CAPÍTULO II
Harry
No dia seguinte Harry só acordou próximo à hora do almoço, não sentia vontade de aparecer naquele dia. Com algum esforço se levantou da cama e foi avistar a Rua dos Alfeneiros naquela tarde. Os mesmos jardins, mesmas casas, nada parecia diferente...
Notou a ausência de presentes entregues pelas corujas já conhecidas de seus amigos, Pitichinho, a pequena coruja que Rony adotara, a entrega por correio que normalmente continha o presente de Hermione (ela preferia esse método, contara logo no terceiro ano que não gostava muito de ter que cuidar de uma coruja) e a coruja da família Weasley, que normalmente o acordava, devido ao pouso espalhafatoso. As únicas coisas que pareciam diferentes no quarto eram que sua coruja retornara da sua noite de caça, e o embrulho que Tia Petúnia deixara na cama ao sair do quarto.
“-Melhor assim”. Pensou. Quanto menor notado fosse pelos outros, mais fácil seria desaparecer do mundo magico como conhecia. Se dirigiu até a cama novamente e abriu o embrulho que sua tia lhe dera, esperando que fossem mais restos de Duda. Com certa surpresa viu que ganhara uma camiseta sem nenhum vestígio de uso, e mais incrível ainda, do seu tamanho M. Era vermelha e até mesmo bonita na verdade. Ok, seu aniversário começara estranho e seu dia mais ainda, isso não era um bom sinal.
Desceu para a cozinha para buscar alguma coisa para comer, não jantara na noite anterior e agora sentia as consequências disso. Ao entrar para a cozinha encontrou seu tio Valter sentado à mesa comendo, estava com seu terno – o que era estranho uma vez que era sábado - e aparentava certa impaciência, sua tia parecia absorta enquanto lavava a louca, mas ergueu os olhos quando entrou, não havia sinal de Duda, devia estar perambulando pelo bairro.
- Tia? – Harry chamou, não era mal educado. – Hm... bem... Obrigado pelo presente.
A mulher não respondeu, mas fez um aceno com a cabeça. Era estranho, não havia nada de diferente naquela cena. Sua tia lavando a louca enquanto pensava em alguma fofoca qualquer, seu tio ao perceber sua presença automaticamente ativar sua veia na têmpora, indicando que poderia explodir a qualquer momento, ninguém falar diretamente com ele... Mas algo estava diferente, a forma como as coisas estavam, não haviam olhares de rancor vindos de nenhum deles, era como se ele não estivesse ali, mas sem o ar incomodado de sempre.
Enquanto absorvia aquilo, se sentou à mesa e se serviu do almoço, será que era o momento de retomar o assunto da noite passada? Logo depois de se fazer essa pergunta se sentiu tolo. Desde quando preocupava em ser um bom ou mau momento para falar algo com eles.
- Tio Valter, Tia Petúnia... – Começou Harry, nenhum dos dois olhou diretamente para ele, mas sabia que tinha conseguido sua atenção. – Gostaria de falar com vocês sobre ficar a...-
- Recebi uma carta hoje, garoto. – Começou a dizer seu Tio o interrompendo. – Parece que receberá uma visita.
- O-Oi? – Harry respondeu perdendo completamente a linha de raciocínio. Seu tio não olhou para ele enquanto falava, o que era absolutamente o contrário de, bem, seu Tio. – V-Visita?
- Sim, uma visita. Não gostei muito da ideia. Avisar alguém de alguma coisa no dia, mas como Petúnia não se importou, e como ficarei o dia sem ter que ser perturbado com você aqui dentro... – Seu tio parecia estar tentando soar calmo, mas Harry podia ver que cada milímetro do seu auto controle estava sendo testado ali, se lembrou involuntariamente de Rony vomitando lesmas em seu segundo ano, a cara do seu tio parecia idêntica. –Parece que alguém conseguiu, não me pergunte como, ver algum talento em você.
- D-De quem? Eu não quero receber nenhuma visita hoje. – Harry disse perplexo.
- Veja você mesmo. – Disse seu tio apontando para um envelope ao lado da mesa. – Perdi meu apetite, vou para a sala.
Harry pegou o envelope, parecia completamente normal, sem trinta selos como da última vez que recebera uma carta do mundo mágico, provavelmente e somente por isso não deve ter sido queimada quando seus tios viram que a carta se referia a ele. Assim que pensou em abrir o envelope, a campainha tocou.
Hermione
Hermione acordou cedo aquela manhã, tivera sonhos agitados, mas sem nenhuma relação com o que vira na noite anterior. Quando abriu os olhos percebeu que seu gato, Bichento, invadira a cama enquanto dormia e estava agora ao lado dela, sorriu e revolveu deixar tudo aquilo para outra hora. Hoje era o aniversário de Harry e ela ainda precisava deixar o seu presente nos correios, como sempre fizera.
Sabia que Harry não era, assim como Rony, um fã assíduo de leitura, mas encomendara um que tinha certeza que interessaria ao garoto, era uma narrativa de Hogwarts escrita na visão de alunos, onde haviam diversas explicações sobre lugares, passagens e locais do castelo. Harry nunca poupara esforços para deixar claro que Hogwarts era mais que uma escola para ele, era onde fora feliz, nada como mostrar mais desse lugar a ele.
No instante em que se levantou e começou a se trocar, ouviu batidas na janela, ao olhar se deparou com Pitichinho bicando a janela. “Estranho” pensou, a coruja deveria estar fazendo entregas para Harry aquele dia, não ela.
Abriu a janela e a corujinha entrou, parando o voo imediatamente ao notar bichento sentado na cama e voando rápido para cima do guarda roupa.
- Ei, pode descer, o Bichento de mau só tem a cara. – Disse Hermione, mas o olhar do gato mostrava exatamente o que gostaria de fazer com a coruja. – Bichento, nem comece, Rony já implica com você só porque pareceu que você tinha comido o rato dele, se você comer mesmo, eu é quem vou me encrencar.
Depois de alguns minutos, onde Hermione precisou usar de bastante esforço para tirar a coruja de cima do Guarda-Roupa (ela estava mais alta, mas nem tanto), ela conseguiu pegar o pergaminho da perna da coruja. Pichitinho olhou pelo quarto, como se pensando se valia a pena ou não esperar por alguma comida ou agua, ao ver o rabo de escovinha do gato sair pela porta, pareceu decidir que sim, e ficou dando bicadinhas na mesa de cabeceira.
Hermione desenrolou o pergaminho e viu que era de Rony, começou a ler.
“Oi Mione!
Como havíamos conversado na semana passada, hoje é o aniversário do Harry e mamãe gostaria realmente de comemorar de alguma forma, mesmo que não seja na Toca. Chamei ele para visitar, mas não tive resposta.
Lupin e Tonks vieram aqui noite passada e decidimos buscar ele mesmo assim, se ele ficar na casa daqueles tios birutas vai acabar enlouquecendo ou fazendo alguma besteira, MAS, da última vez que tentamos não causamos boa impressão (não sou muito bom com essas coisas de trouxa), por isso, o que acha de você, que tem mais afinidade com a coisa, buscar ele e nos encontrar na saída da rua dos Alfeneiros à uma da tarde? De lá Lupin e Tonks podem nos levar para comemorar o aniversário dele e convencê-lo a passar o resto do verão fora de lá.
Caso concorde, é só mandar Pichi de volta com um sim, mas como sei que vai concordar, porque minhas ideias são geniais, já pedi para mamãe ajeitar tudo!
Bei... Abraços!
Rony.
PS: Não tente chegar pela lareira, não é uma boa experiência!!!
PS2: Ele vai ficar puto, mas depois vai se alegrar, Lupin teve uma ótima ideia!”
Hermione terminou de ler com um sorriso, sabia que com certeza uma comemoração de aniversário era o que Harry menos queria no momento, mas era exatamente o que precisava.
- Acha que consegue levar um bilhetinho para o Rony e uma carta até a casa do Harry antes? Juro que é pequena. – Hermione perguntou para Pichitinho, que olhou para ela de um jeito pomposo e se empertigou, quase dizendo “Ei, com quem você pensa que esta falando?”. – Ótimo, pode esperar um pouco então?
Pegou um pedaço de pergaminho e escreveu um simples “OK, darei um jeito de ele ir.” Depois pegou um papel de carta e um envelope comuns de dentro da escrivaninha, imaginava que os tios de Harry eram trouxas comuns, mas as descrições do amigo para eles emitiam que ela teria que além de educada, demonstrar não ter nenhum vínculo com nada que fosse mais mágico que o DVD player. Escreveu então:
“Caros Sr. e Sra Durley,
Muito prazer, como estão?
Meu nome é Hermione Granger e consegui o contato do seu sobrinho no ano passado quando ele solicitou via correio uma consulta no consultório dos meus pais, em Notting Hill, chamado O.S Granger. É um consultório de dentistas com mais de 15 anos de mercado, e ele demonstrou interesse em um programa de aprendizado na área administrativa, que fazemos todos os anos que dura cerca de 4 semanas.
Estou na cidade desde ontem e estou enviando está para avisar que irei comparecer na sua residência no dia 31 de julho, por volta de uma da tarde para explicar os detalhes, e caso vocês concordem, leva-lo para iniciar o programa.
Ficarei muito feliz em explicar tudo pessoalmente, e peço desculpas pela carta ter sido enviada tão em cima da hora, porém a oportunidade foi recentemente criada.
Segue em anexo o endereço, alguns documentos e o pedido formal de estágio.
Meus cumprimentos,
Hermione Granger”
Releu o que escreveu, tinha que parecer o mais profissional e sem interação com Harry possível, e pareceu-lhe bem convincente. Sabia, pelas histórias contadas, que caso percebessem que Harry pudesse gostar do que faria indo visita-los, eles não permitiriam a saída do garoto.
Rony, Tonks e Lupin iriam tentar convence-lo de sair de casa e ficar o resto do verão com eles, mas Hermione já sabia há muito que a melhor maneira de fazer com que Harry fizesse as coisas, era deixa-lo sem a opção de realmente escolher entre elas. Ao enviar a carta aos seus tios, ela já havia removido a oportunidade de Harry usá-los como desculpa para recusar, ao demonstrar que era uma oportunidade de algo monótono, ela fizera com que eles mesmos pudessem querer que ele saísse e além de tudo criara a oportunidade perfeita para falar com o garoto antes de encontrar a todos... Tinha que checar uma coisa, que só poderia fazer se Rony não estivesse perto.
Colocou a carta em um envelope, enrolou o bilhete que escrevera antes na perna de Pichitinho e entregou a carta para que segurasse nas suas patas.
- Entregue a do Harry primeiro, e não entregue direto para ele, pode deixar na porta da frente, junto com o resto da correspondência, isso é muito importante ok? – Ela disse a coruja, essa deu uma bicadinha no seu dedo, um pulinho e saiu disparada pela janela do seu quarto.
Enquanto via a coruja sumir pela rua, Hermione ficou imaginando qual seria a ideia de lugar interessante para levar Harry que Rony, Lupin e Tonks haviam imaginado. Talvez a loja de Fred e Jorge? Ficara sabendo nas ultimas cartas de Rony que a loja, aberta no Beco Diagonal, era um estouro de vendas e estava fazendo muito sucesso.
Por falar em Rony, leu novamente a carta que lhe enviara, era o mesmo Rony de sempre, pareceu que falava com um garoto em toda a carta, mas no final, tentou mandar um beijo, se enrolou, riscou a palavra antes do fim e lhe mandara um abraço. É possível se sentir atraída e ao mesmo tempo não atraída por alguém? Se não era, ela era a percursora desse sentimento, porque em alguns momentos ela se via querendo chama-lo para conversar e acertar logo as coisas, e em outras, preferia esquecer que em algum momento pensara em estar junto do ruivo, eram afinal, muito diferentes.
Bom, não adiantava agora pensar muito nisso. Foi se arrumar.
Harry
De primeiro momento Harry ficou sem reação quando Tia Petúnia lhe disse para atender a porta, continuou olhando para o nome do remetente, “Jean Granger”, com certeza esse era o nome da mãe da..
- Garoto, quer atender essa maldita porta! – Tio Valter falara, metendo a cabeçorra para dentro da cozinha.
Harry pensou rapidamente em três respostas grosseiras para dar, mas preferiu olhar friamente para o tio e se dirigir a porta. Sabia o que o esperava ali, nunca trocara mais do que cumprimentos com a Sra. Granger, já com sua filha, havia convivido tempo demais com ela para não saber que provavelmente ela estava por traz daquilo. Ao abrir a porta não foi diferente do que imaginava, na sua porta estava uma garota branca, de cabelo até as costas, estava um pouco diferente da última vez que a vira, estava um pouco mais alta, o rosto estava um pouco mais feminino, como uma garota que esta perdendo as feições de jovem e virando uma bela mulher, os cabelos estavam mais cacheados do que volumosos, presos em um rabo de cabalo. Trazia duas sacolas nas mãos e sorria para ele.
- Eu devia ter imaginado. – Disse Harry sorrindo sem conseguir se conter. Nenhum dos seus pensamentos havia sumido, mas não podia negar que ao olhar para Hermione, alguém tão próxima a ele, tudo parecia poder esperar.
- Sim, devia. – Disse Hermione enquanto olhava diretamente nos olhos dele. Sentiu imediatamente alguma coisa estranha e desviou o olhar. – Posso entrar?
- Não acho que vá perder nada se ficar ai fora.- Disse Harry dando passagem a garota. – Na verdade, ficaria mais segura ai.
- Sei me cuidar. – Disse a garota, enquanto se virava para ele. Harry não podia deixar de notar que a garota estava realmente muito bonita. Vestia uma saia comportada, um pouco acima do joelho, sapatilhas vermelhas e uma camiseta polo, também vermelha. Desviando os pensamentos disso, ele apontou para a escada em direção a seu quarto, mas a garota seguiu para a sala, onde seu tio estava.
- Hum... sabe, melhor não entrar ai. – Harry foi dizendo ao seguir a garota. Quando entrou na sala, viu que sua tia também havia aparecido por ali, atrás do marido, que parecia ler o jornal, mas aquela veia não enganava Harry, o tio estava esperando Hermione, por isso estava com aquele terno. Era a velha (e ineficaz) tática que ele sempre usava quando não sabia lidar com algo, vestia suas melhores roupas para tentar mostrar quem mandava na casa. Harry sempre pensara naquilo como o que os cachorros fazem, marcando território com... bem, vocês sabem.
- Boa tarde, Sr. e Sra. Dursley. Meu nome é Hermione Granger. – Disse Hermione ao chegar ate eles, estendeu a mão para a tia de Harry. Sua tia e tio olharam para Hermione, ela estava bonita, bem vestida, chegara de maneira completamente trouxa, seus tios pareceram relaxar momentaneamente e sua tia apertou sua mão. Harry de imediato não entendia o que exatamente estava acontecendo, mas conhecia Hermione, estava planejando alguma coisa. – A sua casa é realmente muito bonita, sempre quis morar em Surrey, mas papai prefere morar próximo ao consultório, para estar disponível em emergências.
- Ah sim, Ah sim, pesquisei o consultório. Teve uma ótima receita ano passado. -Tio Valter pareceu interessado, os pais de Hermione eram dentistas, mas Harry nunca parara para saber se eram famosos. Para seu tio estar tentando ser educado, com certeza eram. – Sei porque na fabrica vendemos brocas de diamante para essa área de odontologistas, sabe?
- Nossa, não sabia que trabalhava nessa área Sr. Dursley. Vou ter uma conversa com meu pai sobre com quem comprar quando for fazer um novo pedido. – Hermione disse de forma inocente, mas Harry sabia que naquele momento ela já tinha ganhado pontos com seu tio. Ninguém nunca se interessava pelo trabalho dele, mesmo Duda. Ele pareceu inflar.
- Ora, ora... Imagine. Mas se sente, precisamos discutir o que escreveu na sua carta de apresentação. – Disse seu Tio. – Aceita algo para beber? Petúnia, poderia servir um chá para a visita?
- Claro que sim. – Tia Petúnia parecia estar estudando a garota, mas colocou chá em três xícaras. Harry, que vinha tentando chamar a atenção de Hermione, olhou para ela. Enquanto entregava uma xicara para Hermione disse: - Então, lemos na sua carta que tem uma vaga de estagio para o nosso sobrinho... Não me lembro dele já ter se inscrito em algo assim.
- Ah, ele se inscreveu no ano passado, perto dessa época de final de férias. – Disse Hermione inocentemente. – Ele estava com umas pessoas um pouco excêntricas, e passou na frente do consultório, eu estava pregando o cartaz quando ele me chamou. Conversamos um pouco, ele tem bastante jeito para a coisa.
- Ah é? - Disse Tio Valter, dando um olhar descrente em direção de Harry. Hermione finalmente olhou de novo para ele, como se dissesse “Uma ajudinha seria bem-vinda”.
- Hum... é interessante. – Disse Harry, sem jeito. Não podia se interessar menos por algo como administração de consultórios, e não era fácil fingir o contrário sem um aviso prévio.
- Como explicado na carta, o programa do papai é bem rigoroso. Durara até o fim das férias de verão, e como é um lugar longe, ele pode dormir em um quarto disponível que fica na parte de cima do consultório. Todos os telefones e endereços ficarão disponíveis para vocês. Esta tudo na pasta que eu trouxe. Um minuto. – Hermione dizia enquanto abria uma das sacolas e retirava uma pasta cinza com o que pareciam alguns documentos.
Harry então entendeu o que se passava ali. Hermione estava fazendo todos caírem como patinhos na conversa, inclusive ele. Sem perceber, ele estava sendo retirado da casa dos Dursley da maneira com a qual nunca achou que veria. Com eles autorizando e ele, Harry, sem querer ir. Tentou se pronunciar assim que percebeu onde as coisas iam acabar.
- Mas claro que só posso ir se vocês quiserem. – Falou, mas percebera enquanto o tio lia os documentos que estava perdendo, ele concordava sem falar nada com o que estava escrito, e o pior, a veia da sua testa não estava nem visível.
- Mas é claro que vão deixar. – Disse Hermione arregalando os olhos. – Afinal, você firmou um compromisso quando se candidatou. Já fizemos preparativos, gastamos capital, e seus tios sabem ver uma boa oportunidade.
- Claro que sabemos, claro. Garoto, a palavra de um homem é tudo! – dizia Tio Valter, Harry olhou então para tia Petúnia, que olhava dele para a garota, como se buscando algum sinal de reconhecimento entre ambos.
- E por que seu pai não veio explicar tudo isso pessoalmente? – Perguntou ela de modo perspicaz. – Não me sinto confortável recebendo uma proposta dessas de uma garota. Você com certeza não é nem maior de idade.
- Papai não pôde vir, pois esta em uma convenção no centro da cidade hoje. Mas caso precisem, podem ligar para o celular dele, ele disse que pode atender o telefone. – Disse Hermione.
- Também não me sinto confortável em deixar ele passar tanto tempo fora. – Disse a tia rapidamente. – Afinal, ele é menor de idade e como você disse, é um lugar longe.
- Ele não vai ficar sozinho, pelo menos mais dois garotos estarão lá. Você poderá falar com ele sempre que quiser e o endereço esta ai, basta aparecer por lá. – Hermione parecia preparada para tudo o que a Tia dissesse. Harry sabia que não tinha jeito, Hermione sempre ganhara de todos com quem tinha uma discussão, ela sempre vinha com tudo.
Tio Valter, até então ocupado lendo os documentos, ergueu os olhos e disse:
- Pelo que vi aqui o garoto vai receber no tempo que estiver lá, e uma boa quantia. Como somos os guardiões dele, vocês querem nossos dados bancários para transferir tudo... – Disse olhando para a mulher, Harry sabia que ali tudo se acabara. Se livrar dele e ainda recebendo por isso era tudo o que seu tio já sonhara na vida. – Harry, vamos ali na cozinha decidir o que fazer, enquanto isso Petúnia, por que não liga para o pai da Srta. Granger para confirmar tudo.
Seu tio se levantou e saiu da sala, quando passou por Harry segurou o braço do garoto e o levou para a cozinha.
- Você vai. – Disse antes mesmo de se virar para ele quando fechou a porta.
- Eu realmente prefiro ficar aqui. – Disse Harry secamente. Não que quisesse realmente ficar ALI, mas não queria ir para a Toca, onde tinha certeza que era o ‘programa de estágio’. E mais ainda não queria ser enganado para isso.
- Garoto. Sua Tia está só os nervos toda essa situação. Corujas, Carros voadores, monstros sugando meu filho, e ainda esse ano, sua idade é a mesma onde aconteceram todas aquelas maluquices com a sua mãe e a sua gente. Se ela merece uma chance de sossego de você, ela vai ter.
- Vai me deixar sair com alguém que nem mesmo conhece?
- Sou um vendedor garoto! Sei ler documentos e sei quando são falsificados ou não. – Disse seu tio, e Harry pode ver que ele pareceu confiante do que dizia. – E mesmo que não fosse, pelo que sei, você sabe se virar, diferente de nós e dela, você pode fazer essas suas... maluquices!
Harry não respondeu, ficou olhando para o seu tio durante alguns minutos. Sabia que perdera aquela discussão, só tinha uma chance de mudar aquilo, mas não iria jogar Hermione na gaiola dos leões dizendo que ela era uma bruxa, aquilo poderia sair do controle se o fizesse, e a garota provavelmente negaria, sabia convencer as pessoas, Harry se lembrava de como no ano passado mesmo convencera uma bruxa formada e de alto cargo no ministério a entrar na floresta proibida sem uma guarda, acreditando ter uma arma escondida por lá. Agora só lhe restava rezar para que o Sr. Granger não atendesse o telefone ou algum milagre ocorresse. Mas não foi o caso. A porta da cozinha se abriu e sua tia entrou.
- O pai da garota confirmou tudo Valter. – Disse, como se além de Harry, ela também tivesse sido derrotada. - Tem certeza de que devemos deixa-lo sair?
- Você viu que tudo esta certo Petúnia. – Disse seu tio, quase como se pedindo algo ao papai Noel. – Ele vai trabalhar, como uma pessoa normal, receber por isso e pegar alguma responsabilidade, coisa que nenhum dos desmiolados dos pais dele tiveram. Isso é tudo o que nós conversamos ontem, se ele quiser ser normal, é a melhor chance para isso.
Sua tia parecia estar em um conflito interno, Harry não sabia o por que, mas parecia que ela era a única ali que queria a mesma coisa que ele. Provavelmente por razões completamente diferentes, mas queria.
- Garoto, vá fazer as malas enquanto falamos um pouco mais com a garota. É a primeira vez que você não me traz problemas e sim lucro. – Disse seu tio, enquanto saia da cozinha com sua Tia, como se para finalizar a chance de ela ter mais algum argumento. – Quem sabe não consigo fechar uma venda... Vou pegar meus catálogos...
Harry subiu devagar para o seu quarto. Estava sentindo um mix de sentimentos... Primeiro estava pasmo, fora completamente enganado, assim como seus tios, claro que nunca foram muito inteligentes, e fora um bom plano... E exatamente por isso estava também lívido. Fora claro em todos os seus contatos indicando que não queria sair da casa no verão, e ignoraram seu pedido. E também, se sentindo mais derrotado que o normal... Uma coisa era perder uma discussão com Hermione dentro da escola, onde ela conhecia tudo por ser uma rata de biblioteca. Mas ali?
Hermione sabia exatamente o que estava fazendo. Foi de maneira trouxa, fingiu não ter conhecimento sobre magia, usou a medida certa de autoestima, de bajulação, mostrou algo ao qual seus tios podiam ganhar, e não deixou nenhuma abertura para que ele pudesse entrar na conversa e tentar reverter a situação. Ela simplesmente tomou todas as medidas para que ele não pudesse tomar medida nenhuma.
Não demorou muito para que colocasse tudo no malão. Preferiu deixar a gaiola de Edwiges ali, não estava com paciência para sair por ai com ela. Deu instruções a coruja para que fosse para a Toca, ao qual recebeu uma bicadinha carinhosa dela. Após ela se adiantou pela janela. Harry contrariado descia as escadas, quando percebeu que Duda havia chegado, esperava no final da escada, espiando para a sala. Provavelmente tinha chego e ido direto para a cozinha atrás de comida, e quando tentou ir para a sala se deparou com a estranha cena (até para Harry), que estava ocorrendo ali. Só naquele instante Harry reparou, mesmo sem perceber, que Hermione era a primeira garota que já entrara naquela casa. Duda, ao contrário do que o pai achava e se gabava por ai, nunca fora muito bom com garotas, ainda mais depois dos surtos de boxeador. Ao invés de atrair garotas com vitorias esmagadoras no colégio, todos tinham medo dele, ainda mais depois do ano passado, onde havia juntado sua ‘’Gangue do Dudão”(como Harry chamava quando os via com o primo) para espancar crianças pela rua. E Harry, bem, era Harry... Podia ter feito muitas coisas na vida, mas se dar bem com garotas nunca fora uma dela... Ainda se lembrava (e ficava magoado) de como Cho fora um total fracasso, ainda tinha uma queda pela garota, e sem querer seu pensamento acabou viajando para a frase “Imagine se ela souber quem veio primeiro na minha casa...”.
- Quem é essa garota bonita? – Perguntou Duda, com o queixo tão caído que Harry podia jurar que Hermione quando entrara, devia ter deixado caído alguma Bala da baba ou coisa assim de Fred e Jorge no caminho.
- Uma intrometida que sabe conseguir o que quer, só sei disso. – Disse Harry sorrindo contrafeito. Após passou elo primo com o malão. – Nos vemos por ai Duda.
- Uhum.... – Duda murmurou, depois como se se lembrasse que estava falando com Harry arregalou os olhos e voltou a cozinha. Harry havia se esquecido também que o primo estava bem diferente desde o começo do verão. Não zombava mais dele, menos ainda o xingava ou atacava os garotos do bairro, na verdade, era como se o garoto nem existisse quando Harry estava por perto. Deixando para lá, Harry entrou na sala.
- Ah Harry, já terminou tudo?- Perguntou Hermione se levantando. – Estava explicando aos seus tios alguns detalhes e dizendo que infelizmente temos que nos apressar, sabe como é... Horário apertado e hoje é um grande dia!
- Ok, vamos então?
- Ah sim, Sr e Sra Dursley. Ficou alguma duvida?- Hermione perguntou delicadamente, novamente, o tom certo, deixando a leve, e muito errada impressão, de que os Dursley é que estavam dando a palavra final, e não ela.
- Ora, imagine – Disse tio Valter se levantando também. – A única pena é que não tenha conhecido meu filho Dudoca, ele tem um senso de empreendedorismo fascinante sabe!
- Fica para a próxima. – Disse Hermione, enquanto Harry revirava os olhos.... Sinceramente, preferia que Dudoca estivesse naquela situação e não ele. – Vou indo para a entrada enquanto você se despede Harry. Foi um prazer conhece-los. – Apertou a mão de Tio Valter e de tia Petúnia e saiu da sala dando aquele olhar de Hermione para Harry, o qual ele desviou.
Quando ficaram sozinhos na sala, tio Valter se voltou para o jornal, dizendo:
- Melhor não estragar tudo, moleque. Pode ser que você tenha jeito afinal. – O que, para Harry, foi o mais próximo de um elogio que já recebera na vida do tio. Olhou de certa forma admirado para o tio, mas ele não disse mais nada.
- Essa história ainda está mal contada. – Disse Tia Petúnia de forma astuta, ao qual Harry estranhou. – Tudo parece se encaixar muito fácil, você pode ir porém... mas aquilo que lhe disse continua. Você pode ir, mas não deixará essa casa até ser maior de idade pela nossa lei. Agora pode ir.
Harry não esperou mais nenhuma frase motivacional. Pobre Tia, no final estava errada. O grande problema disso tudo era que a história estava muito bem contada. Sabia que provavelmente Hermione não tinha sido a idealizadora de tudo aquilo. Provavelmente cabelos ruivos e sardas foram os recrutadores para a sua retirada dali naquele dia. Mas ela era a pessoa perigosa, a que traçava os planos e movimentava as peças. Não iria dar o gostinho da vitória para ela, e felizmente depois de 6 anos, sabia o que deixava a amiga nervosa ou magoada.
Ao chegar na porta de entrada, não disse nada. Apenas abriu a porta e deu passagem para a garota, passando logo após com o malão e fechando a porta.
- Onde está Edwiges?- Perguntou Hermione olhando para ele. Novamente uma sensação estranha, quase como uma leve tontura, Harry começou a andar sem olhar para a garota.
- Mandei ela ir voando para onde quer que formos. Ela é esperta, vai me achar. – Disse enquanto andava devagar pelos canteiros da frente do numero 4.
- Como está indo? – Perguntou Hermione tentando, novamente puxar assunto. Harry sabia que devia responder a garota. Que não devia fazer o que estava fazendo, afinal, ela fora na melhor das intenções (mesmo que contra sua vontade). Mas talvez pela raiva de ter que sair de onde não queria, ou apenas pelo sentimento de traspassar toda a raiva que vinha sentindo, ele continuou andando por alguns segundos, antes de responder.
- Trouxa.
- Hum.. – Disse Hermione andando ao seu lado. Parecia se esforçar para não ficar chateada, mas sabia que o gelo que estava dando na amiga estava funcionando, e sem saber porque, resolveu continuar. – Seus tios não são tão chatos, sabe, se você souber lidar...
- Se souber mentir, você quer dizer. – Disse Harry sem alterar o tom de voz, de forma fria. – O que você fez ali foi manipulação. Pura e simples.
- Mas....– Disse tocando de leve no braço do garoto.
- Da ultima vez que vi alguém fazendo esse tipo de coisa, não acabou bem.- Disse Harry ainda andando. Imediatamente Hermione largou seu braço.
Estavam há algumas casas de distância, mais 5 minutos de caminhada e virariam na Alameda das Glicínias, saindo da rua dos Alfeneiros. Já não era mais possível ver a janela da casa dos Dursley. Que provavelmente estava fechada, devido a grande conquista do ar condicionado daquele ano. Harry sabia que tinha pego pesado, mesmo intencionalmente. Não queria ter falado sobre o dia em que Sirius morrera, usara aquelas palavras sem perceber. Mas parecia ter funcionado melhor que qualquer gelo.
Hermione parou de andar, o que Harry notou um pouco tarde. Há cerca de 3 passos da garota ele parou também, sem olha-la.
- Harry... E-Eu... – Hermione começou a dizer. – Você esta bravo?
Harry olhou para ela, parecia completamente diferente da Hermione dentro da sala dos Dursley. Parecia ter levado uma bofetada, estava vermelha e seria.
- Não.
- Sei que está, Rony me deu a ideia de vir te buscar e achei que te faria bem, mas você não gostou e...
- Não gostei, eu disse que não queria sair daqui.
- Não pra mim! - Disse Hermione. Parecia a Hermione de sempre, mas tinha um ‘que’ de quem estava mais para ofendida, o qual Harry não entendeu. Se alguém tinha que estar ofendido ali era ele. – Você não responde as minhas corujas, manda cartas de duas linhas, e não fala mais comigo.
- Pedi para o Rony avi...
- Não mandei cartas para o Rony, mandei pra você. Se quer parar de falar comigo, falasse direto pra mim. Não gosto de quem se esconde atrás dos outros. – Disse Hermione, recuperando a compostura, e o ar de arrogante de sempre, arrumou a sacola e continuou andando por um minuto sem falar nada, até que falou baixinho. - Achei que era uma boa chance de conversarmos. Só isso.
Harry sabia que não adiantava ficar muito tempo emburrado com a garota, de certa forma, teria evitado toda essa situação se tivesse dito a ela que queria ficar em casa, assim ela provavelmente não iria querer tirar satisfações e entrar nas roubadas da trupe Weasley. Decidiu maneirar, mas não muito. Começou a pensar que era uma boa oportunidade, talvez para dizer o que pretendia fazer, ou mesmo que não dissesse, que pudesse passar um ultimo dia com seus amigos, talvez pedir a opinião de Lupin, ele sempre fora afinal, alguém que o apoiava nas suas decisões, mesmo quando eram contrárias ao que Dumbledore nunca deixaria ele fazer.
- Então vamos conversar Hermione. – Disse ele, dessa vez dando um empurrão de leve na garota. Ela sorriu para ele.... Um sorriso tão bonito, completamente inocente. Harry sentiria falta daquilo. Da capacidade de mudar de humor de forma tão imediata que a amiga tinha. – Me desculpe.
- Notei que me chamou de Hermione, mas o empurrão nada carinhoso já mostra progressos.
- Ei, é a segunda vez em dois anos que me tiram a força da minha casa sem eu saber para onde vou. Não exija compreensão. – Disse Harry. Tentou sorrir, mas não deu muito certo. Essa era uma feição difícil nos últimos meses.
- Se você diz... – Disse ela, com um sorriso maternal. Se virou então rapidamente e antes que o garoto pudesse dizer algo o abraçou. Harry sempre gostara dos abraços de Hermione, a garota era tímida, mas de vez em quando dava aquele tipo de demonstração de afeto. Harry já havia se esquecido daquele tipo de sensação... Quando sentiu Hermione o soltar, abraçou-a um pouco mais forte, ao que ela retribuiu sem dizer nada... Harry tentou passar tudo o que precisava falar naquele abraço, mas sabia que era meio impossível fazer isso. Só então Harry se lembrou, de que não devia estar sendo tão amigável, ainda mais com ela, que quase morrera por sua culpa. Soltou ela, e disfarçando perguntou.
- Mas e então, vamos par a toca? – Perguntou Harry.
- Não sei. Sério, não sei mesmo. – Disse ela ao receber um olhar de descrença de Harry, estava um pouco corada, provavelmente porque Harry a segurara no abraço, coisa que nunca fizera. – Rony só me pediu para dar um jeito de te tirar de casa, e como eu queria ver você, acabei entrando na jogada. – Disse calmamente. – Eles estão nos esperando na saída da rua... Olhe eles lá!
Harry não precisou se esforçar para identificar o que Hermione indicara... Ao fazer a curva, viu um mar de cabelos ruivos a sua frente. Rony, O Sr. Weasley, Fred e Jorge estavam ali. Era incrível como eles se destacavam, ainda mais porque o Sr. Weasley usava um calção por cima da calça.
- Ora, se não é o nosso garoto-solidão. – Disse Fred quando o garoto se aproximava.
- Sério Fred? Nos últimos meses a sua habilidade de apelidos tem decaído muito. – Disse Jorge, com uma cara de desapontado. – Anda Harry, antes que eu tenha que ouvir algo como ‘O menino que se escondeu’.
Harry não pode deixar de sorrir, foi cumprimentado por todos, onde claro, deu a dica ao S.r. Weasley de que nem no mundo mágico, nem no trouxa, se usava roupas daquele jeito. Este após apertar suas mãos disse:
- Molly pediu desculpas por não poder vir Harry. – Disse o Sr. Weasley. – Ela está bem ocupada hoje.
- E Gina teve um.... ‘encontro‘ - Disseram Fred e Jorge juntos, ambos com cara de quem não gostara nem um pouco da ideia. Harry riu.
- Então você é o mandante disso tudo? - Disse, enquanto abraçava Rony . - Nunca imaginei que fosse ficar tão parecido com a Hermione. –
- Bom, eu não fui o único. Mas bom... – Disse o ruivo. – Você estava sendo tão babaca, que eu sabia que se não fizéssemos isso, só te veríamos em Hogwarts.
- Bom...
- Sabemos que era exatamente isso que ia fazer Harry. – Disse uma voz conhecida as suas costas. Harry se virou, e viu instantaneamente aparecerem das ruas atrás e a direita dele Lupin sorrindo, Tonks, Moddy e Quim Shaklebolt.
- Hum... guarda? – Perguntou Harry. Já imaginara aquilo, Dumbledore não deixaria o garoto andar por ai sem uma guarda da Ordem, nos últimos tempos, andava bem anti-Ordem.
- Bom, somos ela da forma mais reduzida possível. – disse Tonks com uma piscadela. - Mas não se preocupe, Dumbledore não nos pediu para virmos, estamos aqui pelo seu aniversário, não como a Ordem.
- Bom, eu ia passar meu aniversário comendo restos de pizza, não posso reclamar. – Disse Harry tentando parecer bem humorado. – Afinal, porque me tiraram do meu dia previamente planejado?
- Bom.... – Disse Lupin. – Conversei com Dumbledore nos últimos dias, e sabemos que tem andado bem recluso. Você está maior Harry, e queremos mostrar que sabemos que não é uma criança e que esta pronto para saber mais sobre você, sobre sua história. Por isso queremos te levar para um lugar onde sabemos que vai se sentir melhor.
Harry percebeu ao dar uma rápida olhada que todos , menos Hermione, pareciam ter ficado um pouco ansiosos. Percebeu então que aquilo tinha sido combinado antes dele chegar.
- OK.... – Disse Harry sem entender.
- Bom, por que não vamos indo então? – Disse o Sr. Weasley, pegando no ombro de Harry e de Rony, que estavam lado a lado.
- Espere Arthur, o garoto tem que saber para onde vai antes. – Disse Moddy. – Nunca se deve ir para onde não se sabe, essa é a regra número um do bruxo vigilante.
- Acredito que Harry não tem intenção de ser um ‘’bruxo vigilante’’ , Olho tonto. – Disse Tonks em tom brincalhão. Todos riram, mas ele continuou como se não ouvisse.
- Vamos te levar para a sua casa garoto.
Harry não absorvera imediatamente o que aquilo queria dizer, porém quando abriu a boca, Quim, que permanecera quieto até aquele momento chamou a atenção de todos.
- Precisamos ir agora. A chave de portal que Dumbledore criou vai nos transportar exatamente as duas e quinze. – Disse pegando uma lata de milho em conserva do bolso, que emitia um leve brilho azulado.
Após olhar para os lados da rua, todos se dirigiram para um canto do parque da alameda. Lá, com o lugar vazio, Quim apontou a varinha para o malão de Harry, o qual encolheu com magia e o garoto colocou no bolso da calça. Dera a desculpa de que poderia precisar de alguma coisa, por isso não queria que o mandassem por magia para lugar nenhum. Era uma tarde de sábado e Harry sabia que as crianças daquele bairro não visitavam aquele lugar. Todos ali deveriam estar nos vídeo games de última geração, que rodavam CD’s1 em vez de cartucho (Duda havia ganhado um naquele mesmo verão), e por falar em Duda, nenhum garoto queria ser pego ali pela antiga trupe do primo, ele não fazia mais isso, mas era melhor não arriscar. Seguraram na chave de portal da melhor forma que conseguiram, mas Harry não pensava mais em nada daquilo, seu coração estava disparado, pensou em perguntar a Lupin onde exatamente estavam indo, mas antes que conseguisse abrir a boca já estava sentindo o conhecido puxão pela barriga e a próxima coisa que viu era Rony esbarrando com ele enquanto eram movidos em alta velocidade.
Quando se deu por si novamente, estava de pé ao lado de Rony e de Hermione, essa última no chão, sendo ajudada por Rony a se levantar, no meio de... não podia chamar aquilo exatamente de cidade, era mais como um vilarejo. Ruas de paralelepípedo, com casas de formatos diferentes, algumas antigas, outras aparentando ser mais novas, algumas com jardins floridos, outras com arvores de aparência velha e morta, no meio de uma encruzilhada havia uma fonte, uma mercearia, ou talvez uma igreja, estava longe demais para dizer.
- Esse é o povoado de Godric’s Hollow Harry. – Disse Lupin. – Aqui foi onde você nasceu, o inicio de tudo.
Harry olhou em volta novamente, tentou identificar alguma coisa pelas ruas, mas não adiantava. Se havia realmente vivido ali, nenhuma memória lhe vinha a mente, exceto uma é claro, mas não era definitivamente nenhuma feliz.
- Hum... – disse, sempre quisera saber onde tinha vivido, é claro. Mas nunca se preocupara em perguntar a ninguém onde. Saber onde vivera, onde perdera os pais, tornava tudo tão mais... real. – Mas, o que viemos fazer aqui?
- Duas coisas na verdade. – Disse Lupin. – Mas vamos indo, o lugar onde devemos ir primeiro fica mais a frente, no finzinho da bifurcação.
- OK.
- Vamos indo. – Disse Tonks, enquanto caminhavam, ela falava dos lugares. – Sabe, esse é um dos poucos vilarejos totalmente bruxos da Grã Bretanha, tem o nome como uma homenagem ao diretor da Grifinória, óbvio. Ali é loja de poções, ali é o corujal municipal, ali vivem os Bones, acho que a mais nova está na escola com vocês... Ali no final da rua, no cruzamento fica a capela. Nunca entendi porque tem uma capela, mas bom, o vilarejo já foi um lugar compartilhado com trouxas, então...
Harry olhou para Rony e Hermione, a garota o olhava com certa preocupação, o que significava que estivessem onde fora, ela conhecia o lugar. Claro, ali fora o local da queda de Voldemort, provavelmente devia ser citado em dezenas de livros. Rony ao contrário parecia bem despreocupado. Provavelmente por ter sido criado como um bruxo a vida inteira, já havia visto aquele lugar. Talvez houvesse até uma excursão, involuntariamente Harry visualizou um Night Bus com o letreiro “Onde nasceu o menino que sobreviveu”. Harry imaginou o que aquele passeio poderia lhe trazer de bom. Lupin pareceu adivinhar o que se passava pela mente de Harry. Encostou no ombro do garoto e disse:
- Calma, garanto que vai gostar do que vai ouvir. – Deu um breve sorriso, e indicou com a cabeça uma casa, onde após o pequeno e bem cuidado jardim, na varanda puderam ver uma senhora, de aparência bem idosa, sorrindo para eles, em uma cadeira de balançar.
- Ora, aquele Alvo... Nunca se atrasa, mesmo quando as circunstâncias não o favorecem... – Disse a mesma. – Estava já imaginando se iam chegar durante meu banho de sol.
- Olá Bathilda. – Disse Lupin respeitosamente. Moody deu um leve aceno de cabeça para a mulher. Rony e os Weasley pareciam ter conhecimento, mas não intimidade, com a velha quando a cumprimentaram, Hermione porém, deu um gritinho quando a velha segurou a sua mão.
- Quem é a velha – Perguntou Harry de esgueira para Rony.
- Hermione te bateria se ouvisse você perguntar quem é ela cara. – Disse Rony sorrindo. Mas se calou quando percebeu que ela, juntamente com a senhora olhavam na direção dele.
- Essa é Bathilda Bagshot. – Disse Lupin para Harry, o garoto tentou se lembrar de onde conhecia o nome, mas nada lhe veio à mente, o que não passou despercebido por Lupin. – Ela é a escritora de "História da Magia", uma historiadora muito, muito respeitada na comunidade bruxa.
- Ora, Harry Potter... Finalmente recebi sua visita. – Disse a velha mostrando um olhar extremamente bondoso (e interessado, era uma historiadora afinal, pensou Harry) ao garoto. – Não precisa de bajulações meu caro Lupin, acho que o que ele quer ouvir não é sobre minhas histórias sobre duendes ou a vingança dos centauros, e sim que fui uma boa amiga de Lilian Potter.
- D-Da minha mãe - Harry, pego de surpresa, falara de forma rápida e cortante. Depois, percebendo, corrigiu. – Nunca soube de nenhuma amiga da minha mãe, desculpe.
- Ora, é claro que não. Ela não teve muitas oportunidades para lhe contar eu acredito. – Disse a Sra. Bagshot suavemente. Não houvera nenhum tipo de sinal de maldade, apenas parecia constatar um fato. Em alguns minutos Harry pode datar o perfil da velha, era lógica e dizia fatos, sem se importar com os sentimentos dos outros. Lembrava, bem... Hermione. – Desculpem não os convidar para entrar, mas o sol está tão bom... Se importam de se juntar a mim aqui mesmo na varanda? Lirit, está ai?
- Sim senhora. – Disse uma voz de dentro da casa. – Pela porta surgiu um elfo domestico, ou uma elfo doméstico... Harry nunca fora muito bom em definir o sexo deles, mas o vestidinho usado denunciava, e sinceramente depois da sua ultima experiência com eles, nem queria. Mas Harry não deixou de reparar em algumas coisa. Nunca vira um elfo tão... bem cuidado, seria a palavra certa. A elfo estava asseada, limpa, usava sapatilhas e sorria. Um sorriso que Harry nunca vira em nenhum outro elfo além de Dobby. – Irei trazer chá e biscoitos, talvez alguns doces.
Ao dizer isso, se dirigiu a cozinha. Harry e Rony não deixaram de notar que Hermione ficara com as orelhas vermelhas. Independente das boas condições do elfo, Hermione com certeza não aprovava a utilização deles para tarefas de empregada. Harry contou mentalmente “1... 2.... e 3..... e...”
- Sra. Bagshot. – disse Hermione timidamente. – Lembro de ter lido um capítulo fascinante no seu livro sobre teorias de futuros direitos das criaturas mágicas...
- Sim? – Disse a velha dando um olhar a mais para Hermione, como se ouvisse uma aluna com uma dúvida sobre um parágrafo de uma lição qualquer. – Paragrafo quinto, pagina trezentos e cinquenta e quatro, logo após o tratado de paz com duendes em 19452. Bem terrível aquela época, tive que viver escondida enquanto obtinha meus relatos. Rússia... lugarzinho frio sabem... E para completar aqueles trouxas idiotas começaram a se explodir mais para o lado oriental...
- S-Sim, eu me lembro dessa parte também – Disse a garota tentando voltar ao foco. – Mas... Bom... Sempre achei que alguém como você, acima de muitos outros, nunca teria uma criatura magica em casa.... Nunca fui a favor desse tipo de tratamento com outros seres... de servidão forçada.
A velha parara seu relato e olhava Hermione. Parecia ter acabado de notar a garota novamente. A avaliou como se pesasse o que a garota falara. Ela pareceu encolher sob o olhar da idosa.
- Sabe, duas outras pessoas, em toda a minha vida, me falaram exatamente a mesma frase.
-Q-Qual frase? – perguntou Hermione.
- “Nunca fui a favor desse tipo de tratamento com outros seres...” – disse a mulher, olhando para ela novamente, e após para Harry. – As duas estão mortas hoje, e uma era justamente a sua mãe.
Harry não sabia o que falar. Não gostava do jeito que aquela mulher falava. Antes que pudesse, ou quisesse responder algo, ela já voltara a falar.
- Ora, não precisa fazer essa cara mocinha. Gosto desse tipo de pensamento. – Disse ela. – Lirit não é minha empregada, é minha companhia. Ela já é liberta há décadas, só me ajuda com as tarefas que não consigo mais cumprir, pode não parecer, mas já tenho 133 anos sabe.
-A-Ah.. – Disse Hermione, parecera desconcertada por alguns instantes, mas Harry sabia que estava extremamente feliz de ter sido considerada uma garota com os mesmos pensamentos que uma historiadora tão famosa.
- Mas tenho certeza que vieram aqui para histórias que não estão em livros. – Disse a Sra Bagshot calmamente, enquanto Lirit trazia duas bandejas nos bracinhos. Lupin e todos os outros se assentaram em banquinhos que estavam espalhados pela varanda, e Rony e a maioria de todos os outros pegavam comida das bandejas. Durante todo esse período, ela não tirara os olhos de Hermione, até que se virou para Harry.- Conheci durante muito tempo sua mãe mocinho, e você também, lembro-me de você brincando com uma maldita vassoura de brinquedo e quebrando minha porcelana enquanto tomávamos chá.
Harry se sentiu corar, claro que não se lembrava de nada, mas ouvir aquilo (mesmo daquela senhora sem consideração na forma de falar), era muito interessante, saber que sua mãe já estivera ali, já passara por aquela sacada, já fora feliz... Era algo extremamente reconfortante.
- Sempre soube que viria até mim antes de eu bater as botas. Imagine a minha surpresa quando batem na minha porta me pedindo exatamente isso. – Disse a velha olhando para Lupin, Rony então deu uma tossida.
- Bom, na verdade só tive a ideia de onde vir. – Disse Lupin. – Ronald aqui é que queria alegrar um pouco o Harry. Ele e a irmã não me deixavam em paz na verdade.
- Ah sim. Bom, Alvo me disse que viria bastante gente. – Disse ela, então olhou para Harry. – Vamos garoto, me diga o que quer saber, não faça uma historiadora ter que pedir para contar suas histórias.
- B-Bom...- Disse Harry, nunca tivera a chance de conhecer o passado da mãe, ainda mais com carta branca dessa forma. Sua tia havia cuidado para que ele só soubesse o mínimo da mãe, e ainda da forma distorcida que sempre usará, com a sua versão. –Não sei, não conheço muita coisa da minha mãe
- Ah sim, como todo o garoto, deve ter preferido saber sobre os galanteios e aventuras de Thiago.. Ele era realmente um grande bruxo sabe, tinha facilidade com tudo o que era pedido para fazer, era forte, bonito... Mas sua mãe não perdia em nada para ele, sabe... Tive muitos bons momentos com ela, e ela era especial de várias formas. Mas deixarei essa parte da história para outro dia, quando ao invés de por surpresa, vier a mim porque quer. Que tal lhe contar sobre a primeira vez que a vi? Ah, vai ser essa mesmo.
Antes que Harry pudesse perceber, estava absorto nas palavras da mulher, novamente ela dissera de forma assertiva, porém desprovida de sentimentos, a verdade. Nunca fora atrás de informações sobre sua mãe, para ele ela era e sempre fora apenas e totalmente sua mãe, a via como uma mulher carinhosa, que dera e fizera tudo para protege-lo. Sentia como se não precisasse saber de mais nada dela além disso, até o dia em que fora arremessado nas memórias de Snape, onde vira que sua mãe tinha o perfil forte e decidido que ele mesmo sentia nele as vezes.
- Era 1975 sabe, eu estava indo a uma palestra em Hosgwarts, Alvo sempre me fazia viajar para aquela escola sob o pretexto de palestrar, mas na verdade me mostrava alguma sala que mudava de cor ou runas em armaduras que descobria nas suas caminhadas noturnas, aquele castelo sempre foi uma das maiores paixões dele. Bem, eu estava voltando do escritório dele, quando vi nas margens do lago da Lula Gigante uma jovenzinha, cabelos ruivos, bonita, gritando com um garoto que aparentemente testava feitiços contra um elfo doméstico, em suma, Lirit aqui ao lado. Pelo que entendi ela buscava uma vaga no castelo, mas foi encontrada pelo garoto antes de chegar a sala de Alvo.
Harry olhou para a Elfo, que parecia ter se retraído ao ouvir aquilo, fosse o que fosse, o que vinha não era bom.
- Você Sabe Quem estava espreitando o mundo, e todos sabemos que os Sonserinos normalmente já iam para Hogwarts sabendo que iriam se tornar comensais, seus pais eram na sua maioria partidários Dele, e os ensinavam todo tipo de magia negra, pedindo normalmente que treinassem mesmo na escola, em criaturas que eles chamavam de “menos dignas”. Sua mãe defendia Lirit aos gritos enquanto o garoto parecia tentar se explicar. Acho que se conheciam, já que ela parecia bem nervosa e o chamava pelo nome. Quando cheguei para ver o que acontecia, ela estava enfeitiçando o pobre... Ele só deve ter acordado horas depois.
- A convidei para me mostrar as redondezas do castelo... “Sendo quem você é, acho que deveria ser o contrário, não?” foi o que ela me disse... Reconheci ali uma verdadeira sabe-tudo. – Rony deu uma piscadela para Hermione, que corou instantaneamente. – Conversamos durante algum tempo sobre os direitos dos elfos, Lirit aqui preferiu nos seguir no passeio do que continuar a procurar emprego na escola, foi ali que decidi que caso ela quisesse, poderia trabalhar comigo. Sua mãe me indicara que tinha vontade de ser uma pesquisadora de magia quando saísse do colégio. Eu já tinha notado o talento dela e bem, estágios são normais para garotas de dezesseis anos, a chamei para estagiar comigo por correio coruja e reuniões na minha casa para um projeto que estava desenvolvendo. Imaginem minha cara quando ela me contou estar quase fechando o aluguel de uma casinha logo no final dessa mesma rua para quando se tornasse maior de idade, ainda aquele ano...
Harry, mesmo prestando atenção, não pode deixar de notar a luzinha que piscara no fundo da sua mente... Sua tia havia dito a ele exatamente aquilo na noite anterior. Sua mãe quisera se mudar, devido a sonhos estranhos, talvez premonições, perigo. Aquilo era estranho, pensou. Em anos nunca tivera informações sobre sua mãe, seu passado ou até mesmo sobre quem era. E De repente, desde que Sirius morrera, tudo parecia querer se revelar, e de forma tão “conectada”.
- Sra. Bagshot? – Perguntou Hermione timidamente, todos olharam para ela. – Hum... a mãe do Harry, a Sra. Potter... Ela, bem, ela virou uma pesquisadora?
- Ora jovem, eu ia chegar nessa parte. – Disse ela, não deixando de demonstrar que não gostara da interrupção. – Ainda no final daquele ano, ela estagiou comigo e definimos o caminho que ela iria tomar para trabalhar para o Ministério fazendo pesquisas. Ela sempre mostrou interesse nas nossas conversas na Itália sabem, uma pena que nunca chegou a se mudar para lá... Afinal, você garoto, veio naquele tempo haha...
- Ela disse a senhora em algum momento o motivo de querer vir morar aqui? – Perguntou Harry. Ela, sem parecer gostar da nova interrupção, o olhou de forma perspicaz, de forma parecida com a de Hermione. Se ele sabia de algo além do que parecia, a velha parecia saber, pois pareceu satisfeita com a pergunta.
- Ora, em uma época onde um bruxo das trevas está a solta por ai, acho que um lugar onde existem muitos bruxos seja o mais seguro não? Vários feitiços de proteção unidos, varinhas para contornar qualquer acidente... Várias formas de se controlar feitiços e alguém sempre por perto para interpretar sinais diferentes. – Disse ela, dando ênfase a última frase, ela jogara verde e ganhara na loteria. Harry não soube disfarçar que entendera exatamente a última parte. – Enfim, foi bom ter alguém aqui para me ajudar nos verões. Mais tarde, ela comprou a casa, incrivelmente alguns meses depois de acabar Hogwarts e começarmos a trabalhar realmente juntas, ela me aparece com o jovem Potter, a quem convenhamos nunca achei que acabaria com ela.
Harry sabia também do que ela falava. Vira seu pai maltratando Snape e o ódio que sua mãe parecia ter dele.. Fred por outro lado não sabia daquela história e respondeu:
- Ué, porque? Potter pai não era o estilo da Potter mãe?
Harry ficou grato pela pergunta ter sido feita daquela forma. Fred e Jorge incrivelmente sempre dava um jeito de transformar um velório em um show de Stand Up.
- Ora, até que se pode dizer isso há há! Eles eram ambos bruxos fortes, bonitos, de temperamento forte sabem... mas... de forma bem sutil diferentes jeitos de agirem. Sempre soube que já tinham ate se estranhado na escola. Mas sabem o que dizem, as pessoas que mais brigam costumam ser as mais parecidas. Na guerra, o melhor aliado é seu rival... Já no amor, as coisas nem sempre são assim...
- B-Bom... – Disse Harry, não queria entrar naquele assunto, sentia que em algum momento ela iria contar das brigas que Harry presenciara, ou de outras mais. Aquilo era algo que não queria compartilhar. Não que quisesse esconder o que sabia dos pais, mas achava que não diziam respeito a ninguém. Uma coisa era ouvir sobre a vida deles, outra era discutir sobre a relação entre os dois, isso era entre eles. - Poderia me contar mais?
As próximas duas horas foram uma experiência no mínimo diferente, Harry já tivera todo o tipo de aniversário. A maioria sem nenhuma comemoração, já passara o dia fugindo em uma ilha no meio do Oceano, já passara voando em um Ford Anglia, na Toca com uma boa festa, na Ordem ao lado do seu padrinho, mas nenhum parecido com aquele. Era a primeira vez na vida que tinha um livro aberto em sua frente, um livro sobre a vida da sua mãe. Ali, bem aberto, onde podia perguntar o que quisesse, onde conseguira saber a bruxa incrível que ela era. Ouvira sobre os feitos e notas da sua mãe, que eram ótimas, sobre alguns ex interesses amorosos (parte da qual preferia não saber, mas a velha Bathilda parecera bem animada sobre tal, se dirigindo mais a Hermione que a ele), sobre o dia a dia da sua mãe, como pareciam todos felizes quando Sirius ou o próprio Remo apareciam e ela os via passar pela rua para o café que ficava ali perto, algumas pesquisas dela, até mesmo que tinha um gato, ao qual Harry tentara colocar dentro de uma gaveta de panos certa vez, e ganhara a cicatriz que tinha no antebraço. Já eram quase cinco e meia quando a idosa cessou as narrativas.
- Bem... Isso é só o começo, sua mãe foi uma aprendiz muito querida, e muito mais incrível do que pude lhe contar. Mas acho que consegui o que esses jovens aqui queriam. – Disse ela olhando para todos. – Infelizmente, não tenho mais o pique que tinha aos 100... E já estou cansada. Terei que me retirar sabem...
- Ah sim, claro. - Disse Harry se levantando. B-Bom, obrigado Sra. Bagshot.
- Ora, por nada. Sou alguém que vive de descobrir e contar histórias, afinal. – Todos se levantaram e se despediram dela, Rony parecia bem relaxado, já Hermione parecia até aflita, lançava alguns olhares para Harry, aos quais ele preferia evitar. Sabia que a garota estava checando como ele se sentia. – Volte mais vezes, se assim quiser. Sei por experiência própria que em alguns momentos, queremos saber quem nós somos.
E com essa frase, Harry e os outros deixaram a idosa e o elfo enquanto elas entravam na sua casa. Lupin, Tonks, Moody e o S.r. Weasley estavam um pouco à frente dos garotos, conversando entre si. Hermione e os Weasley estavam juntos ao lado de Harry.
- E ai, o que achou Harry? – Perguntou Fred.
- A visita a Múmia Tiro de mala 3 valeu a pena? – Perguntou Jorge. – Sempre podemos enfeitiçar um carro por ai e voar um pouco se você ainda estiver entediado. Estou pensando em um Porshe, sabe...
- Ninguém vai voar em carro nenhum. – Disse Hermione olhando feio para Jorge. Mas depois olhou para Harry também. Rony era o único sorrindo. Harry sabia exatamente o porque. Como dissera antes, Rony era seu melhor amigo, tomava suas dores e sabia que se Harry não tivesse gostado, já teria virado as costas e andado na frente de todos. Provavelmente fizera aquilo na melhor das intenções, e bom, considerando a criatividade dele, fizera algo muito bem feito.
- Relaxem, não vou gritar com vocês como no ano passado. – Disse o garoto sorrindo. Não importavam as circunstancias que o levaram até ali, sabia que fora feito de coração. Sabia que todos ali tinham suas famílias, seus compromissos, suas pessoas com as quais se importar, mas Rony, que não era dos mais geniais, teimara com quem pudesse para que o tirassem da sua tristeza. Hermione, que sempre fora a racional e raramente entrava nas roubadas do garoto (a não ser que visse que iriam entrar em algo perigoso), fora até a sua casa e usara de todos os artifícios possíveis para conseguir o tirar de casa sem que pudesse contra argumentar, Lupin era o ultimo dos Marotos em que podia confiar, Tonks, Moody e Quim, eram aurores e faziam sua missão, ele sabia, mas eram pessoas que ele considerava como amigos, e o Sr. Weasley, Fred e Jorge bom, Harry sabia que mesmo se não quisesse, receberia ajuda daquelas pessoas. Eram o que tinha agora, eram o que precisaria abandonar, e sabia que valia a pena ter passado esses últimos momentos com eles, ouvindo sobre seus pais daquela forma, se sentiu próximo de todos. Amigos e família, era um verdadeiro aniversário. – Obrigado.
Rony e Hermione, lado a lado, sorriram para o garoto. Rony bem sem jeito coçou o nariz.
- Bom, foi o que deu para fazer cara.
- Desculpa de novo por tudo. – Disse Hermione.
Olhando para aqueles dois, Harry sabia que ao menos ali, e ao menos agora, ele estava feliz, uma pena que a situação mudaria rápido.
- Harry... Se importaria de vir comigo? – Lupin apareceu ao seu lado. – Vocês podem ir na frente com o restante do pessoal para o café no fim da rua.
Harry olhou para Rony e Hermione, os dois pareceram não saber o que estava acontecendo ali, e olhavam de Lupin para ele, até que Hermione falou.
- Bom, vamos indo na frente ok?
- Tudo bem. – Disse Harry, sabia que não tinha como fugir, imaginava que Lupin iria tentar conversar com ele sobre Sirius. Era, afinal, um dos melhores amigos do seu padrinho, também sentia que a Ordem tinha interesse em seu estado, sairá de Hogwarts não muito contente com Dumbledore e a ordem era uma constante lembrança de que ele mais parecia uma arma do que uma pessoa. Iria dizer que estava tudo bem e em alguns minutos estaria de volta, era só. Deixou os garotos se virarem e irem embora, enquanto Lupin fazia sinal para que andassem na direção oposta, onde ao final havia a bifurcação e a fonte. Andaram por alguns metros, os quais Harry esperou que o antigo professor e amigo falasse algo, mas este não o fez, então decidiu tomar o início da conversa. – Lupin, se o que quer saber é se estou bem, estou ótim-...
- Não, não está. – Disse Lupin cortando o garoto, mas tinha um sorriso no rosto. – sei que ótimo você não está. Mas não quero e não vou te forçar a falar. Não é para isso que te chamei.
- Hum...- Disse Harry, agradeceu mentalmente por aquela atitude, e sentiu certa vergonha, Lupin sempre procurara entender os sentimentos do garoto, devia ter se lembrado disso. – Então.. o que foi?
- Eu já disse, vou leva-lo para casa. – Disse Lupin parando ao lado da fonte. Harry notou finalmente do que se tratava. Estava parado imediatamente diante dele mesmo. – Dumbledore acha que você esta pronto.
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1 - Lembrem-se que Harry nasceu em 1980, logo com 16 anos, era o ano de 1996, seis meses após o lançamento do PSOne nos EUA.
2 - Adaptei isso, nesse ano houveram o final da 2ª guerra mundial e o ataque das bombas de Hiroshima e Nagazaki. Bathilda diz aqui que a 2ª Guerra ocorreu devido a um embate entre Duendes e bruxos, onde estes se recusaram (e ainda se recusam) a permitir que outras criaturas mágicas amplifiquem seus poderes mágicos através de instrumentos dotados de extensão de magia, como varinhas, poções ou vassouras).
3 - O Sobre Nome da Bathilda é Bagshot, que na tradução literária significa algo como ‘tiro de uma mala’, é uma piada com o nome dela.
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N/A: Pessoal, resolvi postar uma arte no inicio de cada capítulo, por isso o atraso. Não sou muito bom de desenho... MAs a fic é minha, logo, aguentem. Se gostou, chequem a do capítulo 1.
Comentários (2)
Que fic fantástica!
2015-03-24Pessoal, taí o capítulo II. Para quem acompanhava a fic antes de eu remodelar: SIM, EU MUDEI COISA PA CARAI nesse capitulo. Por isso a demora, tive que mudar quase TUDO.Tia Petunia ficando boazinha não podia acontecer, amolecer talvez, mudar tudo JAMAS.Enfim, mudei realmente muita coisa, mas pra mim parece bem mais rico e interessante dessa forma, não mudei tudo, Harry continuou ganhando sua camiseta, continuou saindo com os amigos e o pessoal da ordem e continuou descobrindo sobre seu passado, só não as mesmas coisas e lugares :DUm abraço a todos, espero que essa semana consiga fazer o capítulo III.
2015-03-08