Um dia Comum
Abriu os olhos e sorriu, sentindo o quente das cobertas em seu corpo, aquele sono pesando nas pálpebras, logo assim as fechou. Virou-se na cama e abriu os olhos novamente, dando de cara com a enorme janela escancarada. Na verdade já tinha deixado-a aberta antes de dormir, lá pelas 3 da madrugada, olhando o céu, esperando uma estrela cadente que nunca aparecia. Aquele era um dia para fazer um pedido, desejo esse que não conseguia pedi-lo, quanto mais realizá-lo. Estava novamente se aninhando na enorme cama de cedro quando a porta do quarto abriu-se devagar e pôde ouvir a mãe chamando-a. Bufou e levantou-se de repente, totalmente desperta.
Andou pelo quarto espaçoso que antes fora um sótão. Ela e a mãe tinham transformado não só o sótão como a enorme casa antiga e feia num casa linda, confortável e até inusitada, pela quantidade de coisas diferentes e até estranhas que possuíam, principalmente a mãe. Foi até o seu quarto de trocar, onde havia um pequeno banheiro, se lavou e prendeu o cabelo. Ao se olhar no espelho fez um leve muxoxo. Estava pálida e a mãe não iria gostar. Odiava esse jeito de desconfiar e tirar tudo dela que a mãe tinha, que não só dava medo nela mas em todos ao redor. Mesmo assim a mãe era fantástica; ela admirava e amava muito a mãe. Ouviu outro grito da mãe e, ao sair do quarto de vestir deu de cara com o velho gato laranja de cara amassada da mãe, miando alto. Ela deu uma risadinha, pegou o gato no colo e desceu correndo.
Sua mãe estava na cozinha, atarefada como sempre, junto com um elfo doméstico fêmea vestindo um ridículo vestido rosa de babados amarelos e um avental vermelho com o nome do elfo escrito. Sua mãe nunca fora uma boa dona de casa, mesmo assim insistia em fazer os serviços do lar, levando o elfo a loucura. Neste dia particularmente, ela queria fazer tortinhas de morango e canela, serviço onde fracassava terrivelmente. Sua mãe era uma mulher de 35 anos, de feições delicadas e belas. Tinha cabelos espessos castanhos dourados, que ela sempre prendia num elegante coque na nuca, ou em uma trança bem feita. Uma boca rosada e fina, pele clara e olhos castanhos escuros brilhantes e verdadeiros. Era muito, mais muito inteligente, muito mais que a filha jamais sonhou ser. Era muito correta e de vez em quando severa, mesmo assim era divertida e muito criativa. No exato momento que a garota entrou na cozinha sua mãe e o elfo estava discutindo, o elfo em seu banquinho na frente da pia batendo a massa e a mãe atras do elfo com um livro nas mãos, tentando pegar a tigela que o elfo protegia corajosamente dela.
- Dottie, querida, me dê a tigela, falta colocar mais algumas colheres de fermento na massa, senão ela não crescerá. Me de a tigela, por favor, aqui no livro está dizendo que a receita que você fez não é certa...
- Sra Granger! A família de Dottie faz essas tortas de morango desde a Era dos reis e Rainhas, Dottie sabe como fazer essas tortas sem nem olhar. Deixe a Dottie fazer minha senhora.
- Mas Dottie, no livro diz...
- Dottie sabe o que fazer minha Senhora... Srta Granger!! Ajude a Dottie, Sra. Granger vai estragar as tortas de morango que menino Weasley adora...Eles vão chegar hoje...
- Eles virão hoje!!! E aquele bandido do Matt nem me mandou a resposta...Mãe! Hórus não chegou?
- Não o vi, mas ele sempre vai primeiro até você...Recebi um bilhete da Viv pela Pichi...Chegou hoje assim que eu acordei...Ah Dottie, eu desisto!
A mãe largou-se numa cadeira próxima, enquanto a filha se servia de panquecas e suco de abóbora.
- Quando eles chegam mãe?
- Hoje logo lá pelas 11 da manhã, quero você no mínimo com roupas decentes, a Anne vai dormir com você, não vai?
- Claro, claro... Bom, vou subindo me arrumar...Quando eles chegarem me avise.
A garota subiu, ligou seu rádio e foi até o quarto se arrumar. Após escolher a roupa, se olhos no enorme espelho atrás da porta, todo cravejado com pedras rosadas em sua borda. Viu então uma garota de 15 anos, cabelos da mesma cor que os da mãe, mas menos volumosos e mais compridos, o rosto com as mesmas feições da mãe, o corpo muito parecido com o que a mãe tinha quando esta tinha sua idade, talvez ela fosse um pouco mais encorpada e mais alta. Mas o que diferenciava mãe e filha eram os olhos da garota. Ela tinha olhos verdes, enormes, lindos e bem claros. Sua mãe ao mesmo tempo adorava e temia aqueles olhos, era difícil explicar o sentimento que a mãe tinha quando olhava para os olhos da filha. Rapidamente a garota prendeu os longos cabelos em um rabo de cavalo, ajeitou o jeans surrado e a blusa rosa, com alguns apliques em renda. Amarrou o tênis, cantando a música que agora tocava no rádio. Quando estava saindo do quarto de vestir ouviu uma voz conhecida gritando seu nome, que a fez sair correndo do quarto com um enorme sorriso nos lábios:
- Melissa Granger!!
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