Natal Cheio de Espaço
Mesmo com a guerra, muitos alunos voltam para suas casas nas férias de Natal. Max, muito contrariado, fica. Suam mãe havia enviado uma coruja alguns dias antes e pedido para ele ficar. Max sabe que seu pai foi morto por um Comensal, mas não faz a mínima idéia de quem seja.
Quando os alunos seguem com o Expresso para Londres, a escola fica praticamente vazia, com Harry, Rony, Gina e Hermione com a torre da Grifinória só para eles. Max, para seu desespero, se vê acompanhado de Draco e seus asseclas, Crabe e Goyle. Mais alguns alunos da Corvinal e Lufa-Lufa completam o quadro. Ao todo, apenas 12 alunos ficam na escola.
Hermione, junto com Gina, enfrentam uma verdadeira avalanche de revisões e tarefas extras. Harry e Rony resolvem acompanhar, mas não sem os devidos protestos. Nesse meio tempo, Max se distrai brincando com Bichento que, ao contrário do que Rony previu, não só fez amizade com o menino, como ainda deixou de dormir no dormitório com Hermione para ficar com ele na Sonserina.
- Parece que Mione perdeu o gato. Nem dormir mais por aqui ele dorme. Fica o tempo inteiro com Max.
Nesse instante Gina passa e escuta. Colocando uma pilha enorme de pergaminhos na mesa, fala casualmente:
- Mione mandou ele fazer isso. Parece que ela descobriu um feitiço igual ao que o Filch usa na Madame Norrra para avisa-la de qualquer coisa. Mas, no caso, só dá alarme se o problema é com o Max.
- Legal! Será que ela descobriu algum contra-feitiço para isso para a gente jogar na gata? Seria bem útil.
- O feitiço não é no gato, Rony, é na coleira. Se você tirar a coleira dela vai dar no mesmo, não adianta nada.
- Droga.
- Vamos, Rony, vamos voar um pouco? – Harry diz convocando sua vassoura.
- Claro.
- Você vem, Max?
- Não sei jogar quadribol, mas vou com vocês, sim.
- Se agasalhe e leve Bichento com você, Max – Hermione diz sem nem ao menos levantar a cabeça dos deveres.
- Tá bom.
- Caramba, Max! Ela pega no pé da gente, mas ela está agindo como sua mãe!
- Sabe, nem acho ruim – diz Max colocando um gorro e um cachecol, presentes da Sra. Weasley – na prática, compensa um pouco a saudade que eu tenho de casa. Foi difícil prá vocês no começo?
- Pra mim, não. Quando eu entrei três dos meus cinco irmãos mais velhos estavam aqui. Nem senti falta. No ano seguinte entrou Gina. Meus irmãos mais velhos, Guy e Charlie, são bem mais velhos, já não tinha tanto contato. Com certeza foi mais difícil para os meus pais.
- E você, Harry.
- Bom, você conhece as histórias, não tenho mais meus pais, não tenho irmãos, e o lado trouxa da família da minha mãe não morre de amores por mim, então, na realidade, foi até um alívio vir pra cá.
- Entendo... Vamos?
Os três caminham pela neve fofa até o campo de quadribol enquanto conversam um pouco mais.
- Você não foi criado como bruxo, Max?
- Mais ou menos. Como meu pai era trouxa ele não deixava eu fazer muita magia em casa. Além de eu ser muito novo, ele dizia que não podia garantir minha segurança com alguma coisa que ele não sabia como lidar. Minha mãe concordava com ele, então nunca fiz nada de mais em casa. Tinha uma vassourinha de brinquedo, dava uns razantesinhos pela sala, mas nada mais que isso. Além do mais, morávamos em Londres, não tinha como esconder um garoto voando de vassoura, não é mesmo?
- E as aulas do Krum? São legais?
- São boas, mas quando ele fica nervoso não dá pra entender uma vírgula do que ele fala, é meio complicado. Fora o fato que ele sempre fica nervoso quando alguém cai. E isso é bem freqüente.
- Sério? Nossa, nas nossas aulas isso quase não acontecia. Só o Neville, mas ele não conta.
- É, ele disse que nunca pegou uma turma tão ruim de vôo quanto nós. E olha que eu sou dos melhorzinhos, já que sou pequeno. O irmão do Goyle, que foi pra casa, é meio gordo e pesadão. Nunca levanta mais que um palmo da vassoura e, quando consegue, cai de cara no chão.
Rindo muito, os meninos chegam ao campo e Harry e Rony começam algumas manobras, enquanto Max se acomoda em uma das arquibancadas mais altas, com Bichento no colo.
- Queria tanto ser como eles... – e uma lágrima solitária cai – tão felizes, tão confiantes...
Nisso, Hermione vê seu anel brilhar, sinal de problemas com Max. Fecha os livros, olha para Gina e diz:
- Vamos dar uma volta, Gina?
Gina olha o anel brilhando, e, enquanto escreve uma última palavra, comenta:
- Problemas com Max?
- Não exatamente. Se fosse alguma ameaça estaria piscando. Acho que ele não gostou de ter ficado por aqui, sabia? Está morto de saudades de casa e não recebeu nenhuma notícia...
- Nem presente? Coitado...
- Não, nem presente. Ganhou algumas coisas, claro, mas fomos nós. Mandei um livro de histórias trouxas pra ele, Rony e você mandaram os doces, Harry mandou um kit da Zonko´s, sua mãe mandou suéter, gorro e cachecol, mais algumas coisinhas anônimas – dá uma piscadela marota e uma risadinha para Gina – sabe como é. Mas, de casa mesmo, nem coruja.
- Chato. Muito chato. Vamos lá.
As duas saem do castelo e vão ao campo. Nesse meio tempo, nas masmorras, Snape corrige uma pilha de provas e conversa com Lucy.
- Você vai mesmo deixar de fazer suas refeições no salão?
- Vou. Dumbledore disse que não estamos sendo discretos o suficiente. Achei melhor desse jeito. Sem as penas encantadas eu demoro muito mais que você para corrigir os deveres, então, aproveito o tempo. Fora o fato de me manter longe dos alunos da sua casa, e de deixar Twinky num estado de quase felicidade.
- Ótimo... E eu, como fico?
- Fica com a minha companhia durante as noites, oras! Você prefere que eu volte para a mansão Snape? Sabe que eu adoro ficar por lá. Mas acho que a história de prisioneira não cola mais.
- Claro, tem razão, mas não custa nada reclamar.
- Sei – dá um beijo estalado em Snape e completa – 1º trimestre terminado e sem nenhum incidente. Tomara que os outros dois sigam pelo mesmo caminho.
- Gostaria disso, mas você sabe que não vai ser assim, houve um aumento considerável aos ataques em Londres. Até chegar a Hogsmeade é questão de tempo.
- Você tinha que me fazer pensar nisso, não é?
- Posso fazer você pensar em outras coisas também – dá um beijo apaixonado na esposa e a puxa em direção ao quarto – venha. Quero esses pensamentos ruins bem longe da mais adorável cabeça loura que conheço.
Lucy dá uma risada sem-vergonha e segue o marido.
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- Max.
- Oi, Gina, Oi, Mione. Vocês terminaram por hoje?
- Por mim, já chega. Vou esperar pelo almoço de Natal e só vou voltar às notas de aula depois da minha soneca da tarde – diz Gina.
- Bom, é claro que eu vou ao almoço, mas, depois vou à biblioteca. Peguei uma autorização com o Prof. Amorphis para a Seção Proibida e preciso pesquisar algumas coisas.
- E você Max? Terminou os deveres?
- Terminei no 2º dia. Será que quando chegar no 7º ano vou ter tanta coisa assim?
- Se bobear, vai ter mais. Amorphis e Balthus pegaram leve, disseram que preferem puxar mais pela turma na Páscoa. A matéria da Sprout, com o Neville por perto, é bico. O resto estamos dando um jeito.
- E você, Gina?
- É quase a mesma coisa, Max. Com a diferença que eu não puxei nenhuma das matérias de adivinhação e peguei Estudos Trouxas. Sabe que a Schell é boa mesmo? Parece que ela não é trouxa, sabia? Ouvi um boato por aí que ela é uma bruxa aleijada.
- Aleijada? Mas ela nem manca?
Gina e Hermione dão uma sincera gargalhada:
- Não, Max! Ela não tem poderes, é isso. Parece que foi um acidente ou coisa parecida. Como a família dela é mestiça, ela foi criada pelos tios, como trouxa mesmo. Mas sempre fez visitas a Hogsmeade e, me disseram, ela teve aulas por aqui também – Gina fala, ainda rindo.
- Você sabe mais alguma coisa, Mione?
- Não, só ouvi os mesmos boatos. Larguei Estudos Trouxas ano passado. Descobri que para entrar na Academia Auror, se você é mestiço, basta fazer uma prova especial antes da prova de seleção e está tudo bem.
- E você, Max? Como foi criado?
- Meio-a-meio. Meu pai me ensinava coisas trouxas e minha mãe, as mágicas. Mas ela fazia algumas coisas à maneira trouxa. Algumas, porque gostava; outras, para agradar meu pai. Ela gosta de cozinhar, por exemplo. Dizia que era parecido com Poções. Mas lavar pratos nunca foi com ela. Mas fazia com que os pratos se guardassem sozinhos sempre longe do meu pai. Ele dizia que tinha medo das facas voando pela casa.
Hermione olha no relógio e diz:
- Vamos almoçar? Estou com fome.
- Harry! Rony! Almoço! – Grita Gina.
Quando chegam lá em baixo, os rapazes aguardam, com as vassouras nas costas.
- Gina!
- Fala, Harry! – responde Gina no mesmo tom.
- Cadê o Neville?
- Ah, foi para casa. Disse que queria acertar algumas coisas para o final do ano que vem. Só não sei o que pode demorar tanto...
Rony segura Harry e deixa os outros três seguirem na frente, acompanhados por Bichento:
- Mas eu sei. Ele vai pedir Gina em casamento logo depois da formatura.
- Como você sabe?
- Recebi uma coruja logo cedo, ainda no dormitório. Papai escreveu que Neville foi direto em casa depois que chegou à Londres. Pediu a mão dela para o meu pai antes. Tomara que ela aceite, senão ele vai ficar arrasado.
- E seu pai? Aceita ele?
- Nossas famílias são amigas há séculos. Ele acha Neville meio bobão, mas gosta dela de verdade. E mamãe disse que pode ser interessante ter netos loiros pra variar. Guy vai ser pai na próxima Páscoa, sabia?
- Nossa, nem sabia que ele tinha namorada!
- Casou em segredo, logo depois do começo das férias de verão. Parece que não era namorada, não, mas como ela ficou grávida... Sabe como é. Meu pai ficou uma fera, mas a moça parece ser legal, também trabalha com dragões... Charlie se casa no próximo verão, os gêmeos estão namorando, adivinhe!, um par de gêmeas... È, acho que só falta eu e a Mione, mesmo. E você, Harry?
- Bom, desisti da Cho de vez. Conheci uma moça nas últimas férias, mas não sei...
- E a Fleur?
- Delacour?
- É, ela mesma.
- Não sei, sumiu. Parece que casou. Já se formou há dois anos, parei de receber notícias. Mas fiquei feliz por Gina.
- Eu também. Antes Neville do que qualquer outro.
- Nem fale. Já pensou no Malfoy?
- Argh!
No salão, a decoração é fantástica, como sempre. Pinheiros decorados com pingentes de gelo perene, fadinhas e grilos mágicos encantam os poucos alunos presentes.
A ceia transcorre sem novidades, com Snape e Schell sentados em lados opostos da mesa, se olhando raramente. Dumbledore está com a aparência cada vez mais cansada, e conversa em voz muito baixa com o Prof. Flitwick.
Depois do almoço, todos sobem. Harry, Rony e Max começam uma partida de Snap explosivo, Gina cochila em duas poltronas juntas e Hermione continua estudando, para desgosto de Rony.
Alguns dias depois, todos os alunos retornam e é apresentado o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
- Bem-vindos de volta, alunos de Hogwarts. Gostara de apresentar a vocês a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Ninfadora Tonks.
Aplausos tímidos das mesas, quebrados por uma incomum gritaria na mesa da Grifinória.
- Tonks! Nem acredito! Agora sim ganhei meu presente de Natal! – Diz Harry entre um assobio e outro.
- Excelente! Agora sim vamos ter aulas com uma profissional!
Tonks se levanta, faz uma mesura desastrada, derruba uma jarra de suco de abóbora em cima de Snape e se senta, muito vermelha.
- Caros alunos gostaria de lembra-los que, caso tenham completado 132 anos, entreguem as autorizações para os passeios em Hogsmeade aos seus chefes-de-casa. Boa noite a todos.
Os alunos seguem animadamente para seus dormitórios. Até o pessoal da Sonserina parece mais aliviado. Snape, cinco vezes na semana, não é para qualquer estômago.
Max se despede de seus amigos e se encaminha para o dormitório nas masmorras, depois de uma semana habitando a torre da Grifinória. Já é tarde, e praticamente todos os alunos já se recolheram.
- Resolveu nos brindar com sua ilustre presença, sangue-ruim? – diz Draco por trás de uma estátua, saindo das sombras e dando um susto em Max.
- Ah é você, Draco...
- Sr. Malfoy, pra você, sangue-ruim – corta Draco – você não deveria nem estar aqui em Hogwarts, que dirá na Sonserina. Mas pode deixar, essa situação nojenta não vai perdurar.
- Você está me ameaçando?
- Não... Só dando um aviso.
Draco se vira e deixa Max, sozinho e muito assustado, no meio da sala comunal. A porta se abre e Bichento entrar como um raio, se colocando ao lado de Max.
- Não foi nada, Bichento. Não foi nada. Pelo menos por enquanto.
Max caminha pesadamente para o seu dormitório, tendo a certeza de que não ficará bem por muito tempo.
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