Pesadelos
N/A:Entre *asteriscos* estão os sonhos.
*Era um sítio sombrio, que transmitia um frio indescritível, podia até dizer-se que uma certa neblina pairava naquela espécie de gruta.
Harry não teve tempo de fazer mais apreciações do local, pois logo ouviu uma voz, apercebendo-se de que havia vida naquele sítio horrendo. A voz transmitiu exactamente a mesma coisa que o local: era gélida e arrastada e ele a reconheceu de imediato:
- Me expliquem, como foi possível terem cometido um erro desses?
- Senhor, nós…o Senhor sabe que nós fizemos os possíveis, isto é…talvez nós tenhamos interpretado mal…- a voz era feminina e insegura, um nervosismo pesava em cada palavra que aquela mulher dizia, era Bellatrix Lestrange.
- Talvez?! Você ainda tem coragem de dizer “talvez”? – repetiu a voz gélida, dessa vez um pouco irritada.
- Não Senhor, claro que interpretámos mal, mas…o Senhor mesmo aprovou que agíssemos sobre o garoto… – respondeu Bellatrix, o medo transparecendo em sua voz.
- Está insinuando que a culpa é minha, sua inútil?!
- Não Senhor, não! Por favor!
- Basta! E você Narcissa, não tem nada a dizer? Afinal foi você quem tomou conta daquele fedelho imprestável todo esse tempo e nunca desconfiou de nada? Ah, mas é claro, fazendo dupla com o Lucius, que mais eu poderia esperar? Que gentinha…e vocês ainda se dizem meus servos! Se eu estivesse dependendo de vocês, já teria desaparecido faz tempo! – agora sua raiva era bem visível.
- Mestre…o Senhor sabe, nós fizemos de tudo, o educámos de forma a ele se tornar um bruxo maldoso e cruel. Mas…simplesmente ele não era o rapaz que procurávamos - disse Narcissa, de joelhos em frente do seu mestre, sem ousar olhar para ele.
- E AGORA É QUE VOCÊ ME DIZ ISSO?!- a voz ecoou como um trovão, fazendo as mulheres estremecerem e susterem a respiração. – Agora Narcissa, você vai ter que se livrar do garoto, e eu não quero nem saber como. Aliás, talvez eu mesmo deva dizer-lhe como, não é mesmo? Para que não haja mais erros.
- Mas mestre, será que eu não posso ficar com ele? Ele não precisa saber…
Bellatrix olhou para Narcissa incrédula, como ela podia ser doida a esse ponto? Ela queria provocar o Senhor das Trevas?
Uma gargalhada fria, sem qualquer emoção percorreu o espaço. Com uma expressão irónica Voldemort respondeu:
- Ora mas é claro! Assim quando ele descobrir tudo, ele poderá usar todos os planos que ele tiver escutado contra nós, não é mesmo? Que brilhante ideia Narcissa! Sim, porque de vocês eu não posso nem esperar que saibam guardar um segredo…!
- Mas se ele descobrir agora…- arriscou ela mais uma vez.
- Basta insolente! Por enquanto ele não sabe nada dos nossos planos. Até porque nosso plano era ele mesmo e, afinal, não era a ele que se referia a profecia…melhor prevenir, assim ele fica sem saber de nada e é menos um motivo para eu me preocupar. Agora trate de se livrar dele bem depressa. Ah! E não pense que vocês não pagarão por esse erro!
- Sim mestre, como quiser…- disse Narcissa, as lágrimas já começando a percorrer seu rosto, preparando-se para sair.
- Esperem. – murmurou aquela voz novamente, fazendo um arrepio percorrer a espinha das duas mulheres. – Você vai matar o garoto, Narcissa.
Narcissa se lançou aos pés de Voldemort, os longos cabelos claros cobrindo o chão:
- Não mestre! Eu imploro! Não me obrigue a fazer isso! Ele pode não ser meu filho, mas eu o criei como se fosse! Tudo menos isso, por favor! - ela implorou, chorando.
Voldemort a empurrou para longe com seus pés, uma cara de nojo no seu rosto enrugado.
-Senhor…- Bellatrix finalmente falva de novo - permita-me uma sugestão: quem sabe o fedelho pode ainda ser-nos útil? Ele continuará em Hogwarts e através do Sir Cadogan, aquele cavaleiro louco do quadro, o poderemos ter sempre debaixo de olho. Quando precisarmos de informação poderemos usá-lo.
Não era a melhor opção, é certo, mas só de pensar que o seu menino poderia não morrer, Narcissa agradeceu internamente a Bellatrix.
- Muito bem, que assim seja. Apenas desapareça dizendo q eu terá de viajar e o deixe…para sempre.- Voldemort fez questão de pronunciar bem essas últimas palavras. *
Harry acordou com o rosto todo molhado, se sentindo muito quente, seu rosto ardendo. Que pesadelo! Harry agradeceu por, pelo menos dessa vez, não ter acordado ninguém no dormitório com seus gemidos. Deitou de novo mas nem pensar em voltar a dormir. Um monte de ideias e perguntas explodiam a cada segundo em sua cabeça sobre aquele pesadelo estranho. Será que poderia continuar a confiar naqueles sonhos? Continuariam eles a corresponder à realidade? O rapaz tinha a certeza que sim. Foi no banheiro passar o rosto por água para depois descer para a sala comunal. Ainda era madrugada mas ele se aconchegou numa poltrona em frente à lareira, entregue a seus pensamentos.
* * *
- Você está bem, Harry? – perguntava Hermione preocupada, olhando a expressão do amigo.
- Eu…minha cicatriz está formigando um pesadelo, e…mal consegui dormir.
- Você teve algum pesadelo? – perguntou Ron agora também ficando alarmado.
- É, tive sim. Pesadelo muito estranho até. Mas agora não dá tempo para falar para vocês, já está chegando a hora da aula.
- É mesmo…nem acredito que vamos ter de aturar aquela professora de Adivinhação tão cedo!- disse Ron com uma careta.
- Pois eu vou muito feliz para minha aula de Transfiguração. Hoje só voltarei bem na hora de jantar porque estarei com a McGonagall estudando as matérias a partir do 5º ano. Mas, se vocês escolheram essa disciplina de novo é porque não pode assim tão má, pode? – Hermione respondeu com um sorriso malicioso, e antes que alguém pudesse responder – Vejo vocês depois.
Ron bufou.
- Bom, pelo menos poderemos nos entreter na aula se você me contar esse seu sonho.
- Ah não, Ron! Você vai ter que esperar. Contar tudo para você e depois ter que repetir novamente para Hermione é dose. Além do mais, quero ver se esqueço esse assunto um pouco.
- ‘Tá bom Sr. Potter! Deve ser sinistro mesmo então…- Ron finalizou levantando a sobrancelha, desconfiado.
* * *
- Que saco cara! Assim que chegamos temos logo trabalho…e eu que pensei que eles pegariam leve connosco. – disse Ron bufando e atirando a mochila para uma das poltronas da sala comunal.
-É…parece que o nosso adorado professor Rutis decidiu nos dar umas “boas-vindas” bem acentuadas.- respondeu Harry com ironia.
- Sabe que mais? Vamos fazer isso logo, não quero passar a noite tentando fazer uma pesquisa sobre…o que é mesmo? Ah sim…”onde encontrar ónyx e como utilizá-la em poções. – acrescentou Ron pegando o caderno de Poções e imitando o professor.
- Nossa! Nem está parecendo você Ron, querendo adiantar trabalho?
- Acho que precisaremos ter a noite livre para analisarmos bem esse seu sonho sinistro. – respondeu o ruivo não escondendo um certo orgulho pela observação do amigo.
* * *
Depois do jantar, na sala comunal, Harry acabava de relatar aos amigos o sonho da noite anterior. Hermione estava com uma expressão intrigada e preocupada, Ron boquiaberto e Harry apenas esperava um comentário dos amigos.
- Não deu para você entender quem era o garoto de quem eles estavam falando, não é mesmo Harry?- ela perguntou por fim.
Harry abanou a cabeça negativamente.
- Ah não Hermione! Não vai me dizer que você está pondo a hipótese de não ser o Draco! – interviu Ron.
- Eu também acho que é ele.
- É possível mas…não podemos ter certeza, não é? Vocês sabem se ele tem um irmão? – propôs Hermione.
- Já está complicando...eu acho que não. Mas, realmente, o Malfoy sendo falado numa profecia? – perguntou o ruivo.
- Pelo visto ele não era a pessoa falada, daí o problema. – esclareceu Harry.
- Se nós soubéssemos do que fala a profecia… - acrescentou a garota, pensando alto.
- Pelo menos nós sabemos que o Malfoy…bem ele não é “o Malfoy”, vocês já pensaram? Quem serão os pais dele? Com quem ele irá ficar? – observou Ron.
- Bom…ele já é maior, pode bem se cuidar sozinho. Mas é realmente intrigante, quer dizer, o Malfoy que nós odiamos só é assim porque foi educado com aquela família? Será que ele poderia ser uma pessoa diferente?
- É provável, nunca se sabe. Vejam bem, talvez o Malfoy, ou seja qual for seu nome, deixe de ser nosso inimigo. – respondeu Hermione a Harry.
- Ah não…aí você já está pedindo de mais, não acha Hermione? – disse o ruivo fazendo festas na garota.
- Ah Ron, sei lá! Isso é tudo tão estranho. – respondeu se desviando do namorado.
- Vocês estão esquecendo talvez o mais importante: o que será que diz essa profecia? Aliás, o que será que essa pessoa tem para o Voldemort querer tanto assim ter controlo sobre ela?
O trio apenas se olhou, confuso. Nesse momento, ouviram o buraco do retrato se abrir e Ginny apareceu sorridente.
- Oi! Conversa secreta, é isso? – perguntou, reparando no silêncio e nas caras dos amigos.
- Não Ginny, nada. Você apenas chegou quando o assunto de conversa terminou. – disse Hermione sorrindo.
- Bom, eu acho que vou deitar, você vem Harry?
O garoto deu uma olhadela em Ginny que parecia estar se preparando para tratar de alguns trabalhos.
- Vou, boa noite. – disse sorrindo à ruiva.
- Eu vou subir também Ginny. – disse Hermione e dando um beijo rápido em foi para o dormitório.
* Novamente aquela espécie de gruta, aquele sítio frio, mas não tão frio como a voz que logo se fez ouvir:
- Dessa vez você falhou Snape. Eu confiei em você e você não se mostrou merecedor dessa confiança.
- Me desculpe, Senhor, mas a culpa não foi minha, não fui eu quem falhou. Se bem me lembro, eu me limitei a relatar o que ouvi de um daqueles delírios da Trelawney. Apenas sei aquilo que lhe disse: uma profecia que diz que existe um sangue-puro…
- Sangue-puro? Mas aquele fedelho nem sangue puro é! Você esqueceu esse pormenor quando relatou a profecia. Isso nos custou ANOS de trabalho inútil. Tanto empenho em formar o fedelho de forma a estar do nosso lado…Snape esse foi um erro muito grave!
- Mestre, eu não acredito que tenha esquecido um detalhe tão importante! De qualquer maneira o Senhor sabe que eu sou seu seguidor mais fiel e, portanto, eu vou compensá-lo, mesmo achando que o erro não foi meu. Eu me comprometo a encontrar essa pessoa que é mencionada na profecia.
- Muito bem, é uma atitude sensata. Mas você terá de agir bem depressa, bem sabe que esse bruxo, seja ele quem for, será nossa maior arma contra o “menino que sobreviveu”. – disse Voldemort friamente, acentuando esta última parte relativa a Harry com um tom de raiva e desdém na voz. *
Harry acordou deitado no chão do dormitório muito suado e agarrado à cicatriz. Foi passar a cara por água e desceu para a sala comunal esperando encontrar algum aconchego junto da lareira. Pesadelos duas noites seguidas já era demais. Só não esperava encontrar Ginny ainda concentrada em seus estudos.
- Ginny, ainda trabalhando a essa hora?
- É no que dá deixar tudo para a última hora.
A garota se virou para ele visivelmente cansada, mas logo abriu bem os olhos como se se assustasse com o que via:
- Harry…você…está tão pálido, o que aconteceu?
- Pesadelo Ginny, mais um, apenas mais um, não se preocupe. – ele respondeu se ajoelhando na frente da lareira.
A ruiva se ajoelhou a seu lado e, colocando a mão no queixo do garoto, virou a cara dele para si e disse, com o olhar mais meigo e sincero que ele já havia visto:
- Ah Harry…você sofre tanto com essas coisas…é incrível a força que você tem aí dentro. – disse colocando a mão no lugar do coração dele – Eu me orgulho muito de ter um amigo como você. – disse passando, desta vez, a mão nos cabelos negros do garoto e olhando fundo nos seus olhos que brilhavam agora.
- Se eu sou forte é porque tenho pessoas como você do meu lado. – respondeu, beijando-lhe o rosto.
Afinal, até que ter pesadelos horríveis todas as noites começava a ter suas compensações.
É HOJE QUE ESTREIA! QUE ANSIEDADEEEE!
Me desculpem mas eu não faço a mínima ideia se o nome da professora de Adivinhaçao tambem é Trelawney em brasileiro...aqui está mas um cap. já entendi que não gostam da fic mas...como eu, apesar de não saber, gosto de escrever...=/ para quem leu : obrigada e desculpem o saco*
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