Largo Grimmauld!



Snape tinha algum tempo até voltar a Hogwarts. Sabia que os alunos já estavam no Expresso e que chegariam no começo da noite. Ele não pegaria o trem, iria pela rede de Flu até Hogsmead. Por isso, poderia demorar-se mais. Decidiu ir até a sede, já que teria poucas oportunidades depois que as aulas começassem.

A casa estava vazia. Olhou na cozinha, na sala, em alguns quartos. 'Todos devem ter levado as crianças para a estação", pensou.
Mas ficou sozinho por pouco tempo. A porta da sala escancarou-se e um enorme cão negro subiu correndo as escadas em direção ao quarto onde ficava Bicuço. Ao passar por Snape, fez uma visível tentativa de derrubá-lo. Não conseguiu.

Tonks e Lupin entraram em seguida. Riam e falavam alto, certos da segurança em torno da casa.

- Desculpe, mas estava horrível.

- Você esqueceu as boas maneiras em casa, Remo?

- Você pode se disfarçar de um milhão de maneiras diferentes. Precisava daqueles cabelos desgrenhados e aquele chapéu horroroso?

- Ora, francamente. Um disfarce não é para um desfile de modas... Você quer comer alguma coisa?

- Hum... depende? É você que vai fazer? Porque, bem, meu estômago é bem sensível...

Tonks abriu a boca para responder, mas se rendeu a uma gargalhada.

- Ok, ok, essa você venceu.

Ainda rindo, os dois iam para a cozinha. Ela não estava vazia.

- Severo! - Tonks não conseguiu disfarçar sua surpresa. Snape, o seu descontentamento. Mas a garota logo recuperou o equilíbrio. Não tinha notícias dele desde que havia lhe entregado a caixa. O perfume, já tinha suas dúvidas se seria mesmo presente dele. Não, dessa vez não iria comportar-se como uma adolescente. - Não deveria estar na escola? Acabamos de levar as crianças para a estação.

- Tenho meios mais eficazes para chegar lá. - ele respondeu, sentando-se à mesa.

- Eu vou pegar um café, será que alguém gostaria... - Lupin ainda não havia notado o clima tenso.

- Não, Lupin. Não imagino que a minha permanência aqui seja longa. Gostaria apenas de falar com Arthur. Não forçarei minha companhia.

- Ora, mas você fala como se alguém o estivesse expulsando. - Tonks já parecia um pouco irritada.

- Não é minha intenção atrapalhar o encontro romântico que estava indo tão bem até agora.

- Você é louco, estávamos conversando, voltando de uma missão.

- Conheço as risadas, Ninfadora. Conheço as provocações. Estou alguns anos à sua frente nessas experiências. - Snape já estava de pé, do lado oposto de Tonks, que nem havia se sentado.

Ela assustou-se com o professor dizendo seu nome. Sentiu-se pequena, infantil. Ele sempre a fazia sentir-se assim, insuficiente. Os pensamentos passaram muito rápido por sua cabeça, mas sua atenção foi desviada para o barulho de louça quebrando-se. E não foi por culpa dela.

Lupin recolhia os cacos da xícara que deixara cair. Queria sair logo da cozinha. Snape sabia de tudo. E Tonks iria acabar descobrindo.

- Remo, deixe-me ajudá-lo. - Tonks abaixou-se.

- Não, não precisa. Eu... eu vou ver como Sirius está. - saiu.

- Viu o que você fez? - ela levantou-se, nervosa.

- Eu? Vocês dois passando os dias juntos. A casa agora está vazia. Sirius obviamente apóia essa relação.

- Do que é que você está falando? - o tom de voz começa a elevar-se. - Você enlouqueceu?

Snape deslizou até onde ela estava, falou muito próximo de seu rosto, inclinando-se:

- O que você pretende? Enganar a quem?- afastou-se.

- Você está confundindo tudo.

- Não, eu estou entendendo tudo. - Snape virou-se de costas para Tonks.

- Você está fugindo. - ela estava ofegante, aproximou-se dele mas não baixou o tom da voz - O que aconteceu depois que eu lhe entreguei aquilo, hein?! O que você fez? Nem uma carta, nem sinal de você! Acha que foi fácil?

- Eu não abri. - ele falou entre os dentes.

- O quê?

- Eu não abri a caixa.

- Como... como você pôde... - sua voz começou a falhar. - Você não teve nem a curiosidade...

- Não tive coragem.

- Por quê?

Ele estava perdendo o controle. Não tinha tido coragem por medo de se envolver. De descobrir que poderia dar certo, que poderia haver um futuro. E Lupin? E a Ordem? E os comensais? Recuperou sua postura. Virou-se.

- Por que eu não costumo encorajar meninas a me darem presentes. - não mediu suas palavras.

Para Tonks, foi como uma punhalada. Mas não podia deixar. Não iria deixar que ele percebesse, que sentisse o prazer de machucá-la.

- E o perfume? - tentou parecer calma.

- Não sei do que está falando.

- O que apareceu em minha bolsa.

Ele foi novamente para bem perto dela.

- Também não costumo oferecer presentes a meninas.

Ela permaneceu um tempo encarando o homem à sua frente. Precisava de só mais um pouco de força.

- Pois bem. Então seria melhor que o senhor se retirasse, professor Snape.

Ele pegou sua capa, dirigiu-se para a porta. Era melhor assim. Depois do que havia visto. Ela e Lupin. As risadas. Sabia como era. O perfume. Que perfume? Provavelmente Lupin. Não seria possível que ela não estivesse apaixonada pelo maroto. Mas, o modo como ela reagiu à conversa.

'Pare, Severo. Você sabe que está insistindo em uma história sem futuro. Não busque motivos para se iludir', pensou.

Já estava com a porta aberta quando percebeu que ela estava no corredor também.

- Abra.

Ele fechou os olhos. O que ela poderia estar querendo dizer? Fechou a porta e virou em sua direção.

- Perdoe-me, senhorita Tonks. Como disse?

- Abra a caixa. É seu o que está dentro. Não vou querer de volta, nem vou querer nada em troca. É seu e você deveria saber. Mas não me procure mais, professor. Somos colegas e vamos agir como deveríamos.

Ele acenou com a cabeça. Abriu novamente a porta e saiu.

Tonks deixou-se escorregar pela parede, sentindo-se fraca.

'Acabou.'

Lupin estava escondido na penumbra da escada. Mas não se moveu.



***



'Que inferno o jantar da primeira noite. Chapéu seletor, discurso, Harry Potter', Snape entrava em seus aposentos para descansar.

'Abra', a voz de Tonks ecoava em sua cabeça.

O que haveria na caixa? Não conseguia pensar em nada. Não iria iludir-se, ela não estava apaixonada por ele. Não, não. Lupin, ele havia estragado tudo.

Sentou-se e tirou o pequeno objeto do bolso. Passou as mãos sobre ele algumas vezes. Respirou fundo. Abriu.

Alguém havia chorado? Uma gota, uma gota brilhante e triste dentro da caixa. Como a conservaram ali?

'É um cristal'. Lúcio!

'Chama-se pingente de Afrodite. Todas as mulheres Black têm um. Elas entregam ao homem de sua escolha.'

Snape escorregou na cadeira. Não era possível. Ela... Ela o havia escolhido. Olhou para o relógio. Já passava muito da meia-noite. Mas não poderia ser tarde demais.

Caminhou apressadamente até a lareira de seu quarto. Pegou um pouco de pó-de-flu.

- Largo Grimmauld! - desapareceu.


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N/A: Lara, coloquei mais três capítulos. Resolvi parar neste para te deixar com um pouquinho de curiosidade... Mas não enlouqueça! Só faltam dois para o final. Prometo postar rapidinho! Obrigada pelos comentários!!!

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