Capítulo VIII



Capítulo VIII




Hermione abriu os olhos calmamente com o sol que rachava uma passagem na cortina branca e lisa do hotél, que bruxuleava com a leve brisa de primavera. Era engraçado notar que a temperatura e o clima dos lugares - Londres e Caribe - eram realmente diferentes, aliviando-a na questão de aproveitar cada centímetro com muito sol e água.

Draco não dormia ao seu lado, por mais que ela apalpasse o travesseiro fofo ao seu lado não conseguia sentir quem esperava sentir.

Se sentou repentinamente e já com idéias preocupantes e angustiantes em sua cabeça. Onde diabos ele fora? Isso foi fácil descobrir ao ler o bilhete em letra rapidamente escrita que estava no lugar onde ele era para estar:

Amor, tive que sair urgentemente. Volto na hora do almoço para pegarmos o carro para o balneário. Beijos, Draco.

Ok. Ela podia esperá-lo. Afinal... ela era Hermione Granger! Não agüentaria ficar parada entre quatro paredes olhando-as feito tapada! Sairia dali e desfrutaria da cidade toda em menos de cinco horas, se pudesse! E, com certeza, o faria.

Vestiu seu melhor vestido de verão, um cor-de-rosa que ia até um palmo para cima dos joelhos - a saia deste era frouxa e haviam alguns detalhes no decote, a alsa fina - e um chapéu de praia, uma sandália da mesma cor do vestido. Terminou completamente de arrumar-se e abriu a porta, trancando-a com a chave e guardando esta na bolsa de praia cor palha que ela pegara. Ora... ela estava no Caribe. Sol, praia, animação, certo? Se ela estivesse em qualquer outro lugar no mundo que também fosse famoso por suas praias - como o Haiti ou o Brasil - faria o mesmo.

Caminhou apressada até o elevador e apertou o botão para este subir. Esperou um tempo chato e entediante até o botão amarelo piscar indicando que o elevador se abriria, e este o fez. Dentro do elevador tinha um homem de cabelos ruivos e rebeldes, olhos verdes. Mas não era Rony. Quando ele notou sua presença a avaliou inteiramente e deu um sorriso no canto dos lábios:

- Vai entrar ou não? - quis saber, dando espaço para esta ir ao seu lado.

Depois de estremecer, foi até ele, concluindo que não passava de um simples cara no elevador. Não... sua consciência estava pesada e ela notou que o olhar dele se aprofundava demais a cada virada de cabeça, e ela sorria emcabulada.

- Prazer, sou Siennie Layfrom. - ela falsificou o nome rapidamente, estendendo-lhe a mão - e você... é?

Ela esperou que ele respondesse, mas não foi exatamente o que aconteceu. Este segurou em sua mão e a virou de costas para ele, e ela pôde sentir a ponta de algum instrumento de ferro e gelado em suas costas.

- Agora... - ele falou em seu ouvido, num sussurro, fazendo-a tremer - você vai fingir que está saindo comigo, e que eu não tenho um revólver apontado para as suas costas nesse momento.

Revólver... ah, Céus! Ela tinha pavor de revólveres! Ele ia matá-la, disto estava certa. Mas que ele não a estuprasse primeiro e nem a roubasse! A matasse de uma vez. Ela parecia ter muita coragem em um momento como aquele, mas no fundo tremia medrosamente.

- Tudo bem... - resmungou e olhou para cima, onde o ponteiro indicava qual o andar que passavam.

Três... dois... um... um. O elevador se abriu lentamente e as pessoas a olharam. No canto da grande sala havia uns sofás onde uma mãe brincava com seu filho pequeno. Tremeu de medo. O ar para todos podia aparcer alegre e feliz, para ela estava tenso e o que ela mais desejava era estar longe de todas aquelas pessoas.

O medo que sentia fazia sua mão tremer, e sentiu o olhar do menino pequeno nela quando atravessou a sala em direção à recepcionista. Este cochichou algo no ouvido da mãe que, depois de assustar-se terrivelmente, berrou a plenos pulmões:

- AQUELE HOMEM TEM UMA ARMA!!!

De imediato, Hermione se abaixou e colocou as mãos nos ouvidos, ouvindo o tiro que o homem deve ter dado na parede para intimidar o pessoal do hotél. Seu chápeu foi atirado para longe dali e seus cabelos puxados para cima, de modo que ele pudesse passar o braço em seu pescoço e com a outra mão segurar a arma, apontando para as pessoas.

Seu grande erro foi apontar para a recepcionista, que mantinha seu olhar pregado na cena, embora suas mãos corressem livremente embaixo do balcão em busca de um certo botão vermelho... e ele não notou.

- AGORA ESCUTEM - ele berrou como se o silêncio não fosse o bastante e todos precisassem cravar no crânio suas palavras - EU VOU SAIR POR AQUELA PORTA COM A SRTA. LAYFROM E NINGUÉM VAI CHAMAR A POLÍCIA... NINGUÉM FARÁ NADA... FINGIRÁ QUE NADA ACONTECEU. E SE A POLÍCIA APARECER, EU MATO ELA!

Ele pretendia mantê-la em... cativeiro? O... quê, hein? Ela NÃO ficava entre quatro paredes, nem com uma arma apontada para a sua cara a cada puxada de ar que ela desse. Mesmo que custasse sua vida... precisava de Draco. Sabia que a polícia chegaria em poucos minutos e ela precisava ganhar tempo para ele não sair antes dos policiais chegarem. E foi a mesma idéia que o menino pequeno teve, embora sua mãe tremesse de medo e quase teve um impulso que sair correndo atrás dele quando este se aproximou dos dois. Olhou criticamente para o ladrão, que não apontou a arma para o menino, como ela pensava que faria.

- O que está fazendo, tio? - quis saber inocentemente.

Sua mãe despencou em choro atrás deles, desesperada e com medo de algo acontecer com aquela cabeleira loura e encaracolada do pequeno; não obstante, o ladrão respondeu:

- Estou ajudando essa mulher, ela vai se machucar se você não sair da frente. - respondeu falsamente amigável, dando um sorriso debochadamente ridículo - SAIA! - berrou.

O garoto levantou as sobrancelhas. Não se intimidou nem gritou de volta. Era realmente muito corajoso, Hermione teve que admitir.

- E você pretende matá-la com uma arma sem balas? - ele perguntou calmamente, ainda com as cobrancelhas perdidas entre a franja loura.

O homem arregalou os olhos.

- Como sabe que esta arma está sem balas? - perguntou catastroficamente, as sobrancelhas juntas amontoadas em um sinal de interrogação.

- Eu não sabia, você acabou de me contar. - ele sorriu inocentemente.

Hermione sentiu uma forte e feliz pontada de alívio. A idéia de não morrer pôde até dar-lhe instruções de como se organizar internamente sem fazer bagunças, pois a de morrer deixaram certas coisas claras demais. Suspirou, ao ouvir o som da sirene da polícia do lado de fora do hotél.

- CHAMARAM A POLÍCIA? - ele berrou, indignado - vocês são rápidos... - ele soltou Hermione, empurrando-a para sua frente, faznedo-a cair de joelhos.

A recepcionista se aprontou em sair do balcão onde estava para ajudá-la, quando a polícia entrou na sala dando um chute com força na porta de vidro. Eles carregavam algum tipo de arma que era um pouco maior que o próprio braço e que poderia fazer um estrago total! Um horror...



"Um homem com uma arma com somente uma bala falsa entra em hotél da alta sociedade na zona leste do Caribe e faz uma mulher, Hermione Granger, que falsificou seu nome para Siennie Layfrom, de refém. Um garoto de sete anos, Joan Resthind, conseguiu com poucas palavras intimidar o bandido até que a polícia chegue...". Não quis continuar a ler a notícia do jornal, era estúpido demais! Ninguém percebia... ela era a única! Aquela única bala era com o intúito de não machucá-la e levá-la mesmo assim. Era um plano bem organizado de quem sabia onde ela estava, que ela sairia, que ela costumava esticar a mão e se apresentar para todo mundo que a encarasse!

Draco deu duas palmadinhas desnecessárias em suas costas e sentou ao seu lado, a cama macia afundando. Ela coçou a cabeça e afundou as mãos nos cabelos, os cotovelos nos joelhos.

- Acabou... - ele consolou, afagando seus cabelos castanhos e cheios.

Ela virou-se para olhá-lo profundamente, tentando desvendar o segredo que aqueles olhos verdes escondiam. Depois de alguns minutos encarando-o, os olhos dela se encheram de ódio e vingança e ela resmungou, a voz arrastada, agressivamente:

- Se eu souber quem foi o desgraçado que fez isso... - suas mãos se fecharam no jornal e ela fechou os olhos com força.

Ele ergueu as sobrancelhas, assustado com a atitude da namorada.

- Calma, Hermione... foi um ataque surpresa... - ele tentou afastar planos de vingança da cabeça dela, sem sucesso:

- Ataque surpresa uma ova! - falou em voz alta, revoltada, os olhos vermelhando-se rapidamente - isso tudo foi planejado e eu não sou uma tapada, Draco!

Ele a olhou, surpreso. Ela se levantou e caminhou apressadamente até o banheiro, com o intuito de ter que colocar os pensamentos em ordem, embora isso fosse meio impossível...




- Deu errado de novo... de novo... - Peter, com os cotovelos escorados na mesa, puxava os cabelos louros de leve para aliviar a tensão.

- E nós precisamos de um plano! - Gwen interveio, revoltada - estamos há quase um mês nessa silada. Agora...

- Planos? - interrompeu Dyego Manica, com seu habitual tom calmo e tenso ao mesmo tempo - Se nós mudarmos um passo ele manda seus figurantes para interromper a cena! - ele simulou, gesticulando.

- Deu errado... errado... - repetia Peter, cansado.

- Que diabos deu errado, Peter??? - Gwen interveio novamente, agora agressiva.

- Não era pra termos significado alguém pra ela! - ele falou em voz alta, com raiva - Não era pra termos ficado amigos dela... não era pra Harry ter se apaixonado por ela!

Harry passou a mão pelos cabelos negros e olhou para o chão. Encostou-se na parede branca e lisa e pensou em silêncio.

- No que está pensando, Potter? - Emma Doryanne quis saber gentilmente.

- No quanto fomos burros em confiar em um Malfoy. - ele deu os ombros, com um sorriso frouxo e triste nos lábios - ele disse que não iríamos machucá-la, e isso já se transformou em um problema na vida dela, que mudou completamente!

Peter sorriu.

- Agora vocês entenderam o que eu sempre quis dizer.

Se levantou e caminhou até a porta, chegando-a calmamente. Harry olhou a todos à sua volta. No início o caso não parecera tão grave para ele! Não parecera tão... cortante e sinistro. Era só um plano doido e idiota na cabeça de um igualmente doido e idiota que consegue tudo o que quer.

Todos pareciam tensos e pensativos, esperando o dia em que teriam que fazer o pior: contar tudo à ela. E esse dia se aproximava com mais velocidade e baques do que eles esperavam, realmente.

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