Capítulo SEIS



CAPÍTULO SEIS

A biblioteca estava vazia a não ser, era claro, pela presença marcante de sua bibliotecária, que andava entre o mundo de livros e pergaminhos. O seu último trabalho naquele calmo e pacífico domingo estava sendo feito às mil maravilhas.

Retornou ao seu posto com o sentimento de trabalho completo e perfeito. Algumas anotações ali e acolá e depois encerraria o seu dia de trabalho finalmente. Não que ele fosse chato, muito longe disso, mas era um trabalho bastante cansativo. Seu corpo não era o mesmo de vinte anos atrás...

Anotava alguns pedidos num pergaminho que daria para Albus Dumbledore analisar, quando uam figurinha pequena e extravagante esgueirou pelas pesadas portas do recinto. Levantou seu olhar de águia e constatou ser a mesma lufa-lufana que há dias estava tornando seu labor um verdadeiro inferno. Não que ela saísse correndo pela biblioteca para pegar aquela menina sapeca, mas sim porque aquela menina sapeca tinha um ar bastante petulante.

- Novamente a procura do livro? - perguntou Madame Pince, num tom de cumplicidade.

A resposta foi a mesma de sempre.

- Sim.

- Não quer a minha ajuda?

Novamente a resposta dos dias anteriores.

- Não.

O fato era que a garota ia à biblioteca todos os dias a procura de um livro, desde que o ano letivo começara. E sempre o final de sua busca era o mesmo: não tinha encontrado o tal livro e viria no próximo dia para mais uma olhada. Acrescido disso, a garota dizia terminantemente que não queria a ajuda de Madame Pince para procurar. Diversas vezes e de diversas formas ela tentou persuadir a lufa-lufana ao contrário, dizendo que bastava ela informar o nome do livro e Madame Pince localizaria num instante.

Como sempre, a outra se recusava.

- Está bem - disse Madame Pince então. - Dê uma olhada por aí e rápido, pois vou fechar a biblioteca dentre instantes.

Com um sorriso a menina se encaminhou ao primeiro corredor de livros. Irma Pince a fitava se distanciar, com o sobrolho franzido e com a mente fervilhando de ódio. Sua vontade era ir atrás daquela petulante e dar uns bons safanões. Ela começava a desconfiar que aquela "cabelos azuis" não estava procurando livro nenhum e sim armando algo para sua biblioteca.

No entanto, Irma Pince era uma bruxa direita e gostava da palavra privacidade. A "cabelos azuis" vai ter privacidade, pensava a bruxa, pois respeito os outros, da mesma forma que eu gosto de as pessoas também usem de privacidade comigo.

O tempo ia passando... Essa palavrinha ia saindo da cabeça de Madame Pince. Dias ou menos dias ela confirmaria ou não suas idéias quanto aquela "cabelos azuis".

***

Severus Snape estava concentrado, de olhos fechados e pernas entrelaçadas. Parecia a figura de Buda, sentado no alto da arquibancada meditando. O vento frio passava por seu rosto, quebrando-lhe suas defesas. De quando em quando, estremecia.

Abriu os olhos e focalizou imediatamente o seu alvo. James Potter sobrevoava a arquibancada da Corvinal logo mais adiante, muito perto de onde Snape se encontrava. O momento poderia ser aquele, mas daquele ponto Potter não sofreria nada do que alguns arranhões. Ele queria uma queda espetacular, de quase morte, que deixasse aquele convencido entre a vida e a morte.

A vontade de Snape era matá-lo, como castigo a todas as humilhações que o sonserino passou perante o grifinório. Vontade... A vontade era essa, mas mesmo com seu sangue frio não seria capaz de matar alguém. Machucar sim, ver sofrer sim...

Ele tratou de fechar os olhos, a fim de concentrar mais força interior e se concentrar para a catada final. Nem Grifinóra, nem Corvinal e nem James Potter saíriam vitoriosos do campo. Severus Snape era o grande nome que venceria!

***

- Não estou vendo ela em lugar nenhum!

A exclamação saiu abafada, mas Peter conseguiu ouvir seu amigo entre a gritaria. Ouvir ele ouviu, mas entender...

- O quê disse? - perguntou ele.

Remus Lupin encarou Peter, as sombrancelhas franzidas e a boca aberta. Nem ele próprio poderia explicar o que ele disse... Por que, pensava Remus velozmente, eu disse isso? Demorou algum tempo tentando formular alguma resposta, mas, impaciente, Peter interrompeu seu processo mental:

- Você tá ficando doido?

- Por que?

- Você diz algo, pergunto o que disse e você fica com essa cara de trasgo perdido...

Remus riu. Era isso... Ele estava ficando doido. Doido ao se preocupar com Roxana e se perguntar onde a menina estaria agora. E mais doido ainda a expressar isso ao Peter.

- Esquece - foi a resposta de Remus para o outro.

Com a cara desanimada Peter guinchou um "tudo bem" e postou sua atenção no jogo. Ele destestava isso... Não entende ou então não consege ouvir bem, pergunta o que foi e recebe como resposta um "esquece" mais sem sentido. Os amigos mais próximso adoravam fazer isso com ele, aproveitando de sua lerdeza.

E ele resmungou, quase para si mesmo:

- Eu não sou lerdo... E detesto isso, detesto!

***
O jogo seguia seu curso normal, como gols ali e acolá. O placar era bastante apertado para a Grifinória, que vencia por uma diferença de dez pontos. A Corvinal não desanimava e assim que o time rival fazia um gol, ela também deixava o seu.

No plano da caça ao pomo, James Potter levava a melhor em cima da adversária com cara de poucos amigos. Por duas vezes, o apanhador da Grifinória esteve muito perto do ponto dourado. Com a mão já esticada ele fora empurrado pela McComarck com vontade, afastando de vez a conquista do jogo pela Grifinória.

Os minutos passavam e nada do pomo dourado aparecer e sacramentar a vitória de algum dos dois times. Mas mesmo assim, a torcida continuava vibrante e entusiasmada com seus heróis. A única torcida que não estava a toda era a Sonserina, que assistia ao jogo de um modo bem apático. E claro, torcendo contra a Grifinória, no enatanto não expressando isso com tanta clareza.

O narrador da partida continuava radiante com o jogo. Não deixava nenhum acontecimento ser deixado de fora da sua esfuziante narração, além de analisar a partida e soltar alguns comentários pertinentes.

"Goles na posse da Corvinal, e é Bradley que está com ela. O artilheiro da Corvinal parece um pouco bêbado com sua vassoura, pois ele está indo de forma esquisita para as balizas da Grifinória - Finalmente ele passa a redonda para Jorkins. Ela, por sua vez, joga para o seu companheiro de artilharia. - Espetacularmente, Diggory faz outro gol para o seu time!! - CORVINAL AGORA NA FRENTE! 120 PONTOS CONTRA 110 DA GRIFINÓRIA!!"

A torcida da Corvinal vibrou loucamente, pois era a primeira vez que conseguia passar da Grifinória no jogo. As bandeiras e as echarpes balançavam freneticas em meio aos excitados corvinais. E ela se alvoroçou ainda mais quando viu o vôo sônico que sua apanhadora estava tendo em busca do pomo dourado. Ela dirigia com toda força para o céu, e com James Potter também em seu encalço.

Ernie, o locutor, não perdeu tempo:

"Nova disputa pelo pomo, e agora quem está mais perto da vitória é Catriona McComarck. Mas Potter está logo atrás, disparado - Julgo ser esse o último lance da partida, pois alguns jogadores estão completamente parados, também assistindo a cena que acontece nas alturas!! McComarck estica o braço - Pomo dourado a menos de vinte centímetros de distância - Potter parelhado com McComarck!! - Quem pegará o pomo??"

As torcidas estavam boquiabertas, apenas fitando a situação entre os dois jogadores. A aflição somente acabou depois de uma luta de empurra-empurra entre Potter e McComarck. James Potter tinha agarrado o pomo e Grifinória se concretizado vitoriosa.

Os alunos da Grifinória pulavam alegres na arquibancada (não todos, é claro). Uma verdadeira explosão de vermelho e dourado cujo gritos se espalhavam por todo o campo, acrescidos de um rugido enorme de um leão.

James continuava lá no alto, vibrando com o pomo em suas mãos. Nem passou pela sua cabeça em ir abaixando aos poucos ou ir direto para o chão e ser coberto de abraços por seus amigos e por toda a Grifinória.

Aquele foi seu erro. Vangloriar-se sozinho em meio ao céu azul e límpido, deixando o pomo debater em sua mão. Livre para que o plano de um inimigo desse certo...

Sentiu a vassoura balançar e achou aquilo estranho. Precisou segurar com força seu intrumento de vôo, largando o pomo da mão. O objeto dourado se distanciou feliz daquele ser chato, sentindo-se livre mais uma vez. Enquanto isso o seu capturador tinha problemas com a vassoura...

***
Severus Snape fitava o seu rival com olhos atentos. Por debaixo de sua capa escorria um objeto pontudo, direcionado para o alvo certeiramente. O feitiço era lançado e não podia ser visto por ninguém, pois era invisível. Enquanto mantinha contato visual de James, Severus sibiliava palavras cabalísticas um pouco desconexas para um ouvido bem apurado que passasse por ali.

Ele sorriu ao ver que não havia mais escapatória para James Potter... O garoto já caía e nem um sinal de alerta foi dado por algum idiota que o visse caindo.

Dez metros do chão...

Nove...

Já passava dos cinco agora. Foi nesse momento que um lufa-lufano distraído, que olhava para o céu, viu o apanhador em queda livre. Ele gritou, colocando uma potência enorme na voz, e apontando:

- Ele está caindo! Ele está caindo!

A multidão revirou os olhos para cima. Era verdade, um garoto despencava a toda velocidade para o chão e direto neles. Alguns afastaram, deixando o chão livre para o jogador descontrolado. Outros, porém, arregaçaram a varinha do bolso com o intuito de ajudá-lo. Mas já era tarde demais...

***
Madame Pomfrey esgueirava-se entre a multidão de alunos. Levou muito tempo até chegar ao corpo caído no chão, rodeado por uma grande leva de curiosos. E gritava esbaforida para quem quer que fosse, até para os professores (Flitwick e McGonagall) sobravam xingamentos e repreendidas cortantes:

- Tirem esses curiosos daqui! - ralhou ela para McGonagall, enquanto sua varinha era apontada para o ferido.

- É claro - disse McGonagall um tanto fria. - Vamos, vamos! Retonando para o castelo... Todos retonando!

Um aluno pequenino da Grifinória se aproximou da professora, contestando a atitude de McGonagall:

- Professora, por que não podemos ficar aqui!? - Olhou para o corpo estendido no chão verdejante. - Devemos dar uma força para o James!

- O espetáculo já acabou, Pretzil - retrucou a bruxa para o menino. - Vamos, vamos!

- Professora, meu nome não é Pretzil - O menino estufou o peito e pronunciou o nome: - Meu nome é Giles Roderick!

- Eu disse todos, Pretzil!

Num espaço de trinta minutos, todos os estudantes de Hogwarts foram retirados (inclusive Roderick). Enquanto os alunos se afastavam, Madame Pomfrey tomava os primeiros socorros em James. O garoto estava com grandes hematomas pelo corpo, além de ossos fraturados e/ou trincados. O sangue formava uma grudenta poça vermelha em torno de James.

Depois de tratado superficialmente, a enfermeira conjurou uma maca, colocando por cima o seu paciente, e levou-o para o castelo.

***
Novamente, atrás das arquibancadas acontecia um encontro de duas sinitras figuras. Bellatrix parecia nervosa, enquanto Severus estava exultante, pois o plano corria perfeitamente.

- Você é um montro, meu caro - disse Bellatrix debochadamente.

- Foi uma sensação maravilhosa ver aquele verme cair desastrosamente ao chão - resmungou ele, deixando escapar um sorrisinho.

- Bem, e agora o que devo fazer? - indagou Bellatrix.

O sonserino ficou mais sério.

- Acho que já falei o que você deve fazer... - Suas palavras saíram frias.

- Certo, senhor sabichão - rosnou a outra.

- Acabe logo com ele! Acabe com o petulante James Potter!

***


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