe odiosa de Malfoy e ele próprio, mas eles... Ah, eu comecei de novo!
Enfim. Vou descer e ver o que encontro. Nem acabo de descer dois lances de escadas e encontro Luna, subindo.
-Olá Ginny – murmurou ela, parecendo notar a minha presença apenas no último instante. – Como está?
-Ótima – repliquei, com um sorriso muito largo. – E você, dormiu bem?
Luna apenas assentiu com a cabeça, e eu continuei descendo antes que ela dissesse qualquer outra coisa. Harry estava lendo no sofá da sala de estar. Cheguei por trás e o beijei no rosto, ainda me sentindo com um humor quase sobre humano.
-Bom dia, Harry... – murmurei, próxima do ouvido dele. Senti Harry estremecendo (eu adoro tanto isso) e depois ele se virou para mim.
-Já vai para o Ministério?
-Estou procurando Tonks... Ela precisa me transformar.
-Eu não a vi descendo ainda – ele comentou, fitando as escadas atrás de mim. – Acho que você terá que acordá-la. É provável que ela tenha passado a noite toda cuidando de Lupin... Se é que estou sendo compreendido.
Não resisti a uma boa risada. Harry me puxou com força e eu caí no colo dele.
-Ah, por favor – falei, tentando soar séria. – Ele está machucado, não poderia...
Harry apenas sorriu de uma maneira misteriosa e ao mesmo tempo, que deixava no ar seus pensamentos. Ele estava diferente de novo, mas dessa vez diferente do jeito que eu gostava dele, desde quando o conheci.
-Nós nunca sabemos – ele murmurou. – Você conhece algum outro lobisomem? Talvez eles tenham poderes além dos que nós podemos ver...
-Sim, claro – repliquei, rindo. – Lembre-me de perguntar sobre isso à Tonks, mais tarde.
Para meu alívio, a metamorfomaga resolveu descer não muito depois de mim. Eu já estava vestida e bem acordada quando ela veio, devagarinho, se apoiando no corrimão, esfregando os olhos.
-Bom... dia... – ela murmurou, enquanto bocejava. – Olá, Ginny... Suponho que esteja esperando que eu mude a sua... – e bocejou de novo.
Sorri sem graça, sem conseguir esquecer as observações de Harry e fazendo um esforço imenso para não rir. Ela tocou na minha testa e eu me vi, diante do espelho, transformando em Diana Higgs. O chão se aproximou quando eu perdi alguns centímetros e meus cabelos ficaram negros da raiz até as pontas; depois meus olhos ficaram azuis com um formigamento estranho, ao qual era bem difícil se acostumar.
-Agora preste atenção – Tonks disse, já parecendo mais desperta. – Você sabe o risco que está correndo com isso, não sabe?
Assenti.
-Não fale bobagens, Tonks, não é como se fosse a primeira vez que eu...
-Você não pode falar como você fala, não pode agir nem gesticular como Ginny Weasley. Você precisa ter a voz um pouco mais aguda... Talvez seja bom mudar sua voz também...
-Chega, pare com isso, Tonks. Não me trate como uma garotinha, por favor. Eu sei muito bem com quem eu vou lidar. Draco Malfoy não deve ter a língua muito presa...
-É aí que você se engana. Ele é meu parente, Ginny, não se esqueça disso. O meu lado Black sempre foi mais calado e mil vezes mais desconfiado do que o habitual. Famílias de sangues-puros podem geralmente ter alguns traços estranhos, meio malucos, mas não se abrem com facilidade. Você vai precisar realmente agir como se fosse uma completa idiota que não tem idéia do que está acontecendo...
Encarei Tonks, que assumira quase um tom professoral com todas aquelas lições de disfarce.
-A minha família é de sangues puros, Tonks.
Ela ergueu uma sobrancelha.
-E não se pode dizer que vocês sejam exatamente calmos, não é? Agora vamos, vista isso aqui. Eu andei pegando algumas vestes velhas da minha mãe, que ficaram trancadas no porão. Passei a manhã toda dando um jeito nelas ontem, enquanto Remus estava na missão com Harry.
-Por que você não vai comigo?
-Número um: - ela replicou, erguendo um dedo. – Malfoy ficou muito mais interessado na jovem bonita e rica do que na mãe velhinha e conservadora. E dois – outro dedo se mostrou – tenho que cuidar do ferimento de Remus.
-Mas não era só um Feitiço de Corte?
-SÓ um Feitiço de Corte? Você já foi atingida por um, mocinha? – Tonks disse, erguendo-se de repente.
-Já, uma vez, atrás da perna...
-Bem, então imagine o que seria aquilo atravessando as suas costas de um lado a outro. No começo eu achei que ele fosse colocar a vertebral pra fora ou algo do tipo...
Virei os olhos.
-Ah, está bem... Que desculpa hoje eu vou dar?
Foi a vez de Tonks virar os olhos.
-Quer tudo de bandeja ou o quê? A espionagem é uma arte. E um dos seus pilares é a improvisação.
Cerca de vinte minutos depois, eu estava completamente pronta, com vestes negras de detalhes verdes; se Andrômeda Black vestira aquilo, deveria ter se sentido mais um enfeite de Natal para a árvore da Sonserina. Havia até algumas esmeraldas presas ao longo da veste.
Aparatei, cruzando os dedos para me deparar com um Ministério cheio com tanta gente que eu mal pudesse ser vista... Mal peguei o meu crachá, Diana Higgs, procurando encrenca, não soube onde enfiá-lo. O que eu ia dizer para a cabine? Que tinha vindo espionar Draco Malfoy? Seria genial entrar no escritório dele com um belo Diana Higgs, missão de espionagem sobre Draco Malfoy. Não havia modo de ser mais discreta!
De qualquer forma, as pessoas que se davam ao trabalho de olhar para mim certamente não estavam interessados no meu crachá. Principalmente os homens. Alguns me lançaram olhares muito desconfortáveis, até mesmo homens que sempre tinham olhado para mim como uma criancinha, sendo ruiva e sardenta. O que uma roupa rica e um par de olhos azuis não são capazes de fazer, hein, amigos?
Muito bem, estou chegando ao projeto de elevador daqui. E agora, como vou lembrar do andar onde fica o escritório do Malfoy? Tudo que ele disse da última vez era que podíamos perguntar por ele.
Eu é que não ia sair perguntando por Draco Malfoy pelo Ministério todo!
Pausa. Isso está ficando completamente insano, não é? Podem falar. Eu estou falando demais o nome dele para mim mesma. E mesmo assim não consigo fixar a idéia. Espero que ele não esteja planejando fazer comigo coisas que um casal faz depois de um jantar à luz de velas... Argh, meu estômago até revirou.
Ah, vejam só, se não é Blaise Zabini ali, atravessando o saguão. Acho que são amiguinhos, os dois. Tenho lembranças nada simpáticas desse Zabini, dos tempos de Slug Club. Ele e sua mãezinha bela e influente... Pro inferno com aquela vaca!
-Com licença, senhor...
-Zabini. – sou cumprimentada por um sorriso educado e um olhar significativo.
-Estou procurando o escritório de Draco Malfoy, e não sei em qual andar...
-Ah! Venha comigo. Por acaso é no mesmo andar que o meu. – a porta se abre e nós entramos nessa caixa inconstante. Zabini está me olhando de lado. Agora resolveu estender uma mão.
-Blaise Zabini, é meu nome. O seu...?
Engulo em seco, forçada a apertar a mão da cobrinha sonserina.
-Diana Higgs.
-Nunca ouvi falar de você – ele comenta, e eu sinto um frio enorme na barriga, com aquele medo conhecido de ser descoberta. – É nova no pais?
-Mais ou menos... – forço um sorrisinho amarelo. – Meu pai foi um diplomata... Nunca paramos muito em lugar algum...
-Ah... – Zabini hesitou, pensando em qual assunto poderia forçar agora. – Eu estaria sendo muito indelicado se perguntasse o que você poderia querer fazer no escritório de Malfoy?
Evitei erguer uma sobrancelha. Pensei que os dois se tratassem pelo primeiro nome...
-Bem... Como vou explicar... – como vou inventar uma mentira convincente tão depressa...? – São alguns negócios antigos que a minha família tem com a dele... Espero que entenda... Coisas do meu pai que devo terminar.
-Que ótimo – Zabini sorriu daquele jeito padrão, que provavelmente era igual em todos os Comensais da Morte fingindo ser educados. – Temi que fosse a última namorada dele, se é que me entende... – e riu baixinho.
O elevador parou e se abriu, no andar em que ficava o escritório dele, de acordo com Zabini. Entraram alguns memorandos e uma dupla de velhos bruxos meio surdos, e nós saímos.
-Oh, absolutamente – repliquei, cobrindo o rosto com uma mão. – Eu mal o conheço...
-Isso significa que eu poderia convidá-la para jantar comigo, Diana?
Sorri também, de uma maneira mais falsa e ainda mais larga que ele.
-Seria ótimo! Estarei esperando uma coruja sua... É essa a porta?
Zabini assentiu, e segurou minha mão também. É tão medieval essa coisa de beijar mãos! Além do mais, Zabini não sabia fazer direito. Estava mais pra Luis XV do que para jovem rico e educado.
Quando parei diante da porta de Malfoy, respirei fundo.
YAY!
Nada de espionar Malfoy, o Comensal da Morte esquisito, fechado e convencido... Zabini era ideal! Estava muito mais interessado em mim, nota-se a quilômetros. Vejam a diferença: enquanto Malfoy me disse para aparecer novamente em seu escritório, Zabini já queria que eu jantasse com ele. Magnífico. Só vou entrar e enrolar um pouquinho, depois saio e espero a coruja do outro...
-Entre – a voz arrastada de Malfoy soou pela porta, que se abriu sozinha instantes depois de eu ter batido.
-Com licença... – pedi, pondo a cabeça para dentro da sala, tentando soar o mais meiga e delicada possível. Malfoy ergueu a cabeça e me fitou por um instante. O par obscuro de olhos cinzentos ficou me olhando por um momento, estático, para depois se levantar e correr para fechar a porta atrás de mim.
-Srta. Higgs! – ele exclamou, gesticulando para que eu entrasse e me fizesse à vontade. – Não achei que fosse aparecer.
E parou diante de mim, me olhando de cima e com tanta intensidade que chegava a ser desconfortável. Certo, talvez Zabini NÃO estivesse mais interessado do que ele. Por um momento, me passou pela imaginação a expressão que Harry faria se pudesse ver a minha atual situação... A namorada dele ali, cercada de Comensais da Morte loucos por uma garota com uma herança estupidamente grande.
-A minha mansão de repente revelou-se muito... pequena, eu deveria dizer. – murmurei, dando dois passos para trás. – Como se as paredes estivessem me perseguindo... – ergui os olhos para ele. – Entende o que eu digo?
-Certamente – ele confirmou, indicando um sofá azul-cinzento a um canto de sua sala, ao lado de uma estante cheia de tomos antigos e que provavelmente não saíam das prateleiras havia séculos. – Sente-se, Diana...
Obedeci pacientemente, tentando pensar em algo para dizer. Mas pelo jeito Malfoy estava resolvendo tudo para mim. Sentou-se bem ao meu lado e encostou um braço no encosto do sofá, respirando fundo e olhando para mim.
-Tive uma semana terrível. Você não acreditaria, Diana. Ando mesmo precisando de um pouco de companhia... – e, com um sorrisinho fino, estendeu uma mão e segurou uma mecha do meu cabelo negro.
Wow, wow, wow, ele está perto demais. Hora de me afastar... De me fazer de difícil... Até porque ele está começando a se debruçar sobre mim e se ele chegar perto mais um centímetro eu seria capaz de... Capaz de castrá-lo! Não pode nem mesmo ver uma mulher... E é só por causa do meu dinheiro! Quero dizer, o dinheiro de Diana Higgs!
-Sr. Malfoy... – murmurei, muito sem graça, me afastando. – Eu acho que...
Pode me matar, Tonks, pode fazer o que quiser comigo, mas eu não vou deixar esse estúpido me agarrar!
-Qual é o problema?
Eu me encolhi, pensando furiosamente. Eu poderia apenas dar o fora nele e ir embora. Mas isso seria insanidade! Por que eu teria ido até lá então?
-Oh, não diga... – Malfoy me examinou com os olhos estreitos, e eu desviei o olhar. Por um momento me lembrei do hábito cada vez mais freqüente de Harry em fazer isso.
Ele fez mais uma pausa, parecendo quase temeroso de me dizer o que pensava.
-Você... Não é virgem, é?
Abri bem os olhos. De repente entendi que era a máscara perfeita.
E assenti.
Fervendo por dentro, é claro! Eu não acreditava que estava tendo uma conversa como aquela com Draco Malfoy. Era surreal! Era coisa de universo alternativo! Senti que ficava vermelha, o que me veio a calhar. Ele pensou que era timidez, mas era raiva.
Ele sorriu de uma maneira quase incrédula.
-Agora estou convencido de que se trata de uma jóia, Diana – ele murmurou, chegando tão perto que não havia mais sofá para onde recuar. – Uma mulher linda como você... Intocada. – ele mordeu o lábio, e eu podia ler cada pensamento pervertido dele. Quis sair correndo naquele mesmo momento. Não conseguia dizer nada. Se dissesse, acabaria me entregando.
-Não precisa ter medo de mim – ele acrescentou, com os olhos cinzentos muito incisivos sobre os meus. Estendeu uma mão e ergueu meu queixo. – Eu estou realmente encantado com você, Diana. Não sei o que está me fazendo. Estou... – ele segurou meu rosto, com uma mão quente e nada tímida – Acho que você está me deixando diferente, Di... – foi quando ele cortou a si mesmo. Eu poderia jurar que havia algo de estranho no modo como ele disse meu nome falso.
-Diga alguma coisa – ele pediu, afastando-se.
-Você não é assim – repliquei, antes que me contivesse.
-Não sou... o quê? – ele perdeu a pose de galã apaixonado e ergueu uma sobrancelha.
Minha vez de morder o lábio.
-Você não pode ser assim tão... Simpático – acrescentei no último minuto. – Estou custando a acreditar que...
OH, MERLIN... Quanta falsidade! Nunca achei que fosse capaz disso.
-Então me dê uma chance de provar. – ele segurou minha mão mais uma vez. –Venha à minha casa esta noite.
Se era possível, abri ainda mais os olhos.
-Sua casa?
-A Mansão Malfoy – ele completou. – Você poderá conhecer onde eu moro e meus amigos mais próximos. Estou certo de que assim entenderá que não sou um... Aproveitador qualquer. – e sorriu maliciosamente.
-Tem... Tem certeza? – perguntei, incrédula. Não podia estar dando tão certo assim, podia?
-Claro que tenho. Apenas encontro um problema em tudo. Olhe bem nos meus olhos... – e encarei-o, já que estava sendo forçada.
-Você está do lado do Lord das Trevas na guerra?
Lembrando-me nitidamente de Lupin orientando aquela mesma missão, tranquei os dentes e acenei que sim. Malfoy imediatamente se pôs a sorrir de uma maneira que eu pensei que não fosse capaz.
-Ótimo. Bom saber que você é inteligente, Diana. – ele ficou sério de repente e apertou a minha mão. – Parece idiotice, não é? Mas o Lord sabe recompensar aqueles que estão do lado dele. Assim que Potter e a Ordem da Fênix estiverem acabados, nós viveremos no paraíso.
Ficamos ambos em silêncio por um minuto, e a sensação foi que ele estava meio que dizendo aquilo para si mesmo. Fitei-o com curiosidade, encarando os olhos cinzentos que de repente estavam opacos e fora de foco, para depois vê-lo se dar conta do que estava fazendo, piscar e voltar a me olhar inquisitorialmente.
-Você virá esta noite?
Respirei fundo.
-Eu... Eu não sei se posso... – comecei, ainda não convencida de ser muito seguro me enfiar na Mansão Malfoy, sozinha com uma corja abominável de Comensais da Morte coleguinhas dele. – Minha mãe... Vai receber alguns bruxos que estudaram com ela em seus tempos de Hogwarts... Eu não sei se eu poderia...
A expressão de esperança dele falhou, como se quebrasse de um momento para outro.
-Ainda não consegue confiar em mim, não é? – ele perguntou, levantando-se e indo para trás de sua escrivaninha de novo. – Por favor, fale com sua mãe esta tarde. Diga a ela que estou pedindo. Ela pareceu ser tão encantadora, Diana. Certamente poderá entender.
Eu me levantei, meio desconcertada, como se tivesse de repente perdido algo que teria acontecido ali no meio. Malfoy estava irreconhecível, correto, mas isso se devia à sua atuação de galã apaixonado e arrebatado por uma bela garota rica. Se tudo não fosse armação, se as coisas fossem de verdade para mim, eu não sei se teria acreditado naquela conversa toda. Mas enfim, todas as garotas são tolas, e caem facilmente numa conversa de um homem atraente e aparentemente apaixonado...
Esperem aí.
Certo, quero que esqueçam completamente a última frase. Vamos adiante.
Esbocei um sorrisinho amarelo e me levantei, também.
-Talvez faça melhor indo para casa agora.
Malfoy suspirou.
-Como desejar. – fez uma pausa e acrescentou: - Estarei esperando a sua resposta, Diana.
Assenti depressa e saí, fechando a porta atrás de mim.
Cheguei à Ordem parecendo muito atormentada. O modo como Malfoy falara naquele momento! Os Comensais da Morte não costumam ter esperança de dias melhores. Eu os conheço, depois de todas as missões pelas quais já passei. Eles ficariam perfeitamente alegres de passar o resto de suas existências servindo a Voldemort, crentes de que fazem o certo limpando o mundo dos sangues ruins e afins... Ah, quanta estupidez. E ainda acham sinceramente que não passamos de ratos nos pondo nos caminhos deles, que apenas querem limpar o mundo e procriar uma raça pura de bruxos que não tenha mais que se subjugar aos trouxas! É uma doutrina viciosa, isso sim. Estou acostumada com eles, mas a cada dia me assombra mais que eles acreditem nessa teoria.
Tonks deve estar no quarto de Lupin, de novo. Abri a porta... Ninguém. Será que Lupin já se levantou? Já está bem assim pra isso? De qualquer modo, estou morta de fome e um almoço viria a calhar.
Descendo as escadas, aquele olhar desfocado de Malfoy não me sai da cabeça. Até mesmo cruzei com algumas pessoas na descida, mas mal as vi. Tudo que eu conseguia pensar era: será que ele era o único que tinha esperança? Essa fábula da vida tranqüila e superior uma vez que a guerra estivesse acabada e vencida por Voldemort era coisa que diziam para as crianças. Conforme eles cresciam, todos deixavam de acreditar nela. Mesmo assim...
-Ginny!
-Oh, olá Hermione. – parece até que ela acabou de aparecer na minha frente! De onde ela saiu?
-Estou te chamando há um tempão, Ginny! Como foi a missão?
-Ainda não está terminada por hoje, Hermione – suspirei. – Aparentemente, Malfoy quer que eu faça uma escala na mansão dele esta noite.
Os olhos castanhos dela se abriram tanto quanto podiam. Hermione me fitou atentamente e disse:
-Isso é sério?
Assenti, no apogeu do meu desânimo.
-Ginny, isso é fantástico! Você só foi até ele duas vezes! E já vai a uma reunião de... Quantas pessoas estarão lá? – ela perguntou abruptamente, tomada de uma idéia desagradável, provavelmente.
-Não sei. – murmurei. – Mas haverá outros Comensais lá. Malfoy parece querer me mostrar aos seus amigos, para ganhar a confiança de Diana Higgs.
-Diana Higgs?
-Meu nome.
-Ah, sim. – ela parou e respirou fundo. – Venha, Tonks está lá embaixo. Estávamos esperando por você para almoçar... Mas não sabíamos quando voltaria...
-Não tem problema. – resmunguei, sem emoção. Não estava me importando de comer sozinha. Mesmo que todos estivessem comigo, eu acabaria me distraindo e trabalhando mentalmente em minhas teorias sobre as possibilidades de Malfoy.
Lupin estava sentado com Luna na sala de estar. Ambos discutiam fervorosamente sobre o que seriam, aparentemente, esconderijos dos Comensais. Respirei mais leve de ver que Harry tinha finalmente colocado a cabeça eficiente de Luna para trabalhar.
Instantes depois, estávamos todos sentados à mesa. O clima estava bruscamente diferente do normal na sede da Ordem da Fênix. Tanto que me fez lembrar dos tempos em que Sirius estava vivo. Havia risadas, (sendo as de Tonks e Luna as mais escandalosas), havia piadas e até mesmo tínhamos convidados. McGonagall estava sentada ao lado de Harry, com um sorriso fino no rosto e um olhar meio saudoso, tentada a também contar uma piada, eu poderia jurar. Kingsley também estava ali.
-Os gêmeos devem vir logo – ele estava dizendo. – Eu falei com eles ainda há pouco, quando passei pelo Beco Diagonal. A seção de armas falsas dele está quase vazia. Parece que os bruxos comuns estão comprando varinhas falsas e andando com elas o tempo todo, para poderem entregá-las em caso de ataque, no lugar da varinha verdadeira.
Ron riu e ergueu a mão.
-Fiquem só imaginando a cena... – e fez uma careta dramática. – “Entregue sua varinha, sangue ruim...” E então ele pega e simplesmente vê um frango de borracha, ou...
Não ouvi o final da piada, mas mesmo assim me senti compelida a rir.
-Hum... Eu acho que perdi alguma coisa – falei, quando os risos se acalmaram. – Por que toda essa alegria?
-Estamos quase descobrindo o código dos Escritos Negros! – Hermione disse, com a voz aguda e orgulhosa. – Eles usam um código muito complexo, sabem...
-Mas no fundo são apenas um monte de barrinhas – Ron acrescentou com uma expressão zombeteira. – Ou seja, passamos tanto tempo pesquisando todas as formas antigas de comunicação entre os bruxos das trevas, e a coisa acaba sendo simples como códigos da escola.
Ginny resistiu a rir da cara contrariada de Hermione.
-E quanto a você, Ginny? – Tonks perguntou, com um olhar malicioso. – Como foi a manhã no Ministério da Magia?
-Ah, claro, você tinha que me fazer lembrar – murmurei, virando os olhos. – Está tudo saindo muito bem. Estou até tendo que segurar o Malfoy um pouquinho. Incrível o que uma herança gorda não faz com um homem...
-Segurar o Malfoy? – Harry perguntou, na ponta da mesa.
-Hum... É. Pelo jeito, quer acabar logo com o dinheiro de Diana Higgs, a julgar pela velocidade com que se joga pra cima dela. Ele até acha que ainda poderá ter uma vida tranqüila e despreocupada assim que Voldemort nos derrotar.
Falei isso com tal desprezo que quase acreditei em mim mesma. Enfim, Malfoy não passava de mais um tolo. É, acho que é isso mesmo. Um tolo. Um idiota que ainda tem esperança. As pessoas deviam ser mais realistas, não acham?
-Esse idiota tem bosta na cabeça, isso sim – Ron resmungou, enchendo a boca em seguida, sob um olhar desaprovador de Hermione. Olhei para a minha comida e o ouvi engolir para acrescentar: - Vocês sabem, ele passou a vida inteira na asa do pai. Nós vimos o que aconteceu quando ele teve que fazer algo sozinho.
Todos tentamos não pensar na noite em que Dumbledore morreu, pois essa lembrança sempre nos faz querer levantar e perseguir Snape em cada canto do mundo e reduzi-lo a cinzas oleosas e nojentas, que é bem o que ele é. Mas às vezes isso se fazia necessário.
-Bem, mas o Morcegão acabou fazendo o serviço sujo para ele, não é? – Harry murmurou, de repente amargo mais uma vez.
-Do que estão falando? – Luna voltou os olhos interessados pela mesa.
-Do Professor Dumbledore – Lupin murmurou, com uma expressão fatigada apenas pela lembrança. – Voldemort havia encarregado Draco de matá-lo, mas quem acabou fazendo tudo foi Snape.
Ela continuou lançando olhares curiosos pela sala, e o clima de riso de repente tinha ido embora.
-Foi porque Dumbledore já estava quase convencendo Draco a abandonar Voldemort – disse Harry, de olhar na comida, também. – Eu estava lá.
Silêncio.
-Será que... – Hermione tentou, muito lentamente. – Será que... Se Snape não tivesse chegado... Se Malfoy pudesse mesmo escolher... As coisas não teriam sido diferentes?
-Nós já pensamos nisso uma dezena de vezes – disse Harry.
-Não interessa, o caso é que no final Malfoy ficou mesmo com os bruxos das trevas – Ron cortou-o. – Ele era medroso demais, não teria coragem para desafiar o mestre dele.
-Bem, enfim – Tonks forçou um tom animado, voltando-se de novo para mim. – E o que ele tentou, afinal, Ginny?
-Hum... Aparentemente Diana Higgs é uma virgenzinha inocente e desprotegida, e ele a convidou para ir à Mansão Malfoy...
Ron cuspiu o suco, Luna abriu mais ainda os olhos, Lupin recostou-se e gemeu de dor, esquecido do ferimento; Tonks levantou-se e me encarou, os olhos muito brilhantes.
-Tá brincando!
-Não estou, não – sacudi a cabeça, desconsoladamente.
-Está sim!! Você não pode ter conseguido uma chance de enquadrar tantos Comensais da Morte de uma vez só!
-Claro que posso, já que meu poder de fogo é imbatível, posso simplesmente ir chegando e estuporando um por um, amarrá-los que nem sacos de arroz e trazê-los pra cá... – repliquei, ironicamente.
-Certo, Ginny, o plano é o seguinte: - Tonks me disse, quando a noite já estava caindo. – A essa altura, a coruja com a minha carta deixando você ir já deve ter chegado. Nós vamos colocar dois membros da Ordem de cada lado da mansão.
-Vocês não vão invadir a casa, vão? – interroguei, subitamente apavorada.
-Não, nem pensar. – ela sacudiu a cabeça jovialmente. – Não seja bobinha, Ginny, eu sei que isso destruiria o seu disfarce! É só em caso de emergência. Nós vamos deixar com você este pingente – ela prendeu uma flor esverdeada no meu ombro, - que você deve destravar se precisar da gente. Nós teremos membros entrando pelas janelas e, em último caso, arrombando a porta.
Eu me fitei no espelho, já vestida. Gostaria de não estar usando aquele vestido verde, de tons escuros, que me fazia mais parecer aquela vaca da Bellatrix Lestrange do que qualquer outra pessoa. O broche ficou preso na única alça; o outro ombro estava de fora.
Olhei para o lado e encontrei Victoria Higgs; Tonks acabara de se transformar.
-Certo, é melhor eu levar você. – ela falou. – Dessa forma deixo bem claro que estou encantada de minha filha estar conhecendo um cavalheiro tão distinto quanto Draco Malfoy.
-Sabe, Tonks, às vezes eu acho que você quer me fazer acreditar nessas coisas – resmunguei, com um risinho.
-Quanto mais você acreditar – ela replicou, me examinando enquanto nos arrumávamos para aparatar. – Melhor vai atuar. Portanto... Nossa, menina, você está branca demais. É efeito do vestido escuro e do cabelo ou você realmente anda se alimentando mal?
-Pare de bobagem, Tonks – falei com um risinho. – Primeiro quer me convencer de que Malfoy é um cavalheiro distinto e agora começa a inventar anemias na sua pseudo-filha...
Com um estalo, nós aparatamos. Eu não sabia onde poderia ser a mansão dele, mas Tonks certamente sabia. Afinal, ela era prima dele. Narcissa era tia dela... Só o pensamento faria qualquer um embrulhar o estômago.
A mansão era grande, larga, de pedras antigas, lembrando aquelas casas medievais. O que provavelmente ela era, já que entre essas famílias ricas e convencidas eles costumam morar no mesmo lugar por séculos e séculos a fio, dizendo que devem seguir a linhagem da família. Patético, se querem saber. Eu não queria sair da Toca porque eu amo aquele lugar, só por isso. Vocês não podem dizer que não seja um lugar agradável, porque é.
Eu ajudei a Tonks-caquética a subir as escadas até a porta. As janelas estavam cobertas por cortinas escuras, mas ainda assim havia luz lá dentro. Engoli em seco, olhando de relance para o meu broche. Oh, Merlin, que eu não precise dele...
Foi uma seqüência interessante respeitável, a que se seguiu ao momento em que Tonks tocou a campainha. Malfoy abriu, segurou minha mão e dessa vez conseguiu beijá-la (lábios finos e estreitos, sempre com aquele sorriso cordial e falso no rosto). Minha mão se despediu e desaparatou, tão logo a porta da mansão se fechou às minhas costas.
A sala de estar dele tinha móveis vitorianos, antigos e ricos, claro, e no canto havia um piano que tocava sozinho. Alguns bruxos circulavam e conversavam educadamente em rodas espalhadas pelo aposento. Alguns olharam para mim, sem dar muita atenção. Draco, entretanto, estava prestando toda a atenção do mundo.
-Estou tão feliz que tenha vindo – murmurou ele, examinando minhas roupas. – Está linda, Diana.
Estreitei os olhos.
-Isso é uma festa formal em honra de quê?
-Nada especial. Essa é apenas uma das recompensas daqueles que servem o Lord das Trevas, Diana. Festas sempre que queremos e música e riqueza... Tudo que um bruxo pode querer da vida.
Parei um pouco, olhando em volta e pensando.
-Isso é tudo que importa para um bruxo?
Engraçada a sensação que me passava naquele momento pelo corpo. Eu estava num antro de Comensais, sendo eu própria membro da Ordem da Fênix, estava falando com Draco e todas as ameaças pareciam vir das pessoas conversando entre si. Até parecia que, se houvesse alguma coisa, o bruxo interesseiro e idiota ao meu lado me protegeria. Era melhor eu fazer um pouco de terapia com Luna, para separar melhor a atuação da realidade.
-Aceita um pouco de whisky de fogo? – ele ofereceu, pegando uma taça cheia sobre uma mesa.
Encarei a taça. Draco não sabia quem eu era. Poderia ter algo ali dentro?
-O que foi? – disse ele, virando a taça em sua própria boca e bebendo um gole. – Não está achando que coloquei alguma coisa aqui, não é?
Enrubesci, tentando me controlar.
-Claro que não – respondi, tirando a taça das mãos dele e o encarando nos olhos por um momento. A mão dele foi para a minha cintura e eu tive que me segurar para não dar um tapa nele. – Draco.
A próxima meia hora se seguiu tranquilamente. Ele seguiu comigo entre seus convidados, falando com eles e até me apresentando. O único momento desconfortável foi quando Zabini chegou. A lareira se encheu de chamas verdes e ele saiu, limpando o pó das roupas. Parecia de propósito, mas a primeira pessoa que ele viu ali fui eu. Ele parou, fitou Draco do meu lado, estreitou a vista, e caminhou diretamente.
-Srta. Higgs – ele disse, assentindo para mim. – Curioso encontrá-la por aqui.
-Uma jóia de beleza, Blaise – o loiro ao meu lado disse, em voz alta. – Não concorda?
-De fato. – ele respondeu, ainda sem tirar os olhos de mim. – Achei que tinha me dito ter apenas negócios com Draco.
-Então já se conheceram...
-Hoje de manhã – cortei-o, antes que o ar ficasse pesado demais. – Antes de chegar ao seu escritório.
Ele virou-se para Zabini.
-Certamente. Bem, você pode ver que nós descobrimos que podemos ter outras coisas em comum, além dos negócios...
Sorri sem graça para o outro. Ele fuzilou Draco por mais um momento e depois disse ter visto outros amigos.
Como se alguém fosse amigo de alguém naquela corja!!!
Calma, Ginny, calma. Talvez mais uma taça de whisky de fogo possa ajudar.
-Sente-se aqui – ele indicou, me apontando um sofá. – Mais whisky?
Eu nunca tinha tomado aquela coisa, mas estava anestesiando as minhas reações, de modo a evitar que a minha raiva daquele ambiente maldito transbordasse.
-Então, Draco – murmurei. Desde quando eu estou chamando esse idiota de Draco?? – Você fala tanto do Lord das Trevas. Você trabalha pessoalmente para ele?
Ele sorriu e me encarou nos olhos. O modo como eu tinha falado com ele me fez lembrar do modo como eu falava com Harry antes, tentando puxar assunto.
-Claro que sim. – ele respondeu depois, correndo os dedos pela minha mão que ainda segurava uma taça. – Faço coisas importantíssimas. Você sabe, meu pai costumava ser um dos mais fiéis nos tempos antigos, antes daquele estúpido Potter nascer, e agora estou seguindo com a honra da família...
Ele seguiu discursando, falando um monte de bobagens inúteis sobre sua família, e como só havia bruxos de sangue puro havia diversas gerações... Começou a falar de antepassados que tinham sempre lutado pela pureza bruxa, e eu tentei me concentrar no gosto daquela bebida, que parecia nunca terminar na minha taça. Sempre que eu pensava que estava acabando, via que tinha mais um pouco. Draco começou a cortar seu assunto interessantíssimo por pessoas que se aproximavam, e mais bebida que descia pela minha garganta, e risos que começavam a ecoar dentro da minha cabeça, e dedos brancos que corriam pelo meu pescoço para pousar em meu ombro...
De repente eu estava rindo, eu estava alegre, e Draco estava rindo comigo... E junto com o que ele dizia eu me lembrava de repente de coisas estranhas, coisas que não tinham nada a ver com aquilo tudo, eu me lembrei de Tonks falando de Lupin e de Luna que finalmente estava fazendo algo na Ordem, e de Ron que descobrira o código dos Escritos Negros... Mas o riso de Draco ainda estava soando perto de mim. E eu me sentia muito leve, eu estava acreditando mesmo que eu era Diana Higgs... Ginny Weasley não passara de um sonho...
-Você sabe – eu falei, rindo. – que eu já encontrei todo o tipo de bruxos nessas viagens que tive que fazer com os meus pais... Uns eram realmente malucos, sem falar dos elfos domésticos, que nos países do sul andavam nus pela casa... Minha mãe ficou olhando e olhando, e eu só tinha seis anos, nem sabia o que havia de tão estranho naquilo!
Draco gargalhou.
-Você é encantadora – ele disse, se debruçando sobre mim. Eu ri mais uma vez.
-Eu sou, é?
Logo havia uma mão no meu pescoço e mais whisky na minha boca... Então as coisas tremiam e os risos enchiam os meus ouvidos... Acho que me levantei com a mão de Draco na minha cintura... Enquanto subimos as escadas, rindo, eu não podia parar de pensar como não sabia se aquilo poderia me levar a algum lugar, por sabíamos o tempo todo das atividades de Draco, e não ajudaria em nada conhecer seus amiguinhos se nenhum deles sabia onde estavam as Horcruxes... Eu achava mesmo é que devíamos procurar encurralar a Nagini... Seria perfeito se Voldemort ainda a possuísse, não é? Hahaha... Mataríamos os dois em uma só... Sim, claro... Com um só golpe!
-O que disse, querida? – ouço Malfoy dizer, quando bebi o último gole de whisky de fogo.
-Nada não... – murmurei, com outra gargalhada que ecoou pelo quarto limpo à nossa frente.
As minhas próximas lembranças são difusas demais para contar a vocês...
NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO! O QUE EU FIZ?
OH MERLIN! Eu... Eu acabei de acordar na cama com o Malfoy! Isso simplesmente não pode ter acontecido!
E pior... Minhas roupas estão lá em cima da estante! Nunca senti tanta vergonha na vida... Minha vida acabou, como eu pude ser tão idiota!? Vejam isso, ele ainda está dormindo, e como está enrolado no lençol, eu não posso saber se ele também está sem roupa... Mas que está sem camisa, está. Com todo o tórax de fora, e o braço esticado na minha direção.
QUE NOJO!
É melhor eu me levantar, pegar as minhas roupas e sumir daqui antes que... Como é possível que eu não me lembre de nada?
Fui até o espelho agora, e estou fitando a minha imagem. Ao menos ainda estou com roupa de baixo. Ai, minha nossa, isso não ajuda em nada.
Eu... Não posso ter feito isso...
Esperem! Eu estou me lembrando... Estou me lembrando e estou ficando vermelha... Cada vez mais vermelha... Isso porque ainda estou com a aparência de Diana Higgs. Como vou me olhar no espelho, quando tiver cabelos ruivos e sardas de novo, pensar que eu transei com Draco Malfoy?
Só consigo me lembrar de flashes... Acho que estou vendo o momento em que ele correu as mãos pelas minhas costas e abriu meu vestido... Também tenho vagas imagens dele afundando a mão nos meus cabelos... Ah, isso quase não pode ser pior... Como eu vou contar isso lá na sede da Ordem? Como eu vou encarar Harry agora?
HARRY!
Droga! A culpa foi toda minha... Eu não quero voltar lá! Eles vão me perguntar o que eu descobri... Ou seja, quase nada... E vão querer saber porque só vou chegar a essa hora... Estou morta! Por que eu não acordo esse Comensal logo e digo quem eu sou e... Oh, Merlin... É a Marca Negra no braço dele? A cada momento eu sinto mais nojo, mais raiva de mim!
Como é que eu vou encarar o Harry depois dessa?
Socorro!
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