O retorno
"A maior parte da nossa vida, é uma série de imagens. Elas passam por nós como cidades numa estrada.
Mas algumas vezes, um momento se congela, e algo acontece.
E nós sabemos que esse instante é mais do que uma imagem.
Sabemos que esse momento, e todas as partes dele...irão viver para sempre."
Hermione parecia não acreditar no que seus olhos estavam vendo, um moreno de olhos incrivelmente verdes estava a alguns metros de si, estava mais magro e tinha uma grande barba, mas ainda sim era Harry.
- É o Harry... – murmurou Rony
- Vai com calma Rony, pode não ser ele. – alertou-o Draco
Hermione ouvia os dois aurores gritarem para que ele não se movesse, ouvia os amigos dizerem coisas, mas nada parecia fazer sentido pra ela, ela não desgrudava os olhos do homem a sua frente. Viu ele enfim abrir os olhos, se acostumando com a claridade da rua, viu ele percorrer seu olhar entre os presentes. Primeiro para os dois homens que gritavam e ao entender as ordens erguer os braços, depois os olhos verdes acharam o grupo mais a frente e enquanto ia reconhecendo os rostos um sorriso se abria na face do homem, até que enfim os olhos dele se encontraram com os dela. Viu o sorriso dele se desfazer e os olhos ficarem úmidos e perdidos nos seus, ele abaixou as mãos e começou a descer as escadas.
- Merlin... – sussurrou para si mesma
O coração dela disparou, suas mãos começaram a suar e sua respiração ficou ofegante. Os olhos verdes sobre si eram os mesmos de um ano atrás, a mesma ternura, o mesmo carinho, a mesma paixão e o mesmo amor, mas misturados com um desespero e uma angustia que fizeram o coração de Hermione doer. Ele descia os degraus lentamente e quando chegou ao último degrau fez os aurores se sobressaltarem e voltarem a gritar.
- Fique parado! – gritou um deles – Isso é uma ordem!
O moreno parou imediatamente, mas ainda com os olhos no dela. Hermione despertou de seu transe, se dirigindo aos amigos.
- É ele! – disse em desespero – É o Harry!
- Hermione é o corpo dele, mas... – tentou dizer Cedrico, mas ela não deixou
- Você não está entendendo, não é apenas o corpo dele, é ele! – gritou em desespero – Eu sei que é, eu tenho certeza!
Eles a olhavam atordoados, não se moviam, nem diziam nada. Hermione perdeu a paciência e tentou ir até Harry, mas Olívio a segurou.
- Você não pode ir até lá! – disse preocupado – É perigoso!
- Olívio, mande eles abaixarem as varinhas, é o Harry! – disse com firmeza, Olívio não respondeu, mas a soltou, ela se voltou para o ministro – Kim, mande-os abaixar a varinha, por favor!
O ministro suspirou.
- Você tem certeza Hermione? – perguntou e ela balançou a cabeça – Abaixem as varinhas! – gritou sem hesitar – Abaixem!
Hermione os viu abaixar as varinhas hesitantes e então voltou a olhar para Harry, sorriu e sem mais demora correu até ele, ele estava ao pé da escada e sorriu fracamente para ela. Ela corria o mais rápido que podia e ainda assim parecia uma eternidade, ele também foi em direção a ela e quando enfim se aproximaram ele abriu os braços e ela se jogou sobre ele. Tudo parecia surreal, estava abraçando o seu Harry e o cheiro dele ainda era o mesmo.
- Mione... – sussurrou o garoto angustiado apertando-a mais contra si, cheirando seus cabelos – Minha doce Mione.
Hermione apertou os braços ao redor do pescoço dele ao ouvir sua voz, lágrimas caíam pela sua face se misturando com o sorriso que teimava em não sair de seus lábios. Harry também tinha a face molhada e seu coração batia tão rapidamente que Hermione se preocupou por um instante. Eles não tiveram tempo de dizer mais nada, os amigos já se aproximavam gritando por Harry. Hermione se afastou dele, dando espaço para os amigos. Ela não conseguia distinguir mais nada, apenas sabia que eles estavam se abraçando e que todos pareciam chorar, até mesmo Draco. Ouvia eles dizerem coisas, ouvia Harry dizer para alguém se acalmar, que ele estava bem, mas o turbilhão de emoções que a tomavam a impedira de ver o que estava acontecendo.
- Merlin! – disse Rony a abraçando – Acabou Mione. Harry está vivo!
Ela se deixou ficar abraçada a ele, ambos sorrindo e compartilhando da mesma alegria. Todos passaram a trocar abraços e por fim ela voltou pros braços de Harry, pros braços de que tanto sentira falta e que tanto ansiava reencontrar, ali se sentia segura novamente, ali envolta pelos braços protetores e carinhosos dele tudo parecia estranhamente perfeito, como se o mundo estivesse exatamente como deveria estar
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Eles estavam sentados na sala de espera do St. Mungus, Harry não se sentira muito bem, estava fraco, mas não parecia ser nada grave. Estavam esperando já há algum tempo e ainda não haviam tido notícias. Eles viram a porta ser aberta, mas não era o medibruxo, e sim a família Weasley, Tonks e Dumblendore.
- Como ele está? – foi logo perguntando a Sra. Weasley
- Ele passou mal, ainda não tivemos notícias. – contou Draco
- Mas é ele, não é? – perguntou Tonks apressadamente
Viu-os abrir sorrisos e logo sorriu também.
- Sim, é ele! – respondeu Hermione se levantando e indo abraçá-la
Todos soltaram suspiros de alívio e comemoraram.
- Como descobriram? – perguntou Dumblendore
Eles se entreolharam.
- Eu soube no exato momento em que o vi professor. – disse Hermione calmamente
Ele sorriu bondosamente.
- Eu imaginei que seria assim. – admitiu o homem – Você sempre soube ver o Harry além das aparências Hermione, além do herói, além do menino que sobreviveu, era natural que você o visse hoje se ele estivesse lá.
Ela sorriu grata ao homem pela confiança, por não duvidar dela. Ninguém disse mais nada e pouco tempo depois a porta foi aberta novamente, dessa vez era o medibruxo, acompanhado por Olívio.
- Boa noite. – desejou o medibruxo, visivelmente tenso
- Boa noite doutor, como ele está? – perguntou Mônica
- O senhor Potter... – ele riu nervosamente e esfregou o rosto com as mãos – Me desculpem, mas Harry Potter apareceu quase desmaiado no meu plantão e eu ainda não sei se estou em meu perfeito estado mental.
Eles concordaram e esperaram o medibruxo se recuperar.
- O senhor Potter vai ficar bem, o estado dele é estável e ele não corre riscos de vida. – disse ainda um pouco atordoado – Ele está com anemia, está fraco e teve fortes emoções por hoje, ele vai precisar tomar poções para repor vitaminas no seu corpo, aparentemente o senhor Potter não se alimentou bem nos últimos meses. No entanto ele deve se recuperar dentro de poucos tempo.
- Quando podemos vê-lo? – perguntou Gina ansiosa
- Em outro caso não deixaria ele receber visitas até amanhã e o manteria sedado. – começou ele e já ouvia os protestos, quando os interrompeu – Mas, como se trata de um caso especial eu vou deixá-los vê-lo hoje ainda. Antes o senhor Wood irá falar com os senhores e depois ele mesmo os levará até o quarto em que o senhor Potter está.
- Obrigada doutor. – agradeceu Hermione
Ele balançou a cabeça e saiu da sala em seguida. Eles mal esperaram o medibruxo sair e bombardearam Olívio de perguntas.
- Acalmem-se. – pediu ele e todos se esforçaram para fazerem silêncio – Eu, Kim e os aurores estivemos com ele nesse meio tempo, o interrogamos, usamos Veritaserum e só para confirmar o que Hermione disse... sim é o Harry! – terminou com um sorriso
Todos voltaram a comemorar, agora mais tranqüilos do que nunca. Olívio voltou a falar.
- Vamos todos vê-lo, ele não fala em outra coisa. – disse Olívio – Menos você Mione, você fica.
Hermione o olhou intrigada.
- Por quê? – perguntou
- Kevin Lenz está aí fora. Eu sinto muito. – disse em tom de lamento - Ele me disse que já tem a matéria pronta e que precisa saber do que aconteceu nas últimas horas e do seu aval para publicá-la amanhã, bem cedo.
Hermione suspirou, tinha que resolver aquilo, o mundo bruxo deveria estar uma loucura com a notícia de que Harry Potter aparecera no St. Mungus. Queria muito entrar e estar com Harry mais uma vez, poder tocá-lo, só para garantir que era real, mas precisava falar com Kevin. Dalí pra frente teria muito tempo para estar com Harry quando quisesse.
- Tudo bem, vou resolver isso. – disse por fim
- Posso ficar com você se quiser. – se dispôs Gui
Hermione lhe sorriu.
- Não precisa, vá vê-lo. Sei que estão ansiosos, eu resolvo isso. – disse grata
- Tem certeza Mione? – perguntou Cedrico
- Tenho sim Ced, obrigada.
- Vou mandar ele entrar. – comunicou Olívio
Hermione concordou, eles se despediram dela e logo todos saíram animados. Pouco tempo depois Kevin entrou na sala ocupada somente por Hermione.
- Hermione. – cumprimentou indo até ela e a abraçando – Que bom que conseguiram! Estou feliz, de verdade.
Ela se afastou sorrindo pra ele.
- Obrigada Kevin. – agradeceu
Os dois se sentaram em um dos sofás. Kevin tirou de dentro de sua mochila um enorme pedaço de pergaminho e entregou a Hermione.
- Quero que você leia. – disse ele – Vou publicar apenas o que você quiser. Se quiser que eu tire alguma coisa ou coloque outra, por mim tudo bem.
- Você é um anjo Kevin. – disse passando os olhos pelo pergaminho – Escolhi você justamente por isso, sei do seu caráter.
- Isso significa muito pra mim. – confessou o jovem jornalista
Hermione passou a ler a matéria sobre o olhar atento e ansioso dele. Quando ela terminou ele se endireitou e esperou ela se pronunciar.
- Está muito boa, fiel ao que eu te contei, sem invenções ou suposições... – disse a ele, que agradeceu novamente – Mas tem uma coisa que quero que você acrescente.
- O que você quiser. – disse sem hesitar
- Existe uma pessoa que merece mais créditos do que qualquer um por termos conseguido. – contou a ele – E eu quero ser justa com essa pessoa, como forma de agradecimento, por tudo que ele fez por nós.
Kevin balançou a cabeça em concordância, buscando algo em sua mochila e tirando uma pena.
- Quem é a pessoa? – perguntou já com pena na mão
- Olívio Wood.
Kevin passou a anotar enquanto ela narrava.
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Hermione caminhava pelos corredores do hospital em direção ao quarto de Harry. Ela estava exausta, mas finalmente havia concluído a matéria com Kevin e na primeira edição d’O Profeta do dia seguinte tudo seria esclarecido ao mundo bruxo. Encontrou Rony saindo do quarto.
- Mione. – disse quando a viu – Estava indo atrás de você, você demorou. Deu tudo certo?
- Sim, está tudo resolvido. – o tranqüilizou – Como Harry está?
Rony sorriu.
- Ótimo! – disse feliz – Ele não pára de perguntar por você, vamos entrar logo!
Hermione sorriu e seguiu Rony. Ele entrou primeiro.
- Adivinha quem eu encontrei no corredor? – brincou Rony
Hermione entrou acenando e seu olhar logo encontrou Harry sentado em uma cama, rodeado pelos amigos. Seu coração disparou novamente ao vê-lo, e ela se perguntou quando isso ia parar de acontecer, chegou à rápida conclusão de que não seria tão cedo, era mágico vê-lo depois de tanto tempo. Ele parecia um daqueles sonhos que tinha todas as noites, só que mais bonito, mais real e usava barba. Quando Harry a viu abriu um grande sorriso e ela retribuiu.
- Oi. – disse ela indo até ele
Os amigos se afastaram da cama, dando espaço a ela.
- Oi. – ele respondeu estendendo uma das mãos para Hermione
Hermione pegou sua mão e ele a puxou para mais perto. O sorriso ainda não havia deixado a face de nenhum dos dois. Hermione se abaixou e beijou-lhe a bochecha, em seguida passou a mão livre nos cabelos dele, afastando-os da testa. Harry fechou os olhos ao contato dela e quando teve fim ele levou a mão dela que estava presa a sua até a boca, e a beijou suavemente.
- Você demorou. – reclamou ele
- Eu sei. – admitiu – Cada segundo que estive lá desejei estar aqui.
Ele suspirou e apertou levemente a mão dela. Eles pareciam estar em um mundo só deles, nem ao menos se lembravam de que mais sete pessoas estavam ali. Alguém pigarreou tirando-os do transe. Os dois riram tímidos.
- Bem, eu vou indo. – disse Olívio um pouco incomodado – Vou resolver mais algumas coisas.
Hermione se sentiu péssima, não queria que Olívio presenciasse aquilo, não depois de tudo.
- Você deveria ir descansar. – sugeriu Mônica
- Eu vou. – disse e a prima lhe lançou um olhar desconfiado – Assim que der, prometo. Mas tenho mesmo que ir.
Ele se despediu e se dirigiu a porta.
- Olívio! – chamaram Harry e Hermione juntos e o garoto parou
Eles se entreolharam por um instante e Hermione fez um sinal para que Harry prosseguisse. Ele concordou.
- Eu só queria te agradecer, por tudo o que você fez. – disse sincero – Nada que eu fizer ou disser vai pagar o que você fez por nós.
Olívio deu um pequeno sorriso e balançou a cabeça.
- Não precisa agradecer Harry. – disse sem jeito – Eu não fiz nada, vocês que fizeram tudo.
Harry sorriu grato para o garoto. Todos olharam para Hermione esperando ela dizer o que queria dizer.
- É... – começou incerta – Vamos te ver amanhã?
Olívio sorriu tristemente e ela entendeu o que aquilo queria dizer. Ela olhou para Harry e ele fez um aceno de cabeça, ela soltou a mão dele e foi até Olívio lhe dando um forte abraço.
- Me desculpe por tudo. – disse abraçada a ele – E obrigada! Você foi maravilhoso nessa última semana. – ela se afastou para encará-lo – Vou sentir sua falta.
Ele tentou desviar seu olhar do dela, mas parecia impossível.
- Seja feliz Hermione. – desejou ele – Foi só o que eu sempre quis.
Ela lhe abraçou novamente.
- Adeus. – sussurrou ele se soltando dela e saindo sem olhar pra trás.
*****
Já era manhã e Harry estava sozinho no quarto lendo O Profeta, que tinha sua cara estampada na primeira página com os seguintes dizeres: “Harry Potter, o menino que sobreviveu DUAS vezes”. Ele suspirou ao terminar de ler a matéria, sem dúvidas ela havia sido muito bem escrita e tinha que admitir que o tal Kevin Lenz era diferente dos jornalistas que já havia visto, mas por algum motivo que ele desconhecia não havia ido com a cara dele, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente. A porta se abriu tirando-o de seus devaneios.
- Bom dia! – desejou Hermione lhe sorrindo e fechando a porta
- Bom dia! – desejou ele a admirando – Dormi muito?
Ela se aproximou, beijou-lhe a face e depois a testa.
- Você precisava descansar. – o tranqüilizou – Queria ter entrado assim que você acordou, mas o medibruxo me proibiu. Disse que precisava te examinar e te dar algumas poções...
Ele ria enquanto ela reclamava.
- Tinha me esquecido do quanto você fica linda quando resmunga. – ele disse fazendo-a corar
Ela deu um pequeno sorriso.
- Você quer que eu te traga alguma coisa pra comer? – perguntou mudando de assunto
Ele sorriu da mudança repentina de assunto dela, mas resolveu não dizer nada a respeito.
- Eles já me entupiram de comida. – disse contrariado – Mas eu queria muito que você fizesse algo por mim.
- O quê? – perguntou disposta
- Que por Merlin, você tire essa barba pra mim! – disse em tom de agonia passando a mão por ela
Ela riu dele.
- Eu imaginei que estivesse te incomodando, você odeia usar barba. – constatou ela
Ele concordou. Ela se sentou na beirada da cama, muito próxima a ele e tirou a varinha do bolso, começando em seguida.
- Onde estão os meninos? – perguntou ele enquanto ela fazia o lado direito do rosto
- Estão vindo aí, estavam tomando café. – começou a contar rindo, enquanto Harry não desgrudava os olhos dela – Quando eu saí Rony estava brigando com Thereza pra que ela comesse. Ele vai ser daqueles pais super-protetores, tenho certeza.
- Mal consigo acreditar que Rony e Thereza vão ter um filho. – disse assombrado – Isso é loucura.
Hermione riu, passando a fazer a parte de baixo, na garganta.
- Estamos todos tão felizes, que até assusta. – disse ela concentrada no que estava fazendo – Mônica parece uma criança que ganhou o melhor presente de natal.
Os dois riram do comentário dela.
- Sério! – disse divertida – Cedrico disse que ela mal dormiu, que ficou preocupada em te deixar aqui só comigo e que não devia ter ido pra casa... Cedrico quase a estuporou pra ela poder dormir e deixá-lo dormir.
- Você também deveria ter ido pra casa descansar. – disse ele – Ficou a madrugada inteira cochilando nesse sofá, só foi em casa tomar banho, você deve estar cansada.
Hermione balançou a cabeça e se aproximou um pouco mais para fazer o lado esquerdo da barba. Harry se assustou com a proximidade repentina dela e seu coração deu um salto. Ela começou a falar coisas, mas Harry não ouvia, apenas sentia o hálito dela perto do seu rosto e o perfume dela invadir-lhe o nariz, como sentira falta daquele cheiro. Ela terminou de fazer-lhe a barba e ia se afastando dele novamente, quando ele a segurou.
- Mione... – disse ele sério – Posso te fazer uma pergunta?
Hermione não respondeu de imediato, estava sem ação tão perto dele, inebriada pelo cheiro dele, pela mão dele pressionando seu braço e aquele tom de voz rouco, de quando ele estava tentando se manter calmo.
- Claro Harry. – respondeu com a voz falhando
- Quero que você saiba que se a resposta for sim eu vou entender. – disse tentando não transparecer o nervosismo – Eu desapareci por muito tempo e você achou que eu estivesse morto, seria mais do que normal...
- Harry... – chamou Hermione confusa – Aonde você esta querendo chegar?
Harry respirou fundo, tomando coragem.
- Você teve, ou ainda tem, não sei... – ele pausou, já não mais conseguindo disfarçar a tensão – ...outra pessoa? Talvez Olívio, ou esse tal de Kevin.
A garota abriu a boca surpresa, mas não disse nada, fechando-a em seguida. Ele soltou o braço dela e virou o rosto, imaginado coisas. Hermione se despertou e tomou o rosto de Harry entre suas mãos, fazendo-o olhar para ela. Os dois se encararam por algum tempo, ela pôde ver todo o medo e angustia nos olhos dele, ela acariciou a face dele, ele fechou os olhos e sem mais hesitar Hermione colou seus lábios ao dele. A princípio apenas um roçar de lábios, fazendo ambos suspirarem e Harry pôr as mãos na cintura dela, apertando o lugar delicadamente e trazendo-a mais para si. O beijo então se aprofundou, cheio de desejo, paixão e saudade, como se as bocas estivessem se descobrindo pela primeira vez. O beijo foi quebrado com alguns beijos leves e Hermione colou sua testa a dele.
- Isso responde a sua pergunta? – disse de olhos fechados, ainda acariciando a face dele
Ele também pôs uma das mãos na face dela, enquanto lágrimas desciam pelo o seu próprio rosto. Hermione se afastou para encará-lo com ternura, limpando as lágrimas dele.
- Amor, o que te fez pensar isso? – perguntou se sentindo culpada e começando a chorar também
Ele deu de ombros.
- Você parecia um pouco distante. – disse num sussurro – Não tinha me beijado ainda, nem me tocado direito, me chamando de Harry o tempo todo, eu não sei, só tive medo...
- Eu só queria te dar o tempo que você precisasse. – se justificou
- Hermione...eu não precisava de tempo, eu só precisava de você. – disse ainda sem voz – Eu fiquei um ano pensando em você, querendo estar ao seu lado, te tocar, te beijar, te dizer o quanto eu te amava e... – ele pausou - Merlin, como eu senti sua falta.
Ele a beijou novamente, deixando seus lábios somente colados por algum tempo. Sentindo seu coração doer com o contato, e ela estremecer.
- Eu também senti a sua, todos os dias, não teve um só instante em que não estive pensando em você. – disse ela se afastando – Amor eu jamais tive nada com nenhum outro homem além de você. Eu só pensava em você, eu vivia chorando por você, eu... sofri tanto achando que você estivesse morto.
Ele a abraçou e ela deitou no peito dele, enquanto ele acariciava seu cabelo.
- Eu quase enlouqueci Mione. – disse a apertando mais a si – Eu só resisti por você, porque eu sonhava em te ter assim novamente, nos meus braços, era só isso que me mantinha são.
Eles ficaram assim por um tempo, apenas ouvindo a respiração um do outro.
- Você está muito mais bonita do que eu me lembrava. – disse com cara de bobo – Seu cheiro também, ele é muito melhor do que minhas lembranças, o gosto da sua boca, seu toque...tudo em você é melhor do que a minha memória.
Ela sorriu.
- Estive pensando na mesma coisa. – admitiu ela se afastando para encará-lo – Em como minhas lembranças e meus sonhos eram...estúpidos, comparado a você de verdade. Merlin, e olha que era minha maior felicidade quando podia te ver nos meus sonhos.
Harry suspirou.
- Eu te amo. – disse ele por fim
Ela fechou os olhos deixando lágrimas caírem. Pôs as duas mãos na nuca dele e beijou-lhe os lábios com desespero.
- Como eu desejei ouvir isso ao menos mais uma vez. – disse feliz – Eu te amo Harry Potter, eu te amo.
Ele sorriu e voltou a deitá-la em seu peito, beijando-lhe a testa.
- Obrigado por me esperar. – agradeceu ele
- Obrigada por voltar. - retribuiu ela – Ah, e você fica bem charmoso de barba.
Os dois riram. Estavam felizes, completos e finalmente juntos.
**************
Harry deixou o quarto do hospital com um visível mau humor. Estava de cara emburrada ao lado de Hermione, batendo o pé no chão impaciente, enquanto ela fechava a ficha dele no St. Mungus.
- Quer parar com isso? – pediu a ele
- O que eu estou fazendo? – perguntou indignado
Ela olhou pra ele pacientemente.
- Amor, eu já disse, eles não puderam vim. – explicou pela milésima vez, tentando não rir – E depois eles sabiam que você sairia logo, não tinha necessidade de virem aqui.
Hermione se referia aos amigos. Harry ficara chateado, mesmo não dizendo, pelo fato deles não terem ido buscá-lo no hospital. Mal sabia ele que eles estavam lhe preparando uma surpresa.
- Eu sei, eu não ligo. – disse dando de ombros
Hermione riu, balançando a cabeça. Ele ainda era o mesmo de sempre, o ano solitário que ele passou parecia não tê-lo deixado sombrio, amargurado e distante como ela temeu que ficasse, ele ainda era o mesmo Harry divertido, teimoso e inseguro que amava, e isso a deixava radiante. Ele passou a tamborilar os dedos na bancada. Hermione pôs sua mão sobre a dele, impedindo-o de continuar e deixando-a ficar ali. Ele olhou pra ela e sorriu, rolando os olhos.
- Essa mulher está demorando. – ele resmungou
- Merlin, deixa de ser impaciente. – disse divertida observando as mãos dele – Como você machucou suas mãos desse jeito?
Ela olhou para ele e então Hermione viu o semblante dele se transformar, em um instante ele parecia sombrio, amargurado e distante. Ela se assustou de imediato e ele fez menção de retirar sua mão da dela, mas ela foi mais rápida, se recuperou e impedi-o de fazer, segurando firmemente a mão dele.
- Tudo bem se não quiser falar sobre isso agora. – disse tentando tranqüilizá-lo, mas ele parecia não ouvi-la – Harry...
Harry se virou para ela de repente, como se estivesse em outro lugar naqueles rápidos minutos, e ela não viu mais o semblante sombrio.
- Amor, não vamos falar disso agora, tudo bem? – disse Hermione novamente, levando a mão dele até os lábios e beijando-a – Me desculpe.
Ele lhe sorriu fracamente e a beijou rapidamente nos lábios.
- Tudo bem, não se preocupe. – disse já voltando a sorrir – Escuta, eu li a matéria do tal Kevin.
Ele tentava disfarçar o ciúme e Hermione mordeu o lábio inferior para não rir.
- Mesmo? – perguntou cínica – E o que você achou?
- Ele é bom. – disse simplesmente e ela deu um pequeno sorriso – Li o que você disse sobre Olívio.
O sorriso dela morreu, então era naquele ponto que ele queria chegar. Ele sempre tivera ciúmes de Olívio, desde o tempo de Hogwarts e era natural que sentisse agora, afinal ele ficara um ano desaparecido e Olívio tinha estado muito presente naquela última semana, juntando a isso o que Hermione dissera sobre Olívio a Kevin, e que havia sido publicado.
- E vi o jeito como se despediu dele ontem. – disse como quem não quer nada
- Amor,Olívio é só um amigo, eu já te disse isso a um ano atrás e nada mudou agora. – disse pacientemente – Nós acabamos de falar sobre isso no quarto, eu não tive mais ninguém além de você.
- Nem mesmo um beijo? – perguntou incerto, Hermione o olhou reprovando-o – Desculpe amor, mas é que eu morro de ciúmes! É inevitável!
Ela chegou mais perto dele, enlaçando-o pelo pescoço, passando os dedos pelo cabelo dele.
- Eu recebi sua carta. – contou e ele maneou a cabeça e abriu a boca, mas ela não o deixou falar. – Não, escute. Naquela carta você me mandava seguir em frente caso você não voltasse, me mandava achar outro cara e que talvez ele me fizesse sorrir mais do que você e sofrer menos, e que eu deveria me casar com ele, ter filhos e ser feliz ao lado dele. Não foi o que você disse? – ele balançou a cabeça contrariado – Eu juro que queria te matar quando terminei de ler aquela carta e até pensei em te deixar trancado lá...não ria, é sério. – o repreendeu e ele segurou o sorriso – Harry, ninguém pode me fazer rir mais do que você e nem me fazer sofrer mais caso um dia desapareça, eu não quero e nunca quis me casar com outro e muito menos ter filhos com ele, porque não existe possibilidade de eu ser feliz a não ser ao seu lado, porque você não foi só o primeiro que eu amei, mas é e sempre será o único.
Ele suspirou e colou sua testa a dela.
- Estamos entendidos senhor Potter? – perguntou divertida
- Estamos futura senhora Potter. – disse baixinho e ela o encarou – Eu vi que ainda usa o anel de noivado que te dei.
Ela retirou o braço direito do pescoço dele e olhou para o anel que brilhava em seu dedo.
- É um lindo anel. – ouviram alguém dizer
Eles se soltaram e sorriram pra mulher atrás do balcão.
- Obrigada. – agradeceu Hermione um pouco sem jeito
A mulher lhe sorriu e entregou um pedaço de pergaminho a ela.
- Foi por conta da casa. – disse sobre o olhar intrigado dos dois – É uma honra termos cuidado do nosso herói depois de tanto tempo achando que o tínhamos perdido.
- Mas... – começou Hermione
- Tenham um bom dia Srta. Granger. – cortou-a a mulher – E cuide bem dele.
Hermione balançou a cabeça.
- Obrigada. – disse se dando por vencida, fazendo Harry sorrir – E... eu vou cuidar.
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Eles aparataram do lado de dentro da casa, na entrada, de mãos dadas. Quando Harry se recuperou da viagem olhou ao redor, seus olhos brilhavam.
- Agora você está em casa. – disse Hermione
Ele suspirou e passou uma das mãos no cabelo.
- Isso é estranho, mas bom. – disse ele – Estar em casa...
Ela lhe sorri ternamente e começou a andar, puxando-o pela mão.
- Vem, quero te mostrar uma coisa. – disse marota
Ele estreitou os olhos, seguindo-a. Se sua memória não falhara quanto a casa também estavam indo em direção ao fundos, para o jardim. Ela parou a porta dos fundos e olhou para ele.
- Abra. – mandou
Ele sorriu sem entender nada, mas fez o que ela disse. Abriu a porta que dava para o jardim, o lugar preferido dele naquela casa, e levou um susto ao notar que ele estava cheio. Todas as pessoas no mundo que amava deviam estar ali. Antigos colegas de Hogwarts, integrantes da ordem, aurores. Todos reunidos a sua espera, sorrindo com a sua chegada. Faixas de “Bem vindo” estavam espalhadas por todo o jardim. Mônica correu até ele e o abraçou.
- Surpresa! – disse a ele se afastando – Você não achou que não tínhamos id te buscar por qualquer motivo, achou?
Ele sorriu e Mônica retribuiu, o puxou para o meio dos convidados e logo ele estava cumprimentado a todos, sendo abraçado, esmagado e beijado. Estava feliz, estava entre amigos e estava em casa.
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Pessoal este é o penúltimo cap.!!! Me desculpem a demora, mas escrevi e apaguei esse cap. centenas de vezes... Imaginava ele diferente, mas....
Capítulo quase todo Harry e Hermione, no próximo terá mais coisas e Harry contando tudinhoooo!!
A citação do início é da série One Tree Hill. Série que eu amo!
Obrigada a todos que tem acompnhado a fic, só não abandonei ela por causa de vocês!!!
O último cap vai sair mais rápido e então nos despedimos por enquanto!!
Mais uma coisa:
Estou com duas fics para serem postadas depois dessa, quero ajuda de você para decidir:
Fic n° 1: Harry Potter e os Sete Anéis 2 - Dezessete anos se passaram, nossos heróis cresceram, amadureceram e mudaram. O único problema é que os filhos também crescem e consequentemente se apaixonam. E o que fazer quando você começa a questionar se seus pais são mesmo os heróis que todos dizem ser? O que fazer quando o herói parece ter se tornado um vilão?
Fic n° 2: Simplesmente Complicado - Harry e Hermione se descobriram completamente apaixonados aos 17 anos de idade, e estavam dispostos a jogar tudo pro alto, até que a atual namorada de Harry aparece grávida. Agora, onze anos depois Harry está viúvo e com quatro filhos. E pra complicar ainda mais Hermione está voltando dos EUA depois de sete anos sem pisar na Inglaterra.
Comentários (1)
EMBORA COM PENA DO OLIVIO ADOREI O CAPITULO,MAS REALMENTE AINDA ESTA DEVENDO A VERSÃO DELE AFINAL NÃO DEVE TER SIDO FACIL SEGURAR TUDO SOZINHO E SABER COMO ELE SE LIVROU DO LORD.PREFIRO A PRIMEIRA FIC.
2011-03-18