Feridas na Alma
Na manhã seguinte, Harry foi o primeiro a acordar. No entanto, ele esperou na cama antes de levantar-se. Queria apreciar os raios de sol refletindo sobre as águas calmas do lago, enquanto pensava em sua vida e no rumo que ela tomara.
No ano passado quando estava para enfrentar Voldemort, Harry tomou uma séria decisão: a de salvar Hermione e enfrentar o grande Lord das Trevas sem ela. Ele pediu a Malfoy que a levasse para longe, mas ele não foi capaz de segurá-la e ela retornou no exato instante em que Voldemort estava para matá-lo. Quando Harry estava caído, subjugado por Voldemort, ele escutou a voz de Hermione em sua mente, não como a sua consciência, mas como se ela o estivesse legitimentando. Era algo que Harry ainda não compreendia: eles compartilharam o pensamento por alguns instantes...Isso era algo que ele gostaria de poder fazer agora, talvez desvendaria os mistérios que circundavam a mente de Hermione. Lembrava-se que, também no ano passado, eles tiveram uma forte ligação através da legitimência. Uma ligação que foi cortada por Dumbledore, pois Hermione estava morrendo e o bom velhinho temia pela vida do jovem rapaz também, se continuassem ligados. Isso era a segunda coisa que Harry gostaria de compreender melhor e ainda havia uma terceira coisa sobre o ano passado que restara no mistério: Hermione conseguiu aparatar nos terrenos de Hogwarts, coisa que, como ela própria sempre dissera, era impossível de realizar. Uma mágica antiga protegia os terrenos de Hogwarts. Uma mágica que nem mesmo o presunçoso Voldemort e o brilhante Dumbledore jamais ousaram quebrar.
Mistérios... mistérios envolviam Hermione muito mais do que Harry previra. E ela teimava em não lhe contar nada. Teimava em não confiar nele.
Harry não iria mais esperar para que ela própria o dissesse, ele descobriria e descobriria por si mesmo. E a primeira coisa que ele precisava fazer, concluiu ele, era falar com Victor Krum.
Harry levantou-se reanimado pela idéia. Vestiu a melhor muda de uniforme que tinha e desceu a torre da Grifinória, vazia àquela hora, para aproximar-se do terceiro andar. Aquele andar já fora proibido antes, quando Fofo guardava a entrada para o porão que levava a Pedra Filosofal, contudo, agora, não era um enorme cachorro de três cabeças que guardava a entrada do corredor para o terceiro andar e sim, quatro enormes homens, com cicatrizes em seus rostos e expressão de mau humor.
- Esse corredor é proibido aos alunos, Potter! – disse um dos homens.
Harry gostaria de não ser tão famoso.
- Eu preciso falar com Kr... com o Ministro da Magia, o senhor Victor Krum, digam que é da parte de Harry Potter.
Os quatro homens olharam para Harry como se não pretendesse se mover.
- Está bem, então! ESTUPEFAÇA! – disse Harry, estuporando os quatro homens com um só brandir de sua varinha. Os aurores bem tentaram se defender, mas nem chegaram a sacar suas varinhas.
Harry pulou por cima deles e continuou no corredor.
A estada do ministério da Magia em Hogwarts mudara completamente aquele corredor, o que antes eram salas escuras, cobertas de teia de aranha, agora eram departamentos frios e organizados. Não havia muitas pessoas transitando por ali, o que fez Harry pensar que estavam todos dentro das inúmeras salas que tinha o corredor, no entanto, ele sabia que era por outro motivo: quando o antigo Ministério foi destruído, muitos membros e funcionários do ministério foram assassinados. Não havia restado muitas pessoas.
Harry passou pela porta que dizia “Departamento de Aurores” e imaginou se um dia chegaria a trabalhar como auror. Bem, isso era uma coisa para outra hora, pois logo Harry viu pendurado sobre uma porta uma placa que dizia “Gabinete do Ministro”, e sem bater, entrou.
Krum estava de costas e olhava para fora, pela janela. Havia uma enorme mesa, com uma outra placa que dizia “Victor Krum – Ministro da Magia”, e sentada sobre um sofá, uma jovem mulher anotava o que o Ministro ditava.
- sr. Ministro... um homem entrou aqui! – disse a mulher, fazendo Krum se virar.
- Tudo bem, Matilda! – disse Krum, mostrando tranqüilidade – Pode me deixarr a sós com este homem porr um momento? – E como a mulher hesitou, Victor acrescentou – Se prrecisarr de algo eu a chamo, tudo bem?
A mulher saiu olhando feio para Harry, mas ele não ligou. Aproximou-se da mesa de Krum e sentou-se à sua frente.
- Precisamos conversar! – Harry disse, calmamente. Ele tentaria ter uma conversa calma com Krum. Afinal, precisava dele para obter algumas informações.
- Sim! Imaginei que me prrocurrarria. – disse Krum, sentando-se em sua cadeira, aparentando tranqüilidade também. – Eu mandarria uma mensagem parra você hoje. Achei que precisávamos conversarr. Que bom que me procurrou. Sabe, Arry Potterr, não precisamos serr inimigos. Acho que ambos queremos o bem da mesma mulherr.
- Hermione não é uma mulherr... bem... sim... ela é uma mulher.... o que estou querendo dizer é que Hermione é só uma garota, que já passou por mais coisas na vida que qualquer um, mas que é muito jovem para ter um fardo em suas costas.
- Um farrdo? Eu sou o farrdo? – Krum perguntou, levemente irritado.
- Você a obrigou a se casar com você. Meu Deus, Hermione tem dezesseis anos. Você é bem mais velho do que ela. Ela perdeu os pais, perdeu muito mais do que isso no ano passado. E agora, que as coisas iriam se tranqüilizar, você a obriga a se casar. E tem a tratado muito mal, não gosto do jeito que você a trata.
- Você deveria ver o jeito com que ela me trrata. – disse Krum, batendo o punho sobre a mesa. – Você pensa que as coisas irriam se tranquilizarr... não... não irriam, Arry. Essa prrofecia deixou todo mundo louco. Você não viu o que aconteceu aqui porrque estava de ferrias, na casa de seus tios. Pessoas estavam achando que Hermio-ni-ne seria a nova Mestra das Trevas. Que irria continuarr o reinado do mal do pai.
- Hermione ajudou a derrotar Voldemort. Que importa se as pessoas ficaram loucas? Hermione não é do mal. Ela pode ser a filha de Voldemort, mas certamente não é do mal.
- Eu não terria tanta cerrteza, se fosse você! – disse Krum, e, para surpresa de Harry, ele abaixou a cabeça, deixando transparecer a tristeza e o cansaço. – Eu amo Hermio-ni-ne... mas do que minha vida. Achei que eu poderria salva-la das trrevas... achei que ela acabarria se apaixonando porr mim, mas agora vejo o quanto estava enganado. Herrmione não é mais a mesma garrota mimosa, meiga, doce e adorrável que era quando eu a conheci há quatro anos atrás... ela se trransformou numa mulherr poderrosa, arrdilosa, dissimulada. Eu deixei me enganarr, Arry... não cometa o mesmo erro que cometi.
- Eu não acredito em você. Hermione só está cansada em ser polida, assim como eu. Não somos bobos do Ministério mais, jamais... mas isto não quer dizer que ela é ruim... – disse Harry, levantando o tom e erguendo o queixo, ainda que não tivesse total convicção do que dizia.
- Você não entende mesmo, não é, Arry Potterr... o Ministério está destruído... acabado... estou juntando os cacos, transparecendo a idéia que ainda existe ordem e prroteção para o mundo mágico. Mas na verdade, o veneno de Voldemorrt ainda corre pelas veias do Mistérrio. Não estamos mais no goverrno. Na verrdade, é Dumbledorre quem ainda consegue conterr as coisas. Azkaban está lotada de Comensais que estão espalhando aos quatro ventos que Herrmio-ni-ne ressuscitarrá um exercito do mal e destruíra o mundo inteiro, enquanto os Gigantes estão tramando uma revolução: vão aparecer em público... para os trouxas... e querem usar dragões. Você imagina o pânico que isto irá causarr nos trrouxas? Duendes estão se rebelando. Os bancos estão cobrando altos jurros... há famílias brruxas que estão indo à falência. Todas as crriaturas estão se dividindo, Arry... criaturas vis e cruéis que nunca quiserram se intrometerr em nosso mundo, estão tomando o lado das trrevas... não vê? É como um tabuleiro de xadrez... as peças estão se movendo... estão se preparrando para atacarr... e quando Hermio-ni-ne enfim ressuscitarr o tal Exercito, o jogo enfim terminarrá...
- Você está louco, Krum... só pode estar! – disse Harry aturdido com tudo o que Krum revelou. – Hermione jamais faria uma coisa dessas. Ela está magoada, ferida... eu mesmo a feri mais do que qualquer um mandando-a para Azkaban... mas ela NUNCA... NUNCA... faria qualquer coisa para machucar a outro ser humano, que dirá, destruir o mundo...
- Verrdade, Arry? Então, me diga, você seria capaz de torturar outra pessoa, só porque ela fez um estúpido elfo cair? A demonstração de Hermio-ni-ne, ontem à noite, deixou mais do que claro do que ela é capaz. Eu também não queria acrreditar, Arry... mas saiba que estou começando... algo muito rruim vai acontecerr este ano... e seja o que forrr, envolve Herrmio-ni-ne. – Krum abaixou a cabeça novamente, e Harry viu uma lágrima prateada escorrer pelo rosto do ministro – Minha doce e amada, Herrmio-ni-ne...
- Está bem! – disse Harry, acalmando-se – Digamos que eu acredite em você. Por que Hermione faria isso, quando ela própria ajudou a derrotar o próprio pai.
- Eu não sei! Só sei que quando a encontrei ela estava num casebre velho, com muitas poções proibidas lá dentro. Poções que eu não deixaria perto de ninguém.
- Hermione está ferida. Ela usa uma poção para conter uma hemorragia...
- Eu sei... eu descobri isso quando a encontrei desacordada e com febre. Eu a tirei de lá e a levei para a Inglaterra.
- Sim... e a prendeu no departamento de Mistérios no antigo Ministério da Magia por dois dias.
- Eu tive que fazerr isso! – Krum defendeu-se. – Ela estava fora de si. Ela tentou me matar Harry. Ela usou o Avada Quedavra em mim. E só estou vivo hoje porque escorreguei no mesmo instante e saí do alcance do raio. Eu fui rápido e a prendi. Só dois dias depois ela voltou a si. Eu a convenci a ficar comigo. Disse-lhe que se recusasse a se casar comigo, o ministério a prenderia para Azkaban e dessa vez será para sempre. Hermione está quase completando dezessete anos... e quando for de maior, não haverá indulgência para ela. Não vê? Tudo o que fiz... tudo... foi para protegê-la. Eu a amo... mas agora sei que isto é grande demais para mim. Não sei quanto tempo mais foi conseguir resistir. Tenho tentado colocar ordem nas coisas, e por enquanto, os membros do conselho confiam em mim, mas se Hermione fizer mais uma demonstração... qualquer demonstração de seu poder, e nem eu, nem mesmo Dumbledore a livrará.
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- Onde você estava? – Rony perguntou para Harry, quando este sentou-se ao lado de Hermione.
- Ahn? Ah... é... eu fui caminhar um pouco....- Harry mentiu. Ainda estava atordoado com o que Krum dissera e não sabia se deveria revelar a alguém o que escutou ainda.
- Minerva acabou de sair daqui! – Rony continuou, animadamente. Hermione estava quieta, mas parecia tranqüila, servindo-se de torradas. – Ela disse que vamos ter uma agenda cheia este ano, Harry. O ruim é que vamos ter quatro tempos de cada matéria quase todo dia: segunda, vamos ter Oclumência, terça, transfiguração e herbologia, quarta, DCAT, quinta, Feitiços e sexta, Poções.
- Ninguém merece! – disse Harry, apagando de sua mente por enquanto o que escutara na sala de Krum – Vamos ter aulas com o idiota do Snape na segunda, quarta e sexta? Deus do céu!
- Sr. Potter! – Minerva, que reapareceu de repente, ralhou com o garoto. – Se quiser ser um bom auror, terá que aprender muito ainda com o PROFESSOR Snape! Ah, Srta. Granger, preciso falar com a senhorita. Estou vendo que no seu horário tem Oclumência no mesmo horário de Aritmancia, DCAT no mesmo horário de Runas Antigas e História da Magia no mesmo horário que Transfiguração, querida. A não ser que queira usar... hum... aquele “reloginho” novamente, terá que optar por algumas matérias.
- Que reloginho? – Rony perguntou, sem entender. Harry sabia que a professora se referia ao Vira-Tempo.
- Ah... não quero usar “aquele reloginho” novamente, professora Macgonagal. – Hermione interpôs - Eu prefiro escolher entre as matérias.
- Ah... neste caso... querida... é uma grande decisão. Isto vai funilar sua carreira. Terá de optar se vai querer ser uma medi-bruxa, uma previsora, uma herbóloga, uma pesquisadora de estudos antigos, o que mais... auror...
- Auror! – disse Hermione, automaticamente. Harry não conseguiu deixar de sentir uma grande alegria dentro de si. Sabia que se ela decidisse por qualquer outra carreira eles não fariam as mesmas matérias juntos... talvez se vissem somente à noite, ou talvez apenas nos fins de semana.
- Auror? – perguntou a professora Minerva. – Querida, tem certeza? Quero dizer, claro que tem plenas condições de ser uma excelente auror, mas creio que suas notas sejam melhores em Aritmancia e Runas Antigas do que em DCAT, não?
Hermione sorriu, calmamente e virou-se para a professora.
- Eu já decidi, professora. Eu serei uma auror. Sei que minha pior nota é em DCAT, mas tem muitos aurores que adorariam ter a minha nota. E posso garantir que aprendi muito sobre DCAT no ano passado. Mais do que eu desejaria...
- Sim, claro, claro! Está decidido, então, srta. Granger! A srta será uma auror! Grande, espero.
- Tem certeza sobre isso? – Harry perguntou à Hermione, quando a professora se afastou.
- Achei que ficaria contente – disse Hermione, parecendo encabulada. – Vamos ficar mais tempo juntos do que se eu decidisse por outra carreira.
- Não decidiu ser Auror só por causa disso, não é? Não quero que escolha uma profissão que não deseja só para poder ficar mais tempo comigo.
- É claro que não, Harry. Ora... não sou uma garota boba que se anula por quem ama. Eu tenho opinião. E quero ser uma auror. Meus conhecimentos em Oclumencia... e Legitimência me provaram que devo seguir esse rumo.
- Não quis te ofender, Hermione. Eu sei muito bem que você não é uma garota boba. – disse Harry, esboçando um sorriso – Mas... é bem intrigante o que você disse... quero dizer... você disse que não se anula por quem ama... isto quer dizer que me ama?
Hermione arregalou os olhos e corou.
Ela ficava adorável assim encabulada. Era quase impossível conceber a idéia de que Hermione poderia ser má, ou que poderia cometer um ato que levaria o mundo à destruição. Ela era sua Mione, sua querida e adorável Hermione e não a filha do Lord das Trevas.
- Bem... vamos? Devemos chegar cedo para a aula de Oclumência. Vocês sabem que o professor Snape não tolera atrasos.
- Sei sim... infelizmente ! – Rony disse, enfiando três pedaços de pão inteiros na boca.
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A aula de Oclumência foi, na opinião de Harry e de quase todos os alunos da Grifinória, torturante. Não era nada fácil ter quatro tempos diretos com um Snape que só sabia dizer que Grifinórios tem pouquíssima habilidade para Oclumentar, enquanto que os Sonserinos já tinham mais competência. O bom é que agora não havia mais um Malfoy chato gozando da cara de Harry, Rony e chamando Hermione de sangue ruim. Pelo contrário, Malfoy parecia mudo entre Crabbe e Goyle.
Neville não fazia essa disciplina, assim, Hermione ficou com Harry e Rony ficou com Simas na divisão dos pares para a prática de Oclumência.
- Façam duas filas – Snape orientou – Os pares deverão ficar um de frente para o outro.
Hermione à frente de Harry, sorriu quando Rony fez uma careta quando o professor passou – Quando eu contar até três, os que estão a minha direita deverão apontar a varinha para seu par à sua frente e dizer: “Legitimens!” Esse é o feitiço para legitimentar. O importante, nesta aula, na verdade, é aprender a bloquear este feitiço. Nós não usamos esse feitiço – disse o professor, olhando de soslaio para Hermione – Nós devemos aprender a bloqueá-lo... isso sim, é tarefa de um bom auror. Para bloquear a legitimência, vocês devem esvaziar suas mentes de qualquer pensamento. Certo! Um... dois.... três...
Harry levantou a varinha e disse “Legitimens”, mas isso foi o mesmo que não fazer nada, pois não teve efeito nenhum. Hermione sorriu e disse que o feitiço dele não fez nem cócegas em sua mente. Harry riu também e os dois se divertiram com Simas que chorava, enquanto Crabbe desmaiou bem em cima de Pansy Parkinson.
- Está bem... muito bem... alguns foram muito bem... outros... nem tanto... não é Potter? Bem... vamos trocar agora... os da esquerda tentarão legitimentar os da direita... um... dois... três...
Enquanto Hermione levantava sua varinha, Harry pensou desesperado no que fazer. Se ela o legitimentasse, ela descobriria o que Krum havia falado para ele, então decidiu se concentrar noutro pensamento... mas no que? Naquele instante, nada parecia atraente o suficiente para cobrir os últimos eventos. Gostaria muito de saber oclumentar, mas sabia que era uma técnica que ainda não dominava. Enquanto escolhia um pensamento, uma coisa passou-lhe pela cabeça. “Sim”, Harry disse a si mesmo... Isso chamará a atenção dela.
- Legitimens! – Hermione disse e Harry sentiu uma forte dor de cabeça. Sabia que Hermione estava revistando os pensamentos mais sombrios de Harry e ele não conseguia resistir.
De repente, pensamentos muito dolorosos retornaram à sua mente. Ele sofria... ele se debatia e implorava para passar... ele perdia as forças e tinha febre... Era ruim... era muito ruim... mas quando o sol raiava... as coisas ficavam um pouco melhor. Ninguém entendia. Ninguém sabia. Ele precisava resistir... sabia o que estava acontecendo. Não era ele quem sofria... e sim Hermione. Ela estava em Azkaban e era torturada pelos Dementadores. Harry sentia cada dor... cada lágrima, cada sentimento agonizante como se fosse seu graças ao laço que tinha por ela... e era pior, pois sabia que ele era o responsável por tudo aquilo. “Hermione... Hermione...”.
Um grito ecoou pela sala de aula e todos os que estavam legitimentando e os que eram legitimentados acordaram de suas tarefas e olharam para Hermione.
Ela largou a sua varinha no chão e enterrou o rosto nas mãos, sem poder controlar as lágrimas, enquanto tentava restabelecer a respiração irregular.
- O que você fez, Potter? – Snape perguntou, puxando Harry com violência para o lado para chegar até Hermione – Eu disse que agora é a vez da outra fila.
- Eu não fiz nada! – disse Harry, preocupado com Hermione – Foi ela que me legitimentou. Hermione... você está bem?
Harry colocou a mão no ombro da garota. Ela estava gelada e tremia.
- Você disse que ela o legitimentou? – perguntou Snape, fazendo uma careta de espantado – O que existe na sua cabeça de tão ruim para ter deixado a Srta. Granger nesse estado? Você está bem, srta. Granger? Quer que eu a leve para a enfermaria?
O que aconteceu em seguida é que foi espantoso para Harry. A sala toda circundava Hermione agora, mas ela tirou as mãos do rosto e procurou por Harry para se jogar em seus braços.
- Está tudo bem, Hermione! – disse Harry, tentando acalmar a amiga. Ele a acolheu em seus braços e abraçou com ternura – Você está tremendo!
Harry tentou afastá-la para poder ver seu rosto, mas ela o segurou com mais força.
- Não me deixe, Harry... por favor, não me deixe!
- Eu não vou deixá-la... está bem? Mas preciso ver como você está. Você está bem? Está sangrando? É o seu ferimento, Hermione?
- Leve-a para a enfermaria, Potter! – disse o professor Snape, preocupado – Está claro que Hermione não irá com mais ninguém.
Concordando com o professor Snape, Harry agarrou Hermione e ergueu-a nos braços, conduzindo-a para fora da sala.
- Eu tenho mais feridas em minha alma do que em meu corpo, Harry... – Hermione sussurrou em seu ouvido, poucos segundos antes de perder a consciência e desmaiar no colo de Harry.
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