primeiro.
# Contos de Fadas - um conto de Nah Black.
- Ah, você! – Hermione começou com um susto quando o viu virar no corredor, e Harry caminhou apressado em sua direção, esfregando os próprios dedos – que diabos você...
- Não pergunte nada sobre o que eu irei fazer, porque eu preciso. – ele avisou, interrompendo-a, não parando onde ela achava que pararia, a alguns centímetros dela. Hermione surpreendeu-se obedecendo.
Seus lábios se encontraram desajeitadamente, ela com a cabeça inclinada para trás, para evitar qualquer impacto, e o moreno puxou-a pela cintura para mais perto de si. Em questão de segundos Harry separou os lábios e deu passagem com a língua macia, fazendo Hermione arrepiar-se com o toque quente e o desejo incontido, e corresponder no mesmo instante. Ela talvez estivesse enlouquecendo - beijar seu melhor amigo? Mas não queria se separar dele. Aquele beijo era fantástico.
O garoto passou os braços em torno de sua cintura, abraçando-a com força, fazendo-a derrubar os livros e levar as mãos à sua nuca, massageando seus cabelos rebeldes. A luta prazerosa da língua começou a ser mais feroz, enquanto ele a prendia na parede do corredor mudo e vazio, beijando seu pescoço.
Ela segurava seus cabelos negros com força, sem se controlar, os olhos fechados levemente. Teve uma sensação estranha enquanto era beijada pelo melhor amigo, como se talvez pudesse dar certo, quando tudo daria errado. E por que diabos ele a beijara? Talvez descobrisse seus sentimentos por ela. E ela nem sabia se tinha ou não algum sentimento em especial por ele.
Ele voltou à sua boca. Era real, aquilo. Eles estavam sozinhos em Hogwarts; no mundo. Foram ao céu e voltaram em questão de segundos, e a sensação era ótima.
Harry se controlou, soltando-a ofegante. Passou as mãos pelos cabelos negros, sorrindo torto.
- Pronto. - concluiu com a voz rouca.
- Como assim "pronto"? - Hermione estava escarlate.
- Consegui o que queria. - ele murmurou.
- Ótimo... e era isso o que você queria? - ela perguntou, ajeitando a camisete branca do uniforme.
- Bom... - ele fingiu estar pensativo, ainda sorrinso, enquanto ela ficava séria - era. - concluiu.
Hermione suspirou profundamente.
- O QUE??? VOCÊ É LOUCA??? - Gina gritou, incrédula, apertando um sorriso - você tem noção de quantas garotas dariam um braço para estar no seu lugar?
- Gina, que se dane! Mas e agora entre eu e o Harry? O que vai acontecer entre... nós? - ela quis saber, enquanto a ruiva parecia ter um ataque de felicidade com as mãos na boca.
- Bom, vocês vão continuar... saindo, não vão? - perguntou, como se fosse óbvio.
- É claro que não! - ela exclamou - primeiro: eu não sei se gosto realmente dele. Segundo: não se sai com seu melhor amigo, Ginny! E terceiro: não se namora por um beijo, droga, ou ele teria mil namoradas pela escola e sei lá.
O fato de Harry e Ron terem se tornado os garotos mais populares da escola dificultaram um pouco sua vida amorosa, contando que ela estava a maior parte do tempo rodeada por aqueles dois garotos - fortes e brincalhões. Mas talvez fosse imaginação.
- Ora, Hermione! Você acha que é só da parte dele? E da sua? Quantos garotos não dariam o braço para estar no lugar de Harry, também? - ela perguntou, jogando-se na cama de Hermione com as pernas cruzadas.
- Nenhum. - respondeu sem pensar, coçando a nuca.
- Ah! Você anda tão preocupada com aqueles dois que nem percebe o quanto é popular, não é? Hermione, eu já ouvi muitos suspiros "como eu gostaria de ser ela"... - ela informou, sorrindo torto.
Hermione pensou. Talvez fosse verdade, mas não estava nem um pouco preocupada com ser popular ou que quer que seja. Estava mesmo preocupada com o que faria dali em diante com Harry e com aquele beijo quente no corredor vazio há algumas horas. O seu cheiro ainda estava em sua roupa.
- Isto está fora de cogitação, Ginny. - ela murmurou, ruborizando - e agora? Como eu vou falar com ele? Sei lá, vai ser tão estranho!
- Mione, pense. Você sempre teve cabeça pra tudo. Então, um simples beijo vai acabar com toda sua inteligência? - quis saber a ruiva, erguendo uma das sobrancelhas.
- A questão, Gina, é que não foi um simples beijo! Me deixou... atordoada... confusa. - ela fez uma careta, observando Parvati, que acabava de entrar no dormitório.
- O que te deixou confusa? - Parvati quis saber, sentando-se animadamente ao lado das garotas.
- Um probleminha com a McGonnagal, vai passar - murmurou com um sorriso amarelo, e pulou da cama para sair do quarto.
Não se preocupou se teria sido grossa demais. O que era provável era que se ficasse mais um único segundo, Parvati não se convenceria com a história da professora e lhe encheria de perguntas que apenas a irritariam.
Parou no meio da escada, ao ouvir sussurros de vozes conhecidas vindos do salão Comunal:
- Eu sei, Ron! Não pensei que isso poderia acontecer! - Harry falava aos sussurros, olhando para os lados para conferir se alguém espiava, e Mione se encolheu na escada - droga! Isso vai acabar com a nossa amizade.
- Ora, cara! Você colocou Hermione em jogo! Agora, te vira! Eu falei que ela era diferente dessas outras garotas! - o ruivo respondia, também sussurrando, inclinado no sofá na direção de Harry.
- Mas você ajudou! - o moreno respondeu, firme, e agitou os cabelos.
Hermione estava atônita, escondida entre os pilares do corrimão. Estreitou um pouco os olhos, tentando assimilar as frases e os contextos. Que diabos eles quiseram dizer com "jogo"?
- Como você aposta Hermione em um jogo, cara? - Ron tornou a perguntar.
Hermione entendeu. E entendeu bem. A traição foi cruel e marejou seus olhos, fazendo-a sentir-se a pior pessoa do mundo, humilhada. Eles eram seus amigos, seus melhores amigos! Uma aposta? Ah, sinceramente...
Pisando firme, ela desceu os últimos degraus para o salão.
- Mi-one? - Ron chamou-a, gaguejando. Ela sentiu o olhar de Harry sobre ela e fraquejou por um instante, lembrando-se do calor da pele dele, e da urgência de seus lábios nos dela.
Abriu o quadro da Mulher-Gorda bruscamente, fechando-o violentamente. Como eles podiam ter feito aquilo à ela? Sua frustração só aumentou quando lembrou-se que chegara a imaginar que poderiam até ter um relacionamento bom, ela e Harry.
Andou pelos corredores, limpando as lágrimas de raiva que escorriam-lhe pela face e faziam uma trilha entre as bochechas rosadas, com as costas da mão direita. Sentiu-se patética - além de traída, estava sozinha.
Voltou, mesmo que fosse parecer uma completa idiota, voltou para o salão comunal. Queria ouvir da boca dos dois que aquilo era mesmo sobre ela e era mesmo uma aposta - uma mentira, então depois apodreceria de raiva.
Harry e Rony estavam no mesmo lugar que ela os havia deixado quando saiu. Pareciam meio perplexos com a situação, mas Hermione não deixou brechas. Cruzou os braços, fungou uma última vez, e virou-se para eles:
- Podem me dizer... - ela começou, a voz trêmula e as lágrimas que ela não conseguiu segurar deixando-a escarlate de raiva - humm, qual era o jogo?
- Xadrez - Harry disse, erguendo os olhos sob os óculos, sincero.
- Então você me apostou, Harry. E perdeu. - ela murmurou baixo, aprofundando o olhar no do bruxo.
- Não, eu ganhei. - ele informou, erguendo as sobrancelhas - O xadrez entre os garotos, Hermione, é bem diferente do que pensa. Nós apostamos que quem ganha, tem que beijar alguma garota agradável, e quem perde tem que beijar alguma garota... desagradável. - ele murmurou baixo também, desdenhando a última palavra.
- Então... eu fui... agradável... - ela suspirou, triste, enxugando novamente os olhos com as costas da mão direita, e teve um surto de consciência: - é isso que me considera?
Harry estancou. Hermione não era só agradável - era uma espécie de ninfa, perfeita, e ainda mais no último ano, seu corpo havia se transformado completamente, havia virado uma mulher. Mas isso não era só uma questão física. De todas as garotas que Harry já beijara e conhecera, Hermione era a qeu tinha mais cabeça aberta, a que se interessava por mais assuntos. Ela era linda por dentro e por fora.
- Mion... - ele começou, antes de ser interrompido por uma voz soluçante.
- Você me considera agradável, Harry?
Novamente a fria pontada no estômago a fez estremecer. Teve vontade de correr para longe, sozinha. Mas queria ver se ele realmente se arrependeria de ter feito tal coisa, mas no entanto ele só a fitava, atônito e levemente com pena.
- Você é mais que agradável. Hermione, você é... - ele não encontrou palavras para descrevê-la, quando ela completou:
- Agradável. - Hermione deu uma risada amarga - você e Ron não me veêm como uma garota! Tenho sentimentos, sabia? E sou consideravelmente mais sensível com eles! - ela disse.
Ron fez menção de abordá-la, mas entendeu que ela usara ele como termo para aumentar a alegação, estava se referindo à Harry.
- Xeque-Mate, Harry. - ela murmurou antes de dar as costas calmamente.
Limpou os olhos antes de sair para o mundo que a aguardava, desconfortante, mas próprio o bastante para se lamentar pelo resto da noite.
n.a: 05/05/09 - rewritted.
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