Revelações
Aviso: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor deste texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas a JKR.
Por favor, não me processem! Só peguei emprestado para me divertir e divertir os outros!
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Cap. 04 – Revelações.
- Já estou pronta, lembra-se que cheguei aqui por acaso?
- Por acaso? Ah, sim como pude esquecer que você estava dando uma voltinha por aqui e esbarramos em frente a minha casa. Disse Snape no tom mais sarcástico que podia.
- Onde fica o hotel Granger?
- Estou no caldeirão furado.
- Tem certeza que executou um plano para fugir dos comensais Granger? No caldeirão furado, ninguém iria encontrá-la lá não é mesmo? E ainda se achava à sabe-tudo de Hogwarts... Mas isso é passado, qual o número do quarto?
- Onze.
- Escreva uma ordem de retirada de suas coisas. Vou mandar Judithe busca-las.
- O quê? Mas eu tenho que arrum...
Ele a interrompeu com sua voz fria de sempre.
- Se ainda não percebeu Granger, você é uma prisioneira aos olhos do Lord das trevas. Como quer que eu explique o fato de passearmos juntos pelo beco diagonal? Cada vez que abre a boca me conformo mais que você é a burrinha que sempre falei.
- Se estivesse com minha varinha agora eu mataria você! Seu nojento.
- Igual ao Potter tentou no castelo? Vocês ainda têm muito que aprender garota! Não devia subestimar nenhum bruxo com mais conhecimento do que vocês. Não aprendeu nada com o Dumbledore esse tempo todo?
- Não fale o nome dele! Você não tem moral pra isso!
- Guarde os elogios pra depois Granger, chega de discussão, essa história ainda vai ser esclarecida, e você Judithe o que faz aí ainda? Porque não foi buscar as coisas dela? Agora!
Imediatamente o elfo desapareceu com um estalo.
- Devia tratar melhor seus empregados sabia? Não lembra do que aconteceu ao Sirius por causa do monstro?
- Não me compare aquele cão, e cale-se, por favor, já ouvi sua voz demais por um dia. Sabe aparatar não é mesmo Granger? Vamos para um local protegido contra localização, já sabe o que quero dizer não? Terei que guiá-la. Aproxime-se.
Hermione se aproximou e Snape passou um braço pela cintura dela, enlaçando-a. Imediatamente ela teve a sensação de estar sendo espremida por todos os lados, se aproximou mais de Snape e o abraçou fortemente. Demorou um pouco a abrir os olhos depois que chegaram ao local e se deu conta de que continuava abraçada a ele, se soltou imediatamente e ele sentiu sua súbita mudança.
Estavam na beira de um riacho calmo ladeado por uma floresta densa, uma pequena trilha entre a mata indicava que deviam seguir por ali, ele seguia na frente com ela logo atrás. Caminharam por mais ou menos dez minutos até avistarem uma pequena cabana tão escondida pela vegetação que quem olhasse rapidamente não avistaria. Quando Snape abriu a porta e pediu que entrasse ela teve uma surpresa. Por dentro a simples cabana era uma verdadeira mansão. Um brasão no hall da casa indicava que ali era com certeza uma verdadeira mansão bruxa.
- Aquela senhorita Granger era a casa do meu pai trouxa, com sua inteligência, limitada eu sei, já deve ter descoberto que sou mestiço. Aqui era a casa da minha mãe.
Judithe apareceu nessa hora na sala e Snape se dirigiu a ela:
- Judithe, leve a senhorita Granger ao quarto de hóspedes e dê a ela o que precisar. Quanto a você Granger, estarei lhe esperando dentro de meia hora para iniciarmos nossa conversa.
- Sim Snape. Respondeu friamente e saiu seguindo Judithe escada acima.
Na sala, Snape formulava frases em sua cabeça de como iria começar a contar tudo que aconteceu ao longo desses 17 anos entre as trevas e a luz. Uma tarefa difícil de ser feita, como alguém iria acreditar num ex-comensal? E mais, que tinha matado o maior bruxo dos últimos tempos? Mesmo ela sendo a mais inteligente de Hogwarts, ele mesmo nunca acreditaria numa história dessa, lembrou-se então da conversa com Dumbledore, antes de começarem a discutir na floresta:
- Você nunca foi um covarde Snape. É um dos seguidores mais fiéis da Ordem, seja forte! Sei que consegue.
- Não posso diretor! Já carrego um fardo muito pesado. Nunca me redimiria depois disso, quem iria acreditar em um ex-comensal da morte? Só você verdadeiramente acredita em mim, o que vou ser depois disso? Não que eu me importe com a opinião dos outros, mas se fizer o que está me pedindo o único lado que vai acreditar em mim será o dele! Dumbledore, não posso fazer o que está me pedindo!
- Ela irá acreditar em você Severo. Sabe de quem estou falando. Basta apenas que você abra verdadeiramente seu coração, tire a máscara que você adotou desde que a Lilly se foi.
- Eu não posso Dumbledore! Nem ela nem ninguém nunca vão acreditar nessa loucura.
- Ela vai sim, mas depende essencialmente de você para que isso aconteça.
- E como você tem tanta certeza de que ela irá me procurar?
- Isso já não tenho como garantir, mas se ela não for lhe procurar você deve ir buscá-la. Só depois que você a convencer poderá se reaproximar de Harry e seguir o plano adiante. Você é o único do nosso lado além deles que sabe sobre os hocruxes. Harry não terá quem guiá-lo mais. Não pode fraquejar agora Severo.
Depois disso a conversa seguiu para uma longa discussão encerrada quando Dumbledore convenceu Snape de que era a única solução existente. Sobressaltou-se ao ouvir uma voz a suas costas.
- Snape? Está ouvindo?
- Sim Granger estou ouvindo não sou surdo, sente-se e vamos acabar logo com isso.
- Quero avisá-la senhorita Granger que não deve me interromper, está cansada de saber que não tolero esse comportamento e uma vez que iniciar nossa conversa não pretendo cessá-la até o final. Antes, sabe o que é a poção veritasserum não é?
Ela apenas acenou com a cabeça.
- Uma variação dessa poção pode ser feita em forma de feitiço, vou lançá-lo nesse ambiente e somente verdades serão ditas aqui. Se algo que não seja verdadeiro seja dito uma névoa negra paira sobre a cabeça de quem estiver falando e só dissipará após a verdade ser revelada. Entendeu Granger?
Ela novamente acenou.
- Veritasserum incantatem! Ele disse as palavras e acenou a varinha rapidamente.
- Pronto Granger, agora vamos ao que nos interessa:
“Tudo começou no meu primeiro ano em Hogwarts, quando estávamos reunidos esperando a seleção, uma garota aproximou-se de mim e me perguntou se eu sabia algo sobre Hogwarts, ela era uma garota encantadora, conversamos por alguns minutos, mas foi tempo suficiente para ela deixar-me fascinado. Quando a cerimônia de seleção começou, nós estávamos lado a lado e nos demos as mãos até que o nome dela foi chamado e eu lhe desejei boa sorte ela foi rapidamente selecionada para grifinória. Desejei em meu coração ser selecionado para junto dela. E quando o chapéu seletor tocou minha cabeça ele falou:
- Vejo muita coragem em você rapaz, muita mesmo e em sua cabeça o desejo de mostrá-la, amor isso eu não vejo em você. Porque será? A Arte das trevas lhe dominaria facilmente, mas e essa coragem? Desperdiça-la você não irá! Difícil... Mas voce é grande, e um meio termo será. Entre extremos se colocará e no fim se decidirá. Sonserina!
Olhei para aquela menina e segui até minha mesa onde todos me receberam com festa. Mas dentro de mim estava triste, quando fui dormir refleti sobre o que o chapéu tinha me dito e com a idade que eu tinha não entendi praticamente nada.
Dentro de uma semana eu já tinha descoberto que a tradição da Sonserina era sempre ter tido alunos sangues puros e ser trouxa era uma abominação. Sentir-me péssimo com isso, mas sustentei a história de que era um sangue puro, por outro lado, a arte das trevas me fascinava cada dia mais, não há nada mais fascinante no mundo bruxo do que maldições. Todas aquelas avalanches de informações me fecharam em um mundo só meu, no mundo trouxa, eu seria considerado um Altista. Mas meu coração continuava a bater mais forte quando eu a avistava, agora eu já sabia seu nome, Lilly Evans, mas ela era grifinória e trouxa. E o que isso importava? Eu também era trouxa! E ainda tinha aquela turminha de baderneiros cercando-a, aquele Potter.
E os meus planos de aprofundar nas artes das trevas? O que os sonserinos pensariam de mim? Eu já tinha me envolvido com alguns alunos mais velhos e ouvi umas histórias sobre comensais da morte que serviam a um Lord das trevas e tinham total liberdade para esse assunto. Escolhi esse caminho, me fascinei quando a marca negra foi tatuada em meu braço e como tudo que eu fazia me dediquei o máximo em ser o melhor, minha parte naquela tarefa era desenvolver poções potentes para proteger umas peças que o Lord queria muito bem guardadas. Mais tarde vim, a saber, o que eram as tais peças, os hocruxes. Quando os seis hocruxes estavam muito bem protegidos, o Lord me deu a missão de espionar o que estava acontecendo em Hogwarts. Numa noite escura eu estava no Cabeça de Javali quando ouvi uma vidente iniciar uma profecia e me escondi tentando escutar o que ela falava ao ouvir o nome do Lord. Mas fui descoberto antes de ouvir toda profecia, mesmo assim contei ao Lord o que ouvi e ele tratou de começar a perseguição, embora eu não soubesse quem ele perseguia.
Uma semana após esse acontecimento, Dumbledore me procurou, sempre achei que o Dumbledore tinha o poder de saber o que se passava dentro de mim sem precisar usar Legilimência. Ele me chamou para uma conversa, no começo eu não quis conversar, pois se o Lord das trevas soubesse poderia me castigar, mas ele me disse que uma vida corria perigo, a vida de Lilly Evans. Senti todos os meus sentimentos aflorarem a minha pele quando soube que era ela quem corria perigo e me senti a pior das criaturas quando ele me disse que eu era o culpado disso.
Ele me apresentou a forma de me redimir, mas custaria todo o amor que dediquei em silêncio todos esses anos a ela. Aceitei na hora, e fomos juntos encontrá-la. Dumbledore explicou o que deveria ser feito: uma magia antiga, mas muito poderosa. O feitiço teria que ser feito por uma pessoa que não estivesse ligada de nenhuma forma a quem iria recebê-lo, essa pessoa teria que passar todo o sentimento que sentia na sua mais profunda essência, para alguém que a pessoa amada escolhesse proteger. Ou seja, todo amor que eu sentia pela Evans, teria que ser transferido para o bebê Potter.
Tentei argumentar, já vivia tantos anos com esse amor dentro do meu coração que deixá-lo pra trás seria difícil, mesmo sendo um amor platônico. Dumbledore foi taxativo e disse que essa seria a única maneira de confiar novamente em mim. Mas o que me convenceu mesmo a aceitar foi o olhar dela sobre mim, ao encará-la nos olhos senti que tudo poderia ter sido diferente se minha vida não tivesse seguido aquele rumo, essa era a chance de provar para Evans, que tudo que senti por ela desde o primeiro dia que a encontrei foi verdadeiro.
O ritual foi realizado e quando voltei a mim novamente, já estava em Hogwarts, e me senti vazio. Não tinha mais nada que valesse a pena dentro de mim, comecei a viver apenas para escola, para as aulas de Oclumência que comecei a receber de Dumbledore. O plano dele era que eu continuasse a ser um comensal e trouxesse informações a ele dos passos do Lord, mas antes que eu retornasse ao Lord, ele caiu e junto com ele caiu também a única mulher que amei.
Ela se sacrificou pelo menino. Essa era a parte da mágica daquele ritual que Dumbledore não tinha me informado. Se eu soubesse que ela teria que morrer de qualquer forma, não teria entregado meus sentimentos para proteger o filho do Potter, eu queria protegê-la, a criança não me importava... Mas não foi possível...
Novamente só me conformei quando Dumbledore me convenceu que essa tinha sido a vontade da Evans e que se ela tivesse me pedido eu teria feito de qualquer forma, porque meu amor por ela era incondicional.
Nos anos que se seguiram, eu ensinei em Hogwarts e continuei em contato com os comensais que ficaram livres, nosso plano era descobrir algo sobre o Lord desaparecido, me tornei um ótimo Legilimente e Oclumente, já estava preparado pra quando ele voltasse me tornar um agente duplo. Um ano antes de o Potter ir para a escola pedi ao diretor que me transferisse para Drumstrang, lecionaria arte das trevas lá com Karkarof, mais uma vez Dumbledore não deixou e usou o velho argumento de que Lilly gostaria que eu ficasse próximo da pessoa que ajudei a proteger.
Como a senhorita mesma sabe, nós nos odiamos desde o primeiro instante que nos vimos, pois ele era a imagem do Potter na minha frente, a não ser pelos olhos, os olhos dela. No quinto ano, tudo saiu do meu controle após aquela aula catastrófica de Oclumência na qual ele descobriu a relação amistosa que mantive com o pai dele.
Então nas férias seguintes eu e o diretor nos reunimos e ele finalmente decidiu me dar o cargo de DCAT, afinal, por conta da maldição era certo que eu sairia da escola no final do ano e não precisaria de nenhuma desculpa e o Potter teria os 17 anos dele completados, portanto a proteção acabaria.
Só que tudo estava indo bem de mais. Aconteceu um imprevisto. Eu fui impelido para uma missão sem volta. Uma vez comensal sempre comensal. E como eu era um agente duplo o lado das trevas nunca devia saber disso. O Lord das trevas exigiu a prova definitiva da minha fidelidade. Os golpes dele são sempre baixos, para evitar erros. Para que desse certo ele usou o Draco.
Fiz um voto inquebrável com Narcisa Malfoy de que cumpriria a missão destinada a Draco, se ele não a cumprisse. Embora eu já soubesse que ele não cumpriria. O Lord também, ele já sabia que o Malfoy fraquejaria e ele mandou a Bellatrix ir junto com a Narcisa para ter certeza que eu não recusaria.
No mesmo dia contei a Dumbledore o que precisava fazer e imediatamente ele partiu para buscar o Potter, não poderia adiar as aulas para contar sobre os horcruxes. A missão você já deve saber qual era, o santo Potter deve ter lhe contado o que o Draco não cumpriu, aliás, isso também foi uma ordem de Dumbledore, pôr você e o idiota do Weslley a par do que acontecia.”
Hermione não pode conter a expressão de descrença que havia em si.
- Está vendo alguma névoa Granger?
Ela negou com a cabeça.
- Então creio que posso continuar. Sim, ele sabia que teria que morrer para eu poder confirmar ao Lord minha devoção e salvar a vida do Draco e você acha que Dumbledore não conseguia sempre o que queria? Suas palavras definitivas foram as seguintes:
“Severo, mais vale um lado bem informado e fortalecido e uma vida salva do que um velho que já ensinou o que devia.”
Não me conformei com isso, discutimos algumas vezes e até cheguei a gritar que não iria fazer essa loucura, mas quem não faz o que Dumbledore manda? E ele também sabia que você viria atrás de mim Granger.
- Sabia? Como? – Ela não pôde se conter.
- Digamos que ele achava que você era a mais inteligente dos três. O que eu tenho que infelizmente concordar, ele me disse isso no último dia em que discutimos esse assunto. Disse que para entender a escolha dele somente alguém com a mesma grandeza intelectual que nós dois tínhamos. No caso você.
- Então ele escolheu você e Draco em troca dele?
- Sim Granger.
- E também me escolheu para entender essa história?
- Não só lhe escolheu como também designou uma missão a você.
- Missão? Que missão?
- A de ter que convencer seus amigos, o pessoal da Ordem e se possível todo mundo bruxo que eu sou inocente.
- O quê? Ele ficou louco? Ninguém vai acreditar nessa história! É um absurdo ele querer isso de mim.
- Infelizmente Granger, ele não está aqui para você discutir isso com ele. Vejo que perdi meu tempo com você, não acreditou em nada do que lhe falei. Não tenho como lhe provar nada, somente confiei na palavra dele de que você acredita.
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- Não sou eu quem não acredito. Como vou fazer os outros acreditarem em mim?
- Não sei, pior seria se tivessem que acreditar em mim. Pelo menos a senhorita não é uma ex-comensal da morte.
- Mas eu acreditei em você.
- Porque fiz um feitiço provando a você que falaria a verdade.
- Não acreditei em você por isso.
- E pelo que foi que a senhorita acreditou então? Porque o diretor pediu?
- Não, não costumo formar uma opinião pelo que as pessoas me pedem. Acredito em você pelo fato de você ter amado alguém pelo menos uma vez na sua vida.
Aquelas palavras acertaram em cheio Snape, ele esperava qualquer resposta menos essa, realmente aquela garota era inteligente.
- O quê? Não acredito que você seja tão sentimentalista.
- Vê alguma névoa aqui Snape? Ouviu muito bem o que eu disse, acreditei na sua história porque o amor é a força maior que nos move. Como Dumbledore provou ao aceitar sua própria morte por amor à humanidade que continua a mercê daquele monstro. Não é sentimentalismo, é só a essência de nossa vida. Você deve ter esquecido disso ao longo de todos esse anos sozinho.
- Muito bem senhorita Granger “sabe-tudo” amanhã conversaremos sobre as conclusões que tirou disso tudo, estou esgotado por hoje. Vá para seu quarto.
Para Snape o quanto antes ela se afastasse melhor, não queria que ela notasse o quão abalado ele ficou com essas últimas palavras dela. Talvez ele estivesse com medo de descobrir que aquilo era realmente verdade.
- Boa noite Snape.
- Boa noite Granger.
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