Vingança
Apesar de ter perdido pontos por ter ultrapassado o tempo para a prova, Harry continuou em primeiro lugar, empatado com Krum. Louise estava vinte pontos atrás dos dois, e Cho trinta e cinco.
Ludo chamou os Campeões depois do anúncio das notas, e explicou-lhes que a terceira e última tarefa se realizaria no dia 24 de Junho, e que eles teriam mais informações a um mês da data marcada.
Harry ainda não acreditava que tinha conseguido tirar Gina do fundo do lago. Se não fosse Dobby, talvez ela ainda estivesse lá. Suspirou, tentando tirar a ruiva dos pensamentos. Ela correra dele assim que foi liberada por Madame Pomfrey, e desde aquele dia não dava sinais de percebê-lo.
Em contrapartida, Rony e Hermione voltaram a se aproximar dele. Sentira tanta falta dos amigos que resolvera redobrar os cuidados a ter que se afastar deles novamente. Só não fazia isso com a ruiva porque, além da distância que ela impusera a eles, ele sabia que, com ela, o buraco era mais embaixo; ela não faria de conta que não sabia que algo estava acontecendo, como os amigos estavam fazendo.
Mione e Rony não pressionavam Harry, mas isso não queria dizer que eles não estivessem tentando, por outros meios, descobrir o que se passava com o amigo. Harry entrara no jogo dos dois, e também fez de conta que nada acontecera desde o natal.
O clima na escola estava se arrastando, e todos só falavam dos quatro que tinham sido os mais importantes para cada campeão. Dino e Justino estavam bem, pois namoravam as Cho e Louise, mas Gina e Mione eram zoadas por todos. Ambas estavam uma pilha, e mal ficavam nos salões nas horas da refeição, estavam sempre em ronda, e poucos as viam pela escola.
- É incrível como as pessoas nessa escola são fúteis! - reclamou Rony, quando Hermione se levantou da mesa depois de engolir duas torradas, e saiu correndo do salão, num sábado pela manhã. - Estamos com doze loucos soltos nas ruas, e eles só se preocupam se fulano está com sicrano, me poupem!
- Rony, o que há entre você e a Mione? - foi incisivo, até porque queria mudar o foco da conversa; falar dos comensais só aumentava as suas preocupações.
- O Krum... - deu um muxoxo. - É o que há entre nós.
- Você tem certeza disso? Por que eles nem estão namorando, não é? Depois da segunda tarefa, ficou claro pra Mione que ele gosta de verdade dela.
- Assim como você e a minha irmã? - rebateu, como se esperasse por isso desde o dia da prova.
- Er... - "Droga!" - não conseguia pensar em nada pra responder. Ficaram em silêncio um tempo, cada um com os seus pensamentos. Então Harry se manifestou. - Rony, não adianta eu negar que gosto da sua irmã, mas eu te garanto que não há nada entre nós.
- Eu não te entendo, Harry... Mesmo! Você gosta dela, eu tenho certeza de que ele gosta de você...
- Igualzinho a você e à Mione! - vingou-se.
- Nada igual! Eu gosto dela sim, mas ela só me vê como um idiota!
- Isso não é verdade! Não a parte do idiota, por que você é mesmo! - provocou. - Mas ela gosta de você, Ron! Quando eu estava afastado de vocês, eu via a cara que ela fazia, todas as vezes em que a Lilá se pendurava no seu pescoço...
- Sério? - o rosto do ruivo se iluminou, e Harry assentiu.
- Tenho certeza de que ela estava com ciúmes! - completou.
- Valeu, cara! Daqui pra frente, é comigo! - deu um sorrisinho.
Saíram do salão principal e ficaram andando a esmo pelos corredores, conversando e rindo. Harry sentia falta de falar besteira com o Rony. Falaram sobre as provas que estavam chegando, apesar de Harry ter sido dispensado de fazê-las, por causa do Torneio, e dobraram num corredor um pouco mais escuro, sem perceber, entretidos.
- Ora, ora... Se não é o Campeão de Hogwarts e seu fiel escudeiro puxa-saco Pobretão Weasley!
- Sai da frente, Malfoy! - irritou-se Harry, ao ver que Draco tinha posto seus cães de guarda pra fechar a outra saída do corredor.
- Potty, tenho um recadinho pra você! - deu um sorriso maldoso.
- Diga para a sua mãe que ela não mande mais recados por você, pois eu não quero mais ficar com ela! - Rony gargalhou, e o sorriso desapareceu do rosto de Draco.
- Segurem a ralé! - rosnou e Crabbe e Goyle seguraram Rony, que não teve tempo para evitar o ataque. Harry e Draco sacaram as varinhas e se mediram. - O recado, Potter, é que eles estão vindo! - sorriu de um jeito maníaco. - Quero só ver o que vai sobrar de você, depois que te pegarem!
- Eu imagino quanto medo devo sentir, baseado no nível do garoto de recados... - falou entre os dentes, venenoso.
- Você está muito metido, Campeãozinho! Só porque deu uns pegas na gostosinha da Weasley, fica posando na escola!
- Cala a boca, seu idiota! - Rony gritou, com a voz estrangulada.
- Então, Potter, - provocou, ignorando o grito do ruivo. - ela é mesmo tão boa de cama quanto dizem?
Mione e Gina estavam fazendo a ronda pelos corredores, e escutaram a discussão dos garotos de longe. Correram para o corredor, varinhas em punho, e, quando chegaram, viram Rony vermelho, tentando se desvencilhar dos capangas do Malfoy, e Harry e Draco sérios, empunhando perigosamente a varinha um para o outro.
- Malfoy, - Harry falou, os olhos escuros de raiva, se segurando para não matá-lo ali mesmo. - não ouse falar dela com essa sua boca imunda! - falou lenta e ameaçadoramente.
- Tá, Potter! Se você não quer dizer, quem sabe eu deva experimentar, não é? Será que ela vai pra cama comigo por dois galeões? É que mais do que isso eu não pago! - retrucou, num tom falsamente doce.
Todos os que estavam no corredor sentiram um calafrio. Harry estava com ódio, os olhos quase negros, faiscando. Crabbe e Goyle soltaram Rony, e saíram de fininho. Malfoy engoliu em seco, quando percebeu que estava com quatro varinhas apontadas para ele, mas pavor mesmo ele sentiu com a expressão de Harry para ele, que se aproximava lentamente.
- Harry, por favor, não faça nada. - Mione pediu. - Você pode ser suspenso, ou expulso da escola! - ela sabia que ele não ia deixar barato o que o loiro tinha dito, além de nunca ter sentido tanta mágica emanando dele.
Ele não escutou, e continuou se aproximando, enquanto Draco tentava se afastar, olhando furtivamente para trás, analisando a melhor hora para correr.
- Harry, - Gina se aproximou, e tocou seu braço. - Não vale a pena.
Ele olhou para a mão que o segurava, como se tivesse acabado de acordar. Virou-se para Malfoy, que estava apavorado, e percebeu que provavelmente ia fazer uma grande besteira, cego de ódio. Olhou de volta para a mão da ruiva e baixou a varinha, permitindo que Draco fosse embora.
- Você me paga, Potter! - gritou de longe, quando sabia que não podiam mais pegá-lo.
* * * * * * * * *
- Gina, você tá legal? - Mione perguntou, preocupada, enquanto as duas continuavam a ronda, próximas ao corujal.
- Por que não estaria? - retrucou, num tom falsamente alegre.
- Podemos conversar, ruiva? - perguntou, apontando para uma saleta no corredor. Gina seguiu a amiga, que trancou a porta e virou-se para ela, preocupada.
- Gina, o que está acontecendo? Não estou falando só da discussão que acabamos de presenciar; Você está sempre triste, mal fala, mal come...
- São os NOM‘s. - disse, displicentemente.
- Somos amigas, não somos? Então não minta pra mim, Ginevra! - irritou-se. - É o Harry, não é?
- É. - respondeu por fim, lacônica. Hermione escondeu o sorriso perante a confissão da ruiva.
- Mas Gina, ele gosta de você de verdade! A magia usada na tarefa era muito poderosa, só a pessoa mais importante para o Campeão seria levada para lá! - falou, o rosto se tingindo de vermelho, pois estava na mesma situação.
- Eu sei que ele gosta de mim, Mione. O problema não é esse! Ele me magoou, mentiu e tentou me afastar de todo jeito... E eu não vejo nada que justifique essa atitude dele!
- Eu e o Rony temos umas desconfianças, mas nada muito definido, do que está acontecendo com ele.
- Tipo o quê?
- Olhe, no natal ele estava bem, vocês até ficaram, né? Até conversar com o prof. Dumbledore e sair da escola sem nem se despedir e voltar esquisitíssimo. E semana passada, eu e Rony vimos no Profeta Diário que 12 comensais tinham fugido de Azkaban, no mesmo horário em que ele passou mal de novo.
- Não sei, Mione... Me parece muito forçado, sabe?
- Eu também acho, mas ele não se abre com ninguém! Não podemos descartar nada, até que ele resolva falar...- Ambas ficaram em silêncio, Gina digerindo a história de Mione, preocupada.
- Independente disso tudo, Mione, ele não tinha o direito de me deixar apaixonada por ele e se afastar assim! Ele não merece que ainda goste dele! E eu vou esquecê-lo, você vai ver!
- Vocês são dois teimosos! Os dois se gostam e ficam separados, e não sabem nem por que!
- Igual a você e o Rony? - rebateu.
- Rony tem namorada. - murmurou.
- Namoro que começou porque ele estava com ciúmes de você com o Krum! - acusou. - Ele é louco por você, Mione!
- Não sei, ruiva...
- Eu sei que fui eu quem te aconselhou a sair com outros caras, mas acho que já deu, né? Fazer com que o Krum se apaixonasse por você foi um pouco demais!
- Como se eu tivesse intenção que ele se apaixonasse por mim! - indignou-se. - Eu gosto dele, mas é só amizade!
- Amizade colorida! - provocou a ruiva, só pra ver a cara da amiga.
- Que seja! Não vou negar que ele é lindo, e tem um beijo maravilhoso, mas eu não consigo parar de pensar no Rony um só minuto!
- Isso, minha cara, é amor! - Gina fez uma quase perfeita imitação de Dumbledore, quando explica algo. - E você está lascada, com aquele ruivo! - riu da expressão atônita da amiga.
* * * * * * * * *
A "vingança" de Draco foi depois da aula de poções na segunda. Depois que Slug liberou a turma, Malfoy deu um jeito para que Harry saísse atrasado da sala e encurralou ele e Rony num corredor das masmorras, com uns três sonserinos, além dos habituais macacos mal amestrados com quem ele andava.
- Cadê a sua guarda, Potter? - provocou. - As suas meninas?
Harry sabia que ele não quisera mencionar Mione e Gina. Aquele loiro sabia de coisa demais, e Harry estava preocupado. Dobby viera lhe avisar que corria perigo e era, à época, elfo dos Malfoy.
- Quem devia sentir falta delas é você, afinal, foi por causa delas que eu não te virei do avesso no sábado! - provocou de volta. - E estou vendo que, dessa vez, quem trouxe meninas foi você!
Rony gargalhou, e os sonserinos começaram a mandar feitiços a torto e a direito, enquanto que Harry e o ruivo se defendiam como podiam, ricocheteando seus próprios feitiços neles mesmos.
Eles mal notavam o barulho ensurdecedor, e então um feitiço encheu de névoa densa o corredor. Harry e Rony mal respiravam, atentos a qualquer barulho, mas não escutavam nada. Quando o nevoeiro começou a dissipar, deram conta de que os outros tinham fugido, deixando-os presos numa armadilha.
- Posso saber por que os senhores Potter e Weasley resolveram destruir as masmorras, especialmente no horário da minha aula?
Harry e Rony seguraram a língua quando viram Snape olhando-os com ódio. Vários alunos do segundo ano da Corvinal e da Lufa-Lufa estavam atrás do seu antigo professor de poções, e eles viram que estavam, realmente, enrascados. Mantiveram-se calados. Não iam dar o gostinho de se rebaixar a Snape, porque intimamente sabiam que Draco devia estar assistindo à cena, escondido em algum lugar.
- Vejo que o gato comeu a língua de vocês... - falou, sarcástico. - Detenção esta noite, e menos 30 pontos cada um, por depredação ao patrimônio da escola. - a boca era uma linha fina, de raiva. - E saiam daqui imediatamente!
* * * * * * * * *
- Eu vou arrancar aquele cabelinho loiro ensebado com as minhas próprias mãos, depois de esmurrar a cara dele toda! - Rony bufava de ódio, enquanto andava nos corredores das masmorras com Harry, depois de terem passado mais de cinco horas lustrando os troféus e quadros da Sonserina, sem magia.
- Não, Rony! Ele é meu, pode deixar! - trincou os dentes Harry, olhando para as mãos cheias de calos, depois da faxina forçada.
Pararam assim que dobraram para o corredor que passava pela sala de Snape, escutando sussurros estranhos. Harry sacou a inseparável Capa da invisibilidade, cobriram-se e aproximaram-se, pé ante pé da sala.
- Severo, ele voltou, e está mais forte!
- Eu sei, Igor. - resmungou, revirando os olhos.
- o que você vai fazer? - torcia as mãos, ansioso.
- Preparar a minha aula de amanhã. - retrucou, seco, praticamente expulsando o diretor de Durmstrang.
- Severo, você não pode fazer de conta que o Lord das Trevas não voltou! - desesperou-se. - Ele vai vir atrás de nós!
- Se está com medo, fuja, mas daqui eu não saio. - crispou as mãos. - E você sabe que não adianta fugir, não é? Ele vai achá-lo em qualquer lugar.
- Você fala como se ele não fosse vir atrás de você! - retrucou, com raiva. - Ou você sabe de algo que eu não sei?
- Sei de muitas coisas que você não sabe, especialmente que está tarde, e que essa conversa não vai levar a nada. Retire-se. - falou, num tom que não admitia réplicas, e fechou a porta da sua sala praticamente nas costas de Karkaroff, assim que este passou por ela.
Ficaram um tempo parados, encostados na parede. Harry olhou para Rony, e viu, pela boca aberta e pelo olhar parado, que ele entendera que Voldemort voltara. Harry puxou o amigo para saírem dali, mas ruivo parecia estar em choque. Finalmente chegaram à sala comunal, vazia àquela hora, e Rony mantinha o semblante apavorado.
- Ron, você tá bem, cara?
- É verdade, não é, Harry? Vol-Voldemort voltou, não foi? - gaguejou, afundando numa poltrona próxima.
Harry ficou calado. Estava escrito na cara dele que era verdade, mas admitir isso era permitir que Rony fizesse perguntas que ele não pretendia responder. Sentou-se ao lado do amigo, e baixou a cabeça, pesaroso.
- Você tá bem, Rony? - perguntou, depois de um silêncio quebrado apenas pelo vento nas janelas.
- Por isso que a minha mãe estava tão triste no natal... - balbuciou. - Eu não acredito! - enterrou a cabeça entre as mãos, em desespero.
Harry deixou que Rony ficasse com seus pensamentos. Viu que não podia ajudá-lo, e levantou-se para deixá-lo lá. Talvez o ruivo quisesse ficar sozinho. Harry já estava subindo as escadas, quando escutou a voz embargada de Rony.
- Ele matou a família da minha mãe, sabia? Os Prewett. - fungou. - Mamãe tinha verdadeiro pavor de que ele voltasse...
Harry desceu os dois degraus que subira, e foi em direção ao ruivo, que estava desolado. Puxou-lhe pela mão e o abraçou.
* * * * * * * * *
Putz, tive que cortar bem no meio. Essa vida de escritora é de lascar! Você deixa que os personagens falem, e eles não calam mais a boca! =P
Ah, desculpa por não ter postado antes, mas eu estava no "faxinão de ramos", onde cada vassourada é um calo na mão e uma dor nas costas... O problema é que eu sou péssima em feitiços domésticos, então tenho que trabalhar do jeito trouxa, mesmo... =D
Obrigadíssima pelos comments e votos, e até já! Bjos =D
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