Ruídos e Distúrbios
-Capítulo Um- Ruídos e Distúrbios
O vento roncava e empestava a noite na rua dos Alfeneiros, e todos não faziam a menor questão de sair de casa. Apreciavam a sua quente e confortável cama, em um quarto fechado, tomando uma boa xícara de chocolate.
Entretanto, alguém parecia fugir desse padrão. Estava debruçado na janela de seu quarto, parecendo preocupado. Era um garoto de dezesseis anos, alto e magro, com cabelos soltos e desarrumados, grandes e brilhantes olhos verdes e uma estranha cicatriz em forma de raio no meio de sua testa.
Harry Potter estava ali desde o anoitecer e não parecia ligar se o tempo passava ou não. Com os ouvidos aguçados e a vista a procura de algo que não chegava, Harry Potter permanecia estável em sua janela.
Esse não era o mesmo Harry do ano anterior, era alguém triste e revoltado, e agora, depois da morte do seu padrinho, Sirius, o mesmo se sentia mais só do que jamais se sentira.
- Será que ela não vai chegar nunca? - pensou Harry.
De tanto sono que estava Harry dirigiu-se a sua cama sem perceber e se deitou. Estava voando, milhares de pessoas o aplaudiam e ressoavam cantos. Ludo Bagman estava um pouco a frente como que narrando um jogo. Harry olhou para baixo e finalmente percebeu que estava em um jogo de quadribol, na Copa Mundial de Quadribol; e ele, Harry, era o apanhador. Sabendo o que fazer começou a percorrer o campo em busca do pomo de ouro. Avistou Dumbledore, Rony e Hermione, todos torcendo para ele, e, sem poder acreditar, Sirius. Harry não se lembrava de estar mais feliz, voava em sua firebolt e era apanhador da seleção da Inglaterra. Então desviando de um balaço ele avistou o pomo, voou em sua direção. Estava a vinte metros, quinze, oito metros do pomo; então o pomo criou imensas asas, penas e bico. O pomo virara Edwiges.
Harry acordou e ao abrir os olhos viu à sua frente a sua coruja, Edwiges, com um pergaminho amarrado à perna. Um tanto triste, porque o que sonhara não era realidade, Harry se levantou e pegou o pergaminho. Abrindo-o reconheceu a letra, era de seu melhor amigo, Rony. A carta era curta, mas não podia trazer melhor notícia: Olá Harry,
Espero que esteja tudo bem com você. Papai pediu para eu perguntar se você quer passar o final das férias com a gente aqui na Toca. Bom, acho que você vai aceitar, mas talvez queira ficar um pouco sozinho. A Mione tá aqui.
Espero respostas,
Rony
Harry ficou extasiado. Ia passar o final das férias na Toca. Não teria que suportar os Dursley por mais três semanas... Virando o pergaminho e pegando a pena e o tinteiro começou a rabiscar algumas palavras quando ouviu um estrondo de estourar os tímpanos e logo após um tremor no chão, o qual derrubou a gaiola de Edwiges no chão.
Soltando o pergaminho correu para a janela, olhou para todos os lados e nada viu. Então a coragem e o medo lutaram dentro de si. Harry pegou a sua varinha e quis sair do seu quarto, mas lembrou-se que o seu tio tinha trancado a porta a algumas horas e não podia utilizar magia, pois temia ter que comparecer a outra audiência disciplinar como a do ano anterior. Então lhe perpassou um pensamento: Por que só ele ouvira esse estrondo?
Como que em sincronismo com o seu pensamento, a cicatriz começou a queimar, nunca queimara com tanta intensidade. Harry não podia pensar, achou que a sua cabeça fosse estourar. Então, de tão atordoado que estava, Harry se jogou da janela. Não sabia bem porque tinha se jogado, só soube que antes de se chocar com o chão sentiu o corpo ficar leve como uma pena...
- Acorda seu menino idiota, acorda! - alguém gritava - Acorda!
Harry então sentiu um chute em suas costelas e instantaneamente se acordou. Olhou para os lados e viu que estava deitado em um denso gramado e ao olhar para cima viu o seu tio, com cara de poucos amigos segurando, o cortador de grama.
- Co-como você veio parar aqui - murmurou bravamente o tio Válter.
Levantando-se lentamente, e com uma forte dor nas costelas, Harry
respondeu:
- Resolvi dormir no gramado - mentiu Harry, ao mesmo tempo com um ar de ironia.
- Quê? Vá já para dentro quero ter uma conversa muito séria com você! - exclamou Válter nervosamente.
Harry girou nos calcanhares, atravessou o gramado e entrou em casa.
Logo após a porta se abriu e tio Válter entrou.
- Petúnia, venha já aqui. Quero que você saiba que esse moleque atrevido quis fugir de casa.
Após uns trinta segundos tia Petúnia chegou a sala de estar acompanhada por Duda.
- Que é que você disse Válter? - perguntou Petúnia esticando o seu pescoço de cavalo.
- Eu disse que esse moleque atrevido quis fugir de casa, ele estava caído no gramado, acho que ele pulou pensando que se safaria - explicou Válter com os olhos lacrimejando de tanta raiva.
- Eu não quis fugir coisa nenhuma. - gritou Harry irritado - Se bem que essa idéia não é nada idiota.
- Nós o acolhemos aqui e você ainda reclama? Digo novamente: PODIAMOS TÊ-LO MANDADO A UM ORFANATO. - gritou Válter desesperado.
- Quer saber, preferia morar em um orfanato que morar com gente como vocês. Hoje, eu só moro aqui porque o Dumbledore falou que tenho que voltar senão eu não perderia tempo vindo para esse lugar idiota - falou Harry, se atropelando nas palavras.
- NUNCA MAIS FALE O NOME DESSE VELHO IMBECIL DENTRO DE MINHA CASA - gritou Válter, apontando dedo para a cara de Harry.
- TIRE ESSE DEDO DA MINHA CARA E NÃO XINGUE DUMBLEDORE - gritou Harry segurando a ponta do dedo do tio.
Válter pôs o dedo ainda mais próximo do rosto de Harry e falava tão rápido que Harry sentia gotas de saliva batendo em seu rosto.
- NÃO É VOCÊ QUE VAI DIZER O QUE TENHO OU NÃO QUE FAZER. CHEGA DE CONFUSÃO. VOLTE PARA O SEU QUARTO E SÓ SAIA DE LÁ QUANDO EU MANDAR. - respondeu o tio.
- VOCÊ TAMBÉM NÃO MANDA EM MIM. - rebateu Harry, já sabendo o que ia acontecer.
Válter puxou o braço de Harry e fez menção de levá-lo para o quarto, só que Harry estava bem maior, quando tio Válter fazia isso Harry deveria ter uns oito anos. Harry forçou para não ir então Válter gritou:
- DUDA ME AJUDE. - gritou Válter para o filho.
Duda olhou para a mãe, olho para Harry...
- VAMOS LOGO SEU GORDUCHO IDIOTA - gritou Válter para o filho.
Duda ficou paralisado. Então levantou os punhos e, fez a coisa que Harry nunca esperaria que Duda fizesse, deu dois socos na cara do pai; ao mesmo tempo se virou, abriu a porta e saiu correndo rua afora.
Harry ficou boquiaberto, mas aproveitando que seu braço, agora dormente, estava solto correu para o quarto, ainda enraivado, entrou e escutou a porta do seu quarto fechar assim que ele passou.
Agora que estava livre das mãos grossas do tio, Harry pôde finalmente rir da expressão do rosto de Petúnia quando Duda atacou o pai. Harry olhou pela janela e viu Válter correndo atrás de um porco no meio da rua, então olhou novamente e viu que não era um porco era seu primo Duda. Ficou observando até eles desaparecerem no horizonte. Ainda rindo da expressão do rosto de Petúnia, Harry se deitou em sua cama, um pouco cansado, e ficou imaginando o que Válter faria com Duda quando o pegasse... Então tudo ficou escuro, Harry viu alguém caminhando, usava um capuz preto, que lhe cobria todo o rosto, andando na rua Magnólia... A pessoa encapuzada agora estava andando na rua dos Alfeneiros. Então ao chegar em frente a uma casa quadrada de gramado denso apontou a varinha para o chão e pronunciou alguma coisa que não deu para ouvir, pois logo se iniciou um imenso estrondo, e da ponta da varinha saiu uma luz acinzentada que ao tocar o chão fez ocorrer um imenso tremor, então Harry escutou gritos e de uma janela aberta a sua frente viu um garoto cair. O mesmo não ia cair no chão gramado, e sim no asfalto no meio da rua. Imediatamente uma voz rouca ecoou: Mobillicorpus. Harry viu o garoto que caia perder a velocidade da queda e cair, leve como uma pena no gramado da casa quadrada. Então a pessoa encapuzada se virou, não dava para ver a expressão no seu rosto, mas ela parecia zangada. Mirou a varinha para onde a voz tinha saído e pronunciou: Avada Kedavra. Harry viu um lampejo verde indo em direção ao local de onde saiu a voz e logo em seguida o barulho de algo caindo no chão. Olhou para ver o que era, viu um homem; reconheceu-o. Era Mundungo Fletcher.
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