Coração de Dragão
Em um canto do jardim de Smith House, um serzinho se encolhia junto ao muro que circundava a propriedade. Tremia como um caniço, enquanto um sibilar alto e sinuoso chegava cada vez mais perto dele.
Tentara aparatar e ir até o encontro de sua mestra, através daquela magia que ligava todos os elfos a seus amos. No entanto, antes que pudesse estalar os dedos para cumprir seu intento, sentiu-se preso por algo gélido e escorregadio, que o apertava cada vez mais.
Gritou. Não havia ninguém que pudesse ouvi-lo. Tentou desfazer-se do abraço fatal aparatando, mas não conseguiu. A criatura deveria ser mágica também. Finalmente visualizou a face do monstro: uma enorme cobra, com presas afiadas e a língua comprida e fina dançando para fóra da bocarra, procurando a presa, saboreando o ar de medo que a envolvia.
Rampell, em um ato de desespero, abrira a boca e cravara seus dentes na criatura, que o soltou lançando-o para longe. O elfo se chocara contra a parede e perdera os sentidos pouco depois de ver uma massa de pelos castanhos pular sobre o enorme réptil.
Acordou tempos depois, com a casa revirada, como se um tornado tivesse passado por ali sem, contudo, ter derrubado as paredes e o telhado. Bichento desceu velozmente pelas escadas, com Nagini atrás. A estranha cobra devia estar atrás do gato beligerante de Hermione todo o tempo que o elfo estivera desacordado. Pelo jeito, apesar de menor, Bichento era mais rápido.
Balançando a cabeça para fazer a visão voltar mais rápido, o elfo levantou-se e conclamou:
- Ninguém impede que Rampell cumpra as ordens de seu amo, minhoca superdesenvolvida!
Pronto. Chamara a atenção do monstro para si. Arregalando os olhos de medo tão logo aqueles olhos vermelhos o encararam, o elfo correu o mais rápido que pôde para fóra da casa.
O espaço entre a porta da frente e os portões de Smith House parecia interminável. Rampell corria em zigue-zague, escapando dos botes que Nagini tentava lhe aplicar. A cobra ora acertava uma árvore com sua enorme calda, ora cravava seus dentes na terra.
Estava quase lá. Mais alguns metros e chegaria ao portão... Pof! Rampell bateu contra uma parede invisível. Olhou para trás: Nagini levantara a enorme cabeça viperina, pronta para dar o bote. O elfo lembrou-se que poderia aparatar e estalou os dedos, tentando chegar ao outro lado do muro de Smith House, mas caiu a poucos metros dele, ainda dentro da propriedade. O feitiço lançado impedia qualquer coisa viva de sair dali.
Agora, estava encolhido entre o muro e a serpente gigantesca, esperando que seu fim chegasse. Que vergonha! Iria morrer sem ter servido corretamente seus amos. O nome de Rampell entraria em desgraça entre os elfos.
Rápido como um raio, Bichento saiu de um arbusto e saltou sobre a cobra, as garras felinas prontas para serem usadas. Mas o réptil, com um movimento de sua chocalhante calda, interrompeu o impulso do gato, arremeçando-se para longe. Com a pata ferida, Bichento não conseguiu se levantar. Então, Nagini dirigiu sua atenção para trêmulo elfo à sua frente.
Um barrulho de explosão foi ouvido na entrada. Vozes e sons de pessoas correndo para dentro das cercanias. A cobra voltou rapidamente sua cabeça em direção ao som.
- “Estupefaça”! – a voz rouca de Moody gritou.
O feitiço bateu no réptil e, apesar de tê-lo atordoado, não conseguiu atravessar sua couraça. Nagini avançou contra o velho auror. Mas Lupin, Tonks e o senhor Weasley postaram-se ao lado de Moody:
- “Estupefaça”! – disseram juntos.
Desta vez Nagini emitiu um silvo alto e caiu por terra. O estrondo que seu corpanzil provocou ao chocar-se contra o chão fez Rampell abrir os olhos e constatar, aliviado, que a serpente estava inconsciente.
Agatha, aterrorizada, correu até o elfo:
- Rampell, onde está Ana?
- M-mestra... – o elfo começou a chorar. – Rampell falhou, não conseguiu proteger jovem ama!
Um novo estrondo foi ouvido do outro lado da propriedade. Carlinhos, Gui, Harry e Rony haviam aberto outra passagem no escudo de magia que havia sido lançado sobre Smith House.
Correram até os outros, a tempo de ouvir Agatha pedindo para Rampell continuar e o elfo dizer, entre ganidos chorosos:
- Comensais... Entraram na casa... Jovem mestra... Chave de portal...
Pálido como a morte, Carlinhos se aproximou de Rampell:
- O que está dizendo? Onde está Ana? – Carlinhos estava sacudindo o pobre elfo pelos trapos que ele vestia, perdendo a sua costumeira cordialidade.
Rampell lembrou-se das ordens de Ana: “Entregue ao primeiro membro da Ordem que encontrar”.
- Mestra Ana... Mandou dar isto...
Largando o elfo, Carlinhos leu o bilhete afoitamente. Uma expressão confusa tomou conta de sua face. Quando Moody pegou o papel de suas mãos e o leu em voz alta, o rapaz finalmente perguntou:
- Mas... Little Hangleton? Onde fica isso? Quem são os Riddle? – estava desesperado.
Harry fechou os olhos, compreendendo tudo. Abriu-os e disse, pesaroso:
- Os Riddle são a família paterna de Voldemort. A casa deles ficava em Little Hangleton.
Depois do costumeiro tremor a aquele nome, o grupo voltou a atenção para o lugar onde o réptil estava, como se a cobra fosse a representação do próprio Voldemort.
Mas Nagini sumira.
***
Ignorando a ordem de Snape, ela havia “apagado” sobre a cama por algumas horas. Não tinha mais esperanças de que o bilhete chegasse até as mãos de algum membro da Ordem a tempo.
Que todos os comensais e Voldemort fossem para o inferno! Ela estava cansada, machucada e desiludida, além de estar se amaldiçoando pela milionésima vez por ter caído em uma armadilha tão óbvia.
Não queria saber o que iriam fazer com ela. Se iria morrer de qualquer forma, então iria pelo menos descansar enquanto podia.
Agora, bem consciente, fitava apaticamente o teto de seu “quarto-cela”. Os primeiros raios da manhã vinham afastar a escuridão da noite, mas não as sombras que se instalaram em sua própria alma.
Milhares de pensamentos passavam por sua cabeça. No entanto, por mais que procurasse não pensar justamente em um deles, sempre retornava a ele: Snape.
Uma coisa era imaginar o que Harry estava sentindo quando ela insinuara que Snape amara Lílian. Outra, bem diferente, era saber que o Professor de Poções e SUA mãe... Deus! E ela achando... Não. O MUNDO INTEIRO ACHANDO! Ah, se ela pusesse as mãos em J.K. Rowling!
Ou melhor: não, nada disso. “Tia Jô” tinha feito muito bem em omitir isso. Se ela tivesse escrito que Severus tinha tido uma “aproximação” com Elizabeth Smith Maximilliam, Ana saberia do mundo mágico muito antes da hora. Isso, se ela sobrevivesse ao ataque cardíaco que certamente teria ao ler o nome da mãe em um livro de Harry Potter!
Ou então... Será que Rowling sabia?
Agora entendia a repulsa dele por Bartô Crouch Jr. Pelo comensal que matara Elizabeth... Ana sentiu um nó em sua garganta se formar. Que coisa! Quando leu o quarto livro nunca iria desconfiar...
Batidas na porta. “Acabou”, pensou Ana. O fato de alguém se preocupar em bater antes de abrir a porta quase a fez rir. Quanta consideração com uma prisioneira! Com uma careta de dor, levantou-se. Respirou fundo, e respondeu:
- Entre. – a voz dela estava sombria, com uma certa nota de “quem se importa?”
A porta se abriu lentamente e um rosto se fez interver. Um rosto jovem e abatido. Olhos cinzentos e pele tão alva quanto à de um bebê. Cabelos loiros e com algumas mechas caindo sobre a testa.
Quem não o reconheceria? Em toda aquela louca noite, Ana nem sequer se lembrara do garoto e muito menos cogitara vê-lo ali:
- Draco...?!?
Os olhos azuis se arregalaram em surpresa, e, depois, relaxaram, com um brilho de desprezo:
- Claro... O “Santo Potter” deve ter te falado sobre mim. São amiguinhos, não são?
Ana percorria o olhar pela figura do rapaz, prestando atenção às expressões em sua face. “Draco Malfoy!” O menino rico, metido, esnobe e covarde da Sonserina. O que vivia infernizando Harry Potter e os amigos. Aquele mesmo que havia recebido um merecidíssimo soco de Hermione Granger no terceiro ano. Seus pensamentos a levaram a responder de uma forma mais branda, o que Draco não esperava:
- Posso dizer que foi através de Harry que eu soube de você. Mas não foi ele quem me contou. – indiferente à expressão confusa do rapaz, continuou, ainda gentilmente: - O que faz aqui, Draco? Você não é como eles. Você não é um comensal.
- EU SOU UM COMENSAL! – Draco exclamara, a raiva refulgido em seus olhos.
- Não, não é. – Ana não se intimidou com a reação do garoto. – Você tem um coração. Você...
O que ela ia dizer? “Você abaixou a varinha com a qual ameaçava Dumbledore antes dos Comensais chegarem?” Como explicaria saber disso? Ele nem mesmo sabia que Harry tinha visto a cena. Por esta razão, Ana simplesmente respondeu:
- Vejo em seus olhos que não é um assassino.
Draco empalideceu. – ainda mais que o normal. Parecia ter algo dentro dele, algo que o garoto queria gritar. Por um momento, Ana viu fragilidade e desespero nos olhos cinzentos. Mas a frieza voltou ao olhar e à voz do sonserino:
- O Mestre quer vê-la.
- É mesmo? – ela perguntou com desdém. – E o que as ordens de SEU mestre me importam?
Draco a fitou por alguns segundos, confuso.
- Por que o enfrenta? – o garoto realmente parecia não entender as ações da moça à sua frente. – Não sabe que ele vai torturá-la? Não tem medo de morrer?
- Medo? – ela sorriu fracamente. – É claro que tenho. Todos nós temos medo, Draco. Principalmente de morrer. Mas há certas coisas pelas quais vale a pena morrer. – aproximou-se do rapaz e disse, olhando-o no fundo de seus olhos: - Liberdade, respeito, amizade, paz. Coisas que você sente falta aqui, eu consigo ver.
Ana caminhou até a porta, deixando Draco petrificado no meio do quarto. Uma força dentro dela a fez parar e voltar-se para o garoto, dizendo:
- Ninguém te conhece de verdade, não é, Draco?
Ele virou-se lentamente para ela, e sua expressão parecia dar à Ana a resposta que imaginava receber se Draco estivesse em outra situação. Então, parecendo acordar e se lembrar de onde estava, o rapaz voltou à antiga indiferença e altivez.
Entendendo que aquela tinha sido sua primeira vitória e que não deveria insistir no assunto, Ana voltou-se para a porta novamente, e saiu do quarto, sendo seguida por Draco.
Seu estômago revirava-se. De novo. Voldemort de novo. Encontraram-no sentado em uma poltrona de espaldar alto da sala principal. Sua postura majestosa fazia a velha poltrona de couro marrom escuro parecer o trono de um rei.
Voldemort olhava distraído para algum ponto da parede. Quando notou a presença dos dois, voltou-se para eles e informou:
- Há algumas horas, enquanto você se... restabelecia – disse a última palavra com um sorriso cínico – seus amigos descobriram sua ausência, minha cara.
Mesmo evitando fita-lo, Ana deixou transparecer sua dúvida sobre como ele saberia daquilo.
- Ah... Eu tenho meus informantes... – ele apontou para uma imensa cobra cuja cabeça começava a aparecer pela entrada da sala.
- N-Nagini esteve em Smith House? – Ana perguntou, olhando aterrorizada para o sinistro réptil.
Voldemort podia ver e ouvir tudo o que Nagini via e ouvia, conforme Ana descobrira lendo o quinto livro.
O Lorde das Trevas riu:
- Está querendo saber se estão todos bem? Que lindo isto! Em perigo e ainda se preocupa com os outros... Quer saber de uma coisa? “Não-vou-te-dizer” – ele pronunciou cada palavra saboreando-a, e então riu novamente.
Ana apertou firmemente os punhos e fixou o olhar no chão, tentando controlar a raiva daquela criatura bizarra e nojenta.
- Ora... – Voldemort fingiu-se ofendido. Pôs a mão direita no peito e declarou, com falsa pena: - Não foi minha culpa se Nagini e alguns dos meus comensais tenham conseguido entrar. Afinal, foram convidados por um membro da família...
Chocada, Ana levantou o rosto rapidamente. Voldemort estava querendo dizer que...
- Já deve ter ouvido falar que todas as famílias tradicionais têm ligação entre si. – Ana escutou a voz arrastada de Lúcio Malfoy. – Não é diferente com as nossas... Parenta.
Compreendeu o que ele queria dizer. A Casa dos Smiths tem proteção anti-aparatação. Basicamente, ninguém entra nos limites da propriedade sem autorização de seu senhor ou senhora. Ocorre que os membros da família não precisam desta autorização – mas podem ser excluídos do círculo de aceitos caso cometam ato tão bárbaro que firam a confiança de seu dono.
- Não! – Ana balançou a cabeça, incrédula. – Você foi excluído por tia Agatha há muito tempo! Ela mesma me garantiu isso!
- De fato... – Lúcio recomeçou. – Mas, meu filho não. Sangue do meu sangue, minha cara. Eu só precisei dizer a ele como quebrar o feitiço.
Ana voltou-se para Draco, o olhar implorando para que ele dissesse que não era verdade. Mas o garoto evitou fita-la, fixando o olhar no chão. Ela começava a entender como Malfoy fugira de Azkaban: com a ajuda do Lorde das Trevas, que precisava de seus serviços.
- Engraçado... – Malfoy continuou. – Nunca tinha dado importância ao fato de não poder entrar em Smith House. Não ligava para a velha caduca que mora lá.
Perdendo a calma, ela avançou contra Malfoy, mas foi repelida por um movimento da varinha dele, o que provocou novas pontadas de dor em suas costelas.
- Covarde! Deixe esta varinha de lado que eu quero te dar outra surra, seu patife!
- Crianças, não briguem! – Voldemort sorriu condecendentemente, apreciando o “showzinho”. – Minha cara, logo tudo isto vai acabar, não se preocupe. Severus me garantiu que o bracelete ainda não fez sua revelação. E não havia um pingo de dúvida na mente dele quando me disse isso. – fez uma pausa. – Mas quando isso acontecer... Eu vou estar por perto para “dividirmos” o segredinho de meu antepassado. Assim como Helga e Salazar fizeram há mil anos, nós, seus descendentes, vamos fazer. Não é bonito isso? – debochou.
- Com a diferença que você pretende me matar depois!
- Detalhes... – Voldemort acenou, como se isso não tivesse importância nenhuma.
A piada macabra provocou risadas nos poucos comensais que já estavam acordados, fazendo vigília com seu mestre.
Voldemort levantou-se e caminhou até a janela. Ainda sorria quando comentou:
- Está vendo esta névoa, minha cara? Vê como fica mais densa a cada minuto?
Ana olhou para fóra, onde os tímidos raios da aurora começavam a ser vencidos pelo nevoeiro que, realmente, adensava-se.
- E então? Acha que isto é obra da natureza?
Nevoeiros anormais... Alguma coisa se reavivou em sua memória. Sim! Livro seis, primeiro capítulo!
- Dementadores!
- Exato! – Voldemort exclamara, satisfeito. – Sabe o efeito que estas criaturas causam nos trouxas? Serzinhos realmente fracos, esses trouxas.
Ele fez uma pausa contemplativa e continuou:
- Não deve faltar muito para o segredo ser revelado, pela quantidade de magia que este bracelete está emitindo agora. Estimo que ainda hoje o segredo do poder de Slytherin seja de meu conhecimento. Então, começarei atacando Little Hangleton, onde tudo começou...
Ana prendeu a respiração, horrorizada. Olhou para o bracelete, ainda mais exasperada do que nunca pelo fato de ser a única que não percebia a tal “emissão de magia” dele. “Poder de Slytherin?”, pensou. “Será que é isso?”. E as pobres pessoas no vilarejo...
- Eu prefiro morrer a te deixar saber... – ela sussurrou.
Voldemort voltou-se para Ana, um sorriso demente no rosto monstruoso:
- Então... Cabe a mim impedi-la em seu intento. Pelo menos quanto ao que diz respeito à não me revelar o segredo. Já quanto a morrer... Posso satisfazer seu desejo depois. Não vamos forçá-la antes da hora: quero-a viva até lá.
Ana encolhera-se, a escuridão mais uma vez tomando conta de sua alma. Não havia retrocedido um milímetro em seus planos, mas não podia evitar sentir como se tivesse recebido o beijo de um dos dementadores que rondavam Little Hangleton.
De repente, um rugido ecoou pela nascente manhã. Todos olharam para fóra, à procura de sua origem. Até mesmo Ana erguera o rosto vagarosamente, tentando fixar o olhar em um ponto específico no horizonte.
Um pássaro gigantesco. Um não, dois. Três. Não! Havia pelo menos uma dúzia, voando em formação! Pensando bem, não eram nem mesmo pássaros...
- Dragões! – Lúcio Malfoy exclamara incrédulo.
O espanto dele pareceu refletir-se nos demais. Snape desceu correndo as escadas, abotoando apressadamente os botões de sua capa. Era evidente que fora acordado pelo som das criaturas mágicas.
“Dragões...”, Ana pensava enquanto um pequeno sorriso começava a despontar em seus lábios e em seu peito um bem-vindo ponto de calor e esperança a aquecia.
- Por Merlim! – Snape disse, o olhar fixo nas criaturas. E completou, apertando os olhos como se não acreditasse no que via: - E há pessoas... Pessoas montadas neles!
Um comensal tirou a varinha de sua capa e a apontou para os visitantes, que estavam cada vez mais próximos.
- Pare, McNair! – Voldemort ordenou e o comensal abaixou a varinha no mesmo instante, ainda que a contragosto. – É preciso muito mais para atravessar a couraça de um dragão. – O Lorde das Trevas estava sério, avaliando as forças envolvidas. – Deixe que os demantadores cuidem deles.
O sorriso de Ana se apagou. Apreensiva, observou a névoa tomar as formas de diversos dementadores e se aproximarem dos dragões e de seus cavaleiros. Gelou ao reconhecer o ruivo que liderava o grupo, voando com um Chifres-Longos Romeno, pondo-se perigosamente na primeira linha de ataque.
Cinco dementadores avançaram contra ele. O dragão urrou fortemente antes de lançar chamas por seu focinho verde-escuro. Lúcio Malfoy soltou uma risada desdenhosa:
– O que ele pretende? Matar os dementadores queimados?
Os demais comensais o acompanharam na gargalhada. Exceto Snape, que mantinha uma ruga de preocupação na testa. Também Voldemort permanecia sério. Tinha o olhar vidrado no combate que estava acontecendo no ar:
- Olhe outra vez, Lucio. – ele ordenou sombriamente, uma faísca de ódio nos olhos vermelhos.
Todos fizeram o que o Lorde mandara. Os dementadores não tinham queimado, evidentemente. Mas uma luz forte começara a brilhar neles, de dentro para fóra. Então, explodiram. Literalmente.
- As lendas chinesas... – murmurou Snape. – São verdadeiras!
- Como? O que...? – McNair questionou.
- Dragões trazem sorte e felicidade. – Snape ainda parecia não acreditar. – O fogo dos dragões é mágico... Devem ter lançado uma carga positiva maior que os dementadores podiam agüentar.
Ana abriu novamente um sorriso, ao mesmo tempo em que o sol da manhã conseguia uma pequena fresta entre a névoa densa de dementadores, que eram destruídos pelas chamas dos dragões. Este raio iluminou o vale de Little Hangleton, lá em baixo. Logo depois, surgiu mais uma fresta no céu. Depois outra, e mais outra...
A escuridão ia sendo afastada. Lá fora, e dentro de Ana.
Os majestosos dragões sobrevoavam o vale, refletindo os raios solares em suas couraças verdes. Além dos Chifres-Longos Romenos, de um verde escuro e chifres dourados, o grupo também era composto pelos tímidos dragões Verde-Gauleses, que mergulhavam em busca de dementadores fugitivos, e retornavam ao alto.
As luzes brilhantes e prateadas dos patronos conjurados pelos bruxos também foram vistas, cortando o ar e abrindo passagem até o casarão dos Riddle.
- Primeiro os lobisomens... – Voldemort divagou, o olhar distante e avaliativo. - Agora os dementadores...
Ana estava tão feliz que não se importou em ser cautelosa. Voltou-se para o Lorde das Trevas e, com um sorriso triunfante enorme no rosto, disse:
- Não se preocupe, Voldie. Vamos achar alguma coisa para os gigantes também, tenha certeza disso!
Em questão de segundos Voldemort estava em frente a ela, emanando novamente aquele ódio puro que Ana sentira no primeiro confronto. Pôs as mãos sobre o pescoço dela, apertando-o e a erguendo do chão.
- Estou começando a achar que não vale a pena conhecer nenhum segredo de Slytherin se eu tiver que esperar para matá-la.
Sentindo-se sufocar, tentava livrar-se das mãos que se fechavam em seu pescoço, mas Voldemort tinha uma força sobrenatural.
O urro melodioso de um Verde-Gaulês soou perto demais, chamando a atenção de todos para o que acontecia lá fora. Muito tarde. As chamas do dragão atingiram a ala oposta, fazendo vidros de janelas explodirem e parte da parede ruir.
Ana se viu sendo jogada para longe, ao mesmo tempo em que os demais ocupantes da sala se lançavam ao chão. Respirou desesperadamente o ar cheio de fumaça, os olhos lacrimejantes e tossindo muito, mas mesmo assim agradecendo por poder respirar novamente.
Após alguns segundos, os comensais se ergueram rapidamente, varinhas em punho, iniciando uma batalha com os bruxos dos dragões que estavam próximos o suficiente para lançarem azarações. Enquanto a batalha entre eles se desenrolava, Ana correu para fóra da sala. Estava quase no corredor que levava para o hall, quando alguém atravessou seu caminho:
- Não mesmo, suazinha... – Bellatrix Lestrange apontava a varinha para seu coração, o olhar cruel e desvairado cruzando o de Ana. – Ah, como eu estava esperando te dar o troco por aquele dia na casa do Ministro trouxa!
Fitando Bellatrix nos olhos, Ana soube que ela a mataria. Um brilho insano refulgia no rosto da mulher: o calor da batalha tinha alimentado a sanha assassina de Lestrange e ela queria sangue.
Um dos dragões fincou as garras no telhado da casa, fazendo ruir a entrada principal. Bellatrix voltou-se para lançar um feitiço, mas o bruxo que o conduzia foi mais rápido:
- “Protego”! – um rapaz loiro exclamara. – “Expelliarmus”!
Bellatrix foi lançada para longe. Tinha sido pêga de surpresa. O jovem desceu do dragão, avançando para dentro da casa.
- Zach? – Ana exclamara, incrédula. – O que...
- Venha! – ele a puxou para dentro de algo que parecia ter sido a biblioteca. - “Colloportus”! – Em seguida explicou: – A parte da frente está cheia de comensais.
- O quê...? Como...? Quer dizer, você...?
- Aprenda uma coisa sobre a nossa família, priminha: ninguém ameaça Smith House sem que todos os Smiths fiquem sabendo. Papai e eu fomos para lá, e Moody nos disse o que tinha acontecido. – Zacharias fechou os punhos, contrariado: - Ninguém, ninguém mesmo, meche com um Smith sem mecher com todos eles!
- E você veio... – Ana sorriu.
- Escondido de papai, naturalmente. – ele deu de ombros - De alguma coisa as reuniões da A.D. tinham que servir.
Bem... Ana concluiu que tinha que refazer seu conceito sobre Zacharias Smith.
- Bombardia! – ouviram alguém exclamar e a fechadura da porta explodiu.
Foi a vez de Ana puxar Zach para trás de um enorme cofre de aço, muito antigo, que tinha desabado da parede com os ataques à casa.
- Ora, vamos! – McNair exclamara impaciente. – Eu não tenho tempo para brincar de esconde-esconde!
Ouviu-se alguém gritar de um ponto longínquo da casa: “Eles estão entrando por todos os lados! Estão invadindo tudo!”.
O cofre atrás do qual estavam exibia seu conteúdo, pois a parte posterior dele tinha sumido com a parede. Dentro, algumas notas de dinheiro já sem valor e uma caixa de madeira com o brasão do Exército de Sua Majestade. Ana o abriu. Uma pistola antiga, muito usada na época da Segunda Guerra Mundial. Havia as iniciais “F.B.”.
“Franco Bryce”, pensou Ana.
A bliblioteca era enorme, mas não tanto para permanecerem incógnitos por muito tempo. Zach tinha feito um movimento para se levantar e atacar McNair, mas Ana o impediu. Havia escutado mais passos: McNair não estava mais sozinho, outros començais estavam na bliblioteca. Moveu os lábios lentamente de forma que o garoto os lesse: “São muitos”.
Ana viu os canos antigos que percorriam a parede da biblioteca, do lado oposto ao que estavam. “Tubulação de gás”. Depois, olhou a pistola. Não teve muito mais tempo para pensar. Pôs a única bala disponível no tambor, apoiou a mão esquerda sobre a costela machucada para dar mais estabilidade ao próprio corpo e, em um movimento rápido, levantou-se, mirou nos canos e disparou.
- ABAIXE-SE! – no mesmo instante ela gritara, forçando Zach a ficar no espaço restrito atrás do cofre de aço.
Simultâneamente, uma explosão foi ouvida e labaredas encheram o lugar. Sentiram o fogo escapar sem controle dos canos, passando por cima e pelo lado deles, que ficaram a salvo graças ao expesso cofre. Depois as chamas retrocederam, lançando apenas um jato constante de fogo através do buraco que Ana abrira à bala.
Antes de se arriscar a sair, ela espiou o que estava acontecendo. Os comensais que estavam mais perto dos canos estavam carbonizados. Outros, ainda rolando no chão tentando apagar o fogo em seus corpos.
- Não olhe! – ela ordenara ao rapaz, puxando-o para a passagem na parede que a explosão abrira.
No corredor, viram Kingsley azarar dois comensais com um feitiço só. Ao perceber a aproximação, ele voltou-se rapidamente, pronto para lançar outro feitiço.
- Vocês! – exclamara, abaixando a varinha. – Que explosão foi aquela?
- Ana atirou com uma arma trouxa e atingiu alguma coisa... Do outro lado da biblioteca. – Zach dissera, ofegante.
Kingsley a fitou espantado, enquanto Ana dizia, também ofegante:
- Odeio armas.
- Se tem esta pontaria odiando, imagine se gostasse! – Kingsley comentou. E, ao notar que Ana apertava uma das mãos nas costas, perguntou-lhe se estava machucada.
- Nada demais. – respondeu. – Vou ficar bem. Onde estão os outros?
- Alguns ainda estão lá fóra, com os dragões, e... – ele se interrompeu ao ver Tonks lutando com dois comensais de uma só vez.
Enquanto Ana e Zach davam cobertura, subiu as escadas para ajudar a auror. Kingsley conseguiu desarmar e estuporar Rodolfo Lestrange, um dos comensais. O outro comensal com o qual Tonks lutava perdeu a varinha em seguida, sendo também estuporado.
- Kingsley, Lestrange está com a minha varinha! – Ana o avisou.
Ele acenou com a cabeça e buscou o objeto entre as vestes do comensal. Quando o achou, lançou-o para Ana, que o segurou como se finalmente estivesse completa novamente.
Lá fora, mais uma pessoa achou uma brecha nas defesas dos comensais e desceu pelo telhado para reforçar o grupo da Ordem. Harry pulou de seu dragão para a sacada, entrando na ampla sala onde Snape se encontrava.
Ela percebeu a intensão do garoto antes mesmo dele dar o primeiro passo em direção ao antigo Mestre de Poções:
- Harry, não!
Harry lançou vários feitiços em Severus Snape, todos desviados com uma certa expressão de fastio por este último.
“Ele está com raiva. Ele está com raiva”, Ana não parava de pensar. Ela sabia que Harry não podia vencê-lo assim.
Voldemort observava tudo de dentro de uma redoma verde de magia, de onde lançava vários feitiços, apreciando a destruição que causava. Ao que tudo indicava, estava se divertindo em “brincar” com seus oponentes, mostrando o quanto era mais forte.
- Muito bem, Severus! Mate-o! Esqueça o que eu disse antes, mate-o agora! – ordenou.
Ana fechou os olhos, esgotada. Seja de que lado Snape estivesse, Voldemort o estava observando. Descumprisse uma ordem direta dele agora e seria morto. Harry continuava a lançar feitiços, rápido, forte e constantemente. E Snape os repelia. O garoto estava com raiva, o que era o mesmo que estar gritando seus pensamentos para o oponente.
Só havia uma coisa a fazer.
Caminhou normalmente até a sala, ignorando os chamados de Kingsley, Zach e Tonks. Notou mínimamente, pelo caminho, que Hermione, Gui e Lupin estavam em uma das salas lutando; e que Rony e os gêmeos tinham acabado de descer pela fenda que se abrira na entrada principal.
Sempre com o olhar fixo em Harry, chamando-o com a mente. Com a cabeça erguida, entrou na sala da qual tinha lutado tanto para sair.
Finalmente, sua entrada despretenciosa chamara a atenção do garoto; mas Snape conseguira lançar um feitiço do qual Harry se protegeu insuficientemente, sendo lançado para perto de onde Ana estava.
O antigo Professor de Poções percebeu a presença dela também. Ela o fitou, a expressão sofrida e pesarosa quando moveu os lábios: “Perdoe-me...”.
Abaixou-se e seus olhos azuis encontraram os olhos verdes de Harry, ainda atordoados pelo impacto do feitiço de Snape. Sorriu para o Menino-Que-Sobreviveu e, como tantas vezes fizera quando estavam treinando em Smith House, entrou em sua mente.
Em segundos, de mente para mente, mostrou a Harry o que sabia. A pior lembrança de Snape... A dor da perda de Elizabeth... A raiva pelos os que a mataram. E Ana percebeu o brilho de entendimento nos olhos de Harry. A resposta.
- Snape, o que está esperando? - Voldemort estava especialmente ocupado com um grupo - Mate o garoto!
- A moça está na frente, Mestre. – Snape disse. – O senhor a quer viva.
- Imbecil! Tire-a de lá, então!
Com um movimento de varinha, Snape a jogou para longe. Mas havia um brilho diferente nos olhos negros desta vez. ELE SABIA que Harry conhecia seu passado.
- Levante-se, Potter, e morra como um homem. Como seu adorado diretor não conseguiu fazer.
Ana sabia o que Snape pretendia. Reacender a chama do ódio dentro de Harry. Tendo a intensão de matá-lo, ou a de morrer desobedecendo Voldermort, a verdade é que o que mais Severus Snape temia era perder para um Potter novamente. Seu orgulho não permitiria.
Harry levantou-se no mesmo instante. Mas desta vez Ana não viu o garoto ter nenhuma reação além de respirar mais fundo e se por diante de seu antigo professor calmamente, como se estivessem em um Clube de Duelos.
A batalha continuava ao redor deles. Ninguém além de Ana parecia ter percebido que o tempo parara enquanto os dois bruxos se enfrentavam. Snape lançou o primeiro feitiço, que foi repelido por Harry:
- “Até aprender a manter a boca e a mente fechadas”. Lembra, professor? Bem... Eu aprendi.
A velocidade com que feitiços foram lançados e repelidos pelos oponentes em seguida foi impressionante. A garganta de Ana estava seca, os olhos vidrados no combate, enquanto repetia uma prece muda para que tudo acabasse bem.
Estava tão absorta que não percebeu Malfoy se aproximando às suas costas.
- “Petrificus Totalus”! – ouviu Hermione dizer, atingindo Lucio Malfoy. A garota sorriu, triunfante: - Nada mal para uma sangue-ruim, não é, Sr. Malfoy?
Mal terminara de dizer isso, Hermione teve que entrar em novo duelo com outro comensal.
Ana pareceu acordar. Pegou sua própria varinha e foi ao auxílio de Rony, que estava com problemas tendo que enfrentar Pettigrew e outro comensal sozinho.
- “Expelliarmus!” – Ana atingiu Rabicho que, desarmado, tentou fugir, sendo parado por Lupin a poucos metros dali.
- Nunca teve coragem para enfrentar um oponente de forma igualitária, não é, Pedro?
Mas Pettigrew se transformou em um rato, desaparecendo por um buraco na parede. Lupin fez um movimento para ir atrás de Rabicho, mas resolveu que não valia a pena e foi ajudar Rony com o outro comensal.
Ana voltou-se novamente para Snape e Harry, a tempo de ver o antigo professor atingir o oponente com um feitiço muito forte no peito. “Harry!”, o grito aterrorizado ficou preso em sua garganta. Snape se aproximou do garoto desacordado. Parou ao lado dele, fitando-lhe o rosto com uma expressão sombria na face.
- Não! – Ana finalmente conseguiu gritar.
Snape voltou o rosto para ela. Neste mesmo instante, Harry abriu os olhos e apontou a varinha para o homem que passara anos odiando, atingindo-o com um feitiço tão forte que o fez ser lançado contra a parede. Snape bateu a cabeça e perdeu os sentidos.
Ela olhou para o Menino-Que-Sobreviveu, assombrada. Ele conseguira. Fechou sua mente tão bem que nem mesmo Snape percebeu que estava fingindo estar inconsciente.
Voldemort tinha acabado de soltar um grito triunfante ao conjurar ventos tão fortes que foram capazes de repelir dois dragões e seus cavaleiros para longe da casa. Mal fizera isso, deu-se conta que seu comensal tinha sido vencido por Harry. Com um trejeito desgostoso, disse:
- Muito bem! Parece que está em seu destino morrer em minhas mãos, Potter...
Ana sentiu um movimento em seu lado direito e apontou a própria varinha para o vulto que a ameaçava: Draco Malfoy. Os dois se encararam em silêncio, nenhum dos dois querendo fazer o primeiro ataque.
Uma luz vinda da varinha de Voldemort atingiu Harry, fazendo-o cair sobre uma poltrona, cujos braços se fecharam imediatamente sobre os pulsos do rapaz, como em uma cadeira elétrica. Harry tentou movimentar a varinha, contorceu e sacudiu o corpo freneticamente para se livrar, mas tudo o que conseguiu foi fazer o móvel tombar de lado sobre o chão.
- Isso mesmo! – Voldemort exclamara. – Agora, vamos ver onde está a sua amiguinha... Ah! Ali! Ah... Mas que coisa mais incrível! Ela está com pena de atacar Draco! O que foi? Jovem demais, minha cara? – ele riu. – Examente como imaginei que reagiria... Você não contou a ela, Draco? – ele gargalhou sinistramente ao notar o franzir de cenho de Ana. – Vejo que não! Ele não te contou que aceitou fazer um Voto Perpétuo como prova de sua lealdade a mim... Matar você depois que eu descobrisse o segredo de Sonserina!
Ana ofegou.
- Já perdi a paciência com você, garota. – Voldemort deixou o tom jocoso para adotar uma voz imperativa: - Pare de brincar de bruxa com Draco e venha até aqui, agora! A menos que queria que eu mate o fedelho lenta e dolorosamente!
Ela olhou ao redor. Todos estavam ocupados em suas próprias lutas... O barulho de explosões e paredes desmoronando era ensurdecedor. Ainda com a varinha apontada para Draco, e a do garoto para ela, afastou-se lentamente, obedecendo Voldemort, mas tomando o cuidado de ficar mais próxima a Harry.
- Realmente, Voldie, você consegue ficar cada dia mais mórbido... – ela falou.
Com um movimento quase imperceptível, Voldemort a desarmou.
- Tome cuidado, criança. Eu dou as cartas aqui, lembra-se? Agora... Veja como seu heroizinho grita de dor...
Dando apenas alguns passos, Ana ficou entre Harry e Voldemort.
- Saia da frente!
- ANA, NÃO FAÇA ISSO! – Harry gritou.
- Não. – ela respondeu aos dois.
- Sua idiota! O que acha que vai fazer? Salvá-lo? Tudo o que vai conseguir é morrer para garantir alguns segundos a mais de vida a este rapaz que já está condenado desde o dia em que ganhou aquela marca!
- Se é o que eu tenho a oferecer... Que assim seja.
- NÃO! – Harry gritou.
Voldemort tencionou todos os músculos de sua face viperina, e disse, entre os dentes:
- Mas o quê esse garoto tem que todos parecem querer morrer por ele? – fez momento de silêncio antes de concluir:
- Muito bem...
- NÃAAO!
- Avad...
Foi tudo o que Ana ouviu pouco antes de sentir uma forte corrente elétrica percorre-la a partir do pulso onde estava o bracelete, e se espalhar para o resto de seu corpo. Ela entrara em transe, sua mente sendo lançada a um mundo muito distante.
Ana passara pelo teste final de Hufflepuff.
Quem olhava para Ana naquele momento via a moça ser envolvida por uma luz brilhante, dourada, e ser alçada alguns centímetros do chão.
Após alguns segundos, foi descendo lentamente, a luz dissipando-se, e seu olhar voltou a entrar em foco. Com um sobressalto, voltou ao presente.
- Você... Você sabe! – Voldemort afirmou, frenético. – Fale! Fale ou eu arrancarei a verdade de sua mente!
Ela tinha o rosto voltado para chão. Permaneceu mais alguns segundos se recuperando da grande carga de magia que recebera e, então, em um sussurro que quase não foi ouvido, exigiu:
- Liberte Draco...
- O quê? – Voldemort não acreditou no que ouvia.
- Liberte Draco e eu te direi. – ela disse mais claramente, forçando a voz.
O Lorde das Trevas gargalhou:
- Acha que está em condições de exigir alguma coisa?
- Você pode me vencer e descobrir o segredo antes que fuja para o Mundo Etéreo ou até mesmo morra nele. Mas... É tudo muito vago, não é? Diga-me: quais são suas reais chances de arrancar de mim esta informação... LORDE VOLDEMORT? – disse o nome dele elevando a voz, o tom entre a raiva e o desprezo.
Voldemort apertou os olhos. Ana percebeu que conseguira sua total atenção.
- Por outro lado... – ela continuou. – A palavra de uma descendente de Hufflepuff não é dada à toa. Sabe disso.
- Tolinha... De que adiantaria? Ainda posso EU MESMO te matar depois disso.
Ana deu de ombros:
- Não faz diferença nenhuma para você matar mais um. – e finalizou com a voz firme: - Mas não permitirei que use a MINHA vida para marcar um garoto, Voldemort!
- Ah, o complexo de herói do Potter te contaminou... Pois bem! Venha aqui, Draco!
- Não tente me enganar, Voldemort! Sei perfeitamente que para fazer o Voto Perpétuo são necessárias três pessoas. Mas também sei que para desfazê-lo é preciso apenas uma!
Voldemort sorriu desdenhosamente, balançou a cabeça e fez uma mesura, como se dissese: “Como queira, minha senhora”. Depois, apontou a varinha para Draco. Ana segurou a respiração, temendo que Voldemort, em sua demência, resolvesse matá-lo. Foi quando o ouviu dizer:
- “Liberate”!
Draco, tremendo, foi envolvido por um círculo de magia. Pouco depois ele se desfez, deixando o garoto livre. Ela respirou aliviada. Olhando novamente para Draco, percebeu o impacto que seu gesto provocara no sonserino. Ele estava envergonhado, agradecido, confuso... E Ana pensou que tinha conseguido plantar a semente da dúvida no rapaz.
O Lorde das Trevas voltou-se para Ana:
- Muito bem... Está feito. Cumpra sua promessa!
Ela abriu um pequeno sorriso, seguido de um brilho no olhar:
- Quer saber qual é o segredo de Sonserina, Voldie? – ela ergueu a cabeça e fitou Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado nos olhos. – Então... VEJA!
As imagens tomaram o fluxo para a mente de Voldemort:
“Duas crianças corriam pela entrada de um bosque. Um menino moreno e magro. Uma menina de bochechas rosadas e tranças loiras presas ao redor da orelha.
“- Espere, Salazar! – a menina gritara. – Eu preciso descansar!”
“- Mas, Helga! Logo vai escurecer! Como vamos achar o sapo, então?”
“A menina se atirou sobre o chão:”
“- Para quê você quer um sapo, afinal? Para as aulas de Transfiguração? Mas papai disse que só vamos...”
“- Não, não é isso... Você promete guardar segredo?”
“- Claro!”
“O menino tirou de seu bolso um medalhão:”
“- Isto estava comigo no dia que os trouxas que cuidam de mim me acharam. Ele me ensina... Coisas.”
“- Que tipo de coisas? – a menina sentou-se.
“O garoto se sentou a seu lado:”
“- Coisas... Você sabia que um ovo de galinha chocado por um sapo pode criar uma serpente gigantesca?”
“- Mas... Salazar! – a garota estava assustada. – Isso é Magia Negra! – ela tentou tirar o medalhão das mãos do amigo. – Jogue isso fóra, vamos!”
“- Não! – O menino a empurrou. – Isto pertenceu aos meus pais!”
“- Seus pais? – a menina estava confusa. – Salazar... Todos da sua aldeia morreram naquele ataque... Como pode ter tanta certeza?”
“- Lembra do que seus pais me disseram? Que eu tenho um grande potencial mágico?”
“- Claro! – a menina sorriu afetuosamente. – Seria um desperdício se não o desenvolvesse, como seus pais adotivos querem...”
“- Trouxas! – Salazar exclamara com desprezo.”
“Helga ficou em silêncio. Os pais adotivos de Salazar eram ruins. O garoto tivera que fugir de casa por causa dos maus-tratos. Quando eles o acharam, o garoto só não morreu de pancada porque seu pai lhes disse que ele tinha fugido para aprender o ofício de carpinteiro com ele (que era o seu “disfarce” para os habitantes trouxas da aldeia vizinha a Hogsmeade). Disse-lhes também que durante o dia, enquanto Salazar estivesse com ele, se encarregaria de lhe dar o que comer.”
“Satisfeitíssimos por não ter mais que se preocuparem com aquela boca para alimentar, eles concordaram. Ainda mais porque algumas coisas estranhas estavam acontecendo sempre que ele estava por perto.”
“Assim, Salazar aprendia magia com o senhor Hufflepuff, tendo aulas juntamente com Helga.”
“- Pois então, Helga... – o menino suavizou a expressão dura e continuou: - Eles... Meus pais... Deviam ser grandes bruxos!”
“- Pode ser que sim, Salazar. Mas... Magia Negra... Esqueça isso. Venha, vamos para casa.”
Anos depois...
“As crianças tinham se transformado em jovens. Salazar entra na casa dos Hufflepuffs transtornado.”
“- Salazar? – Helga se levanta preocupada. – O que houve, meu amigo?”
“Helga o fita em seus olhos e, frágil, Salazar lhe mostra o que o medalhão lhe ensinara desta vez: Era a antiga aldeia da família de Salazar. Uma batalha entre bruxos ocorrera. Bruxos das Trevas começaram. O líder deles estava mortalmente ferido. Entrou em uma das casas. O casal estava morto. O marido, um ferreiro, ainda segurava seu instrumento de trabalho. A mulher, tinha uma cruz de madeira entre as mãos. O bruxo viu o menino: ainda vivo. Sentiu que iria morrer a qualquer momento. Tirou um medalhão do próprio pescoço, e lançou um feitiço sobre ele: “Você vai continuar meu trabalho, garoto... Meu legado está com você...”
“- Trouxas, Helga! Eles eram trouxas! – o rapaz estava transtornado.”
“- Meu amigo... Isto não tem importância! – ela sorriu amigavelmente. Não entendia porque ele dava mais importância para isso do que saber que bruxos das trevas tinham provocado a morte de seus pais. – Você é um grande bruxo, ninguém pode mudar isso!”
“- É fácil para você dizer isso. Seus pais são bruxos, sempre te aceitaram do jeito que é! Sabe como meus pais iriam me tratar se tivessem sobrevivido?”
“- Não diga isto! Não pode julgar o que eles...”
“- SÃO TODOS IGUAIS! Todos uns ignorantes, tacanhos! O sangue dos trouxas é fraco!”
“- Salazar! – Helga estava chocada. – Nem mesmo um bruxo das trevas chegou a dizer semelhante coisa...”
“- Pois eu digo agora! Digo para quem quiser ouvir!”
“O rapaz sufoca o pranto, desesperado.”
“- Me prometa, Helga. Me prometa que nunca contará a ninguém.”
“- Eu prometo, prometo! – a garota se apressou a dizer, abraçando o amigo, tentando tranqüiliza-lo. Para ela não tinha a menor importância, mas se isso o acalmaria...”
“- Jure, Helga! Jure que fará o Voto Perpétuo! Seu pai pode ser o nosso elo!”
“Ela pensou no ancião, muito doente, sobre a cama do quarto ao lado. Ele morreria em breve, para a imensa dor de Helga.”
“- Eu farei.”
As lembranças de Helga Hufflepuff acabavam ali.
Ana podia sentir a confusão na mente inumana de seu adversário. E ele SABIA que era verdade. Não havia como ela criar uma falsa lembrança para enganar um Legimens como ele. Ela ainda aproveitou para, antes de desfazer o contato, fazer ecoar dentro da mente de Voldemort:
“Parabéns, Voldie... Você é descendente da mais pura raça de trouxas que se tem notícia!”
- Nãaaaaaaaaao! – ele gritou, fazendo o corpo de Ana sofrer terrivelmente.
Seus joelhos fraquejaram e ela caiu no chão. Em sua raiva, Voldemort esquecera de tudo mais. Só queria fazer alguém sofrer... Ana.
“HARRY!” Sua mente buscou a do garoto em um último esforço: “Agora... Ele está perdido...”.
Era a brecha para atacá-lo. E, se alguém podia enfrentar Voldemort, esse alguém era Harry Potter.
O garoto entendeu. Praticamente distendendo todas as juntas de um dos braços, conseguiu alcançar a sua varinha. Apontou-a no mesmo momento que o Lorde das Trevas dizia:
- Avad...
Voldemort foi interrompido pelo feitiço de Harry, sendo jogado para longe. Como que previamente ensaiado, as garras de um dragão conseguiram chegar até aquela ala, fazendo a parede desmoronar sobre a maior parte dos comensais ainda em condições de lutar.
Carlinhos desceu de seu Chifres-Longos Romeno, varinha em punho. Correu até onde Ana e Harry estavam, pondo-se na frente deles, a expressão de seu rosto tão feroz quanto à dos animais dos quais tratava.
- Mestre! – Bellatrix Lestrange gritara. - O Ministério! Os aurores! Mais aurores estão chegando!
Não havia mais tempo para Voldemort e ele sabia disso.
- Só é um adiamento, garoto. Só um adiamento. Você morrerá pelas minhas mãos porque nunca vai conseguir me matar, Potter. Ninguém pode. – ele sorriu e desapareceu, levando consigo os comensais mais próximos, entre eles Bellatrix, Avery e Rodolfo Lestrenge.
- Ainda não... Mas em breve... – Harry murmurou, o olhar fixo no lugar onde Voldemort estivera.
Vendo isto, Narcisa desistiu de lutar e puxou seu filho para perto dela. Percebeu que o marido, ainda petrificado pelo feitiço de Hermione, estava cercado de membros da Ordem e não perdeu tempo em aparatar com Draco.
A batalha arrefeceu muito rápido após a partida de Voldemort, como se seus seguidores não tivessem muita força sem seu mestre por perto. Após alguns minutos, a casa estava sob o controle da Ordem, com a ajuda dos aurores que haviam chegado.
Ela sentiu braços fortes a envolverem protetoramente:
- Ana! – Carlinhos a chamara, aflito. – Você está bem? Merlim! Está machucada! Perdoe-me, não consegui chegar antes... Parece que sou um ímã humano de dementadores.
Ana pensou que Harry iria agradecer por Carlinhos ter-lhe tirado este mesmo título. A sala agora estava livre de comensais, exceto por aqueles estuporados ou petrificados pelos membros da Ordem. Então, os demais se preocuparam em vasculhar o restante da Casa.
- Eu percebi. – ela respondeu com a voz fraca e sorriu, enquanto admirava o céu limpo. – Querido, acho que você acaba de causar a extinção de uma raça mágica...
Ainda sorrindo um para o outro, ouviram a voz sarcática de Rony:
- Ah, eu estou muito bem! Obrigado por se preocupar com seu irmão mais novo, Carlinhos!
Hermione e ele estavam ajudando Harry a se levantar, apoiando o peso dele em seus ombros. O tratador de dragões limitou-se a lançar um olhar de impaciência para o irmão.
- Eu estou bem, gente! – Harry resmungara.
- Não discute com a gente, cara! – Rony disse, enquanto Hermione e ele o guiavam para a porta.
A sala ficou vazia, somente com Ana e Carlinhos, este último insistindo em averiguar o estado dela antes de movê-la. Uma parte dos escombros se moveu do outro lado da sala, e Snape saiu debaixo dela, a velha ferida no ombro provocada por Bicuço na fuga de Hogwarts meses antes reaberta. Na confusão toda ela havia esquecido dele e quando não o viu entre os comensais capturados, supôs que Voldemort o tinha levado.
Carlinhos apontou imediatamente a varinha para o antigo Professor de Poções.
- Não! – Ana segurou-lhe o braço. Voltou-se para Snape e seus olhares se cruzaram. Após alguns segundos de silêncio, ela disse gentilmente: – Precisei fazer aquilo. Mas não contarei para mais ninguém, não se preocupe. Agora vá.
Snape sabia do que ela estava falando. Fez um leve gesto de cabeça concordando, e aparatou. Carlinhos ainda estava assombrado e confuso com o que Ana acabara de fazer, mas aprendera a confiar nela:
- Posso saber por que deixamos um dos mais procurados comensais fugir?
Com um pequeno sorriso de desculpas, Ana respondeu:
- Não... Não pode.
- Depois eu é que sou misterioso. – ele riu. – Venha, vamos sair deste lugar. – ele a pegou no colo e já estava indo em direção do Chifres-Longos Romeno quando percebeu a hesitação de Ana.
- Não se preocupe. É só não demonstrar medo.
- É que não estou acostumada a nada relacionado a dragões... – sorriu nervosamente, enquanto fitava a enorme criatura.
- Do quê é feita a sua varinha?
- Coração de dragão. – Ana respondeu compreendendo o que ele queria dizer. Relaxou e alargou o sorriso.
- Viu? Você está ligada aos dragões há muito tempo! E a mim também.
***
(N/A): Sem dúvida nenhuma, um capítulo que causa desespero tanto em quem escreveu quanto em quem lê. Por causa da ação? Nãaao! Por causa do TAMANHO!
Desculpem... Este foi um super-ultra-mega-Grawp!
Mas não podia ser diferente. Eu não conseguia ver as coisas que escrevi neste capítulo sendo retratadas em capítulos diferentes. “Coração de Dragão” é um capítulo que não pode ser dividido.
Foi mal pelo tempo que demorei a postar também...
E... Para quem concluiu que “coração de dragão” não se refere só ao conteúdo da varinha da Ana, mas ao próprio coração de seu amado... Acertou em cheio!
Agradeço antecipadamente à Darla por ter não só lido, como ainda por cima ter bethado este capítulo. Menina corajosa e persistente! Hi, hi!
E... Aos fãs de Draco e de Snape: Não atirem pedras em mim, por favor! Eu não podia descaracterizar os personagens. Eles não virariam bonzinhos do dia da noite, não é mesmo?
Quanto ao segredo principal, espero não ter decepcionado ninguém. Vamos ter mais umas conversinhas sobre isso no próximo capítulo.
Sim. Vai ter um outro. Ultimo ou penúltimo, pelos menos cálculos – se não for o “derradeiro”, então o último será bem curtinho, só para fechar a fic. Então, um bônus, com uma prévia do que será a próxima fic, Harry Potter e o Segredo de Corvinal (parabéns para quem advinhou que é para despertar a curiosidade de vocês sobre a próxima).
** Para quem não leu o aviso no capítulo anterior: A Sally Owens e eu andamos descobrindo que nossas fics têm muito em comum – além a Ana, de quem a Sally cuida muito bem (hi, hi). Então, fomos conversando pelo MSN e a idéia foi surgindo... Acabamos por criar personagens juntas e “ajustando” as arrestas das fics. Elas seguem uma seqüência comum, embora continuem independentes uma da outra.
Sugiro lerem a fic dela – Harry Potter e o Retorno das Trevas. Não só por causa da ligação entre esta e a dela (que é uma coisa... “mágica” mesmo), como porque a fic da Sally é ESTUPENDA! Eu fico emocionada cada vez que leio os capítulos dela, e até mesmo meio abobada com a capacidade que esta menina tem de lidar com as personalidades diferentes dos personagens – e ainda por cima conseguir coerência com estes mesmo personagens mais velhos e com famílias constituídas! Mágico, não tenho outra palavra!
Pois bem, vamos aos comentários:
Sally Owens: Obrigada pela propaganda. E eu faço da sua (como ficou óbvio acima, hi, hi). É realmente eu peguei pesado com a pobre Ana no capítulo anterior. Mas não foi nada comparado com este né? Obrigada pelo comentário. Eu tinha medo de errar a mão com tantas figuras sinistras aparecendo ao mesmo tempo, sabe como é, né? E agora, cá estou eu, escutando “Magic Works”, por sua sugestão, e tendo idéias e mais idéias inspiradas enquanto escrevo...
Morgana Black: Ficou arrepiada com a cena do Voldie? Menina, EU é que fiquei arrepiada com a SUA cena do Snape... Nossa! Demais! Agora graças ao conselho da Sally de ler a sua fic, fiquei viciada! A Sally e seus conselhos maravilhosos e periogosos ao mesmo tempo... Disse que foi seu capítulo favorito? Mesmo? Puxa, que bom! Calma, Carlinhos apareceu neste aqui, viu? E vai ter uma concentração maior de Carlinhos no próximo, não se preocupe!
Trinity Skywalker: Menina, com esse nome, vc só podia ser inspirada, né? Gente, a fic da Trinity (ó a intimidade) é FANTÁSTICA! Ela criou um Severo Snape adolescente que é muito coerente com a história criada pela J.K.! Eu fiquei emocionada, maravilhada! Leiam, eu recomendo! Trinity... Obrigada pelo comentário. Mesmo!
Darla: Minha leitora e recente betha (das melhores para ter sobrevivido a este último, hi, hi!) Sem palavras para te agradecer... De coração: obrigada.
Bernardo: Valeu! Eu sei como é estar com milhares de compromissos e não conseguir ler as fics que gostaria de ler (até mesmo porque eu estou querendo ler a sua à séculos (foi muito bem recomendada pela Sally)... Minha primeira tarefa assim que eu conseguir respirar é essa! Obrigada por ter postado!
Caroline Potter: Seu comentário cheio de exclamações e reticências me deixou eufórica! Posso dizer que foi a maior quantidade de alegria por pontos e exclamações que um comentário já me deu! Obrigada!
Eddy: Não fala isso nem de brincadeira, hi, hi! Eu já comentei aqui que, se essa fic cai nas mãos da J.K. ela tem um ataque na hora: “Essa garota está acabando com os meus personagens!” He, he! Nossa! Estou ainda dando pulinhos de alegria aqui na cadeira pelo seu comentário. Amo comentários longos! Pode deixar, a sua fic também está na minha lista de fics para ler (ai, eu quero, eu quero!). Brigadão. Mesmo.
A todos: MUUUUUUUUUUUITO OBRIGADA! Gente, vocês não tem idéia de como me deixam felizes. Os que comentam, os que votam, os que simplesmente se dão ao trabalho de “clicar” no nome desta fic e lê-la. Meu agradecimento sincero a todos.
E... Claro, não podia deixar de finalizar pedindo: COMENTEM!
Obrigada. Inté.
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