Capítulo 8
CAPITULO 8
Draco não podia nem acreditar. Aquilo ultrapassava tudo. Era despropositado, era uma falta de educação e era… era… era… inacreditável. Não podia acreditar. A rapariga estava ali só há dois minutos e Harry estava… a fodê-la. Foda-se, estava mesmo a fodê-la! Era incrível!
Draco não conseguia perceber como é que tudo acontecera. Num primeiro instante estavam todos sentados, a conversar simpaticamente, e rirem-se e a quebrarem o gelo, tudo bem, muito obrigado, e eram todos amigos, todos iguais e então Draco fora-se deitar e então – então o quê?! O que raio tinha feito o estupor do Pottinho, ou o que dissera ele à rapariga para a levar para a cama tão depressa? Talvez ela fosse uma espécie de ninfomaníaca que ia de casa em casa, fodendo os seus companheiros de apartamento…JESUS!
Draco tinha passado toda a amanhã na cama com uma bexiga dolorosamente cheia, à espera do momento de ficar sozinho para não ter de se encontrar com nenhum deles quando fosse à casa de banho. Draco saíra às oito e Gina levantara-se depois e saíra às nove.
Gina não parecia nada do género. Uma rapariga simpática, uma rapariga decente. Durante o jantar, na noite anterior, achara-a completamente encantadora e tinha pensado em como era refrescante conhecer uma rapariga inteligente, engraçada e bonita, que bebia cerveja directamente da lata e que era não só também excelente conversadora, mas também uma óptima ouvinte. Ficara deliciado e lisonjeado com a reacção dela sobre as suas pinturas. Ficara literalmente esmagado pela sua habilidade culinária e pela sua capacidade altamente impressionante de comer coisas picantes. As histórias que contara sobre a sua família e as pessoas estranhas com quem convivia na agência tinham-no fascinado. Gina não era como as raparigas que ele normalmente conhecia. Era especial.
O que estava então a fazer uma rapariga tão encantadora como Gina saltando despreocupadamente para a cama de um palerma como o Pottinho. Draco estava intrigado. Confuso. E também se sentia um bocadinho ciumento.
Foi á cozinha e bebeu um copo de água. O dia estava péssimo, como se podia ver através da janela da cozinha.
Talvez aquelas coisas todas no diário fossem só tolices e Gina desejasse Harry desde a primeira vez que o vira. Talvez alguma coisa tivesse acontecido entre eles na noite em que ela viera ver o apartamento, enquanto Draco estava no quarto. Talvez o ar estivesse impregnado do cheiro de um desejo desenfreado desde que Gina se mudara para lá e Draco, triste e insensível parvalhão, não o tivesse notado. Talvez (Draco odiava a ideia) o jantar fosse só destinado a Harry e eles tivessem estado à espera toda a noite de que ele fosse para a cama, olhando um para o outro de cada vez que ele abria a boca para dizer qualquer coisa, enquanto pensavam: «cala-te e desaparece, Draco. Cala-te e desaparece, Draco.» Draco sentiu-se estúpido.
Durante cinco anos tivera de ouvir Harry a queixar-se da mulher de lá de cima, daquela cabra vinda do inferno, arrogante e altiva, que não tinha a mínima noção da sua existência. E agora, quando, pela primeira vez, uma mulher pusera o pé no apartamento deles e mostrara só um interesse por ele, Harry levara-a para a cama. Assim, sem mais nada, como se fosse a coisa mais simples do mundo!
Reparou que a porta do quarto de Gina estava aberto. Lembrou-se da passagem torturante que lera no diário dela na véspera e, com poder de decisão e o sentido de honra enfraquecidos por uma curiosidade maior, abriu um pouco mais a porta e examinou o quarto em busca do livro. Talvez encontrasse aí uma pista ou qualquer coisa que explicasse os acontecimentos extraordinários da noite anterior.
O quarto estava ainda desarrumado. A cama de Gina fora usada, o que significava que ela tinha, a certa altura, achado o caminho que a conduzia para fora da cama de Harry. As cortinas estavam corridas, a fraca luz do exterior davam ao quarto uma coloração rosada. Draco levou a mão ao interruptor e acendeu a luz. O diário estava arrumado, juntamente com os seus predecessores, debaixo da mesa que estava ao lado da cama. Olhou para o guarda-roupa e decidiu abrir as portas de madeira escura. O chão estava cheio de sapatos, muitos sapatos. Uns eram lisos e outros tinham saltos altos, mas todos eles pareciam ter sido usados.
As roupas faziam uma mistura de castanhos, verdes e vermelho em cores vivas, desenhos de flores, ás riscas, em [i]chiffon[/i], veludo e seda. Emitiam todo um cheiro doce. Draco tirou um vestido particularmente bonito, que lhe daria pelo tornozelo, de uma seda com pequenas rosas vermelhas, alças finas e uma fileira de botões inacreditavelmente pequeninos que desciam pelas costas. Imaginou-a dentro daquele vestido, com o seu cabelo ruivo, o peito abundante bem saído para a frente, a correr descalça pela praia, com as bochechas cor-de-rosa…
Não não não não não [i]nao[/i] NÃO! – Draco deteve-se abruptamente. Não tinha ido ali para farejar as roupas de Gina e para elaborar fantasias. Não tinha entrado no quarto por ter um fraquinho por ela. Gina não era, não era mesmo, definitivamente, NÃO era, o género dele. Louras, altas, com muito peito, frias, arrogantes, bebedoras de vinho, consumidoras de marcas e frequentadoras de baile – esse sim era o género de Draco.
Era tempo de ir ao que interessava, de descobrir o que se passava. De repente podia ver o futuro claramente e não era bonito. Gina e Harry tornar-se-iam inseparáveis; teria de passar horas a ouvi-los enquanto se dedicavam ao sexo, sentar-se sozinho na cadeira de braços enquanto se aninhavam os dois no sofá. Haviam de decidir casar-se, falariam com Draco, algo nervoso, após a festa de noivado, para abordar o tema de ele sair do apartamento. E ele acabaria a viver numa caixa de cartão, a frequentar a sopa dos pobres e morreria a arder, perdido na soleira de uma porta.
Porque raio tinha ela escolhido Harry? O que teria ele, Draco, feito para levar Gina a afastar-se? Talvez seria porque ele não tinha andado de volta dela, oferecendo-se para ajudar, enquanto ela cozinhava, como Harry? Ou teria calculado na véspera quanto ganhava Harry – e isso era sempre um factor da atracção num homem. E Harry tinha-lhe comprado flores, filho da puta interesseiro. Tinha de ser isso. As raparigas gostavam de flores. Meu Deus, se ele ao menos de tivesse lembrado. E porquê Harry? Porque não ele, quando ela o tinha favorecido mais no começo? O que havia de errado com ele? Harry já tinha casa, um belo emprego e montes de dinheiro 4 não precisava de ter uma namorada. Além disso, estava apaixonado por outra. Draco sentiu-se de repente cheio de náuseas, preso das garras de um ciúme rancoroso que lhe subia em direcção à alma.
Com o coração a bater muito, o seu poder de decisão e o seu sentido de honra já ausentes, Draco sentou-se na cama de Gina e tirou o diário que estava no cimo da pilha. Começou a lê-lo, ia estudar a vida de Gina, ia conhecê-la melhor.
A hora de almoço passou e Draco lia…
A meio da tarde continuava a ler…
Quando o luz do dia morreu, por volta das cinco da tarde, Draco ainda lia…
Às seis horas, ou à volta disso, fechou o livro, pô-lo debaixo da mesa, ajeitou o edredão, fechou a luz e saiu do quarto. Sentou-se à secretária, retirou um cigarro do maço, acendeu-o, fumou-o e esperou que Gina e Harry regressassem.
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Eu gostei mt de escrever este cap. Os ciúmes de Draco x.x
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