Único



Explicações

* * * * *
A Toca continuava tão segura quanto fora no verão anterior. Os feitiços de proteção que resguardavam a casa ainda estavam funcionando e o pessoal da Ordem resolveu invocar mais alguns, só por precaução. Mas a proteção não impedia a agitação da família Weasley. O casamento de Gui e Fleur estava se aproximando e todos estavam absolutamente agitadíssimos, especialmente a sra.Weasley. Ela andava nervosíssima, e xingava qualquer um que a tirasse de seus momentos de concentração. Era comum vê-la ralhando com quem a atrapalhava enquanto estava cuidando das coisas para o casamento. Gui e Fleur estavam felizes e ansiosos. As feias cicatrizes no rosto de Gui, resultado do ataque de Fenrir Greyback, ainda não tinham saído, mas Fleur realmente não se importava nem um pouco.
Gina era outra que andava nervosa. Vivia reclamando de Fleur. Ron estava odiando aquela movimentação toda, e Fred e Jorge pareciam que eram os únicos que estavam achando a coisa toda muito engraçada.
“Eu já lhes disse!” ralhava a sra.Weasley, quando os gêmeos entraram na cozinha e interromperam uma conversa entre a sra.Weasley, Fleur e Gina sobre os vestidos das damas de honra. “Isso é completamente indelicado, Fred, Jorge, o que eu lhes ensinei? PAREM de aparatar nos lugares de repente, quase nos mataram de susto! Não interrompam a conversa dos outros!”
“Pois eu achei muito bom,” disse Gina, respirando de alívio e se mandando da cozinha enquanto podia. “Já estávamos quase acabando mesmo...”
“Volte aqui agora mesmo, Gina Wesley!” falou a sra.Weasley, em um tom perigosamente calmo. “Não quer falar sobre seu vestido? Venha aqui agora, não terminamos nossas combinações!”
Gina praguejou, virou-se, passou por Fred e Jorge e disse “Valeu a tentativa, garotos...”
“Sempre que precisar, irmãzinha.” Sussurraram eles, e desaparataram para o quarto.
Enquanto isso, Ron, deitado na sua cama, escutava a mãe gritar para Gina, agora “COMO ASSIM NÃO QUER USAR UM VESTIDO DOURADO???”
Ele suspirou. Não agüentava mais essa atmosfera de nervosismo. Era o primeiro casamento na família desde que Carlinhos e Gui haviam nascido, ok, mas não era motivo pra tanto fuzuê! Por que eles não podiam organizar as coisas com calma?
Ele estava sentindo falta de Harry e de Hermione. Tinha que mandar uma carta combinando certo o dia em que eles viriam para a Toca, para o casamento. Ron esperava que não demorasse mais muito, ele tinha a sensação de que se ficasse naquela casa por mais alguns dias ouvindo Gina reclamar, Fleur falar que nem uma condenada, os gêmeos rirem e a sua mãe gritar, ele iria enlouquecer. Ele precisava de Harry e de Hermione.
* * * * *
Hermione estava em seu quarto, arrumando suas coisas em seu armário. Faziam três semanas que eles haviam deixado Hogwarts. Ela sentiu um aperto no coração, ao ver que tinha sido a última vez que estiveram lá. O nó aumentou quando lembrou-se de Dumbledore. E aumentou mais ainda quando pensou no que tinha dito a Ron, e no que havia ocorrido no funeral, entre eles.

*Flashback*
“Hermione...” começou Ron, de um jeito que fê-la saber o que ele queria dizer. Hermione sentiu ao mesmo tempo nervosismo, empolgação e medo. E se ele dissesse... e se ele dissesse o que ela queria escutar? O que ela faria? Não. Muita coisa iria acontecer. Muita coisa JÁ ESTAVA acontecendo. Teriam de adiar esta conversa para mais tarde. Um mais tarde não tão demorado, ela esperava. Não seria.
“Ron,” interrompeu Hermione, então. “Eu... eu sei que há... eu sei que há muito para conversar... sei... s-sei que há muita coisa pra se d-dizer, mas eu... eu não... eu não posso agora. Nós não podemos. Não agora.”
Ron sentiu seu coração bater ainda mais forte. Ele a encarou. Ela sabia. Ela sabia.
“Eu sei.” disse ele. “Não agora.” Ele a olhou profundamente. Hermione corou. Ron acariciou a bochecha dela com o polegar e então sorriu um pouco com o canto da boca. Hermione soltou um suspiro e sorriu fracamente de volta.

*Fim do flashback*

Hermione respirou fundo, o nó em sua garganta agora quase insuportável. Ela nunca havia dito nada mais abertamente para ele do que aquilo. Mas era preciso. E ela sabia que estava chegando a hora de conversar. Conversar sobre ELES. Ela queria, mas ao mesmo tempo, tinha medo; a idéia de finalmente esclarecer tudo entre eles era maravilhosa, mas também aterrorizante. Ela queria ouvir dele. Queria ouvir tudo o que ele tinha a dizer e não disse. Ela queria falar tudo o que tinha trancado na garganta há tantos anos.
Seus devaneios foram interrompidos pela porta de seu quarto abrindo. Era sua mãe, trazendo-lhe uma xícara de chá.
“Hermione, você está bem?” perguntou a sra.Granger, vendo que a filha pulara ao ver a porta se abrir.
“Sim, estou. Apenas me assustei.” respondeu Hermione.
“O que estava fazendo?” indagou a sra.Granger, ao pousar a bandeja na escrivaninha da filha.
“Só... pensando.” disse Hermione.
“Em seus amigos?”
“É.”
“Está com saudade deles, não está? E faz só três semanas...” observou a sra.Granger. “Você tem estado muito abatida, querida.”
“Tem como não estar?” falou Hermione. A sra.Granger ficou quieta. Hermione havia contado aos pais o que havia acontecido com Harry, Horcruxes, Voldemort e Dumbledore. Claro, por mais que Hermione explicasse, eles não entenderiam a magnitude, não entenderiam o que a morte de Dumbledore significava. Por um lado, até que era bom, porque se entendessem, talvez não deixariam Hermione sair de casa novamente. “De qualquer maneira, só estava pensando em Harry e Ron, e quando vou vê-los novamente.” Era mais simples dizer isto.
“Mas não há o casamento daquele garoto Weasley, o Gui? Certamente você os verá, então.” Falou a sra.Granger.
“Sim, mas tenho de esperar uma coruja de Ron, para ele avisar o dia certinho.”
“Ainda bem que já compramos seu vestido.”
Hermione olhou para dentro de seu armário e viu o vestido social que haviam comprado numa loja trouxa, dias antes. Era azul-prateado, longo, com um decote respeitável, de ombros de fora. Era muito bonito, e Hermione sentia-se boba cada vez que imaginava a reação de Ron ao vê-la no vestido.
Ela queria escrever a Ron e perguntar quando ela poderia ir para a Toca.
Hermione se levantou dizendo “Sabe do quê? Vou escrever a Ron, para perguntar quando posso ir para a Toca.” Ela mesmo havia colocado a mão num pedaço de pergaminho quando se deu conta de que não tinha coruja. Ela sentou-se de novo. “Ah. Droga. Sem coruja, não tem carta.”
A sra.Weasley sorriu de leve. “Era o que eu ia dizer. Mas não se preocupe, querida. Tenho certeza que logo Ron vai escrever.” Mal dissera isto e uma coruja minúscula entrou disparada pela janela.
“Píchi!” exclamou Hermione, pegando a corujinha.
“Viu?” disse a sra.Granger. “Leve a bandeja para baixo quando acabar o chá, querida.” E ela saiu, deixando Hermione com a coruja minúscula, que piava empolgada. Empolgada era pouco, Hermione pensou. A corujinha possivelmente pulava quando Hermione tirou a carta da perna dela e a desamarrou, com o coração batendo rápido. Ela abriu a carta.

“Oi, Hermione! É Ron.
Desculpe não escrever antes, mas essa droga de coruja esteve ocupada, andando pra lá e pra cá com comunicações e convites de casamento.


Hermione olhou para o lado, para o convite que recebera há dois dias. Sorriu de leve.

Como você está? Por aqui, estão todos agitadíssimos. É sério, todo mundo enlouqueceu aqui. Mamãe anda pra lá e pra cá combinando coisas para o casamento. Gina vive reclamando de Fleur. Gui está nervoso, Fleur não pára de falar por um segundo, Fred e Jorge acham tudo engraçado e eu estou de saco cheio. Até Píchi está agitada, como você provavelmente pôde notar.

Hermione lançou um olhar para a corujinha, que agora saltitava de um lado pro outro na cama dela, completamente irrequieta. Ela teve que rir.

Estão todos doidos com esse casamento. E eu estou ficando doido também. Você tem que vir pra cá. Logo. Agora, se puder. Assim que receber a carta, arrume suas coisas, sua roupa do casamento e venha pra cá. O casamento vai ser daqui a três dias, mas você pode vir antes. Sei que pode aparatar agora, então venha direto. Você TEM que vir aqui comigo, está me escutando? Se eu ficar mais dois dias nesta casa com todas essas pessoas doidas, eu vou enlouquecer. É sério. Preciso de você aqui. E de Harry, claro.

Por alguma razão, Hermione corou.

Mande Píchi de volta e me deixe saber quando você vem, ok? E pelo amor de Merlin, não demore. Se eu enlouquecer, a culpa será sua, lembre-se disso.
Te vejo logo, espero.
Até mais,
Ron


Hermione fechou a carta, feliz. Ela pegou o pedaço de pergaminho e respondeu a Ron, dizendo que iria para lá assim que arrumasse suas coisas. Ela amarrou - com uma certa dificuldade - a resposta na perna de uma agitada Píchi e a coruja disparou pela janela, tão rapidamente quanto havia chegado.
Hermione tomou o chá e desceu com a bandeja. Encontrou seu pai e sua mãe conversando na cozinha.
“Então?” perguntou a sra.Granger. “Ron lhe disse quando pode ir para lá?”
“Sim, ele falou que eu posso arrumar minhas coisas e ir pra lá direto, agora que posso aparatar.” Respondeu Hermione, mal conseguindo disfarçar sua empolgação.
“Hmm,” falou o sr.Granger, tomando um gole do seu chá, fingindo severidade. “Vai ir quando, então?”
“Só vou pegar minhas coisas e vou para lá. Posso ir, não posso?” acrescentou ela, nervosamente.
“Claro que pode,” falou o sr.Granger, rindo um pouco. “Mas tome cuidado, Hermione.”
“Eu tomarei.” E a garota subiu as escadas correndo e arrumou as coisas. Ela desceu, vinte minutos depois, com uma mala de tamanho médio.
“Vou ir agora então, papai, mamãe...” disse ela. A sra.Granger abraçou a filha.
“Tenha uma ótima festa, Hermione. Mande um abraço a Harry e Ron por mim.”
“Eu mandarei.”
“E mande um abraço para o sr. e a sra.Weasley por nós.”
“Ok.” Hermione abraçou o pai e a mãe e segurou sua mala, tirando a varinha do bolso.
Destino, Determinação e Deliberação!, pensou Hermione. Ela pensou com todas as suas forças na sala de estar dos Weasley.
* * * * *
A sra.Weasley estava arrumando as almofadas do sofá quando ouviu um “POP” alto atrás de si. Ela se virou, zangada.
“Fred e Jorge, eu já DISSE para vocês NUNCA MAIS---” Mas parou no meio da frase quando viu Hermione parada ali, segurando sua mala, a encarando um anto assustada. “Ah, Hermione, querida, me desculpe. Achei que fossem Fred e Jorge, entende... ficam aparatando do meio do nada, nos assustando até a alma...” A sra.Weasley a abraçou carinhosamente. “Como você está?”
“Bem, sra.Weasley, obrigada.”
“Passou no teste de aparatação, então?” falou a sra.Weasley, parecendo orgulhosa.
“Aham,” disse Hermione, um tanto sem graça.
“Ah, querida, que bom para você! Ron não passou, não é...?”
“Ah, faltou pouco... foi bem injusto, ele só deixou metade de uma sobrancelha para trás...” defendeu Hermione, desconcertada. Foi quando ela viu um ruivo alto entrar pela porta da sala.
“Ah, Hermione!” falou Ron, indo até ela. “Finalmente, uma pessoa sã nesta casa!” Ele parecia um tanto aliviado.
“Ronald Weasley, pare já com isto.” Censurou a sra.Weasley. Ouviram um barulho de panelas na cozinha. A sra.Weasley gritou “FRED! JORGE!” e foi correndo até a cozinha. Ouviram-na gritar “VEJAM SÓ QUE BAGUNÇA FIZERAM NESSAS PANELAS! EU NÃO POSSO NEM VIRAR AS COSTAS QUE---”
“Eu disse que ela estava neurótica.” disse Ron, sacudindo a cabeça. Ele encarou Hermione. “Vem, eu levo o seu malão lá pra cima.” Ron pegou a varinha e fez um feitiço de levitação, levando o malão de Hermione até o quarto de Gina. Ela não estava lá.
“Aonde está Gina?” perguntou Hermione.
“Provavelmente nos jardins, falando com Fleur sobre os detalhes da festa.” Respondeu Ron. “Fique quieta por um minuto, talvez você possa até ouvi-la...” Os dois ficaram em silêncio. Então ouviram a inconfundível voz de Gina gritar “Fleur, eu já lhe disse que não vou usar aquele vestido dourado cheio de babadinhos!!!”
Ron suspirou. “Tem sido uma confusão, esses vestidos.” Ele sentou na cama da irmã, parecendo cansado.
“É tão ruim assim?” indagou Hermione, pensando no seu próprio.
“Não. É bem bonitinho, até. Acho que vai ficar bem em Gabrielle, mas ela é relativamente pequena, o vestido é bem infantil. Dá pra entender o ponto de Gina.” Ele fez uma pausa, encarando Hermione. “Então? Como tem sido seu verão?”
“A mesma coisa de sempre.” Respondeu Hermione. “Eu estava esperando a sua carta. É muito chato ficar sozinha, sabe, sem você, sem Harry e sem Gina. Tudo o que eu podia pensar era sobre o... Dumbledore, e... e os Horcruxes, e... e o funeral...” Os dois se encararam brevemente. A lembrança da conversa deles no funeral veio na cabeça de ambos.
“É. Eu também.” Disse Ron, encarando Hermione nos olhos. Ela corou ligeiramente.
“Então,” fez ela, mudando de assunto. “Tem tido notícias de Harry? Escrevi a ele esses dias, mas ele não respondeu ainda.”
“Ele me escreveu sim, ontem. Parece que ele vai vir depois de amanhã, no dia anterior ao casamento.” respondeu Ron.
“Ah.”
Um silêncio se abateu entre os dois. Ficaram se encarando. O silêncio foi quebrado por Gina, que entrou bufando, e se surpreendeu ao vê-los.
“Ron? O que está fazendo aqui? Hermione!” ela exclamou ao ver a garota. “É bom te ver!” Gina abraçou a amiga.
“Tudo bem, Gina?” perguntou Hermione.
“Tirando o fato de Fleur querer que eu use um vestido ridicularmente infantil, está tudo bem sim.” Hermione deu de ombros.
“Ora, vamos não pode ser tão ruim...”
Mas Gina foi até o armário e tirou de lá um vestido dourado. Seria bem bonito se não tivesse aqueles babadinhos.
“Bem...” fez Hermione.
“Ah, Gina, deixe de ser implicante,” falou Ron. “Fleur só quer que você e Gabrielle usem a mesma roupa, afinal, as duas são damas de honra!”
“Ah, Ron, cala a boca, você não cansa de defendê-la, cansa?”
“Só quis dizer que o vestido não é tão ruim! Você concorda comigo, não concorda, Hermione?”
Hermione, que amarrara a cara para ele quando Ron defendera Fleur, disse “Gina está certa, o vestido é infantil.”
Gina sorriu vitoriosa e Ron suspirou, saindo do quarto, murmurando algo como “E eu que achei que eu ia ter alguém são para conversar...”
Gina riu e encarou o vestido.
“Sabe,” começou a ruiva. “Ele seria bem bonito se não tivesse esses babados e topes.”
Hermione concordou. “Verdade.”
“Conheço um feitiço de corte maravilhoso.” Falou Gina, como quem não quer nada. Hermione encarou a amiga, com um meio sorriso.
“Fleur ficaria furiosa.” disse Hermione. As duas sorriram uma para a outra e puxaram as varinhas.
* * * * *
Ron estava parado irrequieto na frente da igreja, aparentemente trouxa, em que seria realizado o casamento de Gui e Fleur. Por alguma razão, Fleur queria que os convidados usassem roupas sociais trouxas, não bruxas. Aparentemente, ela achava que “serria mais elegant’ ”. Ron não gostara da idéia. Ele enfiou o dedo para dentro da camisa, para afrouxar a gravata um pouco.
“Esse troço incomoda,” reclamou o ruivo.
“Você se acostuma,” respondeu Harry, que estava ao lado do amigo, contemplando o horizonte. Harry havia chegado no dia anterior, e, felizmente, já tinha experiências com ternos e gravatas. Mesmo assim, a sra.Weasley insistira em fazer o nó da gravata de todos os filhos, ficassem direitinho.
“Aonde será que Hermione está?” indagou Ron, curioso, olhando ao redor. Tinham chegado ali faziam dez minutos, e Hermione dissera que iria se encontrar com eles logo.
Quando o amigo fez a pergunta a ele, Harry lembrou-se repentinamente do Baile de Inverno no quarto ano deles em Hogwarts, aonde Ron perguntava a cada cinco minutos aonde Hermione estava. Harry, em respeito aos sentimentos do amigo, reprimiu uma risada.
“Não tenho idéia,” respondeu Harry. “Mas ela não deve demorar. Faltam...” ele checou o relógio. “... vinte minutos para o casamento começar.”
“É. Mas casamento sempre atrasa,” disse Ron.
“E pela demora de Hermione, até parece que a noiva é ela.” comentou Harry, como quem não quer nada. Ron murmurou alguma coisa inaudível e então ficou em silêncio. Harry reprimiu uma segunda risada.
Apesar de tudo o que estava acontecendo no mundo bruxo, ele sentia que esta noite seria uma noite para ele se distrair. Ele tinha a vaga impressão de que seria raro ter outra oportunidade de entretenimento.
Então os dois amigos avistaram alguém aparatando a alguns metros deles. Esse alguém estava com os cabelos presos em um coque, com delicados fios cacheados soltos caindo pelo rosto e ombros e um lindo vestido azul-prateado, com um decote que Harry achou decente, mas teve a certeza de que Ron não agiria como se fosse tão decente assim. De fato. Quando viu que era Hermione, Ron ficou de boca aberta e engasgou. Enquanto ela se aproximava deles, Ron encarava a garota parecendo absolutamente encantado.
“Oi, Harry... Ron... Desculpem a demora,” disse Hermione. Ela examinou os dois amigos. “Vocês estão uma graça de smoking!” Ela riu.
“Bonito vestido, Hermione,” falou Harry. Hermione sorriu para o amigo, num gesto de agradecimento. Ela olhou para Ron, que ainda encarava-a como se ela fosse de outro mundo.
Harry cutucou o amigo. Ron se sacudiu. Ele abriu a boca e então a fechou, e abriu de novo e a fechou novamente. Harry, dando a desculpa de que iria verificar com a sra.Weasley se todos os convidados haviam chegado, se mandou dali, entrando na igreja e deixando os dois sozinhos.
Ron continuava a abrir e fechar a boca, como um peixe fora d’água. Hermione indagou, com um leve tom avermelhado nas bochechas “R-Ron? Você está ok?” Ele não respondeu, ainda a encarando. “Ron?”
“Nunca estive melhor,” respondeu o amigo, sacudindo a cabeça. Ele a lançou mais um olhar deslumbrado. “Você... você está... você está simplesmente... uau...” Fez Ron, num tom de voz baixíssimo. Entretanto, Hermione o escutou muito bem, e ela ficou escarlate.
“Ah, eu... obrigada.” Agradeceu ela, envergonhada. “Você também.” Ron corou também. Os dois ficaram se encarando.
Então dois “POP’s” quebraram o clima. Fred e Jorge aparataram ao lado deles.
“O que as duas criaturas estão fazendo por aqui?” indagou Jorge.
“É isso mesmo! Há um casamento para se celebrado lá dentro!” completou Fred. Os dois agarraram Ron e Hermione pelos braços e os arrastaram para dentro da igreja. Lá, os dois se desvencilharam, riram um pouco e foram procurar Harry, que estava sentado num dos primeiros bancos. Sentaram-se ao lado dele.
Apesar da igreja ser trouxa por fora, podia-se facilmente perceber que era um casamento bruxo. Purpurina caía do teto saída do nada, e o teto era encantado como o de Hogwarts, para parecer o céu lá fora. Estava uma noite linda. Velas pairavam pelo ar e enfeites de flores também, intercalados com as velas. Realmente, a decoração estava linda. Os três avistaram Gui no altar, parecendo absolutamente nervoso.
“Por que é que noivos sempre ficam nervosos?” indagou Ron, filosoficamente. “Sério, do que eles tem medo? De que a noiva vá abandoná-los no altar?”
“Não sei,” falou Harry. “Quando você se casar pode responder essa pergunta.”
Hermione mexeu-se incomodamente ao lado de Ron. Ele percebeu, e lançou um olhar de esguelha para ela. Harry reprimiu mais uma risada, do outro lado de Ron. Ele estava terrível, hoje.
Então ouviram a famosa música que anunciava a entrada da noiva. Só que não era tocada por um piano. Era tocada por um grupo de fantasmas de aparência muito simpática, que estavam agrupados no canto esquerdo da igreja. Todos se levantaram e se viraram para a porta, por onde duas garotas entraram. Uma loira, num vestido dourado cheio de babadinhos e topes, era obviamente a irmã de Fleur, Gabrielle. Ela entrou primeiro, e acenou para o pai e para a mãe, que estavam nos bancos da frente, ao lado do sr. e da sra.Weasley. A sra.Delacour já chorava.
“Outra pergunta,” falou Ron, baixinho. “Por que mães sempre choram em casamentos?”
Mas Harry nem escutou esta, porque ele havia visto a segunda dama de honra. Graciosamente, ela caminhava pelo corredor central, num vestido dourado, como o de Gabrielle, porém sem os topes e os babados que a incomodavam antes. Diferente do mau-humor em que ela se encontrava nos últimos dias, ela sorria. O dourado do vestido contrastava lindamente com o ruivo dos cabelos dela, e quem engasgou desta vez e ficou como um peixe fora d’água foi Harry. Ron cutucou o amigo, e falou “Harry, fecha a boca, senão entra mosca.”
Hermione cutucou Ron, censurando-o. Quando Gina passou, ela sorriu para Hermione e Ron, e seu olhar se demorou em Harry. Ela então passou, e parou ao lado de Gabrielle, no altar.
Então Fleur entrou. Ela estava linda em seu vestido de noiva, e sorria para todos radiante. Hermione amarrou a cara ao lado de Ron, já imaginando que ele teria mais um dos ataques de “boca caída”, mas o interessante foi que ele não teve. Ron apenas olhou para ela e sorriu. Hermione sorriu de volta, surpresa.
Fleur foi até o altar e Gui a encarou, absolutamente deslumbrado.
O padre - que na verdade era o Prof.Lupin - começou o discurso formal de início de casamentos.
À altura da parte do “Gui Weasley, você aceita Fleur Delacour como sua legítima esposa”, a sra.Weasley e a sra.Delacour estavam se debulhando em lágrimas. Gui disse sim, e Fleur também, quando a pergunta foi dirigida a ela.
“Então, pelo poder temporariamente a mim concedido, eu vos declaro marido e mulher.” disse Lupin.
“É realmente muito estranho escutar isso de um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas” comentou Ron, baixinho. Harry riu.
“Pode beijar a noiva.” Continuou Lupin. Gui segurou a cintura de Fleur e a beijou apaixonadamente. Pela segunda vez naquela noite, Ron sentiu Hermione se mexer incomodamente ao seu lado. Ele a encarou. Hermione o olhou também, em seguida corou de leve e olhou para baixo. Ron desviou o olhar dela. Se ele continuasse a encará-la, faria alguma bobagem. Como beijá-la. Exceto que beijá-la NÃO ERA uma bobagem. Ron sacudiu a cabeça para afastar os pensamentos, e quando o fez, viu que todos estavam se levantando, e Lupin dizia “Os convidados, por favor, dirijam-se ao salão de festas aqui ao lado da igreja. A janta será servida lá.
Os três se levantaram ao mesmo tempo e caminharam para o salão, que estava tão lindamente decorado quanto a igreja. Era um lugar grande, e haviam várias mesas redondas, com toalhas combinando com a cor dos arranjos flutuando encima das mesas. Havia também um palco e as mesas circundavam uma pista de dança grande. Os convidados se dirigiram às mesas que continham seus nomes. A mesa de Harry, Ron e Hermione era próxima ao palco. Logo que se sentaram, Gina juntou-se à eles. Sentando-se ao lado de Harry, ela pareceu cansada.
“Estou morta de fome. Espero que não demorem com a comida.”
Hermione riu. “Você parece Ron,” ela disse.
“Ei!” protestou o ruivo. Harry sorriu. Mas o pedido de Gina foi atendido. Assim que todos estavam acomodados, bandejas com vários tipos de comida apareceram nas mesas. Desde tortas de carne até o bouilabaisse. Os quatro se serviram de tudo o que puderam.
Após a janta, os noivos se dirigiram até o enorme bolo, que estava numa mesa próxima. Os dois cortaram-no juntos e serviram-se, voltando para sua mesa. Ron, Hermione, Harry e Gina foram pegar um pedaço também. Enquanto cortava a sua parte, Hermione olhou o lindo bolo.
“Dá até pena de comer...” disse ela.
“Hmmm...” fez Ron, mastigando. “Coma um pedaço e você vai mudar de idéia.” Hermione revirou os olhos.
Após a sobrimesa, uma pequena pausa foi tomada, onde os convidados apenas conversaram. Harry estava lutando com todas as suas forças para não ficar encarando Gina. Ele olhou para a mesa central, onde os noivos conversavam com seus pais. Os fantasmas da igreja subiram ao palco e começaram a tocar uma valsa. Gui se levantou, e ofereceu a mão para a primeira dança com sua esposa. Fleur se levantou também, sorrindo radiante. Os dois dançaram abraçados, parecendo extremamente felizes. Harry se perguntou se seria possível ele se sentir assim também novamente. Talvez um dia.
Sacudindo os pensamentos deprimentes, Harry lembrou-se de que havia prometido a si mesmo se divertir naquela noite, e quando vários outros casais ergueram-se para dançar também ele se levantou. Não havia nada demais em dançar, havia? Harry ofereceu a mão a Gina, sorrindo. A ruiva sorriu e segurou a mão dele, levantando-se. Harry sentiu um súbito choque quando ela tocou a mão dele. Dirigiram-se à pista de dança. Enquanto iam, deram de cara com Lupin e Tonks, que estavam de mãos dadas. Tonks estava realmente diferente, com um vestido bordô muito bonito, de costas de fora. Havia feito o cabelo crescer também. Estava quase irreconhecível.
“E aí, beleza, Harry?” cumprimentou ela. Visto que ela estava em roupas sociais, e o cumprimentava da maneira descolada de sempre, Harry achou divertido. Ele riu, e cumprimentou Tonks e Lupin. Lupin piscou para Harry e conduziu Tonks, para dançar.
* * * * *
Ron e Hermione sentados em sua mesa observavam Harry e Gina dançarem.
“Será que eles vão se acertar?” perguntou Ron subitamente. Hermione se supreendeu com a pergunta.
“Não sei,” respondeu ela. “Acho que um dia vão, mas não agora. Harry não quer que ela corra perigo, não quer que Voldemort a use como isca. Foi por isso que ele terminou com ela.”
Ron sacudiu a cabeça.
“Harry, Harry... sempre heróico... Deve ter doído nele.” Disse ele.
“É. Nunca o vi tão feliz quanto nos dias em que estava com Gina.”
“Nem eu.”
Os dois ficaram em silêncio por algum tempo. Hermione lançou um olhar de esguelha para Ron. Ele mordia o próprio lábio, como se estivesse tomando coragem para fazer alguma coisa.
A valsa ainda tocava. Hermione se assustou quando, de supetão, Ron levantou-se e estendeu a mão para ela. Encarando-a fundo nos olhos, ele perguntou “Dança comigo?”
Hermione sorriu, e segurou a mão dele, levantando-se e deixando-se conduzir por Ron até a pista de dança. Ron parou de frente para ela, ao chegar lá. Hermione sentiu arrepios quando a mão esquerda de Ron segurava suas costas. A direita dele alcançou a mão esquerda dela, enquanto Hermione colocava sua direita no ombro dele. E dançaram. Hermione perguntou-se como ele sabia o que fazer, já que no último baile ele não dançara.
Como se lesse os pensamentos dela, Ron falou “Mamãe fez a gente aprender a dançar quando éramos pequenos.” Ele fez uma careta. “Velhos tempos. Pelo menos eu pude dançar com Gina. Carlinhos teve que dançar com Gui e Fred teve que dançar com Jorge.” Hermione riu, ao pensamento dos gêmeos dançando uma valsa juntos. Ron riu também. “Realmente, foi bem engraçado.”
“E Percy dançou com quem?” perguntou Hermione, sem pensar. Ao ouvir a palavra Percy, o rosto de Ron se fechou. “Ah... eu... desculpe...”
“Não, está tudo bem.” Falou Ron.
“Ele.. ele ainda não está falando com vocês?”
“Não.” Respondeu Ron. “O idiota, francamente... mesmo depois do Ministério ter assumido que Você-Sabe-Quem voltou, ele continua a agir como um imbecil.” Ron sacudiu a cabeça. “Mas não. Não vou deixar isso me fazer ficar bravo de novo. Simplesmente não vale a pena.”
Hermione assentiu. Os dois ficaram em silêncio por um momento, evitando se olhar. A proximidade entre eles provocava arrepios em ambos. Então a valsa parou. E o grupo de fantasmas começou a tocar, enquanto uma fantasma rechonchuda cantava. Era uma música BEM lenta.
Ron encarou Hermione. Ela deu uma risadinha nervosa, mas parou em seguida ao ver a intensidade no olhar de Ron. Ele se aproximou dela, e a segurou pela cintura, enquanto ela o abraçava pelos ombros e descansava a cabeça no peito dele. Os dois moveram-se lentamente de um lado para o outro, pelo ritmo da música. Hermione sentiu o rosto queimar quando entendeu a letra.

If I had to live my life without you near me
The days would all be empty
The nights would seem so long
With you I see forever, oh so clearly
I might have been in love before
But never felt this strong


Ron corou também ao ouvir a letra da música. Ele descansou a cabeça no topo da cabeça dela e suspirou.

Our dreams are young and we both know,
they’ll take us were we want to go
Hold me now, touch me now
I don’t want to live without you


Viver sem ela… realmente, ele não queria. Ron se perguntou se já era a hora de conversarem. Sobre tudo. Sobre eles.

Nothing’s gonna change my love for you
You ought to know by now how much I love you
One thing you can be sure of
I’ll never ask for more than your love
Nothing’s gonna change my love for you
You ought to know by now how much I love you
The world may change my whole life through
But nothing’s gonna change my love for you


Hermione fechou os olhos, sentindo-se confortada nos braços de Ron. Por um segundo, esqueceu-se dos problemas do mundo, e concentrou-se apenas em ficar ali, dançando com ele. Ron se afastou um pouco para olhar para ela.

If the road ahead is not so easy
Our love will lead a way for us
Like a guiding star
I’ll be there for you if you should need me
You don’t have to change a thing
I love you just the way you are


“Hermione?” fez Ron, rouco.
Ela o encarou. Não. Desta vez não tinha escapatória. Teriam que conversar. Tinham que conversar.

So come with me and share the view,
I’ll help you see forever too
Hold me now, touch me now
I don’t want to live without you


Hermione, com o coração saindo pela boca, apenas conseguiu falar “Aqui não...”
Ron assentiu e pegou-a pela mão, arrastando-a discretamente para fora do salão, olhando em volta.
A noite estava bonita, e sair do meio da multidão e da conversa era um alívio. Ron a encarou.
“Então…” fez ele.
“É.” disse ela. Os dois riram um pouco, desconcertados.
“Hermione, escuta...” começou Ron. Hermione sentiu seu coração subir até a boca. Ela olhou para baixo. “Nós... nós dois agimos como dois idiotas ano passado. Especialmente eu.” Hermione levantou a cabeça para encará-lo. “Fiquei com uma garota pensando e gostando de outra. E isso não foi nada legal. Nem para Lilá, nem para... nem para você.” O estômago de Hermione deu reviravoltas. Ron achou que a voz ia falhar, mas ele fez força e continuou. “Me desculpe, Hermione. Eu agi como uma besta completa. Eu nunca devia ter ficado com Lilá. Eu magoei você e a machuquei. Sei disso. Eu via isso nos seus olhos. Eu percebi especialmente quando você açulou aqueles passarinhos amarelos pra cima de mim.” Ron deu um leve sorriso.
“Desculpe por isso...” falou Hermione, sentindo-se um pouco culpada. “Eu estava apenas... eu só...”
“Eu sei.” disse Ron. “Eu também.” Hermione respirou fundo.
“Eu achava ridículo quando... quando você tinha ciúmes de... de Vítor Krum...” Ron pulou de leve e sentiu raiva tomar conta dele ao ouvir o nome. “Mas eu só percebi como era quando... quando eu via você com Lilá. Eu não podia suportar. Era terrível.”
“Eu sei. Como é que acha que eu me senti quando eu... quando eu soube que você...” A voz de Ron falhou. Quando ele falou, foi em uma voz muito baixa. “Você realmente beijou ele?” Hermione o encarou. Ele parecia profundamente magoado. Ela queria responder que não. Mas isso seria uma mentira. Então ela apenas olhou para baixo. “Hein? Responda. Você o beijou?”
“Beijei.” Falou Hermione. Ron soltou a mão dela abruptamente. Hermione sentiu estar à beira das lágrimas. “Mas não significou nada, Ron, realmente, e faz tanto tempo, eu nem me lembrava mais disso, e...”
Ron a encarou. “Continua a escrever para ele?”
Hermione revirou os olhos. “Pare com isso, Ron. Você não é a melhor pessoa pra me censurar por ter beijado alguém de quem eu não gostava, já que---”
“Não gostava?” perguntou Ron, rapidamente.
“Claro que não.” Respondeu Hermione.
“Então porque---”
“Olha, Ron. Foi uma besteira, tá legal?” Hermione estava começando a ficar um tanto irritada. “Mas você fez pior! Eu não tinha certeza que eu gostava de você, e eu estava chateada porque você não tinha me levado para o baile, e---”
“Bem, eu estava chateado também!” replicou Ron. “Eu e Gina tínhamos brigado, e ela me falou coisas terríveis! Tem uma língua afiada quando quer, aquela lá!”
“O que ela falou?”
“Falou que...” Ron abaixou o tom de voz. “Falou que... que Harry tinha beijado Cho, que... que você tinha... tinha beijado Krum, e que eu era o único que ainda agia como se fosse algo nojento, porque eu... porque eu tinha tanta experiência quanto um segundanista...” Ele olhou para baixo. Hermione suspirou. Gina realmente TINHA uma boca suja quando queria. “Então quando o jogo de Quadribol acabou, eu e você brigamos, lembra, e...e eu voltei pra sala comunal, bravo com você, bravo com Gina e louco de ciúmes porque você TINHA beijado o idiota do Krum... então... então..” Ele parou. Hermione olhou pra baixo também. Ron segurou as mãos dela novamente.
“Olha, não me orgulho do que fiz, e sei que você também não. Então tudo o que eu quero é enterrar isso tudo que aconteceu, e... e ficar com você.”
Hermione olhou para ele rapidamente, com o coração a mil.
“Quer mesmo?” perguntou ela. Ron revirou os olhos.
“Quer que eu prove?” indagou ele, meio exasperado, meio encantado.
“Quero.” desafiou Hermione. Ron sorriu.
Ele enlaçou-a pela cintura e trouxe para perto, aproximando seu rosto do dela. Os narizes deles se tocaram, e Hermione achou que ia desmaiar. Ron capturou os lábios dela com os seus, em um beijo apaixonado.
A mente de Hermione ficou branca enquanto Ron a beijava, e ela temporariamente se esqueceu de tudo exceto do fato de que ela e Ron estavam ali, presos em um beijo que ela queria que nunca terminasse.
Mas como tudo que é bom na vida eventualmente acaba, Ron e ela se separaram.
“E então?” fez Ron, baixinho, um pouco corado.
“Acho que você ainda não provou o suficiente.” disse Hermione, com um sorrisinho envergonhado. Ron riu um pouco. Ele pegou-a pela cintura e girou-a no ar, feliz, beijando-a novamente, em seguida. Ron interrompeu o beijo apenas para dizer uma coisa. Ele encostou sua testa na dela e sorriu. Ele sentia que ela sorria também.
“Eu amo você...” falou ele. Os olhos dela se encheram de lágrimas. Ela o encarou, maravilhada.
“Ama?” fez ela.
“Pelo amor de Deus, Hermione, o que mais você quer que eu prove?” disse Ron, num tom contente.
Hermione riu e atirou os braços em volta do pescoço de Ron, beijando-o novamente.
Eles ainda podiam ouvir a música...

Nothing’s gonna change my love for you
You ought to know by now how much I love you
One thing you can be sure of
I’ll never ask for more than your love
Nothing’s gonna change my love for you
You ought to know by now how much I love you
The world may change my whole life through
But nothing’s gonna change my love for you

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