Voltar para Hogwarts
Harry sentou-se na cozinha, com uma fome tremenda e a cabeça mais leve do que ele poderia imaginar nesses últimos tempos. Os primeiros raios da manhã de Segunda estavam aparecendo e ele ainda ficou mais contente por saber que estava em férias, não precisando aparatar logo cedo para o minúsculo cubículo onde era seu escritório no ministério, e ele ficaria provavelmente um dia inteiro fazendo relatórios insuportáveis. Uma coruja marron desbotada cruzou a janela e lhe entregou seu exemplar do “Profeta Diário” que ele começou a ler distraidamente, pensando em fazer algo para comer quando ouviu como se fosse uma explosão no corredor da casa. Com a varinha em punho, ele correu para ver o que tinha acontecido e encontrou Lupin caído nos últimos degraus da escada, todo amarrotado e fedendo a banheiro público, com um ar de tremendo tédio estampado no rosto. Tonks desceu, absolutamente indiferente ao estado do noivo e vestida com uma calça vermelha no estilo pantalona e uma bata preta, o cabelo hoje estava ruivo encaracolado, com uma mecha loira lisa na altura dos olhos. Cumprimentou animadamente Harry e anunciou que iria preparar panquecas, fazendo Lupin gemer em algum lugar abaixo de Harry. Assim que ela entrou na cozinha Harry ajudou o homem a se levantar, não sabendo se ria ou não daquela situação absurda.
- Posso...Lupin, posso perguntar o que aconteceu? – Harry perguntou, cauteloso, enquanto Lupin conjurava uma espécie de vidro de perfume para tentar aplacar seu cheiro.
- Bombas de Rola-Bosta!! – Lupin disse, num raro momento de rebeldia, porém logo abaixou a voz, e continuou a explicar a Harry, sempre com os olhos fixos na porta da cozinha – Presente de casamento de Fred e Jorge Weasley. Pelo que eu entendi um novo experimento deles, que seria um aperfeiçoamento das Bombas de Bosta, tão comuns no seu tempo de Hogwarts Harry. Mas essas aqui são um pouco mais, digamos, perigosas. E são quase mortais nas mãos de uma grávida irritada com o cabelo Harry, sempre lembre-se disso.
Harry não pôde deixar de rir, e Lupin abriu um sorriso também. Mas Harry ria de um sentimento estranho. Fazia muito tempo que não estava feliz. Não sabia explicar, não tinha acontecido nada de tão fabuloso para estar feliz, porém, estava se sentindo muito bem ficando daquele jeito. Quando chegaram na cozinha Harry apressou-se em ajudar Tonks, afinal aprendera a fazer panquecas com suco de abóbora muito bem. Quando virou-se para colocar os pratos na mesa deu de cara com Lupin e Tonks olhando-o quase que assustados para ele.
- O que aconteceu nessa Final Harry?... – Lupin começou, mas Tonks interferiu e continuou a frase – O que você fez, substituiu o apanhador de algum time e foi sagrado o melhor da Copa? Ou você viu outra pessoa...?
Harry apressou-se em contar o que tinha acontecido durante sua estada na Final da Copa. Lupin escutava sério todo o relato, mas Tonks parecia escutar uma narração de Quadribol, vibrando a cada palavra, muitas vezes interferindo para expressar suas opiniões. Assim que terminou Harry largou-se num cadeira e começou a comer. Pôde ouvir a voz grave de Lupin em algum lugar acima de sua cabeça.
- Harry, não preciso dizer a loucura que você fez aproximando-se dela...
- Eu sei Lupin, eu sei! – Harry começou, olhando fixamente para a face nublada de Lupin, seu tom de voz um tanto urgente – Mas não fiz nada, nunca fiz, e tive vários momentos para isso. Você sabe, todos sabem. Se eu fosse um louco desmiolado não teria sido chamado pra dar aulas em Hogwarts!
Lupin então abriu um sorriso e perguntou algo a Harry, vendo um brilho maroto passar em seus olhos:
- Ela voa bem mesmo Harry?
- Muito Lupin, melhor que eu, melhor até que meu pai talvez...
Melissa estava deitada em sua cama, mirando o teto, a janela escancarada. Era uma madrugada estrelada e quente, mas a garota não estava admirando o céu. Seu rosto estava banhado em lágrimas, porém ela não estava mais chorando; já tinha chorado muito nessas últimas horas e percebeu que suas lágrimas haviam esgotado. Levantou-se então de um estalo, sentando na cama abraçada aos joelhos. Deu uma espiada rápida pelo quarto na penumbra, estava uma completa bagunça, com coisas espalhadas pelo chão. A porta de seu quarto de vestir estava entreaberta, e por ela pôde ver várias vestes de bruxo e, entre elas, as vestes da escola. Ao ver seu cachecol amarelo e vermelho jogado em cima de seu malão, encostou sua cabeça em seus joelhos e desatou a chorar, um pensamento lhe ferindo: não iria voltar a Hogwarts.
A garota não soube quanto tempo ficou ali no escuro do quarto, as vezes cochilando as vezes chorando. Quando virou sua cabeça para a janela, porém, percebeu que alguns raios de sol começavam a querer surgir no horizonte. Descalça, uma camisola leve e com os cabelos soltos e desgrenhados ela desceu silenciosamente as escadas e foi até a cozinha, ao passar pela sala de estar viu que sua mãe conversava com alguém pele lareira. Como ela, a Sra. Granger estava péssima: cabelos soltos, suas vestes elegantes estavam amarrotadas. Não estava mais histérica como quanto tinham brigado, mas sim falando muito baixo com alguém que ela não pôde ver. Melissa se aproximou silenciosamente para poder ouvir um pouco da conversa:
- Estou com medo Rony...
- Nada vai acontecer com ela, te prometo...
- Não vamos estar lá para protegê-la se algo acontecer...
- Mas Harry estará. Vamos Mione, na idade dela já tínhamos enfrentado tanta coisa...
Melissa percebeu que eles ficaram em silêncio. Então ela viu que a mãe tinha levantado do chão, esfregando bastante os olhos.
- Preciso dormir Rony...
- Vai dar tudo certo Mione...Você sabe que o Harry...
- Não me fale mais nesse homem Rony! Tudo isso está acontecendo por causa dele...
- Mas Mione...
- Vou dormir Rony, depois conversamos...
A garota correu para a cozinha e fingiu estar tomando um copo d’agua. Pôde ouvir a mãe entrando silenciosamente na cozinha. Ela não queria falar com ela, estava ainda muito abalada. Estava saindo da cozinha quando ouviu a voz cansada da mãe:
- Você voltará para Hogwarts Melissa. Mas, por favor, não quero ouvir mais nenhuma palavra sobre isso certo?
A garota não pôde acreditar no que ouvia. Voltaria à Hogwarts! Depois da discussão terrível que tivera com a mãe onde ela havia estado muito nervosa, lhe falando sem mais nem menos que ela não estudaria mais em Hogwarts e que elas se mudariam para a França, e Melissa a acusando de Ter “usado” um trouxa para Ter uma filha agora ela sentia: sua mãe estava arrependida, lhe pedindo desculpas sabe-se lá por qual motivo por estar tão histérica. O medo de sair da escola que tanto adorava e de perto dos amigos agora tinha sumido. Iria voltar à Hogwarts! Não pôde deixar de sorrir e abraçar a mãe. Ela disse num sussurro urgente no ouvido da filha: “te amo Mel” e ouviu um “eu também” igualmente verdadeiro que a fez chorar. Melissa então subiu para o quarto e correu fazer suas malas, afinal estaria embarcando para Hogwarts naquele dia que estava surgindo pela sua janela.
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