O que você causa em mim

Narração: Lily

Lily aproveitava os efeitos terapêuticos de um banho quente no banheiro dos monitores. Já estava lá há algum tempo, mas não conseguia relaxar.  Conversava consigo mesma para avaliar os problemas e quais as soluções possíveis:

_Calma Lily, disse ela pra si mesma. Ele vai melhorar e você vai conseguir falar com ele! Mas se ele me odiar pra sempre?

Essa era a verdade, ela estava com medo dele a odiar. Por mais que ela não quisesse admitir, por mais que os dois vivessem brigando, por mais que ela não quisesse acreditar em nada do que ele costuma dizer, ela sentia a falta dele! Quando ele parou de falar com ela e passou a trata-la friamente, isso a perturbou muito, quando Lavínia disse que ele estava entre a vida e a morte, o coração dela apertou tanto que chegou a doer. Depois de pensar por um tempo ela percebeu que não era o fato do Taylor tê-la chamado pra sair só pra provocar o Potter que a incomodava, era o fato dele ter se ferido gravemente.

Ela ficou pelo menos umas duas horas perdida em seus pensamentos até que outra monitora entrou no banheiro e Lily resolveu ir embora.  Seus turnos de ronda já haviam acabado então ela foi até a enfermaria. Ela se escondeu quando viu Black saindo de lá e entrou silenciosamente, Ângela devia ter se retirado para sua sala quando Black se foi, além de Potter não havia mais ninguém na enfermaria. Lily tirou sua varinha e jogou um feitiço, que havia aprendido com Snape na porta para que ela não ouvisse o que se passava do lado de fora.

Lily chegou até o lado da cama de James e se sentou na cadeira que estava ali. Ficou olhando pra ele durante alguns minutos, acarinhou seus cabelos e ela acabou se perdendo em seus próprios pensamentos. Até que escutou:

_Você continua em meus sonhos, pelo menos é um sonho diferente desta vez. Já não aguentava mais te encontrar no banheiro dos monitores.

Ela voltou a atenção para ele e ele a encarou de volta.

_Você está bem? Disse a ruiva feliz, mas logo que percebeu o que ele realmente falou olhou pra ele assustada e continuou: _O que quer dizer com me encontrar no banheiro dos monitores?

_Você fica perturbando meu sono, e aparecendo em sonhos como agora, mas tem tempos que só tenho o mesmo sonho de te beijar no banheiro dos monitores. Sei que são sonhos, mas os sonhos com você costumam ser muito reais. Como agora, consigo sentir o perfume do seu cabelo, o mesmo do sonho no banheiro.

_Potter, você quer água? Ou alguma coisa? Acho que eu devia chamar a Ângela, disse a ruiva se levantando, nisso ele segurou a mão dela ela se virou de volta e ele disse:

_Não sei quem é Ângela, mas já que este sonho é mais tranquilo que o outro fique aqui comigo. Eu estou com raiva de você na vida real, mas não aqui. Quando eu acordar não poderei conversar com você e nem te ver direito, então fique mais um pouco. Por que você não acredita em mim, ruivinha? Eu gosto de você de verdade!

Os olhos da ruiva se encheram de lágrimas e ela não conseguiu se afastar então se sentou novamente e respondeu:

_Potter, eu sempre achei que eu seria um troféu pra você, eu disse não há alguns anos atrás e desde então você me persegue, no momento que você conseguir o que quer, procura um novo troféu.  Ela respondeu tão sinceramente que até se assustou consigo mesma, sentia o coração ainda estava acelerado desde declaração dele. Potter, para que eu não tenha mais coisas com o que me desculpar essa aqui é a vida real.

_Não, não é! Você não conversa assim comigo na vida real. Nem deixaria eu pegar sua mão, como eu estou fazendo e teria brigado porque eu te chamei de ruivinha. Disse ele com um sorriso, apesar de que essa dor no corpo está muito forte para um sonho. Isso de troféu até faz sentido, a Lily real poderia pensar assim.

Depois disso, ela percebeu que ele ainda segurava a mão dela, mas ela não a tirou. “A mão dele é tão quente”, pensou ela. “Ele pensa muito mal de mim, mas ele tem toda razão, eu realmente brigo por esse tipo de coisa, mas ele está ferido e por isso não vou brigar com ele agora, só por isso”.

_O que você está pensando? Perguntou ele, depois do silêncio prolongado dela.

_Estou pensando que é melhor eu ir embora, você não está acreditando que está acordado e como disse está com raiva de mim na vida real e sinceramente estou feliz que esteja melhor e não posso brigar com você agora. Disse ela com um sorriso sincero.

_Se eu estou acordado, por que você está aqui? Perguntou ele começando a acreditar. Acabei de me lembrar de uma coisa, você falou comigo pediu pra eu não os deixar que você tinha que conversar comigo. Isso foi verdade?

_Foi, mas vamos conversar sobre isso depois que você melhorar mais um pouco ok? Eu estou aqui porque estava preocupada com você, me sinto um tanto responsável por você estar aqui. Disse ela parecendo envergonhada.

_Não foi sua culpa, foi o Taylor e a equipe da Corvinal que me atacaram. Espera, quanto tempo estou aqui na enfermaria? Quando é o jogo contra eles, eu tenho que selecionar os jogadores e treinar o time e... Ele falava cada vez mais agitado até que Lily o interrompeu.

_Potter, está tudo certo com a equipe de Quadribol, eles selecionaram os jogadores e estão treinando. Não se preocupe! Fique tranquilo, senão terei que chamar a enfermeira.

_A equipe está treinando? Engraçado agora que você falou, eu me lembro de informações sobre isso. Alguém me contando sobre a equipe. Minha cabeça está confusa, não sei bem o que eu sonhei e o que eu ouvi.  Disse o maroto.

_Potter, isso é normal. Você ficou inconsciente muito tempo. Vamos fazer assim: Vá dormir! Amanhã se sentirá melhor, a Ângela cuidará de você e logo sairá da enfermaria. Disse ela se levantando, mas sem soltar a mão dele.

_Quem é Ângela? Perguntou ele.

_Sua enfermeira do St. Mungus, ela é maravilhosa! Você vai adorar. Disse a ruiva com um pouco de ressentimento na voz. O Remus queria até ter se machucado mais pra ficar aqui internado com ela.

Ele riu e perguntou:

_E por que você não gosta dela?

Ela se assustou com a pergunta, e respondeu rapidamente se defendendo:

_Não, eu não tenho nada contra ela! Ela é ótima! Tem cuidado de vocês com muito carinho! Ela é amiga da Lavínia.

_Resposta muito na defensiva! Disse o moreno rindo.

_Olha Potter, eu não tenho que me explicar pra você! Disse ela já se exaltando um pouco.

_Agora eu acredito que estou acordado, você está brigando comigo. Disse o maroto com seu sorriso torto de quem fez de propósito.

_Eu... Eu... A ruiva suspirou e completou: _ Vou deixar passar dessa vez Potter, por você ter estar ferido, mas será só dessa vez. Disse ela com uma cara séria, mas esboçou um leve sorriso no final deixando claro que estava brincando. _Amanhã tudo voltará ao normal Potter, você estará com raiva de mim e eu brigarei por tudo, como sempre foi. Eu tenho mesmo que ir.

Ela decidiu ir embora para que ele pudesse descansar. “Já que estamos em termos amigáveis, eu não acredito no que estou fazendo” pensou ela antes de se aproximar, passar a mão livre nos cabelos dele, tirando os da testa e se curvou sobre ele para lhe beijar na fronte. Nessa pequena fração de segundos ele se ergueu um pouco, puxou a mão dela para que ela se desiquilibrasse, caindo sobre ele. Antes que ela conseguisse agir ele lhe roubou um beijo.

Quando os lábios dele encostaram nos seus, ela institivamente tentou se equilibrar e colocou a mão livre no peito dele. Nisso ele soltou a mão que puxava e a abraçou para que ela não fugisse. O beijo foi rápido e quando se interrompeu, ela percebeu que eles estavam muito próximos, ela conseguiu perceber o sorriso que chegou aos olhos dele, aquele sorriso de quem aprontou. Foi então que ele disse, sem soltá-la:

_Desculpe meu Lírio, mas é como você disse amanhã tudo voltará ao normal, então eu não teria outra oportunidade! Você pode deixar passar mais essa?

Minha cabeça não está funcionando direito mesmo, pensou ela, ainda distraída com o fato de estarem tão próximos, ela estava arrepiada com o toque dele e não entendeu bem o que ele disse e respondeu:

_Que? e começou a tentar se levantar, mas os braços dele ainda estavam a sua volta.

Ele sorriu novamente e ergueu o corpo para se sentar totalmente e para que ela ficasse menos tensa e se apoiando nele para levantar, estava doendo demais. Ele conseguiu terminar o movimento sem soltá-la e de modo que estivessem sentados de frente um pro outro.

_Eu perguntei se pode deixar isso passar também. E então? ok?

Quando ele ergueu o corpo junto com ela, ela percebeu que ele estava sentindo dor ao fazê-lo e então parou de tentar se separar dele, como ele a abraçava as mãos dela permaneceram sobre o peito dele e ela podia sentir que o coração dele estava batendo tão rápido quanto o seu.

_OK. Disse ela, pensando que devia estar brava com ele e ao mesmo tempo pensando em como ele era bonito, mesmo coberto de manchas rosadas da pomada.

No momento que ela disse Ok, ele a beijou novamente, dessa vez com um pouco mais de intensidade. Ele sabia que não era com isso que ela havia concordado e que ele provavelmente levaria um tapa assim que a soltasse, mas não se importava.

Ela pensou: “eu devo estar mesmo doida” e correspondeu ao beijo dele. E lá estava a felicidade que a assustou da última vez, de alguma maneira ele transparecia no beijo o quanto estava feliz em beijá-la e de certa forma isso quebrava um pouco os muros que ela havia erguido contra ele, mesmo assim ela acabou passando os braços em volta do pescoço dele e continuou a beijá-lo.

Ele a beijou com intensidade no começo, e depois foi suavizando até finalizar. Quando os lábios deles se separaram eles continuaram de olhos fechados por alguns instantes, ele a soltou e esperou pelo tapa, mesmo ela tendo correspondido.

Ela se levantou rapidamente e ficou de costas pra ele e disse:

_Potter, vai ser como eu disse: amanhã tudo voltará ao normal. Eu não deixar passar mais nada! E ela saiu rápido sem olhar pra trás.

Ele ficou olhando pra porta por onde ela havia saído, sem acreditar que ela realmente o beijara. O beijo dela lhe parecia familiar. Como ele podia sonhar com ela antes e saber exatamente qual o gosto o beijo dela teria? Ele se deitou, ainda sem acreditar e levou horas pra dormir.

Lily assim que saiu fechando a porta atrás de si, se apoiou na parede e começou a chorar. Ela devia ter brigado com ele, no primeiro beijo e não ter se aberto daquela maneira. Agora ele podia ficar pensando que ela queria sair com ele e ela se colocou novamente na situação que anteriormente ela evitara.

Ela subiu para a torre da Grifinória, seguindo por um caminho que o Sirius havia lhe ensinado um dia desses. Era mais rápido e mais vazio. Não conseguia parar de pensar no beijo, na maneira que ele havia falado que gostava dela de verdade quando achava que era um sonho. Ele sonhara com ela várias vezes pelo que ele disse, sonhou com ela no banheiro dos monitores, o que ele queria dizer com isso? Não era possível.

Ela chegou ao dormitório e as garotas estavam dormindo, menos a Vi é claro!

_Onde você estava até essa hora? Perguntou Lavínia baixinho. _Grande exemplo hein monitora! Completou sorrindo.

_Estava resolvendo umas coisas, pensando em outras... Vi, sabe o feitiço para apagar memória que aprendemos no fim do ano passado, é possível resistir a ele? Ou sonhar com a memória apagada?

Lavínia olhou pra ela desconfiada, mas respondeu:

_Na verdade não sei. Acho que não, mas alguns feitiços podem falhar se a vontade do bruxo que o aplicou fraquejar. Tipo quando você apaga uma memória, mas no fundo não quer que a pessoa se esqueça de verdade, pode não funcionar direito. Mas tudo isso são partes não confirmadas da magia, é o que se supõe.

_Entendi, respondeu a ruiva. Outra pergunta, ainda está valendo o que você me disse no outro dia, que não importa o que eu lhe disser ou fizer você ainda vai ser minha amiga?

_Está, mas o que você planeja fazer? Perguntou a morena preocupada.

_Não importa agora, mas acho que terei que utilizar dessa prerrogativa daqui a pouco tempo. Vou dormir agora, estou muito cansada. Respondeu a ruiva se deitando e fechando a cortina.

Lavínia ficou pensando no que a ruiva disse até adormecer.




N/A: Pela primeira vez em muito tempo, dois capítulos na mesma semana! Obrigada aos novos leitores, espero que continuem por aqui! 

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