Os Guardiões de Hogwarts



No horário combinado, todos estavam nas masmorras, em frente à parede de pedra que ocultava a porta dupla que abririam com a junção de seus medalhões.

-Revellis -Hermione falou apontando sua varinha para a parede e todos deram um passo para trás, intimidados pela luz bruxuleante liberada no lugar onde devia estar a porta.

Em segundos, a parede sumiu como uma ilusão, dando lugar a uma porta dupla que devia ter quase três metros de largura por quatro de altura, era de cor azul escura com adornos dourados que pareciam se mover como pequenos gifs e contavam um pouco da história da construção do castelo. No centro da porta havia apenas o local para encaixar o medalhão e, sem demora, os quatro retiraram os cordões e uniram os medalhões para formar a chave, que no mesmo instante saiu da mão deles e se encaixou sozinho na porta, como se fosse atraído para ela. Novamente a luz bruxuleante aparece e a porta se abre para dentro, revelando um salão espaçoso e iluminado por diversos archotes.

-Será que eu e o Rony também podemos entrar? –Gina pergunta incerta.

-Claro, porque não poderiam? –Luna fala dando de ombros e já entrando no local, sendo seguida pelos outros.

O local era bem amplo e dividido em dois ambientes, o da direita era composto por duas estantes com livros e uma mesa ampla com quatro cadeiras, o ambiente principal estava à frente deles e com a porta fechada parecia um altar sagrado. Era composto por um círculo que ficava dois níveis abaixo do chão, quatro estátuas de pedra faziam a “guarda” dele, sendo elas: uma enorme serpente de mármore negro e olhos de rubi, uma esfinge de ouro com olhos de diamante, um grifo também de ouro e com olhos de esmeraldas e por fim, um animal que se assemelhava a uma raposa com várias caudas de prata e olhos de safira. Dentro do círculo, a frente das estátuas, havia um pequeno pedestal de prata onde, imaginaram, cada um dos fundadores deveriam ficar, a frente de cada local desses havia uma runa que estava ligada as outras três por um pequeno canal.

-Sabe o que significam? –Draco pergunta a Hermione, que balança a cabeça em sinal negativo.

-Não parece com nada que eu já tenha visto. Mas as inscrições em torno do círculo parecem élfico. –fala pensativa e com aquela sensação ruim de quando não sabia a resposta para algo.

-Talvez haja alguma resposta naqueles livros. –Gina fala apontando os livros a direita deles.

-É só impressão minha ou aquelas estátuas são um tanto diferentes? –Harry fala observando a que parecia uma serpente.

-Luna, não vai aí, o que está fazendo? –Rony fala ao ver a namorada entrar no círculo central e andar na direção da raposa de prata.

-É o símbolo do meu medalhão, vocês deviam entrar aqui também, ficar de frente pro seu símbolo. –Luna fala para Harry, Draco e Hermione, mas sem tirar os olhos de sua raposa.

-Acho que mal não vai fazer, não é? –Harry fala e olha para os outros três, que lançam um último olhar a Luna e se dirigem a suas posições.

Assim que cada um fica de pé sobre seu pedestal, um brilho surge nos olhos das estátuas e nas inscrições élficas, que começam a girar em torno deles. Um brilho avermelhado como eletricidade se forma em seus corpos e percorre o caminho que os ligava aos outros, o brilho nos olhos das estátuas se transforma em um feixe de luz e atinge seus correspondentes na cabeça, fazendo seus olhos brilharem da mesma cor e de suas bocas entoarem cânticos que seguiam o ritmo da vibração das estátuas.
Rony e Gina que estavam chocados, resolvem interferir ao ver os feixes de luz atingirem seus amigos, mas um campo de energia os repele, fazendo-os ser arremessados contra as paredes, deixando-os inconscientes.

A luz que saía dos olhos das estátuas começa a descer da cabeça para o centro das costas deles, o canto se intensifica e uma forte luz começa a brilhar dos extremos do círculo maior onde estavam, o castelo começou a tremer e cada vez mais forte, conforme a luz ia se intensificando, até que após tomar todo o salão, se apaga repentinamente ao mesmo tempo que o castelo volta a se aquietar. Os quatro escolhidos estavam inconscientes no chão e em suas costas a roupa havia queimado, deixando a mostra pinturas semelhantes a tatuagens, que retratavam cada um dos guardiões.
O grifo nas costas de Harry tinha o corpo e os pêlos da cor de um leão, as asas possuíam penas marrons escuras, da cor da penugem da cabeça de águia, as patas dianteiras de pássaro assim como o bico eram amarelos.
A esfinge nas costas de Hermione tinha o corpo de leão e os pêlos eram dourados, a cabeça era feminina e tinha feições delicadas, possuía um corno saindo do meio de sua testa, que também era adornada por uma coroa, que organizava uma pelugem branca que ia até o meio de suas costas entre as suas grandes asas de penas douradas.
A raposa nas costas de Luna era prateada com alguns pelos brancos em volta do pescoço e na ponta das caudas, os olhos eram azuis e os caninos um pouco maiores que o normal, ficando para fora do focinho como num tigre dentes de sabre.
A serpente nas costas de Draco era negra e possuía duas filas de “espinhos” paralelas ao que seria sua coluna, os olhos vermelhos incandescentes e a boca preenchida por pequenos, mas afiados dentes a exceção das duas presas venenosas, que tinham o triplo do tamanho dos outros dentes.

Quando Harry abriu os olhos, sentiu um vento frio e forte, viu que estava a céu aberto e não entendeu nada até que uma sombra gigantesca caiu sobre si, fazendo-o se virar e deparar com um grifo maior que ele. Rapidamente ficou em pé, mas o vento forte não o ajudava em seu equilíbrio e, para piorar, percebeu que estava no cume de uma montanha tão alta, que não conseguia ver a base abaixo de si.

-Está com medo, garoto? –o Grifo fala com uma voz grave, mas clara.

-E porque eu teria medo? É uma ilusão, não é? –Harry pergunta ao se lembrar do salão, da estátua e do medalhão de Griffindor.

-Muito esperto. –fala de modo quase irônico, olhando para o garoto como se o avaliasse.

-O que quer comigo? –Harry pergunta encarando o grifo, que parece gostar da atitude dele.

-Percebo que é um legítimo representante da casa de Griffindor. –comenta se sentando, mas sem tirar os olhos de Harry.

-E você, quem ou o que é? –pergunta mantendo-se de pé e se acostumando com a corrente de vento.

-Sou Rhavic, o espírito guardião da Grifinória, minha missão é proteger a Hogwarts de qualquer um que tente fazer mal aos alunos ou ao castelo. –fala de modo breve e fazendo uma leve reverência, a qual Harry retribui.

-Sou Harry Potter, aluno do sétimo ano da Grifinória. –se apresenta apesar de ter a sensação de que Rhavic sabia tudo sobre ele.

-O que você sabe sobre mim, Harry? –pergunta de modo objetivo, surpreendendo o rapaz.

-Nada além do que me disse. –responde se sentando, tinha a impressão de que ouviria uma longa história.

-Neste caso farei um resumo da história. Alguns anos após a construção de Hogwarts, Godric, Rowena, Helga e Salazar, perceberam que um castelo tão poderoso e cheio de segredos e tesouros, não poderia ficar desprotegido, principalmente porque em caso de guerra, ele teria que proteger seus alunos contra qualquer perigo, pois estes eram considerados o maior tesouro que os quatro possuíam. Assim sendo, cada um procurou na mitologia o ser que mais julgava capaz de proteger sua casa e o castelo, e que também fosse compatível com sua personalidade. Os grifos além de simbolizar poder, também simbolizam a justiça e por isso minha raça foi escolhida.
Quando todos já haviam feito suas escolhas, na noite de ano novo da virada do século, os quatro invocaram os espíritos dos quatro seres e, primeiramente, os armazenaram naquelas estátuas que você viu. Depois fizeram um outro ritual, onde usaram sua carne e seu sangue para nos dar vida. –Essa afirmação deixou Harry assustado, mas Rhavic fez um movimento com a cabeça, indicando que não o interrompesse. –Sei que você deve ter achado tudo muito estranho, mas não tenho tempo para explicar. O que ocorre é que nós passamos a viver dentro deles, como espíritos conselheiros e quando necessário, ganhávamos um corpo e lutávamos ao lado deles, mas isso é claro, consumia muito da energia dos nossos mestres, o que tornava raro os momentos em que éramos usados.

-Desculpe, mas então qual a utilidade prática de vocês? –Harry pergunta um pouco sem jeito, não queria que soasse como uma ofensa.

-Nós fomos discípulos deles. Os quatro queriam deixar alguém que pudesse perpetuar seus conhecimentos e idéias depois de suas mortes. Quando aconteceu o problema com Salazar, fomos convocados a lutar contra ele, foi muito difícil e doloroso, mas no fim nosso poder conseguiu subjugá-lo. –explica com um tom de tristeza na voz, mas Harry resolveu não perguntar o porquê.

-Então você será meu mestre? –Harry pergunta tentando ser objetivo.

-Não, eu serei seu companheiro, nós trocaremos ensinamentos e quando você precisar de mim ou de meus poderes em uma luta, eu estarei disposto a lhe servir. –Rhavic fala em tom respeitoso, fazendo Harry sorrir mais tranqüilo.

-E como isso tudo vai funcionar? –Harry pergunta em tom prático, mostrando-se animado em aprender alguns segredos antigos.

Já era de manhã quando Harry acordou, pegou os óculos e viu que estava na enfermaria, Hermione estava a sua esquerda, Luna a sua direita e Draco a direita de Luna, todos ainda dormiam.

-Senhor Potter, como se sente? –madame Pomfrey pergunta se aproximando dele, que se senta na cama.

-Com fome, mas bem. O que houve? –pergunta tentando entender como havia chegado à enfermaria.

-Seu amigo, Ronald Weasley, e a irmã dele, trouxeram vocês, disseram que haviam comido algo e passaram mal. –a enfermeira responde com cara de quem não acreditara em nada daquilo.

-Não sei, não lembro. Quem sabe depois de comer, não é? –Harry fala tentando disfarçar.

-Eu vou providenciar o café da manhã para os quatro, enquanto isso repouse. –a enfermeira recomenda antes de sair.

Assim que a enfermeira sai, Harry observa aos demais e logo depois se dirige a cama de Hermione. A garota estava deitada de bruços, abraçando o travesseiro e a cabeça virada para o lado oposto ao que ele estava. Tentando vê-la melhor, ele delicadamente retirou as mechas castanhas de sua face, expondo seu rosto sereno.

-Poderia passar o dia a admirá-la. –murmura para si mesmo, acariciando suavemente o rosto da namorada.

Contudo, logo madame Pomfrey voltaria e eles tinham que conversar sobre o que acontecera. Decidido a acordá-la, beijou suavemente o pescoço da morena, percorrendo sua extensão com o roçar de seus lábios até voltar a beijá-la, desta vez na face, trilhando um caminho até os lábios da jovem, que despertava, virando-se para ele e levando uma de suas mãos ao cabelo do namorado, que no momento beijava carinhosamente os lábios róseos e ainda sonolentos. Começou a aprofundar o beijo conforme a sentia corresponder, ela já o abraçava e suas mãos o puxavam para si quando um risinho irônico e frio chamou a atenção de ambos, que rapidamente se separaram.

-Não sabia que levava contos de fadas tão a sério, Potter! –Draco falou em meio a risinhos, enquanto se sentava na cama. –Ainda bem que acordei não é? Vai que um de vocês resolve se aproveitar de mim enquanto eu dormia. –fala se divertindo com a expressão dos dois, que pareciam duas crianças que haviam sido flagrados pela mãe ao aprontar alguma.

-Para o bem da sua saúde, é melhor que esqueça o que viu, Malfoy. –Harry fala entre dentes, os punhos cerrados e olhos fixos nos loiro.

-Então a srta. Granger, monitora exemplar, anda tendo um casinho com o melhor amigo... –Draco comenta provocativamente.

-Não estamos tendo nenhum casinho e sim um relacionamento, o qual por motivos que não lhe dizem respeito, está sendo mantido em sigilo, por isso gostaria de pedir que não comente sobre nós com ninguém, já que Gina é a única além de nós três que sabe sobre isso. –Hermione pede educadamente, querendo evitar uma briga entre Harry e Draco.

-Nem o Weasley sabe? –Draco fala mais para si, começando a entender o porquê do segredo.

-Esquece o que viu, Malfoy, senão você vai passar muito mais tempo nessa enfermaria. –Harry o ameaça percebendo que o sonserino estava pensando demais no assunto.

-Já estão brigando, é? –Luna fala com a voz sonolenta de quem acabara de acordar.

-Bom dia, Luna. Nós só estávamos esperando você acordar para conversar sobre o que aconteceu ontem. –Hermione fala terminando com a discussão.

-Eu estou com fome. –a corvinal reclama pondo a mão sobre a barriga.

-Madame Pomfrey foi buscar o café da manhã. –Harry fala se sentando ao lado de Hermione na cama que era dele, para que pudessem ficar mais perto e, por conseqüência, falar mais baixo.

-Todos vocês tiveram um sonho com os guardiões das casas que representam? –Hermione pergunta vendo Luna se sentar a sua frente e, na mesma cama, Draco sentar-se a frente de Harry.

-Fala da raposa prateada, que surgiu no bosque? –Luna pergunta após um bocejo.

-No seu caso sim, mas no meu foi uma esfinge, no meio de um deserto. Seu nome é Sophia. –Hermione responde e olha para os outros.

-Minha serpente se chama Apôpis, surgiu numa caverna escura que terminava em um vulcão ativo. –Draco fala parecendo satisfeito com seu guardião.

-O meu disse se chamar Rhavic, se encontrou comigo no cume de uma montanha gigantesca. Qual o nome do seu, Luna? –Harry pergunta se virando para loira que os observava interessada.

-Ela disse um nome muito estranho, então eu decidi chamá-la de Saphira, mas ela é bem legal, conversamos sobre um monte de coisas. –responde animada.

-Bom, eu acho que vamos ter muito o que aprender com eles, mas não sei se teremos tempo pra isso, e a curto prazo não sei se serão de muita ajuda. –Harry fala pensativo.

-Não sei como eles pretendem conduzir os treinamentos mágicos, mas Sophia me disse que não devíamos nos preocupar, pois em caso de emergência nós poderíamos usar o poder deles, que devido ao tempo que ficaram adormecidos está em nível bem alto. –Hermione fala de modo tranqüilizador.

-Como assim usar o poder deles? Rhavic não me falou muito sobre isso. –Harry pergunta mais interessado.

-Como em teoria somos um, podemos pegar um pouco da energia que eles possuem armazenadas nas estátuas e também adquirir características como a força ou agilidade deles, eu poderia até adquirir as presas venenosas e vocês as asas. –ao ouvir Draco explicar Harry e Luna se animam e Hermione estreme com a idéia de ter asas. –É uma jogada interessante visto que quase não gasta energia e ajuda muito quando usarmos nossas armas...

-Que armas? –Luna pergunta surpresa.

-Cada um dos fundadores era especialista em uma arma, os guardiões vão nos ensinar a usá-las, por serem mais eficientes e menos desgastantes para usar contra inimigos que não usam magia, assim só gastaremos energia quando estivermos duelando com outros bruxos fortes. –Harry responde lembrando da conversa que tivera.

-Depois eles devem nos dizer onde procurar essas armas, se é que elas ainda existem. –Draco fala não muito crédulo.

-Ah, já acordaram! –Gina exclama ao entrar na enfermaria, seguida de Rony.

-Luna, como você está? –pergunta preocupado e andando apressadamente até ela.

-Com saudades! –Luna responde já o abraçando e beijando. Os demais apenas se entreolham balançando a cabeça negativamente.

-Será que vocês podem deixar isso para depois? –Draco pergunta fazendo uma careta.

-Temos coisas importantes que conversar. –Gina completa e os dois se afastam.

-O que aconteceu depois que entramos no círculo? –Harry pergunta aos Weasley.

-Aquelas inscrições que a Mione falou que eram élficas começaram a brilhar e se mover em torno do círculo e depois uma luz saiu dos olhos das estátuas e atingiu a cabeça de vocês, nessa hora tentamos ir até lá, mas batemos numa parede invisível que nos jogou contra a parede e nos deixou inconscientes. –Rony explica se sentando com Luna.

-Quando acordamos vimos vocês desmaiados e tentamos acordá-los até com feitiços, mas não conseguimos então consertamos as roupas que haviam sido queimadas nas costas e o trouxemos para a enfermaria. Estávamos preocupados. –Gina fala lançando um olhar discreto para Draco.

-Você disse que nossas roupas estavam queimadas nas costas? –Hermione pergunta estranhando o fato.

-Vocês ganharam tatuagens parecidas com as estátuas. Rony responde e imediatamente os quatro tentam olhar as costas, percebendo o desenho.

-O que eu vou dizer aos meus pais! –Hermione exclama preocupada, já imaginando a reação dos pais ao verem a tatuagem que cobria quase toda as costas dela.

-Se fosse comigo eu estaria perdida, minha mãe ia reclamar tanto que eu ia pensar em arrancar a pele das costas. –Gina fala já imaginando os lamentos e a bronca da sra. Weasley.

-Elas devem servir para marcar a nossa união com os guardiões. –Draco fala dando de ombros, assim como Harry não teria a quem dar satisfações e se o pai da Luna fosse como a filha, nem ia reparar na tatuagem nas costas da loira.

-União com aqueles bichos? –Rony pergunta confuso e olhando para Hermione.

-Mais ou menos, eles são como espíritos que “moram” nas estátuas e quando os quatro “herdeiros” do posto dos fundadores os acionam, esses espíritos passam a conviver conosco e podem ser apenas uma voz na nossa consciência ou uma forma espectral que só nós vemos ou que todos seriam capazes de ver e em um caso especial, as estátuas através da energia de cada um de nós se transforma em um corpo de carne e osso e vai para o campo de batalha. Só que este seria um último recurso porque além de ser muito desgastante é o único momento em que os guardiões são definitivamente mortais. –Hermione tenta explicar resumidamente o que eram aqueles seres.

-Então eles podem deixar de existir? –Harry pergunta surpreso, para ele os guardiões eram entidades imortais.

-Sim, se as estátuas forem destruídas eles ainda podem viver um tempo no castelo até invocar uma pessoa para coexistir, se o castelo for destruído eles deixam de existir porque o objetivo deles é justamente proteger o castelo, se nós morrermos eles voltam a “habitar” a estátua, agora se eles estiverem em sua forma física, são tão mortais quanto nós, por isso devemos protege-los com nossas vidas nessas ocasiões. –Hermione explica resumidamente um tema que tomou grande parte da conversa que tivera com Sophia.

-Isso é muito confuso, mas se eles geralmente não têm corpo, como podem ajudar vocês? –Rony pergunta e Gina parece ter a mesma dúvida.

Os quatro continuam as explicações e trocam mais algumas informações antes que a enfermeira voltasse com o café da manhã deles e aproveitando a reunião para fazer um pequeno interrogatório, mas não obtendo nenhuma informação além das que tinha antes. Os seis combinaram de se reunir ao fim do dia, na sala precisa, para esclarecer mais fatos e combinarem horários e dias para treinamento, além de falarem praticamente sobre uma linha de ação contra Voldemort.

Perto do horário combinado, Gina chegou à sala precisa e encontrou uma porta, concluindo que não era a primeira a chegar. Ao entrar, viu um sofá de três lugares e duas poltronas, todos negros, a frente uma mesinha de centro e uma lareira, que apesar de bem alimentada, parecia não aquecer muito, pois o ambiente estava bem frio.

-Gostou da réplica do meu quarto, Weasley? –Gina ouve a voz arrastada de Malfoy a sua direita e se vira para olhar.

-Algo assim só poderia partir de você mesmo! –fala movendo a cabeça reprovadoramente, vendo-o deitado em uma cama de dosséis, forradas por lençóis negros de seda.

-Imaginei que não fosse gostar, alguém como você, que não está acostumada com luxo e bom gosto, deve estar se sentindo... deslocada. –Draco fala em seu tom habitual, pondo um livro em cima da cabeceira.

-Não precisa tentar se proteger. –Gina fala caminhando até ele –Está sentindo muito a falta dela, não é? –pergunta de forma atenciosa e compreensiva, sentando-se ao lado dele.

-Já mudou de assunto? Não tem nem o que contra-argumentar, não é? –Draco retruca sarcástico.

-Não foi pelo luxo ou pelo conforto que você quis estar aqui. –fala segurando a mão dele e pressionando levemente. -Queria um lugar seguro, um lugar “quente”... Não tenta fugir. –fala quando ele tenta se afastar, mas ela não deixa, o mantendo perto de si. –Eu só quero que você desabafe como no outro dia, aliás, acho que você deveria confiar em mim, já que não comentei sobre aquilo com ninguém. –Gina ressalta parecendo preocupada e ele apenas se cala olhando para frente em silêncio.

-Eu não posso ficar me prendendo a isso pelo resto da minha vida. Já passou e eu tenho que seguir em frente. –fala tentando se manter frio, mas apertando a mão dela, apesar de levemente.

-Faz pouco tempo, não é fraqueza ou qualquer coisa do tipo dizer que sente falta dela, que tem medo de ficar sozinho, de não ter ninguém para cuidar de você, afinal ela era a única pessoa que se preocupava com você desinteressadamente, que realmente te amava. –Gina fala com cuidado, mas ele parece ficar ofendido.

-Muito obrigado por me dar força Weasley, mas eu não estou precisando que ninguém me diga o quanto eu sou detestável... –fala parecendo magoado, apesar do semblante duro.

-Não disse isso, não quero que fique com raiva! Eu só queria dizer que você precisa se abrir para as outras pessoas, as deixar entrarem...

-Onde está querendo chegar? –pergunta desconfiado.

-Estou querendo dizer que se você quiser, nós podemos ser seus amigos de verdade, cuidarmos de você como cuidamos uns dos outros. Não quero dizer que você tenha que mudar completamente, apenas quero que deixe de se fechar tanto, de ser tão preconceituoso, distante. –Gina fala um pouco nervosa pelo jeito como ele a olhava nos olhos, como se tentasse desvendar toda e qualquer intenção por trás daquelas palavras.

-Eu não sou o Potter! –fala de modo ríspido, voltando-se para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos e cruzando os braços.

-E eu não quero que seja! –fala se surpreendendo com a atitude dele. –Eu quero que seja apenas o Draco e não o Draco Malfoy que seu pai queria que fosse. –fala de modo paciente e percebendo pelo semblante dele que não era a primeira vez que ele ouvia aquilo.

-Você fala como se fosse fácil. –ele fala mais para si que para ela, baixando a cabeça e apoiando a testa no braço.

-Eu sei que não é fácil, mas eu estou com você para te ajudar, –ela fala e começa a se aproximar –para te dar –nesse momento ela o abraça e o faz apoiar a cabeça em seu ombro –apoio, -o beija na testa –força, -fala descendo os lábios pelo nariz dele –conforto, -o beija no rosto- carinho. –fala enquanto roça levemente seus lábios nos dele.

Nesse momento a porta se abre e o som de uma discussão entre Rony e Hermione é ouvido, fazendo Draco e Gina se separarem bruscamente, um mais frustrado que o outro. Gina contava mentalmente de trinta a um para não azará-los e Draco repetia incansavelmente o quanto odiava Harry e os amigos dele.

-Desculpe, pelo visto os dois esperaram muito, já que resolveram deitar! –Luna fala em tom de desculpas ao perceber Draco e Gina sentados na cama, apesar de haver pelo menos um metro de espaço entre eles. Ao ouvir o comentário de Luna, Hermione e Rony que discutiam, param e se voltam para os dois, assim como Harry que estava distraído.

-O que você pensa que estava fazendo na cama com esse... esse... –Rony começa a falar furioso, mas é interrompido por Hermione, que entende bem o olhar de socorro de Gina.

-Amigo, Rony! –Dessa vez as atenções se voltam para a morena, ninguém esperava aquela definição. –Por mais que seja estranho, a partir de agora Draco é nosso... nosso... companheiro e devemos tratá-lo com respeito e cortesia. –Hermione tenta defender o sonserino, mas descobre que isso era uma tarefa bem difícil devido ao histórico deles.

-Isso mesmo, por isso eu estava conversando com Draco enquanto vocês não chegavam. –a ruiva fala mais aliviada e parecendo se recompor do “flagra”.

-Mas agora que os atrasadinhos chegaram, podemos ir direto ao assunto que nos trouxe aqui. –Draco fala se dirigindo a uma das poltronas próximas à lareira.

-Tudo bem, mas da próxima vez que quiserem conversar, não façam isso em uma cama! –Rony fala emburrado e se dirigindo a outra poltrona, sendo seguido por Luna, que sem se cerimônias se senta no colo dele.

-Realmente, uma cama confortável como aquela é um lugar para se fazer coisas bem mais interessantes. –Draco fala sorrindo maliciosamente, mas visivelmente para provocar Rony.

-E por isso você a deixou de presente para gente? –Luna pergunta abraçando o namorado e deixando todos surpresos e um pouco constrangidos com a atitude dela, que obteve sucesso em terminar com a discussão antes que ela recomeçasse.

-Vamos ao primeiro tópico da reunião: Treinamentos, quando e onde poderemos treinar. –Hermione fala de modo prático e objetivo, aproveitando o silêncio que se instaurara.

-Bom, os treinos em magia podem ser feitos nos nossos horários livres e em separado já que cada guardião vai ensinar um estilo diferente para nós, mas os treinos com armas e de luta deveriam ser feitos em grupo, apesar de não poderem ser feitos em qualquer lugar e a sala precisa não me parece discreta o suficiente. –Draco fala pensativo.

-Eu também pensei nisso, afinal muitos sabem dessa sala, inclusive os professores. Então eu sugeriria o local onde ficava a câmara secreta, tenho certeza que podemos dar um jeitinho no lugar com magia, sem falar que lá é amplo, discreto e resistente. –Harry fala com um sorriso perspicaz, surpreendendo a todos.

-Eu não volto naquele lugar! –Gina se manifesta trêmula, os olhos estavam arregalados e sua pele estava mais pálida que o normal.

-Eu também não gosto muito da idéia! –Rony apóia a irmã, também não tendo boas lembranças do local.

-Mas vocês não precisam ir, até porque não teriam nada para fazer lá. –Draco fala como se fosse óbvio, afinal apenas os quatro seriam treinados.

-De certa forma Draco tem razão, mas se vocês quiserem estar presentes serão bem vindos e possivelmente de grande ajuda. –Hermione fala tentando amenizar a declaração do sonserino.

-Sem falar que seria muito bom que também aprendessem os feitiços e a luta, já que eu que não nos deixariam ir sozinhos atrás das horcruxes. –Harry completa fazendo os irmãos Weasley sorrirem diante da declaração de que mesmo sem serem escolhidos, ainda eram bem-vindos e faziam parte do time.

-Eu concordo com a escolha da câmara secreta. –Luna fala entretida, seus dedos brincando com os do namorado.

-Então acho que temos a decisão. Podemos nos reunir nos domingos de manhã, o que acham? –Hermione sugere e todos assentem.

-Então vamos para o segundo tópico: Contamos sobre isso para alguém? –Harry pergunta olhando para todos, que ficaram hesitantes.

-Acho que deveríamos contar somente para o quadro de Dumbledore. –Hermione propõe e Draco a olha com a sobrancelha erguida, como se ponderasse se a chamava de louca ou não.

-Eu concordo, ele sempre soube muito sobre o castelo e as horcrux, e se duvidar também sabia sobre os guardiões. –Rony fala mostrando que admirava o falecido diretor.

-Eu não sei se é uma boa idéia. –Draco fala desconfortável, afinal fora o responsável pela morte dele.

-Dumbledore sabe que você se arrependeu, tenho certeza que não se oporá a você estar conosco. –Gina fala em apoio a ele.

-Eu concordo com Gina. Eu estava lá e percebi que Dumbledore confiava no seu caráter, de outra forma não teria se deixado afetar daquele modo. –Harry fala tentando mostrar apoio, mas demonstrando pelo tom de voz que ainda não havia superado o que acontecera.

-Se é o que vocês acham, tudo bem, mas eu prefiro não ir falar com ele. –Draco fala ainda com ressalvas, mas todos decidem respeitar sua decisão.

-Agora nos resta falar sobre os horcrux. –Rony fala mais interessado, afinal era a parte em que ele e Gina poderiam fazer algo.

Durante o restante da reunião eles debatem sobre como os guardiões poderiam ajudá-los a achá-las, os lugares onde Voldemort poderia ter as escondido, que tipo de armadilhas e guardiões teriam, mas sem dúvidas, o maior temor deles era de que Voldemort já soubesse da caçada e, portanto, houvesse redobrado a segurança ou até mesmo resolvido esconde-las bem perto dele, talvez embaixo do colchão como Luna sugerira.

***********************************************

Em um local bem longe de Hogwarts, no meio de um deserto, surgia uma pirâmide feita de mármore negro, reluzindo seu brilho sombrio sob o brilho da lua cheia e das milhões de estrelas que apareciam naquela noite de céu limpo.
Em um salão, abaixo de vários outros e cujo caminho era um labirinto traiçoeiro, estava ocorrendo à preparação para uma cerimônia sacra. Dez homens de túnicas negras e rostos ocultos pelo capuz, prendiam uma mulher e um homem desacordados, em duas mesas de pedra com alguns hieróglifos egípcios gravados. O salão era amplo e sustentado por sólidas colunas de mármore negro, junto a uma parede, mas no centro do salão, havia um trono de ouro com serpentes de prata enroladas no braço e, atrás do trono, como se fosse um guia ou protetor do rei, uma enorme estátua de Anúbis, o Deus com corpo de homem e cabeça de cachorro. Sentado no trono, jazia um ser com semblante viperino e olhos vermelhos, usando uma túnica ricamente ornada de fios de prata, que formavam símbolos egípcios.

Voldemort ergueu-se e caminhou pelo tapete vermelho que ligava o trono a um poço redondo de cerca de quatro metros de diâmetro e preenchido com água cristalina, mas cuja profundidade não dava para ser medida, já que o mármore negro dava a impressão de que não tinha fundo. Ao chegar até ela, os comensais se organizaram em duas filas, uma de cada lado do tapete; as mesas de pedra já flutuavam sobre a água e então o bruxo empunhou sua varinha e fez um corte em seu dedo, deixando algumas gotas de sangue manchar a água.
Um comensal se aproximou um passo e ofereceu um livro de capa negra ornada com as letras HG, o qual Voldemort pegou e abriu em uma marca, revelando páginas feitas com pele humana e escritas feitas com sangue.

Assim que Voldemort começou a ler, as águas calmas começaram a se agitar, a coloração cristalina escureceu, ficando avermelhada até parecer que havia se transformado em sangue. A voz grave e sem emoção do bruxo ecoava nas paredes do amplo salão, quando o líquido viscoso começou a girar como um redemoinho e a ganhar um brilho incandescente.

-Que o sangue destes inocentes satisfaça as almas famintas e que suas almas mergulhem no mundo dos mortos em troca da volta de duas almas que já o habitaram por um longo tempo. –Voldemort fala seriamente e depois faz duas adagas, que antes estavam seguras por dois comensais, flutuarem até o homem e a mulher que jaziam inconscientes.

Com um movimento e uma sentença na língua antiga, as adagas se cravam no peito dos sacrificados ao mesmo tempo em que um raio verde sai da varinha e se liga aos punhais e depois ao redemoinho rubro vivo. Gritos agourentos são ouvidos juntos a lamentos tristes e algumas sombras humanas apareciam na superfície, até que duas dessas sombras são trazidas pelo raio verde e cada uma se dirige a um corpo.

-Que voltem a vida, aqueles que enviei ao mundo dos mortos! –Voldemort brada excitado e depois fala a mesma sentença na língua antiga, o que provoca um estranho brilho nas adagas, que saem dos corpos e voltam a repousar na mão dos comensais.

O sangue que antes fluía dos corpos, pára e retorna em fios vermelhos brilhantes, entrelaçando-se e endurecendo; formando um verdadeiro casulo negro em volta dos corpos. Voldemort ria satisfeito por seu êxito, enquanto o líquido voltava a se acalmar e depois clareava, voltando a ser apenas água cristalina.

-Meus fiéis servos, hoje começará o meu reinado! Pela primeira vez abri o que futuramente serão os Portões do Inferno! Portões por onde nossos futuros colaboradores surgirão e formarão nosso exército negro que destruirá o mundo trouxa e livrará a terra dos portadores de sangue impuro, para construirmos o mundo que merecemos e ao qual temos direito. –Voldemort discursa brevemente e obtém aplausos respeitosos e entusiasmados de seus comensais de mais confiança.

N/A: Oi, demorei um pouquinho, mas aqui estou com o cap e em breve a fic ganhará uma capa!

N/A²: Como prometi as coisas esquentaram, acho que agora já sabem quais as armas dos dois lados não é? Quem será que Voldemort ressucitará?

Próxima Atualização: O Príncipe de Avalon e Harmonia

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