Há-de haver por onde começar..

Há-de haver por onde começar..



Capitulo 20


Fazia três semanas, que Harry abandonara Hogwarts...

Era doloroso demais saber que Gina perdera o bebé. Não bastou a surpresa de saber ao mesmo tempo que ela tinha estado grávida dum filho seu, como o perdera por sua causa.

A enfermeira bem o tentou acalmar, explicando que nem a própria Gina se deu conta do seu estado, uma vez que seu ciclo menstrual nunca tinha faltado.

Mas a culpa incrustada no seu peito , por a ter deixado sozinha, ainda que fosse para a defender de Bellatrix, jamais saíra da sua consciência.
Aquelas horas fatídicas, em que tragicamente Gina se debatera entre a vida e a morte no leito do Hospital. Ainda fervilhavam e povoavam o seu cérebro.

A atrocidade com que seu corpo frágil se contorcia , gemendo de dor , num estado febril desumano e padecedor. E depois o torpor inconsciente que a manteve desacordada durante três dias, levaram-no a tomar uma decisão, como forma de se penitenciar e nunca mais voltar a magoar a jovem Weasley.



Apesar dos protestos de Dumbledore , que o tentou por diversas vezes dissuadir da ideia de partir. Harry não voltou atrás na deliberação que tomou.

Com o acordo do Director, pediu ao professor Lupin que o substituísse nas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas e se mudou rapidamente para as instalações do Ministério da Magia. Solicitando que lhe fosse entregue o serviço mais difícil para resolver. Assumindo de forma radical e exaustivamente as suas funções como Auror.
Na tentativa de não pensar em mais nada a não ser no trabalho. Pelo menos longe dela nunca mais a iria magoar!

Mas não suspeitava do quanto estava enganado.



Gina teve alta uma semana depois daquele infortúnio doloroso. No mesmo dia que recebeu a carta da partida de Harry.

Ele se despedia, comentando que a amava muito. Definindo-a como uma jovem bastante corajosa e forte, que se iria tornar numa grande feiticeira. Mas que ele era incapaz da fazer feliz, porque acabava sempre por a magoar. E na sua opinião o afastamento era a melhor solução para os dois. E enquanto se mantivessem separados , poderiam manter a pureza do amor que os unira, sem interferência de terceiros. Mas também impedidos de se verem ou manterem contacto um com o outro.



Gina chorou a noite inteira , demasiado destroçada e triste. Transtornada com opção que Harry escolhera para a vida deles.

Porém constatou dias depois , que precisava mudar de atitude e ter a determinação de não se deixar abater daquela forma. Pois precisava recuperar não só o seu estado de espírito, como também a sua personalidade autónoma e energética.



Com o prosseguir do tempo e a preciosa ajuda de Luna, a sua melancolia e desgosto adormeceram no peito, como uma ferida que dói mas não se sente.

Retomando os seus pensamentos com os estudos e exames de final de ano, para ajudar a atenuar a derradeira desventura da sua vida. Nem sequer supunha que iria tirar a nota máxima a todas as disciplinas. E ser declarada a melhor aluna de Hogwarts.



O dia da festa da formatura porém se abateu sobre ela como um pesadelo. Estariam todos os elementos da sua família e alguns amigos presentes. Que aprofundavam e ajudavam a destacar a ausência de Harry. O rosto que ela ansiava ver, o sorriso daquele que ocupava o seu coração desde que o encontrara pela primeira vez na estação de King Cross havia oito anos. O dono do seu corpo, da sua alma e da sua alegria...ele não iria estar presente.

Para piorar um pouco a sua ansiedade, a professora Minerva lhe pedira que fizesse um discurso para toda a escola, face á despedida de Final de Ano.



Foram diversas as folhas de pergaminho que rasgou no dia da festa, por não gostar da mensagem que iria transmitir dali a pouco, a toda a massa estudantil , grupo professores e alguns convidados, no Salão Nobre de Hogwarts.



Estava sentada na sala comunal da Grifinória, quando observou Parvati Patil, descer comprimida pela escada dos dormitórios.

A garota nem parecia a mesma , desde que ficara livre da maldição de Bellatrix, que a obrigava a fazer coisas horríveis contra a sua vontade. Contrariamente ao que fora, o seu olhar estava agora quase sempre perdido no vazio, o sorriso esbatido e se sentava muitas vezes solitária nas aulas ou nos outros locais onde era necessária a sua presença.



- Gina...- ela chamou com voz embargada.



- Sim?



- Eu...- a jovem torceu os dedos da mão com nervosismo.-...eu queria...pedir desculpa...por tudo o que lhe fiz...- completou com lágrimas nos olhos.- Bellatrix...ela...



Gina se aproximou da colega.

- Deixe estar Parvati. Eu sei que não teve culpa de nada. Voldemort fez o mesmo comigo...quando eu entrei para esta escola...



- Você me perdoa?- o sorriso da colega se iluminou.



- Claro que a perdoo! - declarou sincera.



- Posso dar um abraço em você?



- Nem precisa pedir.- Gina falou abraçando a jovem.




Algumas horas depois, Gina olhou para o texto reduzido e pouco iluminado que rabiscara á pressa, por falta de inspiração.

Depois olhou os pais, os irmãos, os amigos, professores e colegas de equipa. E concluiu que o que queria dizer , não se resumia àquele pequeno rascunho , que servia de alicerce para enfeitar mais aquele dia especial.

Enrolou o pergaminho e meteu-o discretamente no bolso. Enquanto percebia os sinais da professora Minerva para se aproximar do palanque e tomar a palavra.



- Este ano , pedimos á nossa Aluna Gina Weasley que fizesse uma pequena intervenção de despedida, a todos aqueles que terminam a sua passagem por Hogwarts.- ela anunciou enquanto se ouviam os aplausos de todos os presentes.



Gina estremeceu e agradeceu com um sorriso , enquanto tomava o seu lugar de oradora do evento.

O salão ficou silencioso. E apesar dum pouco agitada , ela falou o que lhe aflorou por intuito do momento:



- Em primeiro lugar , quero agradecer a meus pais por me transmitirem a herança daquilo que sou hoje, daquilo que me ensinaram, dos conselhos que me deram e principalmente por me mostrarem que todas as pessoas são iguais. Independente da cor da pele, da raça ,da pobreza, da riqueza , ou por ser filho de gente com ou sem magia.- Gina falou fitando o sorriso afável Mione.- Foi com esses conceitos que ingressei na escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts, á sete anos atrás.
Depois quero agradecer aos amigos que aqui fiz. Que me apoiaram nos momentos felizes , nos mais tristes. E aos professores, os nossos mestres a quem devo toda aprendizagem e toda a minha formação. Sem esquecer o legado prestigioso da feitiçaria , aliado a toda a humanidade e paz entre os dois mundos. O mágico e o não magico...

Sinto que aprendi muito nestes últimos tempos e mais importante, é ter a noção que tenho muito mais para aprender. E de que em termos profissionais e pessoais muito existe para fazer, na Defesa do Bem contra o Mal...

Esta escola foi sem dúvida das coisas mais positivas para a minha vida. E vou sentir saudades das coisas boas que aqui me aconteceram...- ela falou com lágrimas nos olhos.-...É por isso que eu quero dedicar estas palavras de agradecimento a todos.... e também a alguém que está ausente...- sua voz tornou-se embargada.-...mas que notoriamente nos ensinou, que ser famoso, não impede que se tenha humildade e a bondade, de partilhar a sua sabedoria com outros. Estou a falar do professor Harry Potter...ele nos ensinou a ter esperança.... a lutar por um futuro mais feliz...e é com essa esperança que eu me despeço de vocês todos....desejando as maiores felicidades...Obrigado...



Gina desceu do palanque quase a correr, debaixo do aplauso efusivo de todos.

Estava demasiado emotiva. E falar de Harry não tinha sido nada fácil. Ela quase transmitira e revelara o sentimento de esperança e vontade do voltar a ver, perante a assistência. Por causa das saudades que reavivaram de forma crescente.

As lágrimas teimavam em descer pelas faces e a sua resistência sentimental começava a ruir. Mione correu em seu socorro e a abraçou com carinho.



- Então o que é isso?- Falou no ouvido dela.



- Harry...eu queria que ele estivesse aqui...- soluçou desgostosa.



- Eu sei querida....eu tenho a certeza que ele vai voltar. Quando perceber que aquele sentimento de culpa não faz sentido.- ela declarou limpando as lágrimas da amiga..- agora vá passar um pouco de água fria no rosto e se divirta. Afinal esta é a sua festa de formatura!



- 0.k.- Gina murmurou tentando sorrir e rumou até ao banheiro.



Quando voltou, seu irmão Rony a pegou para dançar. O salão estava cheio de gente , se agitando ao som duma balada romântica. Um dos temas preferidos de Gina.

Seus pais os olharam com um sorriso. Era notável a vontade que tinham em tornar a sua filha feliz. Embora soubessem que isso só dependia duma pessoa.

Gina estava tão concentrada nas palavras do irmão sobre a festa, que quase teve um abalo , com a presença de alguém que acabava de chegar perto deles, com um olhar destroçado e verdadeiramente abatido.



- Será que me deixa dançar coma sua irmã?



- Claro...Har...ry! - Rony falou com um sorriso surpreso dando um tapa no ombro do amigo.-...assim já posso ir buscar Mione! Ela adora esta música.



Gina estremeceu ao vislumbrar o verde magnífico dos olhos de Harry. Enquanto ele segurava sua cintura e se deixava levar pela melodia.
Fitaram-se em silêncio, com as emoções se desenhando nas faces de cada um. Ele estava mais magro, tinha um ar cansado e olheiras profundas.



- Gina ...- ele murmurou com uma tristeza dolorosa..- Me perdoe...eu...



- Não há nada a perdoar Harry...- ela falou dum jeito sôfrego.-...eu só quero que você me abrace e fique comigo!



Uma lágrima furtiva se escapou dos olhos de Harry. E seus braços apertaram a jovem com impetuosidade. Sem que fossem necessários mais argumentos.



- Eu te amo tanto.- ele murmurou com o queixo entre os cabelos flamejantes de Gina..- tive tantas saudades suas!



- Nunca mais volte a se afastar de mim por favor!- ela pediu desesperada.



- Eu prometo... se você aceitar casar comigo...- falou com ternura.



- Você está me pedindo para...?



- Estou..- ele confirmou segurando o queixo dela com carinho.



- Meu Deus ,é o que eu mais quero na vida!- ela assentiu emocionada.



Harry e Gina se fitaram felizes , antes de seus lábios se unirem num beijo intenso.

Perante o olhar surpreso dos colegas e o sorriso luminoso de Dumbledore e da família Weasley.




Onze anos depois...

- Júnior..tem a certeza que colocou na mala tudo o que eu lhe disse?- perguntou uma mulher de cabelos cor de fogo.



- Claro mamãe!...Tenha calma...!- um garoto de olhos verdes e cabelos escuros empurrava o carrinho de bagagens em direcção á plataforma 9 1/2 na Estação de comboios de King Cross.



- Está vendo? Seu pai já lá está nos esperando!- ela indicou com carinho.



- Quem são aquelas pessoas que estão com ele?- Júnior perguntou. Ao vislumbrar um casal acompanhado duma menina de cabelos ruivos.



Gina olhou com atenção e depois sorriu.

- Foram nossos colegas em Hogwarts.- explicou divertida enquanto se aproximavam dos conhecidos.



- Meu Deus Gina! Você está óptima!.-Susan Bonnes a cumprimentou com alegria.- Estava mesmo agora perguntando a Harry por você.



- Mas que surpresa! Você e Colin casaram?



- Esteve difícil.- Colin respondeu com um sorriso lhe apertando a mão.- mas eu não descansei enquanto ela não aceitou.



- Vejo que sim....- Gina falou com alegria.



- E esta é nossa filha Lily.- Susan apresentou a menina.- Vai ser aluna em Hogwarts, a partir de hoje.



- Tal como Júnior.- Harry falou orgulhoso , enquanto passava o braço por cima do ombro do filho.



Os dois garotos se olharam um pouco embaraçados , mas retribuiriam o sorriso tímido.



- Você e seu filho são muito parecidos.- Susan constatou fitando os dois.



- Quase em tudo.- Gina rectificou piscando o olho á colega.



Naquele momento chegavam Rony e Mione com os seus dois gémeos desinquietos, Artur e Molly.

Também eles adoraram rever os antigos colegas e tornaram aquele momento de reencontro único.

Minutos depois todos passavam a barreira assinalada , para irem acompanhar os filhos até ao Expresso de Hogwarts.

Os adultos acenaram ás crianças , que se despediram efusivas dos pais antes de entrarem no comboio.



Lily ficou um pouco para trás enquanto os gémeos puxavam primo para que acelerasse o passo.



- Ei tenham calma! Temos que esperar por Lily...ela também vai para Hogwarts connosco.- Júnior falou de repente.



Molly e Artur olharam surpresos.

- Tem razão primo...- falou Molly resoluta , fazendo lembrar sua mãe.-...Artur é sempre o mesmo...- ela falou fazendo uma careta ao irmão e esperando pela menina com um sorriso nos lábios.



Minutos depois os quatro garotos se instalavam na divisória do comboio, quando outra aluna conhecida entrou á pressa naquela dependência.



- Ei Nell.- Molly falou entusiasmada.- Esta é Lily, filha de colegas dos nossos pais.



- Muito prazer!- a garota cumprimentou com simpatia. Beijando a colega na face e se sentando a seu lado.



- Você vai conhecer os pais dela na escola.- Júnior explicou com um sorriso.- O professor Neville e a professora Luna.



- Eles são simpáticos assim como você?- Lily perguntou entusiasmada.



- Claro...- Nell respondeu divertida.-...eu herdei isso deles...



E enquanto as três meninas partilhavam conversas e histórias próprias da sua idade. Os dois garotos se aproximaram da janela , para observar os locais por onde o comboio passava.



- Ei Júnior...- Segredou Artur.-...você ficou com uma quedinha por essa nova garota não foi?



- Você tá louco?!...eu só quis ser simpático.



- Pois sim...- o primo riu trocista.



E naquela manhã de Setembro, como habitualmente naquela altura do ano. Muitos jovens feiticeiros ingressavam em Hogwarts para mais um ano cheio de magia.

Seus pais retomavam a caminhada das suas vidas. E tentavam tornar o mundo melhor, pelo menos mais pacífico e alegre.



- Você reparou que nosso filho simpatizou com Lily? -Gina comentou com Harry quando saíam da Estação dos comboios, depois de se despedirem de Rony, Mione, Susan e Colin.



- É o destino dos Potters...- Harry declarou com ênfase.



- Como assim?!



- Ele se apaixonam sempre por garotas com os cabelos cor de fogo!- rematou com um sorriso maravilhoso.



- Você é louco senhor Potter!- Gina gargalhou divertida.



- Sim...- ele falou enquanto a enlaçava pela cintura.-...louco por você!!!



- Eu sei...- ela acrescentou com os olhos brilhantes.-...eu também...



- É por isso querida, que connosco sempre houve onde começar...porque o nosso amor sempre se manteve com a mesma intensidade.- ele completou com voz rouca enquanto seus lábios se uniam aos dela, sem se preocuparem com os transeuntes que passavam.




THE END (leiam o poema em baixo)

[letra e música dos «Anjos»]




HÁ-DE HAVER ONDE COMEÇAR...




Eu seria para ti...a fuga da solidão

E amanhecia em ti, p´ra noite afastar.

Amava-te assim...por já saber o que é sentir...

Que estás dentro de mim.




Há-de haver onde começar...

Há-de haver como ver e respirar

O amor que já é...que está entre nós...

Há-de haver tempo para aprender...

Há-de haver horas para te pertencer...

E Mil anos para amar-te...Há-de haver...Há-de haver...




Tu serias para mim...certeza na confusão

A calma na tempestada...e paz no coração

Amava-te assim...por já saber o que é sentir...

Que estás dentro de mim.




Há-de haver onde começar...

Há-de haver como ver e respirar

O amor que já é...que está entre nós...

Há-de haver tempo para aprender...

Há-de haver horas para te pertencer...

E Mil anos para te amar...




Hei de estar por aqui...Hei de sempre abraçar-te...Agarrar-me a ti...

Com o tempo a passar...Hás de ter Amor p´ra ficar.




Há-de haver onde começar...

Há-de haver como ver e respirar

O amor que já é...que está entre nós...

Há-de haver tempo para aprender...

Há-de haver horas para te pertencer...

E Mil anos para amar-te...Há-de haver...Há-de haver...




Eu sei que há-de haver...

Há-de haver...Há-de haver...

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