Dias Iguais
Dias iguais
(Luiza Possi)
Mais uma vez ela o via partir com outra, tinha perdido todas as suas chances do
que seria um "final feliz" , ela era a causadora de todo esse sofrimento, de
todo o seu sofrimento, não tinha o direito de simplesmente estragar aquele
momento que era tão importante para ele, seria fazer que todos os seus
sacrifícios até agora fossem em vão.
Se ao menos... Não, não poderia colocar tudo a perder, e para que se encher de
sonhos? Não havia o porque disso. Sonhos eram somente sonhos e assim
continuariam a ser, queria viver um conto de fadas impossível, uma vida que não
era sua. Porem estava presa a isso, voltando atrás, cometendo os mesmos erros.
Continuar no mundo bruxo não havia mais sentido, agora era somente ela e mais
ninguém. Provavelmente nunca teria alguém para dividir seus problemas, seus
sentimentos...
Era hora de todos seguirem seu rumo, e ela sabia que, isso não a envolvia nos
planos deles, os laços que um dia uniram aqueles três amigos agora estava
frágil, por um fio. Não tinha porque iludir-se e manter-se ao lado dele, é claro
que não seria rejeitada, mas passara a crer que isso seria apenas uma ''boa
maneira''... Não iria admitir que tivessem pena dela, jamais. Pois todos ali
tinham alguém, menos ela.
Sempre conseguira se esconder atrás de sua postura forte e séria, mas chegara o
momento de não colocar mascaras em seu rosto, teria que ser simplesmente ela,
apenas Hermione Granger.
Se eu quiser me convencer
Tudo pode ser então,
Um bom motivo pra eu desistir
Se eu tiver que te dizer
Tudo pode ser em vão
Tudo que eu já sofri
No segundo em que foi abençoada com tal sentimento, sentiu também o quanto ele
custaria, como também poderia ser uma maldição, e talvez essas fossem as
palavras para definir esse sentimento chamado ''amor'': uma dádiva e uma
maldição. Totalmente opostos, mas eternamente ligados.
Já tentei esquecer
Fingir que vai mudar
Que com o tempo vai passar
Mas é sempre igual
Se já tentara esquecê-lo? Sim, ela já tinha tentado fazer isso, porém sem
sucesso, porque todas às vezes era a mesma coisa, ela se afastava de tudo e de
todos, muitas vezes gritava e brigava, tentando fazer com que entendessem que
nada mais queria perto de seus amigos, e então via os olhares decepcionados,
tristes e se rendia, e continuava ali, naquele circulo vicioso, que a afogava,
que a estava destruindo pouco a pouco. Não queria estar longe, não conseguia,
era como se seu ar tivesse sido retirado, e ninguém a visse, ninguém a
socorresse.
Perguntavam se estava bem, mas cada vez que olhava dentro dos olhos via que não
havia uma verdadeira preocupação, era somente por educação que perguntavam, e
mesmo se falasse sobre tudo que à consumia por dentro, não poderiam ajudá-la,
ninguém era capaz de fazer isso, nem mesmo ela. Por isso era melhor esperar, ver
a onde a vida a levaria, o que seria dali para frente.
Queria lutar contra isso, tentar recuperar-se mas tudo a arrastava novamente
para o ponto de partida.
Estava morrendo por dentro, não tinha mais vida, ela sabia disso...
Ninguém pode saber
O quanto eu penso e sinto por você
Mas é sempre assim
Tenho medo de dizer
Que sem você aqui
Os meus dias são sempre iguais
Eu só penso em você
Talvez a única coisa que tivesse de realmente bom, que ainda à davam uma mínima
esperança eram as lembranças, sim, estas continuavam presentes, não a tinham
abandonado.
E também, os sentimentos que tinha por ele, estes eram os mais sinceros que já
fora capaz de ter, os mais bonitos.
Iria, em segredo, guardá-los dentro de seu coração, e quando ele precisasse, ela
o ajudaria, o ouviria, o entenderia assim como fizeram diversas vezes, talvez
esse fosse o seu único papel na vida dele...
Era um pouco estranho, sempre o considerara como melhor amigo, sabia que aos
poucos as coisas vinham mudando, mas tinha medo de admitir, de dizer para si
própria e por isso camuflava tudo o que sentia...
Mesmo se quiser tentar
Você nunca vai entender
Porque tantas vezes eu chorei
Mas se eu puder sonhar
Com um dia perfeito pra mim
Vai ser tudo como imaginei
Às vezes melhorava de suas ''crises'', foi a melhor palavra que tinha encontrado
para denominar aquilo, ria com Harry e Rony, e tudo parecia ser como antes, se
divertia o máximo possível, brigavam por coisas tolas, mas então, de uma hora
para outra, sem aviso, caia novamente no poço de escuridão, por coisas mínimas,
por simples palavras, gestos que enquanto todos estavam muito ocupados para
perceber o que estava acontecendo, entender seu verdadeiro significado, ela
compreendia o recado e voltava para a dura realidade.
Pensou até que era uma fase, algo idiota que os adolescentes viviam, que ela
tinha sido a culpada, mas na verdade não era bem essa, ela amara tanto as
pessoas, não queria nada como reconhecimento por isso, só queria ter esses
sentimentos correspondidos, somente isso e não os tinha. Se tornou então, um
pouco fria, guardando tudo para si, os piores e melhores momentos, por mais que
doesse fazer isso, era a única coisa a fazer, não tinha com quem dividi-los, e a
única pessoa que ela poderia fazer isso, bem, com essa ela não poderia contar,
pois significaria que teria que abrir o jogo, desde o inicio e não tinha forças
para tanto.
- Mi, o que você tem? Eu estou ficando preocupado, por favor, me diz, quem sabe
eu possa ajudá-la... É por causa do Rony? Foi algo que eu disse? Por favor, me
diz! - Perguntou Harry pela milésima vez aquele dia.
Ele mandara milhares de bilhetes durante a aula perguntando o que era, Hermione
simplesmente os queimava com um simples feitiço e voltava a atenção para a aula,
mas agora não tinha escapatória, ele a vira chorando, sentada encostada em uma
árvore nos jardins da escola, os olhos vermelhos e inchados, o cabelo lanzudo
com salpicos de neve, enquanto passava o dedo em um pequeno trecho esculpido na
árvore.
Hermione continuou, vidrada olhando um ponto fixo da árvore, tinham escrito
aquilo nas férias de natal e ainda podia-se ler em letras garrafas:
Harry James Potter
Hermione Jane Granger
Ronald Weasley
Hogwarts, 1995
Harry ao ver a amiga em tão deplorável estado à abraçou o mais forte que podia.
Hermione precisava daquele abraço, de senti-lo somente mais uma vez perto de si,
de sentir o cheiro dele, de poder afagar sua mão no cabelo rebelde e olhar
naqueles olhos incrivelmente verdes.
Passou os braços ao redor do pescoço dele, abraçando-o com força, o máximo de
força que conseguia juntar, a cabeça no peito dele, chorando, chorando por não
ser forte o suficiente e poder dizer tudo o que queria, vencer o medo, mais uma
vez estava se acovardando e não iria conseguir, iria chorar ali, nos braços dele
a noite toda se preciso, e depois inventaria alguma coisa. Voltaria para seu
quarto e os sonhos voltariam a reconfortá-la, ou pelo menos dá-la essa sensação,
mesmo que depois a deixassem com o mesmo vazio de sempre, mas iria ter pelo
menos ali, um final feliz, até acordar de manhã e se deparar com todos os
obstáculos que deveria enfrentar.
Hermione se afastou de Harry, ele passou a mão pelo rosto da amiga secando as
lágrimas, ela fechou os olhos sentindo o toque dele.
Aquilo era tão bom, pensou quando reabriu os olhos e encarou os olhos de Harry,
a preocupação estampada neles. Ela forçou um sorriso, e fez biquinho.
- Bem, eu acho que te preocupei, não? - Perguntou as mãos tremendo dentro do
bolso, Harry balançou a cabeça em confirmação - Mas eu to legal. To mesmo! -
Exclamou a garota em tom de indignação, ao ver a sobrancelha erguida de Harry,
em desconfiança. - Eu to bem, juro. Agora eu to, só estava pensando em como vai
ser quando voltar para casa... Vou sentir falta de tudo aqui e de você com todo
esse seu senso de herói - ela disse.
E que eu acho extremante sexy... pensou Hermione ainda olhando-o.
- Eu também vou sentir falta de você, Hermione. Você é muito importante pra mim,
nunca duvide disso, ok? - Hermione estava prestes a gritar, era ótimo,
reconfortante o ouvir dizendo aquilo, fechou os olhos, tentando guardar em sua
mente cada palavra, cada feição do rosto dele ao dizer aquilo. - Você é minha
melhor amiga em todo esse mundo.
Hermione reabriu os olhos, bem, não tinha certeza se queria ouvir aquela última
frase.
Amiga, guarde essa palavra para quando se encher de esperanças, Hermione. Pensou
irritada.
- É claro...
Um silêncio pairou sobre eles, não havia nada a ser dito.
- Harry? - chamou Hermione olhando a superfície do lago.
- Sim?
- Eu não sei quanto a você, mas eu to congelando, vamos voltar?
Harry sorriu, e a abraçou e voltaram para o castelo, muitas garotas olhavam
desconfiadas, mas ambos estavam muito ocupados conversando como de costume sem
se importar com o que pensariam.
Já tentei esquecer
Fingir que vai mudar
Que com o tempo vai passar
Mas é sempre igual
Ninguém pode saber
O quanto eu penso e sinto por você
Mas é sempre assim
Tenho medo de dizer
Que sem você aqui
Os meus dias são sempre iguais
Eu só penso em você
Eu só penso em você
Hermione desceu do trem, respirou aliviada, chegara ao final do seu sétimo ano,
as melhores notas de toda a turma.
Não sabia quando voltaria a encontrar aquelas pessoas que fizeram parte de sua
vida, que levaram cada uma, um pedacinho dela e ela deles, que conviveram
aceitando seus erros e acertos. O castelo onde vivera alguns dos piores e
melhores momentos de sua vida agora estava sendo deixando para trás, agora era
hora de mudar de folha e começar a escrever sozinha a sua história, a história
de Hermione Granger.
Por quantas coisas ainda deveria passar para ser feliz, para se encontrar, ela
não sabia, novamente a resposta somente o tempo diria.
- Hermione? - Ela virou-se era Harry acompanhado de Rony - Estava pensando em ir
sem se despedir?
- Claro que não. - Ela se aproximou de Rony e o abraçou - Bem, não sei quando eu
vou voltar a te ver, mas foi realmente um prazer te conhecer Ronald Weasley,
mesmo você sendo esse cabeça dura! - acrescentou a garota - Acredite nos seus
sonhos, não deixa que as pessoas pisem em você ou tentem te fazer de inferior,
porque posso lhe garantir que é melhor do que elas. É aprovado pela melhor aluna
de Hogwarts.
- Vou sentir saudades, Mione, faço de suas palavras as minhas... Ainda serão
muitos os Draco Malfoy, mas você sabe muito bem como lidar com eles, não? Se
precisar é só chamar, ok? Mesmo que seja só para meter porrada - Rony abaixou a
voz por causa da Sra. Weasley que não estava muito distante dali - na cara do
infeliz.
- Ah, claro, obrigada. - agradeceu as maças do rosto pegando fogo. - Ah, Rony,
tem uma coisa bem aqui ó - disse Hermione indicando o nariz do amigo, as orelhas
do garoto ficaram vermelhas, quase no tom da cor do cabelo dele, ele pegou
rapidamente o espelho que Gina segurava,(Gina se tornara mais vaidosa) para
verificar o que tinha de errado.
- Não tem nada aqui, Herm...- ele não terminou a frase, lembrou-se então do seu
primeiro ano e que ela usara a mesma frase e sorriu para a garota.
Hermione despediu-se dos Weasley, agora só faltava o mais difícil, Harry.
- Finalmente a senhorita tem tempo para ouvir o seu pobre amigo Harry, não?
Pensei até que tinha me esquecido!
- Como eu me esqueceria de você, hein? - Perguntou Hermione.
- Não sei, eu lá tenho dicionário para entender a cabeça das mulheres?
- Oh, Meu Deus! O céu vai cair sobre nossas cabeças! - disse Hermione e puxou
Harry para um canto mais afastado que era protegido por uma lona.
- O que? Porque me trouxe para cá? - Perguntou Harry sem entender.
- É porque eu quero dar uns amassos em você antes de ir, Harry! - Explicou a
garota substituindo o sorriso por uma expressão mais séria - Calma, Harry -
Disse a garota, ele estava com milhares de tons de vermelho. - Eu só estava
brincando... Não ouviu o que eu falei? O céu vai cair sobre nossas cabeças, você
finalmente percebeu que eu sou uma mulher! Pensei que você era mais rápido do
que o Rony nesse tipo de raciocínio, brincou a garota.
- Muito engraçada, Hermione, quero que me prometa uma coisa, jure que não vai
desistir, eu sei que é isso o que quer fazer, mas não o faça.
Ela o encarou por alguns momentos e o abraçou como tinha feito com Rony.
- Acredito que cada um tem o direito de escolher que caminho vai seguir,
escrever sua historia, mas você mais do que todos aqui presentes não deve essa
oportunidade, sempre as pessoas escreviam a sua história por você, não
deixando-o fazer isso, e agora chegou o seu momento, a sua hora. - Hermione se
afastou um pouco de Harry e ficou encarando-o olho no olho, não tinha nada mais
a perder, não sabia se voltariam a se ver, porque não, uma vez arriscar? - Eu...
eu fico muito feliz por ter conhecido alguém como você, não vou esquecer de
todas essas bem... aventuras...que tivemos ao longo desses 7 anos. Eu realmente
espero que você seja muito feliz, e saiba que sempre que precisar, Edwiges sabe
onde me encontrar ,por isso não fique envergonhado ou peça desculpas caso
precise me bombardear com cartas, vai ser um prazer te ouvir e evitar que você
faça besteiras, é o meu dever, não? - Disse sorrindo, as lagrimas reaparecendo
em seus olhos. Hermione sabia que seu coração ia saltar pela boca, ele
provavelmente estaria ouvindo o barulho de seu coração, parecia uma escola de
samba. Harry abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Hermione o interrompeu
pressionando seus dedos sobre os lábios dele. - Shhh...Harry... Eu te amo. -
Hermione disse, as pernas bambas, e mordendo o lábio inferior com força . Ficou
na ponta dos pés, ainda encarando os olhos verdes de Harry.
Ele realmente crescera, pelo menos uns 20 centímetros, tinha ombros largos, e
não era mais magricela como nos primeiros anos, agora se tornara um belo homem,
de cabelos rebeldes, olhos verdes, era forte e até poderia chamar de musculoso,
não como aqueles que se via na TV, que pareciam não ter nem pescoço de tanto que
eram os músculos e esses homens, na maior parte das vezes, não eram dotados de
inteligência, o que não era o caso de Harry.
Mordeu o lábio inferior com mais força ainda pensando se realmente deveria fazer
aquilo, mas não vacilou.
Fechou os olhos, algumas lágrimas ainda banhavam seu rosto, e deu um beijo
rápido e doce, o qual esperara por toda a sua vida.
Hermione sentiu que Harry iria corresponder, mas deu um fim no beijo ali mesmo,
iria guardar aquele momento. Não ia tentar mais esquecer Harry Potter, era perda
de tempo, iria lembrá-lo como algo maravilhoso em sua vida, lembrar daquele que
amava, pois por mais que tentasse se enganar, era isso o que sentia por ele, e
por isso doía tanto.
Ela o olhou mais uma vez e sorriu, muito tímida mas sincera.
Pegou sua mochila e colocou nas costas, as malas já tinham sido levadas para o
carro, virou-se e passou pela plataforma Nove três quartos, sem olhar para trás.
Se tudo que tinha feito até agora tinha sido em vão? Não, isso não. Ela sofreu
por amar, sofreu porque o amor é traiçoeiro, mas amar nunca, jamais, seria em
vão.
"Um dia o amor perguntou ao ódio:
- Porque você me odeia tanto?
E o ódio respondeu:
- Porque eu já te amei tanto.''
N/A:Bem, esse poema, eu não sei da onde ele veio... eu acho que copiei do
caderno da minha prima... Eu o coloquei aqui porque se encaixa com o sentimento
da Mione, não sei se todos entenderam mas o sentimento que ela tem é mais ou
menos assim:
Existem pessoas que amam demais, Hermione foi uma delas! (Obrigada a Blue Angel
pelo toque!)
Beijos - Drica
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