Fim de Jogo



Se você nunca esteve numa guerra... Nunca queira estar. Medo e morte são coisas mais do que comuns, mas o som é a pior coisa. O barulho das explosões, do tremor de terra, dos gritos em dor é horrível, apavorante. É por isso que Winky estava abaixada, encostada no fogão da cozinha de Hogwarts com as orelhas enormes tapadas pelas duas mãozinhas trêmulas. “Ah... maldito o dia que Winky veio para cá”, pensou a elfa, sem conseguir se controlar. “Guerra o tempo todo...morte o tempo todo... Winky não gosta de batalha”
Winky está apavorada. Coitada. Tão pequenina. Tão frágil. Mas ela sabe que ficará tudo bem para ela e para os outros elfos. Nunca ninguém se importa com eles mesmo. Ninguém perde tempo em querer matá-los. Para que matá-los se elfos são ótimos escravos?
Outros elfos aparecem agora. Estão assustados, ansiosos. Andando de um lado para o outro. O barulho perturba seus ouvidos aguçados. O único que parece não se importar muito com o que está acontecendo é Dobby, sentado com as pernas cruzadas sobre um banquinho, balançando um dos pés e ajeitando os gorros horrorosos na cabeça. Tão calmo. Tão tranqüilo. Olhando pela janela para fora, esperando... esperando...
Sentiu uma coisa estranha acontecer dentro dele. Estava começando. Ergueu uma das mãos e começou a observá-la. Estava mais forte. Começou... começou... Menina Granger cumpriu a promessa... quebrou por fim a maldição....

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Lizzie Burns olhou nervosa o relógio marcar dois minutos para a meia noite e depois olhou pela fresta feita na lataria da van em que estava. Lá fora, o hospital municipal, ao lado do cemitério municipal parecia deserto. As portas foram reforçadas. As janelas fechadas. Mas o que aconteceria se alguém morresse lá dentro. Não era muito esperto ficar num hospital com pacientes terminais. Muito menos ficar na frente do cemitério à meia noite de hoje, Lizzie Burns!
Ossos do ofício.
Ela foi convidada pela BBC News para reportar o fim do mundo: a ressurreição dos mortos. Todos pediam por ela. Ela virara uma deusa suprema do apocalipse. Esperou por uma oportunidade dessas a vida inteira, mas não queria morrer agora. Qual nada! Se fosse morrer... e pelo jeito... todo mundo iria morrer mesmo... que morresse na fama... ao vivo... transmitindo para o mundo inteiro...
Então ajeitou o cabelo, olhou para câmera (que Manny segurava), ergueu o microfone e começou o espetáculo:
- Aqui é Lizzie Burns, do cemitério municipal “Life em Peace” para o mundo inteiro. Vamos agora fazer a contagem regressiva para a meia noite. E que Deus nos proteja...!


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Os gigantes começaram a atacar todos juntos. Os que vieram por terra, foram facilmente vencidos pelos estudantes que fugiam rapidamente dos pés lentos. Os que vieram pelo céu foram os mais difíceis. Hagrid e Grouwpe se incubiram de atacá-los, mas os Dragões estavam fazendo um estrago enorme. Preocupados com os Dragões, Harry perdeu um pouco a concentração e quando percebeu, alguns lobos começaram a subir a barricada e pular para dentro da trincheira, mordendo muitos alunos.
Lupin saiu de dentro do castelo em pele de lobo e pulou sobre o líder deles Fenrir Grayback. A luta de ambos foi cruel, o som de lobos se atacando, ganindo, ferido, mordendo foi de meter medo no mais corajoso aluno, mas por fim, Remo, muito ferido, ganhou. Fenrir ficou no chão, deitado, agonizando, enquanto Lupin começou a se transformar em homem. Harry não sabia que Lupin poderia se controlar daquela forma, mas imaginou que fora da lua cheia os lobisomens podiam escolher entre ser um canino e ser um homem.
- Lobos! Convertam-se... vocês não encontrarão paz lutando do lado do mal... meu irmãos... não nos ataquem! – Lupin dizia, sem se importar em aparecer nu. Por um momento Harry achou que Lupin convenceria os lobisomens, mas não adiantou. Logo eles recomeçaram a atacar, com ainda mais violência. O lobo Lupin voltou a aparecer. Ele vai morrer, pensou Harry. A luta com Fenrir já o tinha tirado da batalha.
Harry tentou fazer alguma coisa, mas não houve o que fazer. Dois lobos pularam sobre Remo. Harry estava longe demais para tentar salvá-lo. Mas Ninfadora apareceu do nada e chutou o focinho de um deles com toda a força, matando-o instantaneamente. Infelizmente, o outro lobo pulou sobre ela. Quando Harry tentou aproximar-se deles, uma coisa chamou sua atenção. Uma grande multidão de mortos vivos vinha para eles e tentava escalar a barricada.
- Rony, Fred, Jorge! – gritou Harry para os Weasleys que estavam ali próximos. Ataquem os mortos vivos. Não os deixem ultrapassar a trincheira!
Se eles passassem, Harry teria que recuar e levar a batalha para dentro do castelo. Ele não queria isso.
A situação atual da batalha estava muito ruim. Mas piorou... consideravelmente... quando Narcisa se aproximou. Junto estava um homem vestido de negro, exatamente como na batalha de Dante Village. O “Camaleao”, como Hermione o chamara. E agora que ele se aproximava, Harry ainda não sabia quem poderia ser: Voldemort... Malfoy? Snape não era... Ele estava ali na trincheira, evitando que os comensais se aproximassem. Ele estava na equipe deles. Era seu amigo. Engraçado... irônico até... seus inimigos eram seus amigos e sua amiga... sua amada... era sua inimiga... será? Não sabe... Harry não sabe. Só o que sabe é que o tal camaleão era forte e era preciso. Não disparava raios aleatoriamente como Narcisa. Era certeiro, matava a quem queria, sem pestanejar. E seu alvo... parecia ser Snape, que tremia diante da força daquele que atacava. Negro... vestido de negro... trazendo a escuridão... é o fim? É. É mesmo... o fim projetado por Hermione...

E por falar em Hermione, alcemos vôo para ver a rainha da malvadeza, contemplando tudo de sua torre.
Ela chora, chora copiosamente... deixando as lágrimas rolarem livres pelo rosto. Ele se aproxima... sabe agora que é o fim... sabe que precisa fazer o que precisa fazer. Chegou o momento. O camaleão não terá mais forças. Eu tomarei suas forças. Meu Deus, daí-me forças... Ela é forte. Ponto. Forte. Quando pensou em recuar, viu Harry. Ela é forte. Ponto. Sempre foi forte, mas ainda mais quando se tratava de proteger a quem amava. Era feroz... era um leão... como o leão do chapéu ridículo de Luna a rugir anunciando sua entrada. E o leão é o rei das selvas. Quem... digam-me... quem ousa enfrentar o leão? Um lobo?...as presas do leão são maiores do que o do lobisomem... um camaleão?... um leão esmaga o falso lagarto antes que ele possa colocar sua língua viperina para fora... um Gigante? O leão balança sua juba e arranca a pele grossa do gigante antes que ele possa se abaixar.... um dragão? Um dragão pode cuspir fogo, é verdade, mas antes que pense em tomar fôlego... o leão já dilacerou suas escamas coloridas com as unhas de aço... não ninguém é mais forte do que o leão que reina soberano sobre todas as outras criaturas. Mas mesmo o mais forte leão tem um pulga para lhe fazer companhia. Uma criatura a que poucos dão valor, mas, em sua ignóbil existência tem o poder de um leão ao seu lado. E sabem quem é a pulga nessa história? Dobby... o elfo doméstico. Irônico... não irônico não... poético. Não, não sou poetiza, mas do que se trata essa história mesmo? Preconceito. Ponto. Entendeu? Se não entendeu, não tem problema. Chegou a hora mesmo... chegou a hora de revelar tudo.

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Hermione respirou fundo, controlou as lágrimas como um bom leão. Ergueu uma das mãos e arrancou a correntinha de ouro. Quando abaixou a mão, a correntinha pesou em seus dedos e escorregou por entre os dedos, alcançando o chão. Quando a pedra vermelha atingiu o chão, uma lágrima a cobriu. Hermione sustentou-se em pé por alguns segundos, mas por fim, uma dor agonizante a invadiu e ela desabou... a mão bem perto da pedra da vida. Muito perto... como que convidando-a à vida. Tarde demais... vida... vamos ver... por fim, fechou os olhos... preparando-se para ver o além... mas não viu... viu a face de Harry... era só o que conseguia ver. Harry sorrindo... Harry dizendo que a amava... Harry a tomando nos braços... Harry a consolando... Harry... Harry...

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- Senhoras e senhores... senhoras e senhores... os mortos acabam de contornar a van e a estão balançando muito. A van foi reforçada, senhoras e senhores, mas eu não sei quanto tempo mais vamos resistir... ó Deus... meu Deus... ah... ah... AHHHH!
Manny tentava segurar firmemente a câmera, sem deixar de focalizar Lizzie que chorava e estava apavorada. Meu Deus... ela é linda... eu a amo... nunca disse a ela o quanto eu a amava. E o que sou eu diante de Lizzie Burns...? um nada...
Lizzie se encolheu no canto, enquanto tentava se apoiar na lataria da van.
- Manny... manny! – ela gritou. Foi o suficiente... O mundo que se dane! Manny largou a câmera, correu para sua amada e a abraçou e a beijou. – Manny, murmurava ela, gemendo em seus braços. A câmera caída de lado ainda focalizava um homem e uma mulher numa cena tocante... um beijo terno que marcaria o início de uma nova era...

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Por que eu usei Lizzie Burns nessa história em primeiro lugar? O que tem ela a ver com tudo isso? E o que tem Dobby, na cozinha de Hogwarts a ver com tudo isso? Eu explico.
Lizzie Burns é uma trouxa que nunca soube o que era magia antes desse dia fatídico. Nem nunca soube o que era medo em sua vida medíocre, sem amor, sem vida... Depois da batalha final, Lizzie se casará com Manny, seu assistente e será muito feliz. Ela será a responsável por reportar ao mundo inteiro o fim de uma batalha fulminante. Os trouxas saberão de toda a verdade e trouxas e bruxos viverão em harmonia para sempre. Mas a um alto custo. Hermione preveu o custo, ponderou, refletiu e quis pagá-lo. Culpa dela. Mas não é a única culpada. Tem um segundo culpado... Dobby. Ele também acreditou que o mundo poderia ser diferente e quis pagar o preço para ver. Mas agora, voltemos à batalha em Hogwarts!

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Harry suava para tentar resistir ao último ataque. Um zumbi tinha pulado por sobre a barricada e agora atacava dois estudantes que tinham dificuldade para contê-lo. Um explosão forte se fez ouvir. Snape foi jogado para longe e um grande buraco se fez na barricada. Então, o homem de negro entrou como Moisés atravessando o mar vermelho e, sem muitas delongas, arrancou o capuz negro; era Voldemort. Que novidade! Como se Harry não soubesse, mas o comportamento de seu pior inimigo o surpreendeu:
- Maldito seja, Potter! Eu quero minha filha! E se não a entregar, eu juro que esmagarei todos vocês.
Nem tão surpreso assim.
Apesar de parecer um pai preocupado, Voldemort não esperou pela resposta e recomeçou a atacar. Narcisa entrou em seguida e se pôs a atacar também. Harry caiu. Não sabia direito se por Voldemort ou Narcisa. Também não era muito importante, era...? Ele iria morrer... Voldemort ergueu o braço. Harry já nem resistia. O raio iria atingi-lo. Mas não atingiu. Um raio, branco, alvo, tão alvo como poderia ser surgiu da porta do castelo e atingiu Voldemort que caiu despeitado. Era Dobby! Não só Dobby, mas Winky e começaram a sair montes e montes de elfos domésticos de dentro do castelo. Atacando com ferocidade e poder. Matando, ferindo, massacrando.
Meu Deus! Isso sim surpreendia Harry, ainda mais quando eles começaram a atacar os Mortos-vivos. E com feitiços! Era estranho. Como os elfos poderiam ser tão fortes? Nisso, Harry olhou para o alto. Uma luz vinha de dentro da torre. Hermione? Não vou pensar nela agora. Quem precisa de Hermione quando se tem um poderoso Dobby ao seu lado?

- Dobby ataca os zumbis! Zumbis não são páreos para Elfos! – grita Dobby, liderando seu exercito pequenino.

Não são mesmo. Harry quase dá uma gargalhada, mas se controla. Ainda tem sua batalha pessoal: Voldemort. E começa a atacá-lo. Mas, enquanto ataca, a memória o assola. Ele vê o rosto de Hermione no rosto retorcido de Voldemort. E seus lábios recitam a profecia:

“E eis que enfim, quando tudo estiver perto da maldição
A filha do mestre das trevas ressuscitará o exercito do mal.
O povo das terras saíra e caminhará mais uma vez sobre a Terra novamente
E somente o povo menor poderá findar aquilo que se iniciou
A cadeia do mal não cessará enquanto o povo menor não se manifestar.”

Os elfos são o povo menor. Sempre foram. Hermione sabia. Sabia que os elfos lutariam.
Um coisa ruim tomou conta de seu ser. Uma consciência interior dizendo e apontando quantas vezes ele fora ríspido com Hermione. Injustamente? Não, claro que não. Afinal, Hermione ressuscitou o exercito do mal. Ela é má... sempre foi.... sempre jogou... uma jogadora... não mais que isso... ela jogou o tempo todo para Voldemort. E agora o pai vinha buscar sua filha, destruindo a quem transpassasse seu caminho. Mas.... de novo essa consciência... Hermione tinha contato com Dobby. Dobby sabia de tudo desde o início mas não quis contar. Dobby disse que lutaria. Dobby disse que Hermione pediu para que o elfo protegesse Harry na batalha de Dante Village. Dobby seqüestrou Gina. Por Dobby, Hermione demonstrou em público seu poder de Legitimência. E Hermione era muito forte. Forte demais. Ela poderia sair facilmente daquela torre. Mas não saiu. Pelo contrário. Ela se sacrificou para libertar os elfos, o povo menor precisava se manifestar... Hermione sabia! Hermione sabia de tudo! Se Dobby era bom e protegia o lado do bem, então...
Ela não era um monstro afinal... Hermione era uma estrategista.... que planejou e projetou esta guerra com maestria, garantindo a vitória à Harry.
Sim, agora Harry entendia. Não era ele, e nem Snape o líder daquele exercito em que as criaturas se confundiam. Então, quem é o líder do bem? Hermione. De cima de sua torre, manipulando as peças daquele xadrez sangrento. E tinha acabado de dar um xeque mate em Voldemort e em tudo o que era ruim. Meu Deus... Hermione...
Ele a xingara... ele a batera... ele a maltratara... ele a encarcerara... ele a condenara... minha Hermione... minha adorável prisioneira. Quanto ela sofreu? Quanto ela sofreu... por mim...
Mas por que ela não me disse? Por que não revelou a verdade? Por que eu a impediria... eu não a compreenderia...


Harry teve uma vontade enorme de querer escalar aquela torre e ir falar com Hermione, abraçá-la, beijá-la, mas não podia, ainda precisava derrotar o pai dela... a filha do mestre das trevas ressuscitará o exercito do mal.
Harry matou Voldemort depois de longos minutos num duelo febril. Harry ainda ficou parado, olhando para ele. Não havia mais vida em seu rosto viperino. Ele estava morto... acabou.
Agora, nem mesmo os outros estudantes atacavam. Somente os elfos que continuavam a matar os zumbis com um simples feitiço. Tirava-lhes a reanimação. Não duraria muito. Havia milhões de elfos espalhados no mundo. Eram escravos e cada família bruxa tinha pelo menos um. E somente um era necessário para matar mil zumbis.
Lupin e Tonks se ajudavam mutuamente. Ela estava ferida. Ferida por um lobisomen. Ela própria seria um, na próxima lua cheia. Mas não se importavam com isso, pois eles se beijavam loucamente, apaixonadamente.
- Lupin, meu amor...
- Tonks...

Mais uma vez, Harry olhou para cima. Não mais luz ali na torre. Ele queria ir logo ver Hermione, falar com ela, mas Dobby se aproximou. Estava diferente. Tinha o peito estufado. Uma das orelhas estava ferida, mas não lhe tirava a nobreza. Nobre Dobby.

- Dobby! – disse Harry, ajoelhando-se ao lado do amigo. Queria compreender. Precisava saber tudo, antes de falar com sua amada. – Como...?

Mas sua pergunta ficou no ar porque o que aconteceu em seguida deixou-o sem fôlego. Uma luz começou a envolver o elfo. Uma luz como a luz que brilhara lá em cima, na torre de Hermione. O elfo levitou alguns centímetros do chão enquanto uma modificação se operava. Suas orelhas enormes diminuíram um pouco, e sua pele, verde e enrugada, tornou-se alva, branca e macia. Em poucos segundos, a criatura pequena transformou-se em um homem, um homem alto, loiro, com os cabelos chegando até quase a cintura. O único vestígio de elfo era ainda as orelhas pontudas, nada mais. Harry e os outros olhavam assustados aquela transformação que se alastrou para os outros elfos.

E Dobby falou, numa língua estranha, mas a qual Harry entendia:

- Quando Salazar Slitherin era vivo, ele criou para si, um exercito de mortos-vivos, a fim de derrotar Godric Grifindor que tinha Helga e Ravenclaw ao seu lado. Nesta época, nós, os elfos, éramos livres como outras raças que viviam livres, e como livres nós atacamos ao exercito do mal. Ao ver que perderia, Slitherin lançou uma maldição de escravidão aos elfos. Se derrotássemos os zumbis, seríamos condenados a uma vida de escravidão. Como criaturas altruístas, aceitamos a maldição. Salvamos o mundo, mas transformamo-nos em criaturas frágeis, transformamo-nos em escravos... presos em contratos mágicos que asseguravam nossa escravidão. E ninguém se importou em nos libertar, pois sabiam que a única forma era libertar também o exercito do mal.

A voz de Dobby não era esganiçada como era antigamente. Ela doce, melodiosa, macia, suave... como o suspirar de uma brisa leve em dia de privavera. Agora, os outros elfos todos já haviam se transformado em homens como Dobby e os estudantes e as outras pessoas que lutavam nas trincheiras, olhavam para as belas criaturas... quase anjos. Poderia até ser, pois de suas costas, brotaram asas, leves, diáfanas, etéreas, deslizando no ar como as ondas de um lago... levemente... levemente... e Dobby continuou:

“Doce menina Granger descobriu essa estória antiga há muito tempo atrás, na época em que montou o F.A.L.E. Era queria libertar os elfos, mas não revelou aquela estória antiga. No ano passado, quando Voldemort foi derrotado, Hermione tentou resistir ao pai, mas o mestre das Trevas, mesmo fraco, conseguiu dominar sua mente e fugiu com ela. Ele cuidou de suas feridas, criou uma poção especialmente para Mione que estava entre a vida e a morte. Mas ela não ficou muito tempo com ele. Conseguiu fugir depois de um tempo e começou a procurar de proteger você, Harry. Enquanto procurava uma solução nos livros antigos, Hermione descobriu, então, a poção que ressuscitaria os mortos e libertaria os elfos. Isso desescadeou a profecia que Trelawney fez, gerando pânico nos líderes do bem, e euforia nos líderes do mal...”

A batalha enfim terminou. Não havia mais nenhum zumbi em pé, nem comensal, nem dragão, nem gigante, nem minotauro ou duende que seja. Agora, os elfos ajudavam os feridos. E Dobby continou:

“Eu a procurei... pouco antes dela ser capturada por Krum. Eu a aconselhei. Estava disposto a comprar a liberdade de meu povo. Como herdeiro do rei do elfos, eu sou REI... o REI DOBBY, o rei dos elfos do mundo. Eu quis, Harry Potter. Sou culpado. Eu quis... eu disse a ela o que fazer. Disse que precisaria do sangue do herdeiro de Slitherin... Voldemort. Ela procurou Narcisa. Disse que lideraria os comensais, mas era mentira... ela estava atrás de Voldemort. Mas ele desapareceu. Não estava com os comensais. Tinha outro em seu lugar... o camaleão. Era Voldemort o tempo todo, mas mesmo Mione teve incerteza. Tudo daria certo se Krum não tivesse atrapalhado. Ele a capturou antes que convencesse Voldemort a dar seu sangue e sua vida para ressuscitar os mortos. Krum foi muito mal com menina Granger. Ele a maltratava. Ela não tinha como fazer o que precisava fazer.”

Dobby olhou para a torre com pesar, mesmo Harry percebeu tristeza na face daquele novo homem.

“Quando a guerra de Dante Village eclodiu, Hermione viu a oportunidade que precisava. Voldemort era o homem de capuz negro e os dois conversaram (em mente) enquanto a guerra acontecia. Ela disse a ele que sentia muito e que queria fazer parte dos comensais. Queria ser sua filha. Voldemort disse que ela precisava provar, provar que era uma deles. Ela se voltou contra vocês para ganhar a confiança de Voldemort, Harry. Ela sabia que iria machucar muitas pessoas, mas não tinha muita opção. Ela achou que poderia tirar Voldemort dali antes que ele resolvesse matar outras pessoas, afinal, ele estava fraco. Assim mesmo, Hermione pediu que eu protegesse você, Harry. E eu protegi, mas Voldemort não poderia matar você... ele estava realmente fraco. Então se voltou contra aqueles que você considera seus pais, os Weasleys! E eu os protegi, também. Fiz parecer que ficaram loucos, mas não é verdade. Eles estão bem, Harry. Continuaram a fingir para proteger para proteger os próprios filhos. O pior foi com Krum. Eu estava muito cansado por ter que proteger os Weasleys daquele feitiço, e quando Voldemort atacou Krum, eu não pude fazer nada e nem Hermione que queria provar ser útil ao mestre das trevas. Por fim, ela atacou Dumbledore. Ela o feriu bastante a ponto de que ele ficasse inconsciente e fora do caminho. Ele sabia. Dumbledore havia descoberto o segredo de Hermione. Ele descobriu a poção e sabia quais eram os planos de Hermione. Ela teve que tirá-lo de cena. E isso foi bom. Quando ela, pessoalmente, atacou Dumbledore, Voldemort finalmente a aceitou como Comensal.”

- O que deu errado, então? Ela não ficou com eles... ela não ficou. Eu a surpreendi, vagando pelas vielas de Dante Vilage! – disse Harry, quase gritando, tentando compreender tudo.

“Você aconteceu, Harry. Voldemort pediu a ela um último sinal de sua fidelidade. Um sinal que Hermione jamais seria capaz de dar: a sua morte. E depois você a capturou e a impediu de realizar o plano que ela havia armado. Ela ficou sem tempo e sem outra alternativa... então teve que usar a si mesma naquela poção. Ela não queria. Esperava usar Voldemort. Esperava mesmo usá-lo. A morte de Voldemort pela libertação dos elfos... mas depois entendeu que ela também era herdeira... e que a morte devia ser dela.”

Harry ficou ali parado... morte do herdeiro de Slitherin...? Não... morte não... apenas sangue.... Hermione usou o seu próprio sangue na poção...

“Ela esperou pelo momento certo, Harry. Esperou que a auto-confiança de Voldemort numa batalha ganha lhe tirasse a sutileza e a prontidão, para que ele não esperasse o meu ataque. Sim, Harry... foi por mim que Hermione fez tudo o que fez... eu sou o último jogador... Voldemort estava fraco e derradeiro demais para lutar ou jogar, mas eu não... eu estava preparado para assumir o trono que foi roubado de meus ancestrais.... eu sou DOBBY... O REI DOS ELFOS. Hermione garantiu não somente a minha vitória, mas como a sua, Harry, e como a vitória de todos os jogadores que lutaram pelo bem. E todos lutaram pelo bem de maneira diferente. Dumbledore era justo, Krum era brutal, Snape era autoritário, Hermione era dissimulada, Malfoy era bondoso e você... você Harry... era apaixonado... Hermione não usou somente o seu sangue, mas usou a sua alma para abrir as correntes da escravidão e do preconceito e da maldade. Mas não deve escutar somente a mim. Existe uma outra testemunha que precisa muito falar agora”



E dizendo isso, Dobby tirou de suas vestes ( e diga-se de passagem que as vestes daqueles elfos eram as de um nobre, muito polidas) um orbe pequeno. O orbe ficou flutuando e Harry pode ver então a imagem de Hermione ali refletida. Harry entendeu. Era como um vídeo, gravado por Hermione.

“Harry...

Eu decidi que nao suportaria viver com o seu odio... com a tua raiva... eu decidi que era o fim... sabia o que precisava fazer e fiz... mas não poderia ir sem lhe dizer... por isso... deixei-lhe este orbe... que é a minha lembranca... apenas uma lembranca Harry... e quando a vir... eu não estarei mais aqui...
Mas estarei em cada momento que precisar... eu cada sorriso que der... em cada estrela que aparecer no céu...
Eu não sei o que vai acontecer... se a morte é o fim ou não... mas eu não tenho medo... pois um amor... (Harry viu os olhos de Hermione brilharem e um lagrima rolar por seu rosto e cair sobre as mãos deitadas no colo)... um amor como o nosso não morre...nao pode morrer... e mais forte do que a morte...
Meu... pai.... sempre temeu a morte, porque nunca soube amar... porque se soubesse... se sentisse em seu ser uma só gota de amor... saberia que a esperança nos dá forca... nos dá sabedoria... nos dá sustento para fazermos o que precisamos fazer...
E o que eu precisei fazer... Harry... (Hermione parecia lutar para resistir, respirando e suspirando para conter as lagrimas) foi muito.... difícil... para mim... para você... para todos... mas eu tive que fazer... e se voltasse no tempo, Harry... mesmo mudando algumas coisas, eu não mudaria o que fiz...
Sei que todos estão me odiando... sabia que iriam me odiar... e sabia, principalmente que você me odiaria... e isso foi o que mais me mortificou... sangrou meu coração... mas não me arrependo do que fiz... pois consegui aquilo que mais queria... a liberdade e felicidade de todos... principalmente a sua...
Eu pressinto que tentara findar sua vida junto com a minha... mas não quero que o faca Harry... eu sofri muito... para você viver... e agora eu quero que viva Harry... viva e seja feliz...
Eu sinto muito... é a única coisa que posso dizer no momento... mas não podia parar... eu precisava acabar com tudo... acabar com aquilo que começou a tanto tempo.
Eu descobri a profecia enquanto pesquisava a fundo sobre a magia antiga que prendia os elfos domésticos a escravidão pregada pelos bruxos assim chamados “puro-sangue”. Com medo do poder das pequenas e grandiosas criaturas que são os elfos... Salazar Slitherin ressuscitou os mortos vivos propositalmente. Enquanto os elfos estavam ocupados demais, desencantando os mortos-vivos... Salazar amaldiçoou cada ser... cada elfo a ser um escravo pelo resto de suas vidas... presos a contratos mágicos que só poderiam ser quebrados se os mortos vivos renascessem. Temendo pela vida de todos, os elfos foram altruístas e silenciaram seu poder... nunca quiseram ressuscitar os mortos-vivos para se libertar... eh o tipo de prisão baseada no sacrifício.
Trelawney, com aquela habilidade incontrolada que tem, previu o que eu iria fazer Harry... um acaso do destino... eu gostaria que a profecia não tivesse sido feita... atrapalhou-me enormemente... Krum me prendeu num casamento que eu não queria... Vigiando-me o tempo todo, impedindo-me de fazer o que eu precisava fazer...
Voldemort me tirou do castelo no ano passado Harry e estava tentando me curar... acho que de uma maneira soh dele ele gostava de mim. Eu precisava do sangue do herdeiro de Slitherin para ressuscitar os mortos vivos e quando tentei voltar para meu pai, Krum me capturou...
Naquela noite, Harry... durante aquela batalha fadada ao fracasso... eu tencionava voltar para meu pai... continuar minha missão...
(Hermione abaixou a cabeça enquanto soluçava... mas reergueu-a segundos depois).
Tudo deu errado... eu tentei impedir Malfoy que havia sido possuído por meu pai... mas... os Weasley ficaram bem... Harry... eu lhes lancei um feitico de proteção enquanto Malfoy não estava olhando... a insanidade deles eh temporária... quebrar-se-a quando Voldemort enfim morrer... mas eu sinto por Moody Quim... e principalmente Krum...
Bem... depois disso... você me prendeu... e eu pensei que tudo estaria perdido quando você quis me matar... eu te perdoaria Harry... sei que o que fiz não tem perdão...

Eu sei que não existe futuro para mim aqui. Sei que jamais me perdoara... sei que as pessoas não me aceitarão depois disso.... é por isso que escolhi o caminho que escolhi, Harry...
Minha vida pela sua... Minha vida pela liberdade de todos... Minha vida por um mundo melhor... um mundo onde as crianças nasçam sem medo... Que não passem pelo que nós passamos Harry...

Eu sinto muito...

(Hermione parecia não se conter mais... ela chorou muito a sua frente e ainda chorando disse essas ultimas palavras:).

Harry... existe uma musica que expressa em sua melodia tudo o que existe em meu coração... uma musica que eu gostaria que você ouvisse agora... escute-a com seu coração...

Alguma coisa aconteceu depois daquilo.... o orbe oscilou em sua coloração e uma estranha melodia começou a tocar... no inicio baixinho e suave... depois comecou ganhar voz e altura... no fim Harry não conseguiu controlar-se mais... e deixou que as lagrimas, há muito contidas, seguissem seu rumo... como que serpenteando ao som da linda musica.

Adeus meu amor...”

O orbe deixou de levitar e caiu com estrondo no chão. Quebrou imediatamente espalhando pelo chão uma estranha substancia prateada. Tomado pelo desespero, Harry deixou-se cair também, sabendo que Hermione Granger... a mulher que se sacrificara para salvar o mundo inteiro o amava... e era, não uma garota boa, mas um anjo que tinha o altruísmo como missão...


Mas Harry tinha medo, um medo cruel. As palavras de Hermione ainda ecoavam em seu ouvido “e quando a vir... eu não estarei mais aqui...”. Meu Deus, Hermione... você não pode...

Harry não esperou duas vezes... juntou as forças, levantou-se e começou a correr. Ele correu, correu o mais que pode. Num dos andares, esbarrou em Malfoy. Draco lhe disse alguma coisa, mas ele não escutou, não queria saber. Correu mais ainda até quando seu pulmão lhe pediu tréguas e depois abriu a porta da torre de um só supetão, alarmado e desencorajado...

- Hermione... ?

Harry sentiu-se morrer... sentiu-se morrer ao ver o corpo de sua amada deitado sobre o chão, ao lado a correntinha que suportava sua vida.
Não... Não...
Ele correu para ela, agarrou a correntinha e lhe abotoou no pescoço.

- Você não pode morrer assim... meu amor... volte para mim...

Era necessário, meu amor... ele escutou uma voz em sua mente. A voz de Hermione lhe sussurrando...

A minha morte era necessária para libertar os elfos. A maldição pedia a morte de um dos herdeiros de Slitherim... não há nada que fazer, meu amor... mas nada... descanse agora... acabou...

Harry sentiu um peso no coração e na alma. As lágrimas enturvavam seus olhos e ainda mais sua razão. Não conseguia pensar. Meu Deus... Hermione... morta... não pode ser... eu tenho tanta coisa para te dizer... tanta coisa a pedir perdão... eu te machuquei tanto minha querida... eu te magooei tanto...

Harry se abaixou e colocou a cabeça no colo de Hermione, agora ensopado de sangue. Não tinha mesmo vontade de viver... não tinha vontade de morrer... tinha vontade de ficar assim. Do lado dela...

O que mais lhe doía... era que não conseguiu nem ao menos lhe falar que a amava. Ele queria que ela morresse em paz, sabendo que ele amava. Mas não tinha certeza...

Acabou... tudo acabou. Se os planos de Hermione se concretizariam, Harry não sabia. Até podia ser que os elfos agora fossem libertados e se transformassem em nossos protetores. Podia ser que os trouxas enfim compreendessem os bruxos e que ambos vivessem harmoniosamente. Podia até ser que os lobos fossem aceitos pela sociedade, assim como todos os outros sangues-ruins... mas não lhe importava. Hermione está morta! O que mais importa? Qual é a graça de viver num mundo maravilhoso e utópico quando a pessoa que mais importa não está aqui? Não... que se dane... foda-se o mundo. Que vire tudo uma bagunça do inferno... eu quero Hermione... Antes ser infeliz no inferno ao lado dela, do que feliz no paraíso sem ela...

HERMIONE!!!! HERMIONE!!!

Os feridos e os que ainda podiam andar lá embaixo, no campo de batalha, ouviram o grito de Harry e imaginaram que alguma coisa havia acontecido.

Dobby suspirou olhando para cima. Ela está morta. Se não tivesse morrido, nós não teríamos nos transformado. Nós não estaríamos livres agora... Pobre menina Granger... morreu só... morreu sem Harry... triste menina Granger...

Malfoy balançou a cabeça. Harry era mesmo cabeça dura. Será que ele não escutou o que eu lhe dissera? Harry tinha essa dificuldade de ouvir as outras pessoas quando se tratava de Hermione.

- Harry – disse Draco, surgindo na porta da torre de Hermione. – Você precisa vir comigo agora.
- Não, Malfoy... Hermione está morta. Eu preciso ficar com ela. – disse Harry, levantando a cabeça para olhar para o amigo.
- Não... você precisa vir comigo... ela está morta, não há mais nada o que fazer a esse respeito.
Com raiva, Harry levantou-se e deu um soco em Malfoy que caiu para trás.
- Vá pro inferno!!! – disse Harry, mas quando fez menção em deitar-se novamente, Malfoy o puxou para trás, agarrou seus braços e começou a arrastá-lo para fora.
- Você precisa vir comigo, Harry!
- É melhor me largar se não quiser que eu parta sua cara em dois! – gritou Harry, mas Draco não largava.
- Vem, ahgrrr.... porque você tem que ser tão teimoso...

Por fim, Harry não resistiu mais. Estava acabado. Morto... morto com Hermione. Ele pôs-se a chorar e deixou que Malfoy o carregasse para fora... não havia mais o que fazer... Hermione estava morta... minha Mione está morta...
- Draco... minha Mione... – Harry conseguiu balbuciar no oceano de lágrimas que o assolava no momento.

Quando Draco olhou para Hermione, pensou ver nela um sorriso, mas depois achou que fosse apenas uma ilusão, afinal, Granger era tão importante para ele quanto era para Harry. Fora ela, quem o convencera a converter-se. A tristeza era igual... a de ter perdido um grande amor...

Quando Harry e Malfoy finalmente deixaram o aposento, um dos dedos de Hermione começou a tremer...

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