Desconserto
Capítulo 11 – Desconserto
[Flash Back]
Hermione sentou na sua cama abalada demais para pensar em dormir. Sentando-se em posição de “lótus”, a garota levou as mãos à cabeça, tentando organizar pensamentos.
Aquela noite fora realmente longa, mas tinha a impressão que ainda não acabara, que, na verdade, nem começara... Tinha, no entanto, obrigação de esfriar a cabeça. Para pensar deveria estar isenta de qualquer sentimento.
“Vamos lá Hermione, você sempre conseguiu facilmente” pensou consigo, tapando os ouvidos com as mãos, pressionando-os, e fechando os olhos com mais força que o habitual, chegando a franzir a testa.
“O que eles faziam lá? Estariam apenas espiando? Por que?” suspirou. “Não posso acreditar que só estavam ali para bisbilhotar. O que se ganha com isso?” Hermione abriu os olhos, desviando-os para a janela. “Nem sempre as coisas tem uma explicação...” ela ergueu a sobrancelha. “Besteira! Simas e Parvati só queriam nos observar, por pura curiosidade” balançou a cabeça negativamente. “Totalmente infantil” completou irritada.
Especulações... Nunca são o suficiente. Sabia que chegaria realmente à verdade se abordasse as próprias fontes, o que ela não tinha pretensão de fazer, já que lhe causava repulsa imaginar estar, ao menos, próxima das “fontes”.
Respeito era o que Hermione dava, para receber em troca. E, definitivamente, naquela atitude dos colegas de casa, as lisuras foram deixadas de lado, esquecidas.
As precipitações não acabavam por aí. Havia Harry, ele havia lhe beijado... A morena se mexeu desconfortável.
“O que você pensa a respeito disso?”
-Digamos que não é o que posso chamar de “cotidiana” essa sua ação – ponderou alto.
“Não seja tão fria! E não é engraçado ser irônica em momentos assim. Diga realmente o que pensa” reprovou a si mesma.
-Sei que foi bom! – resmungou negligentemente. – Não era preciso repetir para ter certeza das sensações que tive – continuou como se reprovasse o comportamento de sua consciência. - Eu sei, eu senti – murmurou abaixando a vista.
Não que o culpasse. Ela só não esperava isso de sua parte. Harry era de sua plena confiança, e, por isso, ela sabia, sabia que ele nunca a feriria por querer. Hermione não se sentia ferida ou ultrajada pelo beijo que recebera – e correspondera. – Era, apenas... Estranho. Muito.
Harry era seu amigo, isso nunca mudaria, todavia, fora desconfortável aquele momento “pós-beijo”, pelo menos para ela. Fora... amargo. Faltava alguma coisa...
Hermione nunca iria admitir, não para ele ou qualquer outra pessoa, mas ela nunca havia percebido antes que Harry tinha os lábios tão... apetitosos. Descobrira quando teve de prestar atenção enquanto Harry falava.
Eles chamam atenção, e, por Merlim, ela nunca tinha reparado... Talvez, por isso, as garotas corram atrás dele – cortando a parte de ele ser o melhor partido de toda Hogwarts.
“Quero dizer, ele é realmente bonito não é?” ela corou, imaginando o que a estava levanto a dizer e pensar tantas barbaridades.
Sim. Harry Potter é bonito, e corajoso, e inteligente, e engraçado e... encrenqueiro – ou era até dois anos atrás. Ela odiava esse modo dele. Aquela coisa...
“Ora, Francamente Granger! Sua mentirosa” pensou, estando ofendida segundos depois de digerir o que refletia. “Há quanto tempo já não se importa tanto?”
-Hey! Eu o reprovei por mentir para Gina – protestou.
“É, realmente. E onde você está agora? Hmm, namorando Harry Potter ‘de mentirinha’, né?”
Hermione decidiu que não fora uma boa resposta aquela, sobre Gina e a mentira de Harry.
“E o diário? Você ama aquele diário. E quando mesmo você escreveu sozinha nele?”
-O que isso tem a ver? Por favor! Estou falando sobre o comportamento de Harry – resmungou amuada. – Nada demais também. Eu não amo o diário, eu, eu só... Bem. Eu sei lá. Nunca pensei nisso direito. Viu! Não posso amá-lo, nem pensar sobre ele direito eu penso.
Algo em sua mente ria de si. Desde quanto é necessário pensar para estar amando alguém ou algo?
Ela amava seus pais, e, nem por isso, vivia com os pensamentos neles.
Tudo bem. Voltando para onde deveria estar. E daí que seja bonito?
Hermione anelou. Não havia nada, ela só... percebera.
Era tão difícil entender que estava confusa?
Harry a perturbara, demais. Sentia-se zonza depois de toda noite. Sentia-se zonza ao recordar o beijo que recebera. Sentia-se zonza ao constatar que Harry, seu amigo Harry, era algo além de amigo, ele era um garoto... Um garoto lindo. Ela quase se engasgou ao lembrar que refletira novamente sobre a aparência do rapaz.
O que era aquilo? Alguma sessão “eu percebi que o Harry é gostoso”? Não, aquilo não estava certo.
Hermione resignou-se, não chegou a nenhuma conclusão sobre Harry e o que ela havia achado do que ele havia feito.
Definitivamente naquela noite tudo nela fracassara. Como não conseguira entender Harry? Como não entendeu que ele só lhe beijara por estarem lhes observando?
Era inacreditável. Assustador. Ela ainda sentia os lábios dele nos seus, o corpo dele no seu. O perfume dele estava impregnado nela.
Hermione elevou a mão ao pescoço, massageando-o. Estava completamente desconcertada.
[Fim do Flash Back]
Parvati ergueu a sobrancelha para Hermione desafiadoramente, postando-se ao lado de Harry; este, estava mais preocupado em procurar, desesperadamente, Rony, enquanto descia as escadas, seguindo para o salão comunal. Ele previa as conseqüências daquela “brincadeira” na noite anterior, feita por Simas e Parvati, estranhamente, não conseguia vislumbrar algo tão racional da parte de Hermione.
Hermione estreitou os olhos para Partavi, a fuzilando com o olhar, uma de suas mãos enlaçando automaticamente a de Harry. Bom, se tinha de fingir, fingiria bem. Ela não era dessas pessoas que aceitava o fracasso de modo pacifico... Francamente, se estava jogando, era para vencer. Parvati estaria sendo muito inocente achando que ela, Hermione, não pudesse armar uma cena de ciúmes mal contida se quisesse... O que só ajudaria o “casal”, pensando bem. E a farsa só ficaria mais... real.
A morena rolou os olhos quando percebeu algumas meninas se mostrando, literalmente, para o amigo. Harry, certamente, não estava, no momento, interessado em outras garotas. Ele tinha duas ao seu lado. Uma de cada lado, melhor dizendo. E era bem assustador, pra ser sincero consigo mesmo.
Ele estava achando que não precisava de mais problemas, e, estaria feliz se conseguisse chegar ao salão principal ileso. Não que corresse perigo de fato, mas ele sabia do potencial de Hermione e do jeito que saíram da torre da grifinória – e lembrando do sexto ano, vagamente. – tudo era plausível.
Hermione ainda especulava o comportamento quartanista de Partavi quando chegaram para comer. Harry suspirou aliviado, dirigindo-se ao lugar que Rony se encontrava, por conseguinte, levanto a “namorada”.
-Bom dia – o ruivo disse animadamente.
Harry resmungou um “oi” e Hermione nem se deu o trabalho de responder, a garota encarava Simas. Desnecessário dizer que quase morbidamente...
Dando uma risada, Rony cutucou o amigo. – Cuidado. A Hermione está mais ligada no Simas que em você, parceiro.
Harry olhou reprovador para Rony. – Não seja idiota, Ronald – Hermione retrucou voltando ao estado normal. – Por que você não continua comendo? É o melhor que pode fazer – recomendou secamente.
-Parece que alguém sente fome – cantarolou ele por sua vez, virando para o outro lado, para conversar com Dino.
-Você deveria se acalmar – Harry murmurou em seu ouvido, pois Parvati estava em seu cangote.
Mordendo o lábio inferior a jovem suspirou. – Eu vou tentar Ok? – murmurou olhando em seus olhos antes de abaixar os próprios. – É que, definitivamente-
Harry a calou tocando seu queixo e levantando-o. – Quer fazer alguma coisa em especial hoje? – indagou lhe cortando. Harry se aproximou um pouco mais. A garota, que já o fitava nos olhos, sentiu novamente o hálito dele próximo a seus lábios. – Eu sei o que iria dizer... – continuou lentamente acariciando sua bochecha. – Também não fiquei nada contente com aquilo – Hermione abaixou os olhos. - Mas você não me viu apontando a varinha para nenhum deles, não é mesmo? – ela sorriu sem jeito, levantando a vista novamente.
-Não. E eu estou orgulhosa, Sr. Potter – elogiou segurando o rosto dele com as duas mão. – Muito orgulhosa.
-Eu disse que a gente amadurece com o tempo – retrucou beijando uma das mãos dela. - Salvo, exceções – completou dando uma piscadela.
Hermione riu. – Muitas exceções – corrigiu, pondo suas mãos nos ombros dele.
-Pode até ser – disse sua cabeça pendendo levemente para o lado enquanto seu rosto, firmemente, se aproximava da morena.
Ela ergueu a sobrancelha, mordendo o lábio inferior. Calculando. Harry se aproximava mais, o sorriso maroto – Não achou mesmo que deixaria me beijar na frente de toda escola, não é? – ela murmurou virando o rosto, de modo que agora poderia olhar diretamente para Parvati.
-Não mesmo. Mas tentar nunca tirou pedaço – contrapôs brejeiro.
Hermione sorriu acariciando sua nuca. – Não tira – falou e deu uma piscadela para Parvati antes de se afastar de Harry. E aquilo fora só um aviso...
**
Eles sentaram-se de baixo da árvore que sempre costumavam ficar. Não tinham muito que falar, então, encostaram-se na árvore e ficaram observando o tempo. Aquilo era muito bom.
Ele a olhou discretamente enquanto a abraçava pelo ombro. Hermione, como era de se esperar, estava lendo um livro.
O tempo, antes bastante ensolarado, começava a mudar. Estando numa azul mais escuro, com mais nuvens e, certamente, logo a chuva viria.
Ele admitia, estava apaixonado. O que poderia ter feito contra isso? Ele nem tentou negar. Sabia, não iria adiantar, só se machucaria. Estava cansado de lutas em vão.
Estava omitindo não estava? Não contaria para ela, seria muito baixo... Harry sabia todos os tipos de reações que Hermione poderia ter, ele não queria desmoronar a relação que detinham...
O moreno só queria ajudá-la, não é algo fácil quando se trata de Hermione Granger. Ele só queria que ela entendesse que amor não é algo que não podemos escolher, ele sentia isso na pele.
Não que achasse que depois que lhe ajudasse – se conseguisse, é claro. – Hermione estaria com ele, mas... É óbvio também que adoraria essa opção.
O rapaz queria despertá-la, nem que fosse para outra pessoa.
Harry Potter, com certeza, não tinha do que se queixar. Nada de confusão em si.
Tudo bem, talvez ele houvesse passado dos limites, mas, sinceramente, quem se importava? Não seria o moreno...
Sorriu ao perceber que, sentindo o aroma que Hermione emanava, poderia divagar até chegar na noite anterior. Onde ele a beijara.
-Está pensativo.
-Mil motivos para azarar Simas e Partavi - retrucou brincando. – Acho que seria uma ótima discussão pra gente, no diário.
-E aquele coisa de “você não me viu apontando a varinha para nenhum deles”?
-Eu não disse que faria. Mas, é uma boa pra passar o tempo, não acha?
-Para uma pessoa vingativa...
-Quem disse que não sou? Melhor, quem disse que não somos? – eles deram sorrisos idênticos.
-Tem razão – disse fechando o livro.
-Sempre tenho razão.
Ela balançou a cabeça. – Merlim. Você me assustada – retrucou falsamente.
-Sério? – indagou segurando o rosto dele. – Mas você gosta, não é?
-Não. Eu não gosto, Harry James.
-Hermione, não minta. Meus olhos verdes captam tudo.
-Não mesmo. Esses olhos castanhos - falou fitando-o. -, sabem oclumência – murmurou em seu ouvido.
Ele sorriu. – Criei um monstro – disse erguendo as mãos. – Acabo de descobrir que Hermione Jane não me conta verdade, quem diria não é?
-Eu não minto pra você.
-Só omite, estou certo? – contrapôs sagaz, Hermione iria responder, mas o rapaz fora mais rápido. – Então quer dizer que, para os outros, você mente? – murmurou se ajoelhando a sua frente.
-Não!
-Sei, Granger. Conheço gente do seu tipo.
-Do meu tipo? – ela arqueou as sobrancelhas. – Que tipo?
Ele sorriu. – Quem sabe um dia eu explique – murmurou em seu ouvido, antes de descer um pouco mais, lhe beijando o pescoço.
Hermione estremeceu com o susto. – Harry! O que você...? – ela fechou os olhos quando o rapaz mordiscou o colo. – O que – ela lhe empurrou, pondo as mãos no tórax dele. – você está fazendo? – indagou lentamente parecendo exasperada.
-Tenho a ligeira impressão que estão nos observando.
Hermione retirou as mãos do corpo de Harry sem ação. – Oh – desviou o olhar, estranhamente irritada. – Deveria ter imaginado. Não estarão vindo em nossa direção?
-Você pode ver melhor que eu – nem foi preciso a garota procurar, alguns segundos depois o “alguém” apareceu.
-Er... Me desculpem – alguém falou as costas de Harry, que ainda olhava para Hermione. – Harry Potter, pediram para lhe entregar isto – Harry se virou para encontrar uma quintanista. Hermione a avaliava minuciosamente, percebendo logo, que ela era uma das meninas que vivam se mostrando para Harry.
-Obrigado – ele sorriu.
-Não há de que – disse já se afastando corada.
-Simpática ela, não?
Hermione virou os olhos – Pensei que ela não iria agüentar. A menina só faltou se derreter por você – deu de ombros. Harry abriu o embrulho e lá estava uma caixa de bombons, ele balançou a cabeça negativamente. – Não vai comer?
-Não quero me apaixonar por outra garota – retrucou. – No sexto ano, uma menina do quarto ano pôs poção do amor em bombons. Rony comeu e ficou apaixonado, até eu levá-lo ao professor de poções e lhe dar um antídoto.
-Não acho que fariam novamente – disse fazendo uma pequena careta.
-Vai saber... Você se arrisca? – ele perguntou lhe oferecendo a caixa. Algumas gotas d’água vinham do céu agora.
-Fica pra próxima – respondeu calmamente. - Então, o que vai fazer com ela?
-Jogar fora. Já que não quer.
-Não, eu não quero – Harry sorriu lhe beijando o rosto.
-Vem, vamos para o castelo. Logo começará a chover mais forte – disse estendendo a ela uma mão. Ela a aceitou e no instante seguinte estava nos braços de Harry, aquela sensação estava se tornando familiar. Ele sorriu. – Desculpa. Não fui nem um pouco gentil. Machuquei seu braço?
-Não. Acho que vou sobreviver – ela retrucou sarcástica.
-Que bom, então! – ele a segurou.
-Ei, espera! Meu livro...
-Dê-me. Deixe que guardo.
**
(Continua)
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Obrigado pelos comentários!
Fico feliz que tenham gostado!
E tenham um feliz natal!!!
Beijoks!
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