Um novo professor, um novo hom
Harry Potter encarava o céu azul do quarto onde estava. Estava na varanda vestindo apenas um shorts de dormir, uma garrafa de cerveja amanteigada nas mãos, o olhar perdido naquele céu azul límpido, enormes nuvens brancas, como chumaços de algodão, passavam tranquilamente no céu. Suspirou, o rosto se contraindo em expressões de contentamento enquanto se perdia em pensamentos antigos. Eram bons esses pensamentos, mas ao mesmo tempo doíam, davam saudade. Balançou a cabeça então, com o propósito de afastá-los da mente. Sem sucesso, entrou no quarto, colocou a garrafa vazia no chão e se jogou de cara na cama, pronto pra dormir mais uma vez. Depois de tudo acabado, de Ter derrotado Voldemort, era pra viver uma vida normal, comum, mas não. Dessa vez eram outras lembranças que o atormentavam. E não havia mais dor na sua cicatriz em forma de raio em sua testa e sim uma dor no seu coração, que as vezes doía muito intensamente, as vezes só formigava, incomodava. Mesmo assim era bom Ter essas dores de vez em quando, ele pensava, porque era a prova de que fora feliz um dia. Harry não era mais um menino tímido de 16 anos, pronto pra enfrentar Voldemort, ganhar a taça de quadribol para sua casa, tentar se dar bem com alguma garota que estivesse a fim. Era um homem de 35 anos de idade, excelente auror, era alto, mas tinha um corpo definido por músculos e algumas cicatrizes de batalha, mesmo assim, ainda possuía cabelos bem pretos e espetados e olhos verdes vivos, os olhos de sua mãe. Continuava ainda um pouco tímido, sempre andava sozinho, sem família, derrotando bruxos das trevas remanescentes pelo mundo à fora, afinal, Voldemort tinha sido derrotado, mas o mal não.
Estava quase dormindo quando ouviu uma leve batida na porta. Sem esperar sua resposta, a porta se abriu e um homem entrou sorridente no quarto. Em torno de 50 anos, cabelos bem grisalhos, a aparência cansada, mas mesmo assim seus olhos castanhos escuros radiavam felicidade. Parou bem em frente à cama onde Harry estava deitado e fez uma careta, como se desaprovando o comportamento do rapaz:
- Você sabe que horas são Harry?
- Hum...Passou da hora do almoço, creio eu... – ele respondeu, sem se dar ao trabalho de virar-se para encarar o homem.
- São 3 da tarde, não vai me dizer que está dormindo ainda?
- Não, acordei longo de manhã, mas fiquei aqui apenas para pensar...
- Esses seus pensamentos vão te levar à loucura. Vamos, levante! Desça comigo, Tonks preparou um lanche pra você, pelo menos tentou...
Enquanto Harry procurava roupas para se trocar ele conversava distraídamente com o homem.
- Então vocês vão mesmo se casar não é? – Harry perguntou, marotamente, enquanto colocava uma calça jeans surrada.
- Sim, sim...Não é só por causa da criança entende – Harry o encarou incrédulo – Claro, não vou deixar meu filho nascer sem um lar, mas eu amo demais Tonks. Estava na hora dela se aposentar e vir morar comigo. Também, como ela daria aulas grávida e depois com um filho pequeno no colo?
- Não duvido que a Tonks faça isso! Mas depois de quase 10 anos dando aula, morando nas férias aqui na sua casa, já estava na hora de vocês assumirem o casamento. O bebê veio só pra fortalecer a relação.
- Também acho! A coisa mais linda que um casal pode ganhar pra abençoar um amor é um filho...
- Ou uma filha... – Harry parou no meio do quarto, seus olhos humidecendo sem ele mesmo perceber. O homem observou o estado do rapaz e, sem-graça, apressou-se em dizer:
- Bom Harry, já está pronto? Vamos descer...
Os dois desceram em silêncio pela pequena, porém acolhedora casa. Estavam no corredor que dava acesso à cozinha quando ouviram um barulho de algo se espatifando e correram para ver o que estava aconteceram. Deram de cara com uma mulher de aparentes 40 anos, mas com traços de menina em seu rosto de formato de coração, com longos cabelos ondulados castanhos escuros que terminavam em mechas rosa-chiclete. Estava de pé, com o rosto zangado, vestia uma saia branca até os pés e uma regata azul com os dizeres “As Esquisitonas”, a varinha em punho. Uma barriga saliente de 4 meses de gestação começava a aparecer. Assim que o homem fez menção de ir até ela, ela disparou um feitiço contra ele:
- Petrificus Totalus! Remo Lupin! A culpa é sua!! – Disse, e assim que Lupin ficou imóvel foi até ele, o dedo indicador na cara do homem – Falei que conseguiria fazer pastelão de rins para o Harry, você me apoiou, você não deveria Ter concordado comigo! Agora ele queimou e o Harry terá que comer pão...
- Tonks, eu não ligo pra isso, na verdade nãos estou com f... – Harry começou timidamente, mas o olhar que ela lhe lançou o fez recuar alguns passos.
- E agora hein Sr. Lupin, o que eu faço? Como darei comida ao nosso filho que vai nascer se nem um simples pastelão de rins eu sei fazer... – Ela chegou bem perto do rosto de Lupin, que tinha os olhos arregalados – A propósito Sr. Lupin, eu te amo... – E, nesse instante, sua fisionomia ficou serena e cativante, ela passou as mãos no rosto do homem lhe dando um beijo e virou-se. Já de costas fez um aceno com a varinha, desfazendo o encantamento e começando a pegar algumas coisas pra preparar um lanche para Harry. Lupin sentou-se na cadeira e olhou para o rapaz, que estava encostado no batente da porta, perplexo.
- Vamos Harry, sente-se, e fique tranqüilo, ela é uma bruxa grávida, tem seus ataques, ainda mais se tratando da Tonks...
Tonks preparou um lanche rápido para Harry, que quando se viu diante dele se deu conta de que estava com fome. Estava tão entretido em seu lanche que quando se deu conta viu Lupin e Tonks sentados de frente pra ele, o olhando de maneira misteriosa, quase divertida.
- Então...?
- Então o que Tonks? – Ele disse, descansando o copo na mesa, olhando para a mulher com cautela.
- Ora Harry, vamos ser práticos... – Ela começou, fazendo um arrepio percorrer a espinha de Harry; ele já sabia do que ela estava falando... – você vai aceitar o convite da McGonagall e assumir meu lugar em Hogwarts?
- Amor, você já fez essa pergunta mais de 100 vezes ao Harry, e olha que ele chegou ontem...
- E ele ainda não deu resposta! Harry, só faltam 2 semanas pro semestre começar. Vai, eu sei que você quer aceitar, sempre quis ser professor de Defesa Contra as Artes das Trevas...
Tonks estava certa, desde que recebeu uma coruja de Minerva McGonagall, professora e agora diretora de Hogwarts, para se tornar professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Harry ficavam noites pensando em aceitar o convite, já se imaginando dentro da sala de aula, em companhia dos alunos...Mas tinha razões muito fortes para recusar. Sua opinião era quase certa, a de não aceitar o convite. Porém, se intigrara ao receber, logo pela manhã daquele dia, uma carta púrpura vinda de uma coruja castanho avermelhada, com os dizeres, escritos numa letra rebuscada : “Seu tempo acaba de voltar Harry Potter. Desejos e pesadelos se tornarão realidade em Hogwarts. S.T.” . Não comentou a carta nem com Lupin nem com Tonks, porém seu instinto de auror o preveniu. Deveria voltar à Hogwarts.
- Eu....eu estou pensando ainda Tonks...Mas darei a resposta breve.
- Esperamos Harry......Olhe, não é Pichi?
Uma pequenina coruja castanha entrou como raio pela janela. Ela deixou uma carta com Harry e foi divertir-se com o pastelão queimado de Tonks, dando bicadinhas na parte que não fora queimada. Harry abriu a carta e a leu em voz alta.
“Olá Harry, como está?
Finalmente terminei os preparativos para a final, você precisa ver o trabalho que me deu!! Porém tudo ficou o máximo, cara, você vai ver. A propósito, você vai na final, não vai? Vou com o Fred e o Jorge levar meus meninos e a Melissa. Fica tranqüilo, a Hermione não vai, prometi que vou cuidar da filha dela direitinho, ela pensa que sou o que? Um irresponsável? Tudo bem, não responda... Vamos no Sábado pela manhã, pegaremos uma chave de portal as 6:00... Espero te encontrar lá, afinal nossos lugares são bem perto não é?
E aí, já deu a resposta? Fico imaginando quando a Mione souber...Ou melhor, não quero nem imaginar. Mas você sabe minha opinião, já está na hora de vocês resolverem isso.
Abraços
Rony”
Harry ficou olhando saudosamente para carta. Iria rever o amigo e seus filhos, iria na final da Copa Mundial de Quadribol, sentiu-se quase como um garoto de 14 anos de idade, a idade da última vez que assistiu à um evento desse porte. Iria ser muito bom, mesmo sabendo que não poderia fazer certas coisas. Ouviu a voz de Lupin falando com ele por entre seus devaneios.
- Harry, você vai mesmo assistir à Copa? Você sabe que não pode...
- Eu sei disso Lupin, está bem? Não sou nenhum moleque, vou me comportar... E, afinal, não tem como, não há nenhuma possibilidade...
Ele entristeceu-se e mergulhou novamente nos seus pensamentos. De repente, levantou-se e saiu apressadamente em direção ao seu quarto. Quando estava subindo as escadas ouviu a voz de Lupin, que vinha junto com Tonks, atrás dele:
- Onde você vai Harry?
- Escrever uma carta.
- Pra quem Harry? Pro Rony?
- Não, pra McGonagall. Vou aceitar o cargo de professor em Hogwarts.
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