Mistérios



- E então? - Harry perguntou, quebrando o silêncio constrangido que se instalara desde que Dumbledore se sentara com eles. - O que têm pra me dizer?


- Harry, eu nunca te contei isso, pois havia muita mágica impedindo que eu o fizesse, mas, perante as circunstâncias, eu tenho que falar. - começou Lily, insegura. Dumbledore assentiu para que ela continuasse. - Como você sabe, meu filho, sou medibruxa, mas não trabalho no St. Mungus, e sim, diretamente no Ministério. - Harry assentiu. - Pois bem, eu trabalho diretamente no Departamento de Mistérios. Sou uma Inominável. - completou num suspiro.


- Inominável? - repetiu, confuso. Nem esperava que a mãe fosse desse setor do Ministério, e nem estava entendendo o motivo desse segredo todo, especialmente se ele era filho dela.


- Sua mãe é proibida de dizer que trabalha lá, pelas próprias leis do Departamento; leis essas que podem ser quebradas em casos especiais. A única pessoa além de mim e os colegas de Departamento de Lily que sabem disso é seu pai, Harry.


- Certo, mas onde vocês querem chegar?


- Antes de lhe dizer o que está acontecendo, temos que lhe dizer que, mesmo você sabendo que sua mãe é Inominável, não vai poder dizê-lo pra ninguém. É uma mágica de segurança que acompanha todos que lá trabalham. E só um Inominável pode falar o que há no Departamento de Mistérios, mas só é permitido falar em casos especiais, e apenas o que tange a esses casos.


- Tá, agora eu realmente entendi porque esse Departamento é de Mistérios. - resmungou para o professor e a mãe, que deram um meio sorriso.


- Quando cheguei aqui, escutei você se culpando pelo ataque a Artur, Harry, e reitero que isso não é verdade. Sirius e Tiago me contaram do seu sonho, e, depois do acontecido, posso afirmar que, durante um curto período, você dividiu o corpo com Tom.


- Como eu posso ter feito isso? - perguntou, confuso.


- Você tem uma ligação com Tom muito forte, Harry. A profecia dizia que ele o marcaria como um igual, e podemos concluir que você "herdou" algumas características dele, como a ofidioglossia.


Harry imediatamente olhou para a mãe, que desviou o olhar, baixando a cabeça.


- Não culpe sua mãe por ter me contado isso, meu caro. - falou de um jeito protetor. - Há muito tempo eu estou acompanhando o que acontece com você e com a sua família. - suspirou. - Mas isso não vem ao caso agora... Como eu dizia, acredito que você tenha, de alguma forma, entrado no corpo da cobra que Tom estava possuindo, e receio que ele tenha percebido a sua presença.


- O senhor não acha que ele me atraiu para esse sonho?


- Acho que não, pois assim ele só alertaria a presença dele para os que ainda não acreditam que ele tenha voltado, além de não conseguir o que tinha ido buscar...


- Ele foi buscar o quê? Eu conheço aquele lugar, já havia sonhado com ele algumas vezes...


- Lá é o Departamento de Mistérios, Harry. - falou a mãe, depois de uma troca de olhares com o diretor, como se o que o garoto acabara de dizer confirmasse suas suspeitas.


- Lá ficam guardadas, entre outras coisas que não vêm ao caso, profecias, meu caro. Acreditamos que Tom queira agora saber todo o conteúdo da predição, para que não sucumba uma segunda vez.


- E ele não tinha como mandar ninguém lá? Sabemos que os Malfoy sempre foi uma família partidária à causa dele, e, infelizmente, influente no Ministério... Porque ele não pôde fazer este serviço, já que tem um acesso relativamente mais fácil?


- Porque só quem pode retirar as profecias de lá são os que são citados nela; no caso, você e Tom. Qualquer outro que tente pegá-la, receberá um coquetel de feitiços de proteção, geralmente letal. - falou, do seu jeito calmo de sempre.


- Certo... - retrucou o garoto, digerindo a informação. - E ele conseguiu pegá-la?


- Graças a você, não. - sorriu o diretor.


- E agora, o que faremos para protegê-la?


- Nada. - respondeu de pronto, intrigando o garoto. - Vamos o fazer o que deveríamos ter feito antes; levá-lo para retirar o que lhe pertence no Departamento de Mistérios.


* * * * * * * * *


Os três foram imediatamente ao Ministério, absortos em seus pensamentos. Lily tinha passe livre, e logo eles estavam, finalmente para Harry, em frente à famigerada porta.


Atravessaram a primeira porta e deram com uma sala circular, cheia de portas. O garoto olhou para os mais velhos, à espera de instruções.


- Concentre-se Harry. - pediu a mãe. - Peça à sala que o guie até a sala de profecias.


E assim o garoto o fez; abriu-se uma porta que dava para uma sala cheia de estantes, com umas ampulhetas estranhas, e um estranho ovo, que se partia, dele saía um pássaro, que logo envelhecia, até tornar-se um ovo novamente.


Harry parou para olhar, meio fascinado, e a mãe o puxou. Concentrou-se mais uma vez, e deram numa sala com muitas estantes também, mas nelas havia muitas bolas de vidro, com uma substância cinzenta dentro.


- Então, Lily? - perguntou Dumbledore.


- É mais adiante. - falou, andando para o lado esquerdo da sala, sendo seguida de perto pelos dois. - É aqui. - apontou para uma prateleira pouco acima da sua cabeça.


Lá havia algumas esferas, e Harry logo viu uma com o seu nome e o de Voldemort cunhado. Olhou para os dois, que assentiram para que ele pegasse a esfera. Fechou os dedos sobre ela, que estava curiosamente quente, apesar da aparência fria.


- E agora? - perguntou, segurando a esfera firmemente.


- Agora vamos quebrá-la num lugar seguro. - falou o diretor, sinalizando para que Harry guardasse a profecia.


- Que lugar seguro? - perguntou, depois de pôr a bola de vidro num bolso.


- Hogwarts. - disse simplesmente, caminhando de volta de onde vieram. - Desculpe estragar as suas férias de Páscoa, mas prefiro que você volte comigo à escola.


- Dumbledore, você acha que há algum risco para ele agora? - preocupou-se Lily.


- Acho que não devemos facilitar... Mesmo que não aconteça nada, não devemos esquecer que Harry ainda não é maior de idade, e é importante que ele fique num lugar onde possa fazer mágica, não?


Saíram do Departamento, e Dumbledore fez uma chave de portal do próprio chapéu, para que fossem até o Largo Grimmauld, buscar as coisas do garoto.


* * * * * * * * *


- Lily, se acalme! - Tiago abraçava a esposa, que chorava.


- Ele não merece passar por isso! - soluçou. - Ainda é um garoto...


- Nós sabemos que ele é um grande bruxo, Foguinho... - beijou a testa da esposa. - Ele já o derrotou uma vez, e agora estamos mais preparados...


- Você realmente se consola com isso? - perguntou, descrente.


- Estamos aqui com ele, não é? - respondeu. - Agora pare de chorar, pois daqui a pouco Harry desce, e vai querer saber por que você está chorando!


- Meu Merlin! Vai chover! - exclamou a ruiva.


- Como é que é? - perguntou, sem entender.


- Tiago Potter estando certo é um verdadeiro milagre!


- Foguinho, Foguinho... Não me provoque!


- Ao menos não sou eu quem brinca com fogo... - deu um meio-sorriso, refeita das lágrimas. Tiago se aproximou e puxou Lily para um beijo.


- Será que vocês não se cansam, hein? - implicou Sirius, entrando na sala, acompanhado por Lupin e Dumbledore.


- Inveja mata, Almofadinhas! - riu Tiago.


- Me poupe, Pontas! - revirou os olhos. - E não se atrevam a reabrir a "Fábrica Potter" nessa altura do campeonato! Já bastam os três "anjinhos" que vocês têm!


- Não se preocupe com a "Fábrica Potter"! - Tiago riu com gosto. - Já passamos as ações dela para os nossos filhos...


- Fico imaginando quantos porcento da "Fábrica" o Harry tem, especialmente depois de uns flagras que eu dei...


- Sirius! - brigou Lily, rindo. - Você flagrou o Harry e não nos contou nada?


- É sina dos Potter gostar de ruivas loucas, não é? - provocou, levando uma almofada certeira no rosto, de Tiago.


- "Senhoras Ruivas Loucas" pra você, viu? - riu.


- Pois bem, - continuou, como se não tivesse sido interrompido. - lá estava eu, no papel de padrinho, com a melhor das intenções...


- Pára de enrolar! - brigaram Lupin e Tiago, curiosos.


- Enfim... Quando eu apareci na lareira do Salão Comunal da Grifinória, Harry estava quase engolindo a Foguinho dele, em cima do sofá. - começou a rir. - Quando a ruiva percebeu que eu estava lá, não sei como, o empurrou com tanta força, que ele caiu de bunda no chão, atordoado...


Todos na sala caíram na gargalhada. Até Dumbledore deu um risinho, apesar de tentar se manter sério, esperando Harry descer.


- Qual a piada? - perguntou Harry, descendo as escadas, puxando o malão.


- Eu estava contando a história de uma fábrica de família, que as ações foram passadas erroneamente para os herdeiros... - explicou cinicamente Sirius.


- Loucos! - Harry resmungou, dando mais um puxão no malão.


- Deixa que eu te ajudo, Harry. - falou Lupin. - Locomotor Malão!


- Antes de irmos, eu queria lhe fazer um pedido, Harry. - começou o diretor. - Quero que você faça aulas de Oclumência com o prof. Lupin.


- Oclu-o-quê?


- Oclumência. - corrigiu Lupin. - Com ela você vai aprender a manter a sua mente fechada a influências externas.


- Você vai ter aulas duas vezes por semana, à noite. - falou Dumbledore. - E não se preocupe com o cerco do Torneio Tribruxo; isso eu resolvo.


- E se você quiser, Harry, podemos fazer um treinamento em Defesa Contra Artes das Trevas, se você tiver tempo livre...


- Claro que quero! - sorriu o garoto, apesar de ter comprometido todas as suas noites.


* * * * * * * * *


Chegaram à escola pouco antes de anoitecer. Lupin tinha ido com eles. Quando Harry lhe perguntara porque não ficara na sede, recebeu um lacônico e melancólico "Lua-Cheia." de resposta.


Seguiram direto para o corredor do sétimo andar, depois de o garoto ter levado seu malão para o seu dormitório.


- Acredito que seu pai tenha lhe dito de uma sala extraordinária que fica neste andar, não é?


- A Sala Precisa... - confirmou.


- Exatamente, meu caro. Suponho que saiba usá-la, então. - Harry assentiu mais uma vez. - Eu quero que você pense num lugar onde possa quebrar a profecia, e que ninguém vá ouvi-la.


Deram as três voltas em frente à tapeçaria de Barnabás, o Amalucado. Quando abriram a porta, se depararam com um poço, no meio da sala, cercado por grama rala.


Fecharam a porta e se aproximaram da borda do poço. Harry olhou para o diretor, que sinalizou que ele jogasse a esfera. Depois de quase um minuto, escutaram um som fraco de vidro quebrando, e alguns sussurros ininteligíveis.


- Pronto; agora só quem sabe disso somos nós dois, e seus pais, e alguns membros seletos da Ordem.


- E a profª. Trelawney, não?


- É, ela também. - falou, pensativo, Dumbledore, enquanto coçava o queixo. - Mas acredito que ela não se lembre de nada. Você a viu, estava em transe.


- Eu só sei que ela é estranha demais, para que possamos concluir algo efetivamente. - resmungou o garoto, seguindo o diretor até sair da sala.


* * * * * * * * *


Harry passou o fim de semana na ala hospitalar. Dumbledore pediu que o fizesse, para que pudessem monitorar seu sono. Madame Pomfrey todo noite lhe dava uma poção para dormir sem sonhar, mas o diretor sabia que não seria suficiente, caso Voldemort quisesse realmente entrar na mente do garoto.


Os alunos voltaram para a escola no domingo à tardinha, e Harry, ainda a pedido de Dumbledore, continuava na ala hospitalar. Olhava a esmo para o teto, quando a porta se abriu, dando passagem ao diretor.


- Como vai, meu caro? - perguntou, conjurando uma confortável poltrona, sentando-se em seguida.


- Entediado...


- Não se preocupe; amanhã você terá sua primeira aula de Oclumência. Pode parecer um pouco difícil de início, mas depois que se pega o jeito, fica mais simples.


- Espero que sim. - resmungou.


- Bem, Harry, vim aqui para saber se você aceita receber uma pessoa. - Harry olhou para o diretor, desconfiado. - Esta pessoa insiste em vê-lo, e eu queria saber se você aceita sua visita.


- É a Gina?


- Infelizmente para você, não. - deu um sorriso de lado. - Mas chegou bem próximo; é Ronald Weasley.


- O Rony? O que ele quer?


- Posso mandá-lo entrar?


Será que Rony o culpava pelo que acontecera ao pai? Com certeza tinham contado a ele que Harry sonhara que era a cobra que atacara o pai dele... Agora sabia que a culpa não era sua, mas como explicar isso ao amigo?


- Então? - o diretor interrompeu seus devaneios.


- Pode, sim. - falou, ciente que de nada adiantaria protelar essa conversa. Talvez fosse até melhor tê-la num ambiente mais reservado, como a ala hospitalar.


O diretor abriu a porta, dando passagem a Rony, saindo em seguida, fechando a porta. O amigo se aproximou da cama de Harry cautelosamente.


- Você está bem?


- Estou sob vigilância, mas estou bem. - falou, sem emoção. - Como está seu pai?


- Ah, nem queira saber! - falou, com uma expressão divertida. - Ele está quase bom, mas até ontem o lugar onde a cobra o mordera não parava de sangrar; não achavam uma poção que estancasse o ferimento. Então papai foi na onda de um estagiário que também estudava medicina trouxa, e fez uns tais de "poncos"...


- "Pontos"? - corrigiu Harry.


- Isso! Você não imagina como mamãe ficou possessa quando soube que papai estava se costurando... - começou a rir. - É tão bom quando ela grita e não é comigo... - completou numa falsa expressão séria, caindo na gargalhada em seguida.


- Seu pai é ótimo, cara! - falou Harry, morrendo de rir também.


- Brigado, cara. E muito obrigado por ter salvado ele!


- Rony, eu -


- Não adianta negar, Harry. Minha mãe me contou do sonho. - Rony interrompeu o amigo.


- Mas eu -


- Olhe, eu te conheço a tempo suficiente para saber que você estava com aquela cara no dia em que fomos ao St. Mungus porque estava se culpando do que aconteceu... Foi por isso que eu fiz questão de vir conversar ainda hoje; se não fosse por você, talvez eu tivesse perdido o meu pai! Eu sei que Vol-Voldemort está por trás dessa história, e sei que tem algo importante que você não está contando pra gente, e eu não vou te pressionar, mas saiba que quando quiser conversar, eu sempre estarei do seu lado! - despejou, praticamente de um fôlego só.


- Rony, você é o melhor amigo que eu podia ter! - sorriu, pela primeira vez desde que saíra de St. Mungus.


* * * * * * * * *


Desculpa a demora em postar, mas ainda não consegui me organizar direito... =|


Tenho dois recados para os que estão acompanhando esta saga:
1º. Se eu fosse uma menina super-poderosa, com certeza seria a Docinho!
2º. Quem escreve esta fic não é a Ruth, e sim a sua gêmea do mal, a tal de Raquel... Pra bom entendedor... =P


Bjos a todos, muito obrigada mesmo pelos comments e votos, e vou me esforçar pra postar mais regularmente, tá? Bye. =D

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.