Tudo piora





Draco Malfoy, deitado em sua cama na sala comum da Sonserina, sem qualquer interesse em descer para o jantar, virava para um lado e para outro, remoendo, repensando cada palavra que tinha ouvido da conversa entre sua mãe e Bellatrix. Como é que ele poderia não ser um Malfoy?! Afinal que passado era o dele? E a vida… tudo até ali tinha sido uma farsa? Como era possível que não tivesse percebido? "Não…tudo isso não passa de um pesadelo, uma brincadeira de mau gosto." - tentava se convencer. Afinal, ele amava seus pais! Não…talvez sua mãe, mas seu pai…ele não o amava, apenas o temia e isso fazia com que o respeitasse sempre, sem o contrariar. Mesmo o amor que sentia por Narcissa, que tinha como uma verdadeira mãe, parecia agora pequeno e fácil de eliminar. Mas como?! Como ela havia sido capaz de cuidar dele mesmo não sendo seu filho, criando uma ilusão para agora o deitar no lixo! E ainda tinha vindo com a maior cara de pau dizer que teria de viajar por tempo indeterminado. Apenas se perguntava como tinha se segurado sem perguntar nada, sem partir para cima delas, tanta era a raiva contida nele. No entanto, estava esquecendo um detalhe importante: corria risco devida, o Senhor das Trevas iria magoá-lo, pelo que entendeu, se Narcissa não tivesse tomado essa atitude…estaria ela protegendo-o? Ora! Devoradores da morte lá protegem alguém?!
Ironia do destino… ele estava se preparando, se é que não se podia dizer que era já, um devorador da morte e agora…teria que fugir daquele que, supostamente, seria seu mestre. Sentia agora um alívio quase imperceptível, mas que o ajudou a concluir algo: o facto de não ser um Malfoy explicava algumas coisas. Era por isso que ele sempre havia tido uma grande sede de afirmação demonstrando o poder de seu pai, sendo arrogante, desprezando os de sangue não puro. Quem poderia dizer agora que não era um deles? Não, isso seria descer baixo demais. Mas porquê? Talvez ele não odiasse tanto assim essas pessoas se seu pai não o tivesse obrigado. Era hora de por tudo em dúvida, não podia estar certo de nada. Afinal, a pessoa que ele julgava ser não existia…mas, quem era ele agora? De repente se sentiu sujo, fraco. Essa fraqueza que o tinha feito falhar, que não o tinha deixado matar Dumbledore. A fraqueza que ele não podia mostrar porque era um Malfoy, mas agora…agora sabia que não era um verdadeiro Malfoy. Já tinha ouvido isso antes em algum lugar…: a Granger! Hermione lhe tinha dito aquilo no dia anterior, mas como seria possível que ela soubesse?!


* * *


No Salão Principal, Harry, Ron e Hermione jantavam sob um silêncio irritante.
- Harry o que há com você afinal? - Hermione tentava obrigar o amigo, que não tinha falado nesse dia, a dirigir-lhe a palavra.
- Nada…
Hermione ia insistir mas foi interrompida por Ron:
- Alguém viu a Ginny?
Harry deixou cair os talheres que estava usando apenas para brincar com a comida e Hermione finalmente confirmou suas suspeitas:
- Eu não sei mas ela hoje estava muito apagada, passou quase toda a tarde fechada no dormitório. Desceu só um pouco para estudar comigo, deve estar lá ainda. - respondeu a menina colocando uma boa dose de drama na voz para fazer Harry reagir.
- Como se já não bastasse o Harry! - exclamou o ruivo inocentemente, ao que a morena respondeu com olhar incrédulo por ele ainda não ter percebido a relação de tudo aquilo.
Harry não dizia nada, apenas apoiava sua cabeça entre as mãos com um ar completamente desorientado.
- Harry vai logo falar com ela.
- Não sei do que você está falando Hermione.
- Caramba Harry, dá um basta nisso! Vê se põe esse orgulho ridículo de lado e vai logo falar com a Ginny! - Hermione já estava se exaltando.
- O que você quer que eu fale p'ra ela? Quer saber: eu nem sei se ela vai querer olhar para minha cara! Depois do modo como falei com ela…
- Aha! Então você admite que foi grosso não é?
Ron que não estava conseguindo prestar atenção nos dói de tão rápido que ele falavam, fez uma pausa na refeição para tentar entender algo.
- É claro…não sou tão burro assim. Sei que não fui correcto mas tem momentos que a gente não se segura.
- Por exemplo quando se tem ciú… - Harry tapou a boca da amiga para que não pudesse acabar a frase. Esbugalhou os olhos e apontou para Ron com um leve aceno de cabeça. Ela se deu conta de que já estava falando demais e apenas concluiu com um sorriso maroto:
- Claro que ela vai te receber, só é preciso insistir. Você deveria ter falado com ela logo que deu conta do erro, mas eu já sei que vocês nunca sabem como agir.
Harry deu de ombros sem responder e Hermione decidiu dar um "choque definitivo nele:
- Harry James Potter! Levanta daí e sobe até à sala comum da Grifinória, se dirija até ao dormitório feminino e peça por favor para falar com Ginny Wealsey! E quer fazer o favor de tratar disso RÁPIDO! - Hermione conlcuiu gritando, tanto que os alunos das outras mesas até se viraram para ver o que estava acontecendo.
O garoto se levantou de um salto e já ia a caminho da saída quando Hermione o chamou:
- Harry, leva algo para ela comer que a pobrezinha nem desceu.
- Te devo uma amiga! - agradeceu sorrindo e pegando um prato com alguma comida e um pouco de sumo de abóbora.
Ao vê-lo passar pela porta do Salão Ron decidiu, finalmente, falar :
- A Srta. Quer fazer o favor de me explicar o que se passa entre o MEU MELHOR AMIGO e a minha IRMÃ?
- Ah Ron, briguinha de amigos. - desculpou-se ela dando um beijo nele com um sorriso, ainda pensando nos outros dois.


* * *


Harry chegou o mais depressa que pode à sala comunal que estava vazia. Todos ainda deviam estar jantando e era mesmo melhor assim. Ele estava com medo, mas ansioso por voltar a falar com a ruivinha.
Subiu lentamente as escadas para o dormitório feminino tentando fazer o menor barulho possível. Ao chegar à porta respirou fundo e pediu muito para que não houvesse nenhuma rapariga além da que ele tanto precisava ali, não queria fazer figura de bobo. Mas por Ginny valia tudo. Bateu na porta e esperou - ninguém abriu, tão pouco falou. Bateu de novo:
- Está aberta suas babacas! - respondeu a voz que ele esperava ouvir.

Não entrou, decidiu bater de novo e poder ouvir Ginny se dirigir até à porta rogando pragas e gritando :
- Pensa que eu não tenho mais o que fazer? Precisa de porteira…? - ao abrir a porta estacou, de boca aberta, paralizada.
Estava com as roupas bem amassadas - o que seria de esperar de alguém passou o dia todo no quarto, supostamente se virando na cama, pensando - mas ainda assim, linda na opinião de Harry.
- Serviço de quartos - anunciou com seu melhor e mais sincero sorriso, aproveitando cada expressão de Ginny e aquele momento, no mínimo divertido.
A frase chamou Ginny à Terra, pelo que a ruiva fechou a boca e tentou mostrar-se calma e confiante, apesar do rubor em seu rosto a denunciar à medida que ia aumentando.
-Ah…Harry, posso ajudar você?
- Se você quiser mesmo me ajudar… acha que eu posso entrar ou tem alguém aí?
- Não, pode entrar, mas o que você quer comigo? Se for para me ofender pode ir saindo! - exclamou tentando mostrar frieza.
Mas Harry, lembrando-se do conselho de Hermione não se deixou demover e entrou pousando o jantar em cima de uma das camas para arrastar uma pequena mesinha onde improvisaria a mesa.
- Calma Ginny, como já havia dito estou aqui para lhe trazer o jantar. Reparei que não tinhas descido para comer …e, é claro, para conversarmos.
- É mesmo? E desde quanto Harry Potter se preocupa se a caçula Weasley come ou deixa de comer? - comentou ela ironicamente.
- Ora Ginny, você sabe muito bem que eu me preocupo…muito…desde sempre.
Ela não respondeu e virou costas para ele ao sentir que a sua face estava aquecendo. Enquanto isso, Harry arrumava tudo rapidamente em cima da pequena mesa para que Ginny pudesse jantar.
- Aí está, quer favor o favor de se sentar?
Ginny agradeceu com um sorriso apenas, tinhas uma pergunta entalada na garganta havia já algum tempo.
- Harry…porque foi tudo aquilo afinal? Porque é que me falou daquela forma? Não pense que agora você vem aqui com um jantar para mim e apaga tudo. - a ruiva descarregou tudo o que sentia e atormentava após se sentar.
- Eu sei que não devia ter-te falado daquela forma, sei que já me devia ter desculpado mas, tinha medo que você não me quisesse ouvir… - começou ele envergonhado - mas aquilo foi uma coisa do momento, eu realmente não consegui me segurar! E você não sabe o quanto me arrependo disso.
- Você sabe que não te impediria de se explicar. Eu sinceramente nunca pensei que fosse capaz de me falar daquela forma, nós somos amigos Harry! Aliás, o pior é que eu dei voltas e voltas à cabeça e não consegui encontrar justificação para aquele comportamento, será que você pode me ajudar a perceber?
Harry hesitou, não sabia se deveria dizer a verdade ou não. Ginny que esperava ansiosamente uma resposta olhou profundamente nos olhos dele, como se o incitasse a responder.
- Ah…se lembra do que aconteceu antes de discutirmos?
- Nada de especial, você estava chateado e eu decidi falar com você. Chateado desde…a noite anterior pelo que Ron me disse. Desde…a noite em que Dean me beijou. - e dando-se conta de que o que havia dito nada poderia ter que ver com o assunto acrescentou - Mas isso não vem ao caso… e para além disso não me lembro de mais nada.
- A verdade é que… foi isso mesmo Ginny. - não conseguia continuar, sentia que tinha perdido a voz. A menina colocou a mão sobre a dele pedindo que continuasse. - Foi vocês terem se beijado.
Ela largou os talheres e se levantou de repente:
- Eu não o beijei Harry, já disse! Foi ele, porque não acredita em mim?! Será que não percebe…
- Perceber o quê?
Ela corou. Ah se ele não tivesse interrompido ela teria falado tudo! Mas não se deixou intimidar:
- Que é ele que ainda gosta de mim, não posso fazer nada quanto a isso.
- Tudo bem Ginny, eu acredito em você. O que eu vim aqui fazer foi pedir desculpas pelo que aconteceu. Nem eu percebo porque agi daquele jeito…só que quando vos vi assim…não consegui me controlar e depois, claro, descarreguei tudo em você no dia seguinte. Desculpa? - pedia enquanto se dirigia a ela.
- Claro Harry…mas continuo sem perceber porquê toda essa revolta!
Harry baixou o olhar e virou as costas para a ruiva. Não conseguia responder àquela pergunta olhando para ela.
- Bom Ginny, eu…nem sei se você vai entender mas, eu não queria que você ficasse ofendida, é só que…
- Fala logo Harry!
- 'Tá…ah…quando eu vi vocês se beijando me senti…traído. - concluiu a medo. Ela fê-lo olhar para ele, um misto de surpresa e incompreensão nos olhos castanhos. - Não se ofenda mas…você, enfim você gostou de mim e…eu senti que você tinha traído esse sentimento. - decididamente não era aquilo que lhe queria dizer, mas porque não lhe dizia a verdade! Porque era tão difícil assim dizer "Ginny eu gosto de você"?!

Ela, por seu lado, não conseguia acreditar no que tinha ouvido:
- Dá p'ra você repetir?...Não, nem se atreve a repetir! Como é possível você me falar uma coisa dessas?!Com que então você me tinha como garantida é isso? Sempre pronta quando a você se decidisse a agir? Ora Harry, só porque você é o feiticeiro mais famoso do mundo, isso não te dá o direito de brincar com as pessoas e fazer essa ideia delas!
- Mas Ginny, você não entendeu… - começou o garoto colocando a mão no rosto dela que a afastou bruscamente e, com os olhos já marejados, murmurou entre dentes :
- Sai daqui agora.
- Não Ginny, nem pensar! Nós temos de esclarecer as coisas, eu não disse aquilo que queria. - insistiu desesperado com aquela reacção.
- Para quê?! Para me tratar pior ainda? O que é que você quer mais? Não bastou já o que sofri por você?
- Ginny pára, me ouve por favor! Eu gos…
- Harry Potter sai desse dormitório IMEDIATAMENTE! - gritou Ginny apontando para a porta, tentando conter as lágrimas.
Harry vacilou e ao ver que a menina estava quase chorando:
- Não chora por favor…não faz isso comigo, eu não mereço…!
-Tem razão, tem mesmo! Você não merece NADA vindo de mim. - respondeu em meio a soluços e tentando limpar bruscamente as lágrimas que não paravam de correr.
-Não Ginny, não faz assim! Eu preciso ser sincero com você.
- Ainda mais?! SAIII! - gritou enquanto o empurrava para a porta.
- Vou te provar que está sendo injusta comigo ruivinha. - Harry lhe deu um beijo na testa.
-Não volte a me dirigir a palavra! - bateu a porta com força e se atirou para cima da cama onde chorou desalmadamente até adormecer. Tinha de conseguir esquece-lo: esquecer aqueles olhos, aquela simpatia, aquela maneira desajeitada de falar de sentimentos, aquele que julgava ser perfeito para ela. Mas como arrancar o maior sentimento que tinha encerrado dentro de si sem destruir o coração?


* * *


Draco deambulava pelos corredores do castelo em direcção à cozinha. Assolado por todo aquele turbilhão de pensamentos, tinha esquecido por completo que ainda só tinha tomado o pequeno-almoço. Os corredores, àquela hora da noite vagamente iluminados por algumas tochas, faziam-no lembrar os labirintos de seu coração, agora tão escuro, frio e solitário quanto aqueles caminhos. Nunca havia experimentado o calor dos sentimentos de que tanto ouvia falar, até mesmo duvidava de que fosse verdade, mas agora seu coração era quase gelo, arriscado até a quebrar.
Chegado à cozinha, quem lhe abriu a porta foi Dobby, o antigo elfo da sua suposta família. Ainda demonstrava medo ao cruzar-se com aquele "pequeno diabrete" da família Malfoy. Mas, ao contrário do que esperava, Draco não o mal tratou nem humilhou, talvez por se encontrar em Hogwarts. Apenas lhe pediu um copo de leite e uma sandes para comer, contando-lhe que ainda não tinha comido nada nesse dia, excepto o pequeno-almoço.
- Draco muita sorte por ser Dobby de vigia hoje, outro elfo não serviria.
- Eu sei, obrigado Dobby.- tanto o pequeno elfo como o garoto se espantaram com essas palavras.

Na volta para a sala comum, sem se dar conta, seus pés o levaram para andares superiores. Ia perdido em seus pensamentos quando se deu conta disso e decidiu ir até à casa-de-banho dos prefeitos, já que estava sem sono algum.
Entrou e pousou o lanchinho à beira da enorme banheira . Abriu a maior parte das torneiras pronto a relaxar um pouco quando, para seu espanto, ouviu passos no corredor que pararam perto da porta. Se encostou à parece junto dela, para poder ver quem andava por ali aquela hora da madrugada, sem ser visto. A porta abriu-se: era ela.

Hermione fechou a porta atrás de si e olhou intrigada para as torneiras que continuavam a encher a enorme banheira que se estendia a seus pés.
- Está alguém aí? - perguntou, olhando para o chão e descobrindo o pequeno lanche que ali estava. - Quem está aí?
- Ora, ora… senão é a Senhorita Granger. -murmurou Draco enquanto deixava a luz bater sobre ele para que ela soubesse quem era. Mas ela identificaria aquela voz em qualquer lado.
- Draco…é preciso ter muito azar para dar de caras com você a até mesmo a essa hora da noite.
- Não sabia que já tínhamos esse tipo de intimidade, Granger. - respondeu prontamente - Draco? Pensei que para você ainda fosse "Malfoy". - provocou em tom irónico.
- Ahh…você tem dois nomes não é? Ah, não enche! O que interesse como te chamo? - disse nervosa, e logo acrescentou - Já que você vai ocupar a banheira, eu vou andando.
- Nem pensar…Você não sai daqui enquanto não me explicar umas coisinhas, Hermione. - ameaçou Draco segurando firmemente o braço da garota e enfatizando a pronúncia do seu nome.
- Me solta! Ficou louco? Que tipo de coisa é que eu posso ter para te falar?
- Não brinca comigo, viu? Você sabe muito bem o que temos para esclarecer. Foi você que me disse "Talvez você não seja um VERDADEIRO Malfoy", lembra? - murmurou no seu ouvido.




N/A: aqui está o cap 6. Não ficou bom, acho que tem muito Harry/Ginny e pouca acção mas era preciso ser assim...! Não me batam por causa da discussao de H/G! Desculpem 'ta? no proximo já ponho mais acção x)
Obrigado a todos os que lêem e, mais uma vez apelo a que deixem as vossas opiniões, é mesmo muito importante para mim!
Por fim aconselho uma fic : "Can't help falling in love with you" de Luna Weasley que eu sigo e acho que promete!
beijo bem grande***

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