Em Paz



Capítulo 13 – Em Paz

Hermione acordou assustada, levantou os olhos para a janela, ainda chovia. Olhou nervosamente para o lado para constatar com alívio que ninguém se encontrava ao seu lado.
“Definitivamente estou pirando” pensou enquanto, um tanto quanto tremente, andava ao encontro do banheiro.

-Você está péssima – murmurou olhando-se no espelho.

Mas também, nem poderia se queixar... Dormira péssimo, se é que dormira. Tinha a ligeira impressão que esteve apenas rolando pela cama enquanto o tempo divagava pelas horas de seu relógio. Tinha a impressão que fora sua noite mais longa.
Ah! Merlim... o que estava acontecendo com ela?

“Qual é! Não posso me sentir tão culpada assim!” Ponderou raivosa, escovando os dentes. “Gina nem está mais com o Harry” ela voltou-se novamente para o espelho, seus olhos penetrantes. “É bom você parar. Agora”.
**

Domingo chuvoso... Rony estava entediado enquanto olhava a chuva pela janela, seu olhar irritado. Quanto tempo mesmo Lilá pediu que lhe esperasse? Ele olhou novamente em seu relógio, impaciente. Já fazia meia hora que a estava esperando para pode ir “andar” pelo castelo.
Ele ainda estava um pouco mal-humorado por ter acordado cedo. Era domingo! E, para completar estava chovendo. Deveria haver uma lei que restringisse as possibilidades de sair da cama antes das dez em dias como aquele...

-Desculpe a demora Rony – Lilá disse segurando seu ombro.

Ele a olhou sorrindo. – Sem problema – respondeu beijando-a. - Você está linda – completou rapidamente enquanto ela lhe lançou um olhar estranho. Lilá pareceu relaxar depois disso. – Então? Aonde vamos?

-Passear – ela lhe deu uma piscadela, segurando sua mão e o puxando ao encontro da passagem do salão.
**

Quando saiu do banheiro, a garota levou um susto enorme com o par de olhos que a observavam de baixo. -Ai Deus. Bichento nunca mais faça uma coisa dessas, você quase me matou de espanto! – murmurou com a mão no coração.

Hermione sentiu a pedrinha em seu colo esquentar. Era Harry.
A garota pegou o diário dentro da bolsa e o foliou até encontrar a última página escrita.

“Não vai levantar não, dorminhoca?”

Ela estava em sua cama e nem um pouco a fim de estar no salão comunal.
“Desculpe, Harry Potter. Acho que hoje você não me verá tão cedo” ela disse e as palavras apareceram no diário.

“Deveria se envergonhar, monitora”

“Eu pensei que você fosse o dono da frase: ‘todos merecem um dia de folga’, aonde foi esse Potter?” Indagou sorrindo.

“Ele foi pastar. Uma tal de Granger mandou este tomar juízo!”

“Eu gostaria de não ser importunada, pode ser?”

“O que poderei ganhar com isso?”

“Você está parecendo um sonserino”

“Está dizendo isso porque ainda não viu o meu sorriso”

“O que tem ele?”

“Se você visse, certamente me chamaria de ‘sonserino’”

“Não ficaria ofendido?”

“O que você pensa a respeito?”

“Tenha um bom dia, Harry...”

“Ah... Não me deixe só... Aqui está um tédio, Mione... Não tem pena de mim?”

“Nem canhão. Além do que, eu não sou sua palhaça particular para lhe tirar do tédio”

“Não foi o que quis dizer. Mas até que você seria uma linda palhaça...” Ela estreitou os olhos “Brincadeira! Não está com fome?”

“Tchau Harry” disse fechando o diário.

Ela esperou, entretanto, foi em vão. A pedra vermelha não voltou a esquentar ou realçar sua cor. Ele não voltou a chamá-la, talvez não tivesse tão entediado assim. Hermione guardou o diário.

Cinco minutos depois, alguém batia na porta. Qual era o problema? Hermione Granger não poderia ter um dia só para si? Estava começando a achar que não. Suspirando, a menina abriu a porta e para sua surpresa e irritação não encontrou ninguém. Quando ela bateu a porta, alguém tocou novamente.

-Só pode ser brincadeira – murmurou abrindo-a novamente.

-Olá! - ela recuou uns três passos para dentro de seu quarto, assustada. – Trouxe algo para você comer...

-Obrigada – disse aceitando o pequeno prato com torradas e colocando encima da escrivaninha. - Mas não lembro de tê-lo convidado – disse sarcástica enquanto lhe via entrar no local.

-É, estou ligeiramente ciente disto.

-Harry, se você não percebeu – ela disse irônica, enquanto trancava a porta rapidamente. – Aqui é o dormitório feminino.

-É. Eu acho que percebi – disse no mesmo tom da amiga.

Ela ergueu a sobrancelha. – O que você está fazendo aqui, então?! – seu tom aumentando levemente, demonstrando que estava ficando nervosa. – Merlim! Se alguém te pega! Você pensou nisso? Você é o monitor-chefe, Harry! Deus, não pode fazer uma coisa dessas! – ela o encarou, este sorria. – Se alguém de encontra aqui! – ela passou a andar de um lado para o outro. - Ai Merlim, eu não quero nem pensar no que vão pensar! – murmurou histérica. O sorriso dele diminuiu.

Bichento se enroscou nas pernas de Harry, pedindo atenção. - Hermione-

-E não me peça para ter calma! – redargüiu cuspindo. – Alguém viu você entrando aqui? Vamos! Responda-me! – ela olhou raivosa para seu gato. – E você, se afaste dele!

Harry ergueu a sobrancelha. – Acalme-se – disse paciente. – Isso não pode lhe fazer bem. E como alguém pôde me ver, Hermione? – ela abriu a boca, mas Harry não lhe deu ouvidos. - Estive sob a capa o tempo todo.

Hermione pareceu voltar a respirar sob efeito desta frase. – Mas e como...?

-Um feitiço de levitação impede qualquer escada de agir, não acha?

A morena se sentou na cama de braços cruzados. – Merlim – ela o olhou de lado. – Quer dizer que eu não posso ter um dia de paz?

Harry sorriu sentando-se ao seu lado. – Você pode sim. Quer dizer... Você não pode imaginar um dia de descanso ao meu lado?

Hermione deu uma risada. – Quer mesmo que eu responda?

-Tudo bem, eu vou fazer você mudar de idéia. Quando Harry Potter quer, Harry Potter fica bem quietinho, no canto dele, sem incomodar ninguém.

-Então por que não vai para seu quarto, Harry Potter?

-Quase me deixa ofendido. Eu, aqui, querendo ajudar minha amiga a passar um dia no sossego e ela me expulsa, explicitamente, de seu quarto.

-Convenhamos que um rapaz dentro de um quarto com uma moça, sozinhos, não pega nada bem.

-O que?! – ele franziu a testa. – Precisamos estar casados para isso? Tudo bem então – ele disse dando de ombros.

Hermione riu. – É sério, Harry.

-Deus, Hermione! Nós temos quase nove anos de convivência... Eu não vou agarrá-la.

A garota virou os olhos. – É claro que não vai. Eu sei disso... Eles – ela apontou para fora. – É que não sabem.

-Eles não se atreveriam a falar mau de você – disse seriamente. –Eu não deixaria.

Ela piscou. – Oh. Obrigada, Harry. Mas, creio que seu trabalho seria incessante – completou complacente. - Não me importa que falem mal de mim, isso já aconteceu muitas vezes, não acha? Estou falando que se algum professor nos pegar aqui, mesmo não fazendo nada de mais – ela acresceu quando Harry insistiu em retrucar. -, não será nada legal.

Harry se resignou e levantando, pegou sua capa. – Certo.

-Não me leve a mal...

-Eu sei o quando você preza as regras, Mione – disse perpassando sua bochecha. – Eu não estou chateado. Haverá outra oportunidade em que possa lhe mostrar que também sou alguém comportado – Hermione lhe ofereceu um sorriso pequeno.

E antes que a morena pudesse falar alguma coisa, alguém bateu na porta. Eles se entreolharam rapidamente antes de Harry se cobrir com a capa de invisibilidade.
Hermione respirou fundo antes de abrir a porta.

-Ah. Oi Mione.

-Oi Gina, tudo bem com você? – perguntou franzindo a testa.

-Tudo. É que...

-Você não quer entrar? – Hermione a interrompeu um pouco tensa.

-Tudo bem.

-Está frio né?! – a garota disse depois de trancar a porta, lançando um olhar furtivo para um canto do lugar. – Então o que dizia?

-Só queria saber se você está bem – ela disse. – Você não foi tomar café... Pensei até que estivesse na biblioteca, mas Justino me garantiu que lá você não passou – Harry, sob a capa, ergueu uma das sobrancelhas. “Como assim Justino?” – Você desceu hoje?

-Pra ser sincera... Não, eu não desci. Estou bem sim, no entanto, obrigada por se preocupar... Eu só estive um pouco cansada para sair da cama cedo, além do mais... Está um tempo frio.

-É que você sempre é uma das primeiras a estar de pé... – falou observando de esgueira a escrivaninha da amiga, que continha o prato com as torradas e alguns livros. - Bom, ainda bem que está tudo certo com voc- – Gina parou observando Bichento. Ele balançava a calda para um lugar mais afastado e se aproximava.

-Bem, Gina, me desculpe – a garota quase engasgou quando viu o comportamento de seu gato. - Mas nossa, eu estava começando a estudar e – Hermione dizia empurrando a garota porta a fora. – Você sabe... Se eu não continuar logo, vou perder o fio da meada, me complicarei toda... e terei novamente que repassar todos os capítulos que li essa semana sobre as... Azarações de Lenon.

Gina olhou para a amiga chocada. – Todos aqueles livros enormes que você tem lido?

-É... – Hermione forçou um sorriso.

-Bom. Então é melhor eu ir mesmo – disse deu uma última olhada em Bichento e por um segundo vislumbrou uma bota. Ela balançou a cabeça e sorrindo para Hermione saiu do quarto, quase sendo posta para fora pela morena.

A jovem monitora bateu a porta com mais força que o normal, encostando-se a ela logo depois. Então, suspirou aliviada. Harry saiu debaixo da capa rindo-se. – Azarações de Lenon? Eu nunca ouvi falar – Hermione corou furiosamente, resmungando algo logo depois.

-Não posso acreditar nas enrascadas que você me mete, mesmo eu estando em meu quarto! – reclamou lhe atirando uma almofada, tentando, em vão, retirar do rosto dele aquele sorriso.

-Tudo bem, eu já vou. Se é o que você quer.

-É! Eu realmente quero – ela se ouviu dizer. Então fechou os olhos, colocando a mão na testa. – Harry! Espera... Você não pode ir – ele a encarou surpreso. - Não agora. Aposto o que você quiser que Gina está lá fora, esperando para ver quem vai sair daqui. Tive a impressão que pude, por um segundo, ver sua bota, nada impede dela ter visto...

O rapaz assentiu e sentou no chão, chamando Bichento para si. – Posso ficar quieto se precisar de concentração – disse colocando o gato no colo.

Hermione concordou, buscando no armário um de seus inúmeros livros. Ela sentou-se em sua cama, ao invés de se sentar na escrivaninha – lugar, por sinal, mais adequado para se estudar daquele local.
A garota bem que tentou estar aplicada no que fazia, mas, vira e mexa, Harry dava risadinhas e ela levantava os olhos para perceber que ele ainda continuava brincando com Bichento. Ou, sem querer, ela ficava o observando por intermináveis segundos. Ou se desconcentrava por saber que o rapaz estava ali. O que estava havendo com ela? Não conseguia mais ficar cinco minutos lendo um livro? Ou melhor, não conseguia ficar cinco minutos lendo um livro na presença de Harry?
Ela estreitou seus olhos tentando solver as letras, palavras e frases daquele texto.

-Mione – Harry chamou baixinho.

-Oi – disse distante das frases que tinham sentido do livro, olhando-o.

-Você não comeu nada. Pare um pouco sua leitura e coma, para não correr o risco de ficar com dor na cabeça - Hermione o encarou incrédula “Parar um pouco a leitura? Nem mesmo conseguir começar...” A garota deu de ombros fechando o livro, dirigindo-se para a escrivaninha.

Não, aquele não era seu melhor dia, observou ao comer as torradas. Ao menos, elas não estavam ruins.

-Acho que já posso ir – Harry disse voltando-se para a amiga.
Hermione, nesse momento, se encontrava acariciando Bichento, que estava em seu colo, no tapete. Enquanto Harry estava deitado no pequeno sofá no quarto, mexendo nos vários cachinhos de Hermione (que se encontrava de costas para ele).

Ela franziu o cenho – Há quanto tempo estamos aqui?

-Acho que uns quarenta e cinco minutos desde que Gina saiu – disse ele olhando seu relógio.

-Certo. Vou descer também, para ver se ela está no caminho.
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(Continua)
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Obrigado pelos comentários^^
Fico feliz que estejam gostando!!!

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