Encontros e Desencontros

- Capítulo Quinze -

Encontros e Desencontros

- V-voldemort vai invadir Azkaban? - Harry gaguejou olhando para Dumbledore.

- Perdoe-me, Harry, mas não poderei ti responder muitas coisas - Dumbledore virou-se apressado chocando-se com a escrivaninha e deixando um jarro de vidro cair e estraçalhar-se no chão. Apontou a varinha para os restos do jarro e fez dois movimentos distintos fazendo com que o jarro imediatamente se reconstruísse e brilha-se azuladamente. O diretor abaixou-se e apanhou o jarro e, em um piscar de olhos, desapareceu no nada.

Harry nem se assustou com o repentino sumiço do diretor, estava muito preocupado para pensar nisso. Já tinha em mente o que deveria fazer, por isso virou-se com ligeireza, abriu a porta da sala de Dumbledore e desceu, pulando degraus, a escada circular. Passou pela gárgula de pedra e continuou sua corrida até parar em frente à Mulher Gorda:

- Verniz de Monsol - disse Harry, alvoroçado, adentrando no salão comunal. Procurou por Rony e Hermione, mas não os encontrou. Havia apenas alunos divertindo-se com logros e outros, ainda, sentados próximos à janela observando os terrenos de Hogwarts. Sem pensar rumou, com passos largos, até o dormitório. Apanhou a capa da invisibilidade, pôs o mapa do maroto no bolso e guardou em uma mochila seu bisbilhoscópio e o canivete de Sirius, mesmo estando com a ponta derretida. Virou-se e desceu as escadas velozmente e parou ao escutar alguém gritando:

- Não! Eu já disse que não. Não podem soltar fogos do Dr. Filibusteiro aqui! Jamais! - Hermione dizia para um grupo de quintanistas que tiravam caixas de fogos dos bolsos.

- Nem creme de canários? - tentou um garoto de cabelos loiros.

- Desde que seja usado em você pode! - disse Hermione com um olhar de desprezo.

- Mione! Vem cá! - Harry gritou para a garota.

Ela deixou logo o grupo de estudantes, que aproveitando que ela ficara de costas dispararam os fogos pelas janelas abertas, e veio até onde o garoto estava.

- Mione! Tenho que falar algo urgente com você! - e levou-a a duas poltronas vazias à um canto no salão onde ninguém se encontrava - Voldemort finalizou a Segunda Obra e acaba de iniciar a Terceira. E você sabe qual é? - perguntou Harry à garota que balançou a cabeça negativamente - Invasão à Azkaban! Pode ter certeza que ele vai libertar os comensais que estão presos. Precisamos fazer alguma coisa!

- E-espera. Precisamos fazer alguma coisa? Que é que você quer dizer com isso? Que eu, você e o Rony vamos sozinhos à Azkaban? - perguntou Hermione com um olhar que mostrava que ela não concordava nenhum um pouco com aquilo.

- Pensei em levar alguém da AD também! - respondeu Harry cinicamente.

- Q-quê? Você está ficando louco? E os dementadores? E-eles ainda estão lá, não estão? E... e se isso for apenas outra ilusão? Outra armadilha de Voldemort? - Hermione tentava, mas Harry sacudia a cabeça negativamente.

- Dumbledore concordou que era verdade! Eu vi quando eu estava... bom quando eu estava com a Gina. Eu vi Voldemort ordenando o início da Terceira Obra e Dumbledore sentiu-se realmente preocupado quando eu o avisei, tanto que ele já foi avisar à Ordem e ao Ministério. E quanto aos dementadores, não sei dizer. Lembro que o Draco me falou no final das aulas do quinto ano que eles abandonaram Azkaban, mas nem sei... Se eles tivessem mesmo fugido, o que Voldemort iria fazer em Azkaban?

- M-mesmo que eles não tenham fugido, o que iríamos poder fazer? - Hermione relutava, os olhos enchendo-se de lágrimas.

- Iremos ajudar a Ordem. A AD não foi um sonho, foi? - o garoto dizia enchendo o peito.

- Não sei! Estou com medo! - Hermione encolhia-se a um canto.

- Não tem do que ter medo! Você vai estar comigo! - respondeu o garoto encarando-a nos olhos. Ela baixou a cabeça observando os seus pés, então levantou o rosto, sorriu e falou:

- Por nossa amizade! - e pôs a mão sobre a mão de Harry.

- É! Por nossa amizade - e apertou a mão da garota.

- Como convocaremos a AD? - perguntou Hermione soltando aos poucos a mão do colega.

- Quem sabe aquelas moedas ainda sirvam! - disse ele baixando a cabeça para desviar de uma bolinha de chumbo que sobrevoava o salão.

- Está bem! Vou pegá-las no dormitório - dizia a garota levantando-se e desaparecendo ao adentrar no dormitório das garotas.

Voltou poucos instantes depois trazendo uma caixa de sapatos que fazia um pequeno barulho, que anunciava que a mesma não estava vazia.

- Tenho aqui as nossas três moedas! - dizia sorrindo e abrindo a caixa mostrando três galeões falsos; o de Harry, o de Hermione e o de Rony.

- Cadê o Rony? - perguntou o garoto apanhando um galeão e pondo na palma da mão.

- Nem sei! McGonagall veio chamá-lo a pouco tempo - respondia Hermione tomando o galeão de Harry e entregando-o um outro idêntico - Esse é o seu!

- Como que você sabe?

- No seu os números giram! - dizia ela apanhando o galeão do garoto e girando os números que ficavam em sua borda. Esses números eram usados para anunciar quando seriam as reuniões da AD. Quando o de Harry se alterava todos os outros galeões criados por Hermione esquentavam e ficavam iguais ao do garoto, anunciando assim o dia e hora da próxima reunião.

- Espera! Se você mudou a ordem dos números... Isso quer dizer que o de todo mundo se alterou também - disse ele em desespero!

- Não se preocupe. Quem ver o galeão agora saberá que a reunião Será daqui a vinte minutos! Vamos para a Sala Precisa - anunciou a garota levantando-se depressa e olhando para Harry.

- Você é mesmo um gênio! - e levantou-se seguindo a garota até o quadro da Mulher Gorda.

Mal tinham saído do Salão Comunal quando avistaram Rony correndo até eles:

- Vocês não acreditam! - disse ele quando chegou onde os garotos estavam - Você-Sabe-Quem está planejando uma nova Obra e tem algo haver com Azkaban! Ouvi a Profa. Minerva comentando com o Prof. Flitwick... Será que Dumbledore e papai já sabem?

- Nós já sabemos disse, Rony. - disse Hermione alisando o rosto do garoto, e Harry logo viu suas orelhas ficarem vermelhas como maçãs bem maduras - E Dumbledore e seu pai também. Harry teve uma visão e foi...

- Não é tempo de explicações - falou Harry com aspereza - Precisamos ir logo.

- Ir para onde? - perguntou Rony encarando os dois.

- Para Azkaban - respondeu Harry seriamente.

Rony pareceu murchar e em seu rosto se formou uma expressão de terror:

- M-m-mas lá têm os dementadores e todos os presos... E você-sabe-quem estará lá e...

- E os comensais também - continuou Harry olhando para o amigo -, por isso mesmo que estamos tão determinados a ir. E não só nós três. Provavelmente alguns integrantes da AD irão conosco!

- E o que poderíamos fazer? - tentou resistir o outro.

- Se todos pensassem como você, Rony, o mundo não existiria! - Harry finalizou a discussão e continuou o caminho até a Sala Precisa.

Rony seguiu-o sem mais alguma contradição e Hermione continuava calada, girando a varinha entre os dedos. A caminhada durou pouco e os três logo se encontravam no sétimo andar, em frente à tapeçaria de Barnabás, o Amalucado. Já sabiam o que tinham de fazer para a Sala Precisa se revelar; tinham de passar três vezes por aquele trecho de paredes. E assim fizeram, retornando quando chegavam a uma janela na parede e dando meia volta novamente quando chegaram a um enorme jarro que ficava do outro lado do corredor. Harry concentrou-se em pedir para encontrar a sede da Armada de Dumbledore que freqüentara no ano anterior, e não deu outra, segundos depois uma porta materializou-se onde era uma parede vazia e girando o trinco Harry adentrou naquele lugar.

Estava um pouco diferente de quando o vira da última vez. Encontrava-se suja e mal cuidada, sem falar em teias de aranha que pendiam do teto. Os livros estavam bagunçados nas estantes e cobertos por grossas camadas de poeira.

- Bem vindos a AD! - ironizou Rony sem prestar atenção em uma aranha que passava entre seus pés.

- Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom! - disse Harry tocando a varinha no mapa do maroto fazendo com que ele mostrasse os terrenos de Hogwarts. Pelo que vira ainda não havia nenhum aluno nos corredores e quem mais próximo estava da Sala Precisa era o Prof. Binns, que parecia estar meio perdido, pois o pontinho que o representava no mapa movia-se de um lado para o outro.

- Será mesmo que alguém vai vim? - Hermione perguntou enquanto apanhava um livro em uma das estantes.

- Não sei! Será que essas moedas ainda funcionam? - perguntou Harry À garota que dava um toque de varinha no livro que se limpou instantaneamente.

- Creio que sim! Acho que ninguém usou um contra-feitiço! - dizia Hermione, um tanto despreocupada, folheando o livro.

- A-aqui - a voz de Rony falhava - têm a..a..aranhas! - e em um ato mal pensado, bateu o cotovelo em uma das estantes de livros, que rangeu e, desequilibrando, balançou de um lado para o outro e caiu, finalmente, em cima do ruivo.

- Rony! - Hermione gritou jogando o livro para trás - Você está bem? - e empunhando a varinha: Mobilliarmus, ao que a estante flutuou alguns centímetros e pousou, desajeitada, ao lado do garoto.

- Ai minhas costas! Acho que quebrei uns trinta ossos - dizia ele gemendo de dor.

- M-mas você vai com a gente, não va... - Harry parou ao ouvir o barulho de uma porta se abrindo e avistou Parvati, Gina e Neville adentrando na sala precisa. A expressão que se fez em seus rostos foi de nojo para todo aquele lugar e o repentino silêncio se desfez quando Gina fixou os olhos em Rony e falou:

- Rony! Que aconteceu com você? - dizia ela observando o garoto que gemia baixinho, alisando as costas.

- É que a estante caiu por cima dele e... - Harry começou quando ouviu novamente a porta se abrindo e mais integrantes entraram, entre eles: Luna Lovegood, Ernesto Macmillan, Terêncio Boot, Zacarias Smith, Justino Finch-Fletchey e Colin Creevey - Ainda bem que todos vocês vieram, pois essa será a mais importante de todas as reuniões da AD!

- Por quê? Teremos um novo líder? - perguntou Zacarias com ar irônico.

- Não, iremos à Azkaban! - adiantou ele sem mais enrolações.

- QUÊ? Você está doido? - indagou Justino dando um passo à frente.

- Não! Simplesmente quero ajudar aos bruxos do Ministério - Harry não podia dizer à todos a existência da Ordem da Fênix - a reterem a invasão de Voldemort à Azkaban!

Todos os presentes, exceto Hermione, agitaram-se com a menção daquele nome e murmuravam uns aos outros que aquilo seria loucura.

- E se isso for mais uma visão idiota sua? - Zacarias explodia - Afinal a última visão que tenho notícias que você teve foi só um sonho, não foi? E soube que morreu gente por culpa da sua ingenuidade! Não quero morrer por uma simples idiotice de um...

- Ou você cala essa boca ou morrerá antes mesmo de ir à Azkaban! - Harry apontava a varinha para a garganta de Zacarias que se encolheu um pouco e falou:

- Não estou disposto a perder a minha vida por causa de suas ingenuidades!

- E quem disse que quero que você vá? - Harry gritava para o garoto - Antes só do que mal acompanhado!

- Harry! Chega. - acalmava Hermione tomando frente daquela confusão, fazendo com que todos os olhares saíssem de Harry e se concentrassem nela - Quem estiver mesmo disposto a ir para Azkaban conosco e tentar ajudar o ministério, der um passo à frente - anunciou calmamente, porém com uma voz alta.

Apenas Luna, Neville e Gina deram um passo à frente. Harry sorriu friamente, encarou os outros e falou:

- Esses é que são mesmo membros da AD! Essa será a segunda vez que eles, junto comigo Rony e Hermione, enfrentarão Voldemort cara-a-cara... - Harry dizia com seriedade, demonstrando um ar de frieza - Quero que vocês três fiquem aqui, o restante tá dispensando - finalizou o garoto, encarando Zacarias nos olhos.

Todos os outros membros da AD retiraram-se lentamente da Sala Precisa, até que em uns três minutos o silêncio predominou.

- Voldemort invadiu a prisão de Azkaban! Ele vai se unir aos dementadores, se já não tiver se unido, e liberar todos os presos de lá. Temos de ser rápidos, bravos e corajosos. Não podemos falhar! Vamos encontrar a Ordem e os bruxos do ministério e junto com eles duelaremos contra os comensais, pois não estou nenhum pouco a fim de ver assassinos soltos por aí, estou sendo claro?

Todos balançaram a cabeça positivamente.

- Então, vamos à Azkaban! - anunciou Harry e um pensamento irritante se fez em sua cabeça: Como iremos à Azkaban? - Espera, mas como iremos à Azkaban? - perguntou Hermione também percebendo o problema.

- Vamos para qualquer lugar, mas vamos sair daqui... Não agüento mais essas aranhas - Rony dizia ainda alisando as costas, agora sentado sobre umas almofadas brancas.

- Que tal usarmos os testrálios novamente? - optou Luna sorrindo para eles.

- Soube que o Hagrid levou-os ontem ao ministério - falou Hermione.

- Ou uma chave de portal! - exclamou Luna com um sorriso ainda mais infantil.

- Se você souber fazer uma essa é uma ótima idéia - ironizou Hermione, fazendo com que a garota ficasse séria rapidamente.

- Será que o Fanny poderia fazer isso? - Rony perguntou, os olhos cheios de lágrimas.

- Claro, Fanny! - Harry exclamou para si mesmo.

- Não! Isso seria ilegal. Ele não é treinado, não é legalizado e...

- Mione, é uma necessidade - Harry interrompeu a garota.

- M-mas... - a garota procurava o que dizer, mas parecia que até ela mesma tinha apoiado o garoto.

- Como que se viaja nessa coisa? - Gina perguntou apontando para o Belly´strong que Harry agora segurava na palma da mão.

- Meu pai me disse que devemos alimentá-lo com esterco de dragão e ele cria asas. Mas não sei dizer se é assim de uma hora para outra, e ele é realmente pequeno para se montar - Luna dizia observando atentamente o camundongo.

- Devemos tentar, não é? - dizia Harry abafando uma gargalhada e fingindo não ver a cara que Hermione fez ao olhar para Luna.

- O.K., não sei bem como é que se viaja através de um Belly´strong, mas acredito que devemos nos agrupar ao redor dele. - dizia ela olhando para o camundongo que andava sobre a mão de Harry.

Harry sentia um pouco de medo, temia que Fanny não fosse capaz de transportá-los para Azkaban...

- Não sei como é Azkaban, mas aconteça o que acontecer não baixem as suas varinhas e concentrem-se em feitiços para desarmar e estuporar... E também não baixem a guarda, deixem o braço sempre na posição mais prática possível para se utilizar o Feitiço Escudo. - Harry parou e suspirou observando os amigos que puseram as mãos sobre a sua, que agora apertava Fanny com um pouco mais de força que o normal - Leve-nos à Prisão de Azkaban.

Um solavanco estranho se fez em seu umbigo, parecia que todo o seu estômago estava girando a uma velocidade imensa. Então percebeu que na realidade ele permanecia imóvel e a única coisa que realmente se movia era a sala... Girava tão velozmente que Harry nem ao menos conseguia distinguir as paredes do piso... De repente o garoto percebera que tudo ficara mais quente e parecia que eles haviam saído da Sala Precisa e ido para a beira do lago, apesar de continuarem imóveis... Cidades e mais cidades voavam sob seus pés e Harry sentia aos poucos a temperatura baixar e tudo ficar cada vez mais escuro... Logo o solo do continente desaparecera e o garoto via o mar passando veloz.

- Isso é realmente esquisito! - disse Harry aos colegas, mas suas palavras perderam-se em meio as ondas e não puderam sequer acompanhar os garotos, pois estavam estupidamente velozes em comparação à velocidade de sua voz.

A velocidade na qual estavam envolvidos reduziu à medida que pedregulhos podiam ser avistados em meio ao mar...

- Estamos chegando! - anunciou Harry aos outros.

- Como que você sabe? - perguntou Neville, que agora pudera ouvir a voz de Harry devido à repentina redução de velocidade.

- Bom, nós estamos parando e Azkaban fica em uma ilha, se você observar bem já podemos ver alguns pedregulhos ao longe, não é? - dizia ele apontando para os pedregulhos e sentindo uma forte massa de ar chocando-se em seus músculos.

O número de pedregulhos aumentavam e o frio e escuridão invadiam aquele oceano... Havia algumas ondas movimentando-se friamente e sussurros e murmúrios ecoavam em meio ao canto do mar... E lá estava uma imensa ilha em meio aquele mundo de água, com rochas negras e pedregulhos pontiagudos em toda a sua volta.

Um frio estridente invadia o corpo de Harry e aos poucos sua respiração ficava cansada e audível:

- Dementadores! - disse ele em um árduo suspiro.

Os pés do garoto finalmente tocaram naquele grosso piso de pedra, mal polida e negra, e o frio intensificou-se ainda mais...

Sua cicatriz ardia fortemente e ele estava impossibilitado de enxergar alguma coisa naquele lugar devido à intensa dor na cicatriz e à escuridão que rondava aquela área.

- Lumus - disse ele protegendo os olhos da nova iluminação, com a mão que segurava Fanny. O camundongo parecia estar desmaiado, pois não se movia e não dava o menor sinal de vida...

- Fanny! Você está bem? - o garoto perguntava ao camundongo - Mova-se, sei que você não está m...

Harry parou ao ouvir o barulho de algo se movendo em sua direção. Sua respiração repentinamente tornou-se ofegante e um frio invadiu todo o seu corpo...

- Lílian, Lílian. Saia daqui, fuja com o Harry. Trelawney tinha razão - gritava um homem em meio aquele silêncio.

- Não machuque o Harry. Não faça nada com ele - uma voz feminina ecoava naquele lugar.

Harry sentiu algo duro chocar-se com o seu corpo e, abrindo os olhos, percebera que havia caído no chão, Fanny jogado ao seu lado... Empenhou-se em se levantar e apanhou o camundongo, levando-o ao bolso.

- Expecto Patronum! - gritou o garoto apontando a varinha para frente. Um imenso raio prateado colidiu com as trevas e um cervo prateado galopou sob aquela recente iluminação - Fique sempre por perto e ataque o primeiro dementador que vier.

Mesmo com a luz que o patrono emitia, Harry não conseguia ver muito mais que seis metros à sua frente, estava perdido em um lugar estranho e mergulhado na escuridão.

- Me guie! - ordenou à varinha que girou e apontou para o sentido contrário ao que Harry caminhava. Imediatamente o garoto virou-se e seguiu o caminho apontado pela varinha. O patrono aos poucos perdia o seu fulgor e tornava-se algo quase informe, o frio retornava a castigar.

- Onde diabos estão os outros? - pensou para si mesmos, apressando o passo quando ouvia algo vindo em sua direção.

Fanny agora se movia em seu bolso e Harry preocupava-se ao imaginar se seus amigos teriam sido pegos pelos dementadores ou, talvez pior, pelos comensais. Seus pensamentos se interromperam quando a fraca luz do patrono anunciou que Harry encontrava-se ao lado de uma enorme parede metálica que se estendia até uns vinte metros de altura. Caminhou, seguindo a direção que a varinha apontava a qual coincidia com o caminho percorrido pela parede, e, ainda suportando o frio que invadia o seu corpo e os gritos de sua mãe antes de morrer, o garoto se viu defronte a um imenso portão.

Era negro e devia ter a mesma altura da parede só que aparentava ser bem mais espesso e resistente. Havia algumas palavras em uma língua estranha, riscadas em toda àquela imensidão metálica, e, à altura dos olhos de Harry, as seguintes frases em inglês:

"Prisão de Azkaban

Construída em 57 d.c. por Merlin

Última reforma: no mandato de Thomas Werner

"Convido-o à adentrar

Na temida prisão de Azkaban

Irdes ver insanos e abomináveis

Que a mim a morte imploram

Uma vez que inalam terror e dor

Convido-o à ver

Mortos e amalucados

Arrependidos e neófitos

Seduzir-vos-ei à sentir

A total malícia e poder

Instigado pelos dementadores

Fortes e temíveis guardas das trevas

Que a mim são fiéis

Visto que neles exerço poder:

Bem Vindos à Azkaban"

Linhas escritas por

Merlin - único vigilante e construtor de Azkaban".

Essas palavras causaram um forte impacto em Harry. Não sabia bem o porquê, mas após ter lido toda aquela profecia feita por Merlin seu corpo estremeceu e o medo, mais do que nunca, tomou de conta de si.

- F-fanny, o que faremos agora? Como vamos encontrar os outros? Como vamos passar por esse portão? - Harry sussurrava para o camundongo, que desmaiara novamente, como se o mesmo o entendesse.

Olhou para a varinha esperando que ela lhe mostrasse para onde deveria ir, mas ela continuava imóvel, apontando para o portão.

- Alorromora! - bradou o garoto mirando o portão, que simplesmente estalou e permaneceu cerrado.

As esperanças de Harry diminuíam à medida que todas as suas tentativas de ultrapassar aquela barreira falhavam e seu coração batia cada vez mais forte ao pensar o que teria ocorrido com seus amigos.

Uma lágrima correu na face do garoto e as suas mãos tremiam de tanto temor...

Está com remorso, garoto? Sente-se culpado pela morte de seus amigos? - escutou um silvo agudo se fazer em meio ä escuridão.

- E-eles não morreram. Eu sei disso - respondeu à voz estranhamente familiar, o rosto encharcado de lágrimas e suor.

- Se não acredita veja por si mesmo os seus amiguinhos à beira da morte - e nisso as trevas se desfez e a luz predominou nas precipitações da prisão.

Harry viu Rony, Hermione e Gina caídos no meio de um círculo de vinte comensais. Estavam com os pés e pulsos amarrados, além de mordaças, e estavam aparentemente desmaiados, ou talvez...

- Como ver, a vida deles depende da minha vontade, e como bom menino você fará tudo que eu mandar se não quiser ver seus amigos mortos.

Hermione movia-se no chão, devia ter ouvido a proposta de Voldemort e tentava falar alguma coisa com o amigo. Voldemort encarava-o com aqueles olhos de cobra, aguardando resposta. Harry pôs as mãos na cabeça e falou:

- O que devo fazer, então?

- Muito bem, as coisas estão ficando mais agradáveis - dizia em um fino sorriso - Quero que me informe onde diabos Dumbledore se encontra.

- Vejo que você parece ter perdido a prática, Tom. Não é de se admirar que depois de tanto fugir e se esconder você ainda possua as suas tão famosas artimanhas. Deixe-o em paz, estou aqui - Harry ouviu a voz calma de Dumbledore espalhar-se naquele lugar e, a felicidade enchendo seu peito, viu a Ordem da Fênix marchando em direção aos comensais. Além dos tão conhecidos bruxos da Ordem estavam presentes outros dez aurores do ministério, Arthur Weasley, Neville e Luna.

Lampejos verdes voaram das varinhas dos comensais em direção à Ordem e seus aliados. Os bruxos tomaram a frente de Luna e Neville e gritaram:

- Senhis Metamorfus - e inúmeros raios dourados chocaram-se contra os lampejos verdes que tremeram e tornaram-se um único e monstruoso lampejo vermelho.

- Protego - bradaram uma segunda vez, em uníssono, ao que o raio vermelho ricocheteou e disparou contra os comensais.

Voldemort girou a varinha nos dedos e fez um curto movimento fazendo que Rony, Hermione e Gina fossem jogados à frente de todo o grupo de comensais, servindo de escudo humano contra o lampejo ricocheteado.

Harry correu o mais rápido que pôde, desviou da massa de comensais e se posicionou no meio de seus três amigos. Acompanhou com os olhos o lampejo voar em sua direção e, quando faltavam menos de dois palmos para o choque, bradou:

- Protego.

Um escuro invisível se fez em sua frente e ele pôs toda a sua força para que o mesmo não se rompesse e pudesse suportar àquela maré vermelha que o empurrava para trás. Estavam protegidos do contato direto, mas podiam sentir a fúria daquele imenso feitiço estuporante querendo destroçar tudo o que se encontrava em sua frente.

- Avada Kedavra - ouviu uma voz clamar às suas costas e logo escutou um lampejo verde cortando o ar e vindo em sua direção.

- Já que não posso salvar a todos, salvarei os meus amigos - disse para si mesmo, empenhando-se em garantir a resistência do escudo que os protegia.

Então, correndo pelo braço que empunhava a varinha em direção ao lampejo, viu Fanny que, chegando à dobra do cotovelo, jogou-se por sobre os quatro garotos.

Imediatamente um brilho roxo se fez no ar e Harry sentiu algo esquisito percorrer o seu corpo, parecia que estava perdendo as forças, a varinha despencou de sua mão...

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