Equivocos




Os dias que seguiram aquela noite de domingo, em que Padma Patil fora atacada, foram de total desespero.

A notícia não demorou a se espalhar pelo colégio e Dumbledore se ocupava respondendo cartas de pais preocupados.

Os alunos estavam realmente assustados, alguns chegavam a especular ser obra de Voldemort. No entanto, não era isso que tanto preocupava Harry durante aquela semana. O que realmente o preocupava era Hermione.

Desde a noite do domingo Hermione andava estranha, estava sempre distraída, agia de maneira mais agressiva.

Várias vezes Harry se pegava imaginando o que ela pretendia, mas sempre se convencia de que a morte dos pais dela e o choque do recente seqüestro eram os motivos que justificavam esse comportamento.

- Vamos Rony! – chamou Hermione irritada.

Ela e Harry esperavam pelo amigo na saída do salão comunal da Grifinória.

- Calma, que estresse hein? – reclamou o ruivo, juntando-se aos amigos.

- Francamente Rony, paciência tem limites! – exclamou andando apressada pra aula de DCAT.

- O que deu nela? – perguntou Rony a Harry, sem deixar a amiga ouvir.

Harry apenas deu de ombros, pensativo, e alcançou a namorada.

Não era a primeira vez que Hermione agia daquela maneira, fizera da mesma forma no dia que brigara com Cho e, desde domingo, aquele comportamento se tornara mais freqüente.

- Mione, porque você está assim... Agressiva? – indagou Harry preocupado, mantendo em si uma pontada de irritação.

- Eu estou completamente normal.

- Não, não está... Em certas horas você está super carinhosa comigo, conversando animada com a Gina... No segundo seguinte você fica gritando e reclamando... O que foi? – perguntou segurando seu braço com força, tentando afastar aquela sensação ruim de suspeita.

Ela tremeu.

- Harry... Desculpe – ela pareceu relaxar o corpo e aceitou um abraço do namorado – Desde aquela confusão com a Padma eu me sinto estranha... Há certas coisas que eu não consigo me lembrar de ter feito ou dito... Às vezes sinto um gosto estranho na boca e... Bem, hoje de manha eu achei cabelo em cima da minha cama, acho que está caindo... Eu não sei o que está acontecendo comigo.

- Calma – disse Harry, confortando-a – Vamos a aula, quando terminar podemos conversar com a Profª. Sulliver, ela vai poder nos explicar tudo e você vai ver que a história da Padma foi só um ataque de animal ou coisa assim, o que acha?

Hermione sorriu confirmando e acompanhou Harry até a sala de DCAT.

Aquela aula foi, definitivamente, diferente. Hermione ajudou a Profª. Sulliver em quase tudo, exemplificando feitiços e facilitando explicações.

Se Hermione antes já gostava das aulas de DCAT, agora elas eram suas preferidas. Pelo menos era o que se presumia diante da sua animação ao ajudar Alison a explicar a difícil matéria que Magia Antiga era. A aula inteira chegou a render 30 pontos para a Grifinória.

Ao fim dos dois tempos de DCAT, Harry e Hermione não demoram a explicar as crises de memória e os momentos de agressividade de Hermione a Alison.

- Então você acha que pode ser a responsável por aquele ataque? – concluiu a professora.

- Eu já disse pra ela que isso é loucura – Harry apressou-se em dizer.

- Eu não pensei na possibilidade de ser uma pessoa que fez aquilo, mas a tese da Srta. Granger faz certo sentido... – disse pensativa.

- Mas...

- Sr. Potter, queira acreditar ou não, a Srta. Granger poderia muito bem fazer isso.

- Estamos dizendo que, no caso, são seria minha intensão – Hermione disse com veemência.

- Desculpe se dei a entender uma possível acusação, não foi minha intensão – disse serena – Apenas quis dizer que, considerando um sonambulismo ou algo assim, a senhorita poderia ter atacado a Srta. Patil, ainda que não propositalmente.

Um silêncio desagradável e constrangedor se abateu sobre o lugar. Harry, diante do nervosismo da namorada, resolveu terminar aquele “bate papo”, que só servira para confundi-la ainda mais.

- Bem, eu acho que é melhor irmos agora – disse se levantando e pegando a mão de Hermione.

- Já? – indagou Alison carinhosa.

- Sim, nós temos aula agora.

Harry despediu-se, imitando Hermione, e arrastou a namorada para fora da sala.

Para o alívio de Harry, Hermione se manteu calada e, sem nada comentar, despediu-se com um selinho e partiu para a aula de Runas Antigas.



Aquela aula foi, na opinião de Hermione, particularmente chata. A voz do professor já estava começando a irritá-la profundamente.

Ela teria continuado a praguejar aquela aula desinteressante se a porta da sala não tivesse se aberto bruscamente, revelando o olhar assustado da Profª. McGonagal.

- Professor Vector, preciso de um imenso favor seu – exclamou exasperada.

- O que quiser... Algum problema Minerva?

- Depois conversamos sobre isso, no momento preciso apenas que o senhor me confirme a presença de todos os alunos. – disse parecendo apressada.

- Oh... Estão todos aqui, sem exceção – ele pareceu refletir por um momento e depois retificou – Bem... Exceto pela Srta. Granger, que se atrasou cerca de quinze minutos, mas chegou.

No segundo seguinte todas as atenções se voltaram para Hermione. Ela sentiu seu rosto arder em vergonha.

- Srta. Granger! – disse McGonagal em tom interrogativo, pedindo por uma explicação.

- Eu estava conversando com a professora Sulliver, o Harry estava comigo – justificou-se.

- Queira fazer o favor de me acompanhar Srta. Granger.

A menina olhou para o professor em busca de apoio, mas tendo este apenas consentido, ela arrumou seu material dentro da mochila de qualquer jeito e saiu da sala sob os olhares desconfiados dos outros alunos.

- Sabe Srta. Granger, acabamos de descobrir, na verdade há uma meia hora, um outro aluno desmaiado no meio do corredor.

- Que horror! Outro ataque? – exclamou horrorizada.

- Aparentemente foi sim um outro ataque, no entanto, dessa vez nós duvidamos que tenha sido culpa de algum animal.

- Está insinuando que foi um aluno? Eu não acho que um aluno pudess...

- O tempo que a Srta. esteve “sumida” coincide exatamente com o período de tempo em que se decorreu o ataque.

- Está me acusando de ter atacado alguém que eu nem sei quem é? – indagou perplexa.

- Se a carapuça lhe serviu... No entanto, se foi você eu prefiro que me conte ao invéz de ter que te acusar – disse séria, olhando-a por cima dos óculos, já estavam em frente a sua sala – O aluno atacado foi Edward Cloote, sexto ano da Lufa-lufa.

- Porque eu o atacaria? Professora, eu estive com o Harry e a professora Sulliver.
Minerva suspirou pesadamente.

- Nesse caso... – tornou a dizer. – Bem, eu acho que chamarei mais alguns alunos e professores, se esteve mesmo com o Sr. Potter e a Profª. Sulliver eles comprovarão.

- Ótimo – disse com raiva – Posso voltar para a aula?

- Pode, por volta das 17 horas, passe no meu escritório – a menina se virou para sair – Srta. Granger – disse, chamando a atenção de Hermione – Se tem a consciência limpa, não se preocupe.

Hermione sorriu ironicamente e seguiu de volta para a aula.

Depois daquela conversa desagradável com McGonagal, ficara claro que a professora tinha certa desconfiança pela garota, e na hora do almoço, quando a notícia do ataque se espalhou, os boatos começaram a correr.

Apesar de ter conhecimento que, de certa forma, tivesse motivos para duvidar da sua índole, Hermione se assustou ao saber que alguns dos vários boatos envolviam seu nome. Principalmente os criados por alunos que haviam presenciado a cena com McGonagal na aula de Runas Antigas.

Depois de comentar a história com Rony, Gina e Harry, que nada comentaram, ela acabou optando por esperar a hora marcada chegar, na beira do lago, onde poderia refletir.

Harry insistira para ir junto e ela não pestanejou em aceitar a proposta.

- A Minerva me chamou na sala dela hoje de tarde – revelou Harry após um longo momento de silêncio.

- Ela disse que faria isso... – respondeu vagamente - Como foi?

- Normal – disse dando os ombros e abraçando-a – Fez só um monte de perguntas.

A morena sorriu encarando o horizonte e depois levantou o olhar para Harry.

- Sabe... Eu cheguei à conclusão que era loucura tudo o que disse, eu estou com a consciência limpa... Sei que não fiz nada.

- E não fez! – afirmou antes de sorrir e beijar a namorada.

- Harry...

- Sim?

- Você confia em mim, não confia?

Harry quis que a resposta saísse rápida e clara, mas por um motivo que desconhecia sua voz falhou.

Será que não confiava nela? Não, claro que confiava.

- Confio... – disse por fim – Confio cegamente.

Ela sorriu novamente.

Era tão bom estar com ele. Harry lhe passava uma segurança que ninguém mais conseguia. Ele era perfeito... Perfeito para ela.

- Eu te amo, sabia? – Hermione disse, dando-lhe um selinho carinhoso.

- Sabia, mas é sempre bom ouvir você dizer isso olhando nos meus olhos.

Ela sorriu ainda mais e se ajeitou no colo dele, pegando seu rosto com carinho e obrigando-o a mirar-lhe os olhos.

- Eu te amo, Harry Potter – disse feliz.

Harry nem se deu ao trabalho de responder, apenas a beijou com desejo.

Segura pelos braços do namorado, Hermione se deitou na grama, sem desgrudar seus lábios dos dele, Ele pressionava seu corpo contra o da namorada. Sua mente dizia para parar, seu corpo pedia mais.

Os dois só não aprofundaram mais aquela cena de carinho e amor porque alguém os interrompeu limpando a garganta em uma imitação perfeita de Umbridge.

- Mione – chamou Alyne – A Profª. McGonagal está te chamando.

- Você estava lá? – perguntou nervosa.

- Estava sim.

Hermione sorriu nervosa para o namorado e lhe deu um selinho.

- Te vejo depois na sala comunal! – disse Harry, acompanhando a namorada até a entrada do castelo.

Hermione não demorou a se despedir dele e foi o mais rápido que pôde a sala de McGonagal.

- Professora? – chamou pondo a cabeça para dentro da sala.

Minerva, que até então lia alguns pergaminhos, levantou um olhar a Hermione e indicou a cadeira.

A morena entrou e fechou a porta com cuidado, sentando-se na cadeira indicada pela professora, logo em seguida.

- Então, qual o problema? – perguntou receosa.

- Bem, eu vou poupar o seu tempo Srta. Granger e tentarei ser direta.

Hermione nada disse, apenas concordou.

- Acredito que se lembre de nossa conversa hoje de manhã.

- Não dá pra esquecer...

- Pois então, eu chamei vários alunos e professores e as conclusões não foram as que eu esperava. – disse a professora.

Hermione se ajeitou na cadeira.

- O que exatamente a senhora concluiu?

- Bem, a sua versão da história de hoje de manhã foi contestada. A Profª. Sulliver, por exemplo, disse que entre o horário que saiu da sala dela e o horário que chegou à aula de Runas antigas teve um espaço de tempo de 30 minutos.

- Sim, mas...

- O Sr. Potter também contou uma historia contraditória a sua, embora fosse a mais parecida. Segundo ele, vocês não demoraram mais de 5 minutos para se despedirem depois que saíram da sala da Profª. Sulliver.

- Professora, eu não sei como me atrasei, corri o máximo que pude. – explicou calma.

- A sua versão não tem sentido Srta. Granger... Você teve um período de 25 minutos vagos, nenhum outro aluno o teve, todos estavam em aulas. Não me leve a mal, mas sou obrigada a acreditar na hipótese sugerida pelo Prof. Snape.

- Pelo prof. Snape? Professora, ele daria a vida pra me expulsar daqui... Junto com Harry e Rony, inclusive. – o tom calmo de Hermione sumira completamente, agora ela começava a retrucar com certa aspereza e impaciência.

- Os próprios amigos do Sr. Cloote relataram discussões feias que você protagonizou com ele. Disseram, sem saber o objetivo da conversa, que não hesitariam em acusar você, principalmente por terem conhecimento do seu atraso na aula de Runas... Ao que me parece um deles freqüentava a aula com você.

- Isso é loucura – exclamou indignada – Eu nem cheguei a conhecê-lo.
- Outra coisa que depõe contra a honestidade de suas palavras – prosseguiu sem ouvi-la

– E o fato de sua correntinha ter sido encontrada no local do primeiro ataque... O Sr. Potter encarou como um possível ataque a você, mas convenhamos que este fato possa ser visto com outros olhos.

- Eu não acredito que a senhora está disposta a acreditar que eu fiz isso.

Minerva suspirou lançando-lhe um olhar severo que Hermione ignorou.

- Eu não a julgarei, Alvo o fará quando estiver desocupado... Estou apenas levantando hipóteses a pedido dele.

Ofendida com a desconfiança da professora, Hermione se levantou bruscamente.

- Srta. Granger, queira se acalmar.

- Acalmar? Oras, eu não sou obrigada a ficar aqui ouvindo isso... acusações sem o menor fundamento.

- Convenhamos que elas têm determinado fundamento...

- Pois então fique com seus fundamentos para você, eu me recuso a ouvir mais uma palavra dessa conversa.

McGonagal tentou dizer alguma coisa que Hermione não chegou a ouvir, quando deu por si já havia batido a porta da sala da professora com violência e agora corria para a sala comunal.



Mais de uma semana se passou desde o ataque a Edward Cloote, o rapaz ainda estava na enfermaria; seu caso fora ainda pior que o de Padma.

Esta, por outro lado, já havia saído da ala hospitalar, agora usava apenas uma faixa na cintura, tampando o mais profundo dos cortes, que ainda não cicatrizara.

Hermione, porém, sentia-se capaz de afirmar que os ataques acabaram por causar tantos ferimentos nela quanto nas duas vítimas.

Ela encontrava-se em uma situação extremamente desagradável. Minerva McGonagal era uma, das várias pessoas, que lançava olhares furtivos e desconfiados a ela.

Naquela tarde de sexta-feira o Sol parecia não ter vontade de nascer. Escondido por várias nuvens, o astro apenas projetava uma luz fraca no céu, dando a este um tom cinza carregado de tristeza.

O dia estava frio, sem ventos, mas ainda assim uma brisa fraca e gelada lhe soprava a face, enquanto descia para os dois primeiros tempos com Snape.

As aulas de poções nunca haviam sido tão horríveis como aquelas. Snape parecia estar se dedicando unicamente a passar indiretas desagradáveis a Hermione, diante de toda a classe.

Além dos ataques, o professor chegou a insinuar qualquer coisa sobre roubo de poções polissuco, embora Hermione achasse que isso era apenas uma mentira para acusá-la de roubo, além de já fazê-lo em relação aos ataques.

Era difícil não dar atenção às provocações de Snape, que parecia sentir-se satisfeito em ver a morena corar a cada comentário maldoso.

O dia passou demasiado rápido e antes do que esperava, Hermione há passava a limpo algumas das últimas anotações na biblioteca.

Já tinha avisado Gina que não iria jantar, queria apenas terminar o trabalho e voltar para o dormitório da monitoria, na sala comunal.

A ruiva não gostou da idéia, mas por fim, prometeu avisar Harry da ausência da amiga.

- Srta. Granger, eu preciso fechar a biblioteca. – reclamou Madame Pince.

- Desculpe. – disse recolhendo o material e correndo à sala comunal.

Lá a garota se deparou com Parvati, sentada em frente à lareira.

- Parvati? O que faz aqui? – Hermione estranhou.

- Avisei a Profª. McGonagal que não iria jantar, estou com o estomago ruim.

- Hum... Bem, eu vou subir... Boa noite.

- Boa noite.


- O que? – Harry indagou incrédulo. – Ela está sem comer a um tempão, se continuar assim vai acabar doente.

- Concordo, mas tente convencer Hermione Granger. – disse Gina, em tom divertido.

- Eu vou subir agora mesmo!

- Harry, larga de ser chato. Ela já deve ter dormido.

- Não estou sendo chato, só não quero que ela tenha uma anemia, para completar a série de problemas que anda enfrentando.

Gina suspirou pesadamente e voltou a comer.

O jantar foi tranqüilo se descontassem as reclamações de Harry, este falou tanto que acabou por não ir atrás da namorada.

Depois de alguns avisos sem muita importância, de McGonagal, os alunos começaram a voltar para suas respectivas salas comunais.

- A Mione ta mal mesmo... – comentava Gina, voltando com Harry e Rony à sala da Grifinória.

- Essa história de ser a principal suspeita dos ataques está acabando com ela.

- O que você acha? – perguntaram Gina e Rony.

Harry lançou um olhar incrédulo aos dois irmãos.

- Ela... Bem... É obvio que ela é inocente, vocês imaginam a Hermione fazendo isso?

Eles viraram mais um corredor e Harry pôde notar que os olhares de Rony e Gina se assustaram.

- Não, eu vejo. – responderam os dois.

Harry se virou e deparou com a cena que o fez paralisar.

Longe dali, no final daquele corredor, o moreno via duas pessoas, uma deitada no chão com uma expressão de terror e medo, a outra apontava a varinha com um olhar impiedoso e maligno.

Era Hermione que estava lá, em pé, rindo da dor que causava em Pansy Parkinson.

Por um momento o maior sentimento a correr pelas veias de Harry foi a indignação, mas em questão de segundos isso se transformou numa raiva que contaminou todo seu corpo, de maneira que, quando voltou a si, já andava a passos largos em direção a Hermione.

- Hermione, você enlouqueceu? – perguntou furioso.

Esta, sorriu maliciosamente e virou o corredor. Harry correu atrás dela, mas ela já havia desaparecido em meio à escuridão que banhava o lugar.

- Eu não acredito que é ela quem está fazendo isso! – exclamou Gina, horrorizada.

- Levem a Pansy para enfermaria, eu vou atrás dela. – Harry determinou.

Sem esperar qualquer resposta, o garoto correu para a sala comunal.

Não sabia se Hermione estaria lá, mas precisava de uma explicação, precisava... Bem, era estranho para ele pensar assim, mas tinha que admitir que sentia necessário brigar com ela,discutir... Ele precisava gritar.

Entrou lá como um raio, parando de chofre ao ver Parvati sentada próxima à lareira, com uma expressão extremamente tranqüila.

- Parvati – ele chamou ofegante.

Ela se virou e, por um breve momento, o encarou sem dizer nada.

- Ah, é você... Oi Harry.

- Você viu a Hermione?

- Sim, ela... Aconteceu alguma coisa? Você está todo nervoso, falando de um jeito estranho.

- Eu... – ele suspirou – Você a viu?

- Sim, ela chegou e foi direto para o dormitório dela. Sabe, eu também queria ter um dormitório só para mim, ia ser tão...

Harry não pensou duas vezes antes de deixar a grifinória falando sozinha, foi o mais rápido que pôde ao quarto da namorada, escancarando a porta com um estrondo ao chegar lá.

Hermione estava deitada na cama, com as mãos na cabeça, mas ao ouvir o estrondo que resultou do chute que Harry dera na porta, levantou-se rapidamente, e lançou-lhe um olhar interrogativo.

- Harry, o que você...?

- O que você pretende afinal? – ele perguntou furioso. – Porque mentiu para mim?

- Como? Eu... Como assim, menti para você? – perguntou confusa.

- Ah Hermione, não seja cínica, você viu bem que eu te peguei no flagra... E não me venha com essa história de desmaios, dor de cabeça e “o que esta acontecendo comigo”, porque isso não cola mais.

- Harry, eu realmente não sei do que você está falando... E se você pudesse parar de gritar, seria muito conveniente.

- Do que eu estou falando? Está bem, se você precisa que eu te conte eu vou te falar... Acabou de acontecer outro ataque e a responsável por ele foi você! - gritou. – Não duvido que tenha cometido os outros.

Ela se levantou da cama com uma expressão incrédula e foi até ele.

- Harry, de todas as pessoas que podiam suspeitar de mim, você era a última que eu imaginava me dizendo essas coisas. – disse ofendida.

Ela tinha um tom de voz calmo e sereno, porém triste, sua voz estava rouca, não parecia que há poucos minutos atrás estava torturando uma pessoa e dando boas gargalhadas disso.

- Não faça essas carinhas Hermione, eu também nunca imaginei que você estivesse por trás disso, mas depois do que vi...

- Eu não fiz nada – afirmou veemente. – Eu cheguei aqui, deitei na minha cama e não saí mais.

- Eu já disse que essa história de inconsciência não funciona mais... Você parecia estar bem consciente há poucos minutos.

- Eu não disso que estava inconsciente... – ela finalmente deixou sua voz bradar, porém ainda rouca.

Ele a pegou violentamente pelos braços.

- Eu só quero saber o porquê de tudo isso. – ele disse friamente.

- Eu não sei do que está falando.

- O que foi? Será que a armaçãozinha ta vindo desde aquele seqüestro? Será que desde aquele dia você está fingindo? – ele a sacudiu.

Hermione se manteve calada, sentia como se uma ferida enorme se abrisse em seu peito e engolisse seu coração. Consideraria sua salvação se um buraco se abrisse sob seus pés e a fizesse cair sem parar mais.

- Eu não estou fingindo Harry. – ela disse quase sem voz. – Eu não estou atuando e nunca achei que você pudesse pensar isso de mim.

- Eu sou o desapontado aqui... Eu fui enganado e isso dói. – ele baixou os olhos por um rápido instante e depois voltou a olhá-la. – Será que não mentiu sobre a noite do seqüestro também? Será que não está realmente compactuando com Voldemort... Isso ajudaria a explicar o porquê de você ter conseguido fugir sozinha das mãos de Voldemort.

Essas palavras foram mais que suficientes para que toda a dor que Hermione sentia na alma, se transformasse em raiva.

Seu sangue subiu a cabeça e sua raiva explodiu com força na cara de Harry.

- Saia daqui. – exigiu rigidamente.

Ele nada disse, apenas a encarava com uma expressão surpresa.

- Saia daqui! – Hermione gritou.

Os olhares ainda se cruzavam como se fosse a última vez, pareciam produzir brilhantes faíscas no ar.

Ela já se preparava para gritar mais uma vez, mas Harry a impediu, dando um passo para trás.

Sem querer perder a visão dos olhos brilhantes e marejados de Hermione, Harry se afastou andando de costas, até chegar à porta, se virar e sair fechando a porta silenciosamente.

Durante alguns segundos Hermione ainda encarou a porta fechada a sua frente, mas depois se deixou desabar na cama, sem forças.

Alguma coisa lhe dizia que a partir dali nada seria fácil.





N/A = beeeeem, eu demorei sim! Desculpe!

N/A = obrigado MESMO pelos comentários, continuem assim, obg!

N/A = brigado pra naay, como sempre por betar.

N/A = continuem lendo, comentando e votando, pra eu saber o que vcs estão achando, ok? Bjs! ;*

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