Ressaca do Baile



OBS: Este capítulo não é recomendado para Crianças!


Os dias seguintes ao baile passaram rápido. Harry não conseguiu convencer Gina que não podia lhe contar a conversa com Slughorn, e ela estava sem falar com ele. De novo.


Lily e Tiago não estavam muito melhor, falando sinceramente. Ela se recusava a decidir sobre o tal namoro, e ele estava irritadiço. Extravasava em todos, e Gina resolveu conversar com Lily.


- Olhe, sua ruiva louca, desça agora e diga pro Potter que aceita namorá-lo!


- Tá doida, Gina? - Lily estava deitada na cama, lendo, e Alice estava se preparando para descer.


- Lily! Eu não vou aguentar outro treino desses! Tiago está insuportável... E se você não tem coragem de assumir que é apaixonada por ele, então pode se enganar e ficar com ele por mim, pela minha sanidade mental!


- Ele está tão mal assim? - perguntou, divertida.


- Ele está louco! E não sabe mais o que fazer, sabe? Ele sabe que você gosta dele, mas não entende porque o rejeita. E pra ser bem sincera, eu também não entendo...


- Gina, eu tenho consciência do que eu sinto por ele. E apesar de eu ter feito muita força para que não chegasse a esse ponto, o que eu sinto por ele é mais que uma paixãozinha, sabe? - e deu um sorriso triste. - Eu tenho muito medo de ele só me ver como uma conquista, ou a maior das conquistas...


- Lily, amiga... Você confia em mim? - a outra ruiva assentiu. - Tiago te ama! Eu ponho minha mão no fogo por ele! Pare de se martirizar e fique com ele... Nesses tempos conturbados, o importante é ser feliz, você não acha? Já pensou em olhar pra trás daqui a alguns anos e perceber como foi boba por deixar de ficar com o Tiago?


- Você acha isso mesmo? Ou só quer que eu te livre do "Tirano do Quadribol"?


- Eu te garanto! É sério.


- Então vamos descer... - falou, com um sorrisinho dançando nos lábios.


* * * * * * * * *


Tiago estava com a cabeça apoiada nos braços, como se estivesse dormindo, na mesa da Grifinória, no salão principal. Os marotos já tinham subido (Sirius estava muito indignado com ele, depois do pior treino que já tiveram). Harry estava lá, soterrado em seus pensamentos, e não percebeu as ruivas se aproximando.


Gina foi na direção de Harry e o tirou da mesa.


- O que está acontecendo? - perguntou, sem entender.


- Calma. Vamos ali pra outra ponta da mesa que eu te explico.


Lily chegou devagar e sentou ao lado dele. Ele nem se mexeu. Ela sorriu e falou baixinho, no ouvido dele.


- Eu aceito, Tiago.


Ele continuou na mesma posição por um bom tempo. Então murmurou, por baixo dos braços.


- Você tem certeza?


- Por quê? Você acha que eu deveria desistir? - ela disse, brincando. - Pois agora é tarde demais, Tiago. Eu me apaixonei por você.


Ele se aprumou o máximo que conseguiu, apesar da marca circular vermelha na sua testa, e olhou pra ela, radiante.


- Não tem volta, Foguinho. Você tem certeza?


- Tiago! Por que você está me perguntando de novo se eu tenho certeza?


- Por que eu queria ouvir de novo que você está apaixonada por mim... - e deu o seu sorriso mais maroto.


- Ai, Tiago! - e revirou os olhos. - Tá, eu estou apaixonada por você! Satisfeito?


- Você nem imagina o quanto! - e a beijou, no meio do salão.


Todos os que estavam ao redor começaram a aplaudir e a assobiar. O casal não tinha percebido que tinha virado o centro das atenções. Lily começou a rir, e Tiago virou-se para as pessoas, tentando fazer cara de sério.


- Será que vocês dão licença? A gente tá tentando namorar, aqui... - e voltou a beijar Lily, no meio de mais uma salva de assobios, palmas e piadinhas.


* * * * * * * * *


O namoro de Lily e Tiago foi comemorado por todos da Grifinória, e os mais entusiastas foram os jogadores de quadribol. Até alguns professores deram os parabéns.


Entre Gina e Harry as coisas estavam atravancadas. Ela só falava com ele o estritamente necessário, e ele nem tentava mais falar com ela. Cansou de falar e ela fazer de conta que ele não estava lá.


Harry agora se ocupava em cuidar do casal e de Gina à distância. Agora que Malfoy não tinha mais as tais aulas extras, Harry pôde respirar um pouco melhor, mas então se voltava para os deveres. Gina havia parado de fazê-los, e Harry não ia lhe dar o gostinho de ir lá pedir.


Era comum verem Harry estudando até altas horas na sala comunal. Dentre os livros, ele sempre mantinha aberto o Mapa do Maroto, fazendo a sua vigilância remota aos futuros comensais.


Novembro passou rápido, e o frio instalou-se no castelo. Até o momento, estavam sem notícias dos dois "ilustres" viajantes. Harry estava desconfortável com esta aparente calmaria, e, depois que todos dormiram, ele foi até a sala de Dumbledore, conversar.
- Professor, desculpe-me por incomodá-lo tão tarde, mas eu precisava vir. O senhor tem alguma notícia dos dois?


- Harry, não se preocupe, pode vir aqui sempre que julgar necessário. E quanto aos dois, ainda nada. Tenho aurores de prontidão em Hogsmead, como você havia me pedido, depois do baile de Horace. Mas até agora, os relatórios não apontam nenhuma atividade estranha.


- Eu imaginei que não detectasse nada, mesmo. Depois do baile, os cinco não desapareceram da escola.


- Você não vai me dizer quem são, Harry?


- O senhor sabe que eu não posso dizer. Não posso interferir em algo que ainda não aconteceu.


- Muito bom, Harry. - e Dumbledore sorriu, para espanto de Harry. - Essa era a resposta que eu queria ouvir. Você sabe que tem que ter muito cuidado com o que diz, não é?


- Eu sei, professor. - disse, sem emoção.


- Mas não se martirize, Harry.


- O que o senhor quer dizer com isso? - perguntou, intrigado.


- Eu simplesmente acho que o fardo que você carrega, de salvaguardar os próprios pais e a mulher que ama, além de se manter na escola com todas as suas implicações o suficiente para acabar com a sanidade física e mental de qualquer um.


- Mas não amo a -


- Harry, não vamos discutir seus sentimentos, certo? Perdoe um velho, que já viu muitas coisas e às vezes se esquece de ser discreto. - cortou gentilmente o diretor. - O que eu quis dizer foi que, se você decidir contar o que está havendo a alguém de confiança, isso não vai ser errado, ou talvez até lhe ajude com o seu "fardo".


Harry não respondeu. Já havia pensado várias vezes em conversar com Sirius, ou Lupin, mas sempre descartava a ideia. Não tinha o direito de envolvê-los nessa, pensava.


- Você quer me perguntar mais alguma coisa, Harry? - falou Dumbledore, depois de ver que Harry não ia falar.


- Eu não sei se posso. Há um feitiço que me impede de falar.


- Por que não tenta? - e deu uma piscadela por trás dos oclinhos de meia-lua.


- Que sociedade secreta é essa? - "como foi que consegui falar?"


- Vejo o seu espanto, Harry. Você só conseguiu falar porque eu também sou da sociedade. Como sei que você ainda não aceitou o convite, vou falar um pouco por cima do que se trata.


Harry nem piscava, esperando a fala do diretor, que havia se levantado para pegar um livro na estante.


- Harry, a Sociedade da Deusa estuda ritos pagãos e feitiços ancestrais, onde se envolvia, além da magia propriamente dita, o poder do bruxo. - e mostrou a Harry umas ilustrações, no livro - Mais poderoso o bruxo, maior o efeito da magia. Estes ritos e feitiços eram passados de pai para filho, de forma oral. Com a instauração do cristianismo, os cultos à Deusa foram tidos como adoração ao demônio, e muitos foram mortos por causa disso. Os registros mais antigos que detectamos datam de menos de 500 anos, e estamos aprendendo nesta magia considerada ultrapassada muita coisa.


- Professor, o senhor acha que Voldemort pode ter feito uso de alguma magia desta época, além das Horcruxes como forma de proteção?


- Muito dificilmente, Harry. Ao contrário do que pensavam na época, os ritos pagãos não eram magia negra. Esses ritos eram de adoração à terra, ou de louvação. As graças alcançadas com esse tipo de magia eram sempre coletivas, e Voldemort não faz o tipo, entende?


- Certo. - concordou, baixinho. - Professor, o senhor sabe algo sobre "a Herdeira da Luz e da Pureza"? - lembrou-se de Gina.


- Não muita coisa. Sei apenas o que você já sabe: que a herdeira tem uma grande magia encerrada em si, e que não se sabe como desencadeá-la. De acordo com os meus alfarrábios, e lhe aviso que é apenas uma suposição, Harry, só houve uma Herdeira da Luz e da Pureza antes, e foi Rowena Ravenclaw.


- Se eu entrar na sociedade, posso estudar isso?


- Claro que sim.


- E o senhor acha que eu deveria entrar na Sociedade da Deusa?


- O que você acha, Harry?


- Eu quero ajudar a Gina, professor. Se entrar pra essa sociedade puder ajudá-la, então eu entrarei.


- Seja bem-vindo, então. - e deu-lhe um grande sorriso. - Avisarei Horace e Jonathan amanhã, e eu lhe avisarei da nossa reunião, mas acredito que não haja nenhuma até janeiro. Semana que vem começa o recesso, e ambos não poderão estar aqui. De qualquer forma, eu o manterei informado.


- Obrigado, professor.


* * * * * * * * *


Poucas pessoas iam ficar em Hogwarts para o recesso de Natal e Ano Novo. Para a sorte de Harry, ninguém da Sonserina ia ficar, e Pettygrew já tinha ido. Gina continuava sem falar com ele, mas, no momento, Harry havia resolvido tirar o recesso para descansar. Depois das festas, ele sabia que as coisas seriam mais complicadas.


Gina e Alice estavam conversando no dormitório, quando Lily entrou, cenho franzido.


- O que houve, ruiva?


- Gente, que coisa! Eu estou vindo da reunião dos monitores, e há algo muito estranho acontecendo aqui.


Gina ficou tensa, mas não interrompeu a amiga.


- Alguns monitores escutaram sons no corredor do sétimo andar. Cochichos, sons de passos... Mas tudo ininteligível.


O estômago de Gina despencou. "Merlin! A passagem pra Borgin & Burkes! Como eu fui me esquecer dela?"


- Que coisa esquisita, hein? - perguntou Alice, alheia à palidez de Gina.


- Pois é. Os monitores da Sonserina disseram que já viram Pirraça lá por perto, mas não acredito neles. Pra mim, tem algo mais...


- Lily, não ande por lá sozinha! - pediu Gina, tentando segurar a ansiedade. Estava tudo claro pra ela agora! Bellatrix e Malfoy estavam consertando a passagem, para poderem vir à escola.


- Mas eu tenho que fazer a ronda, Gina! Eu sou monitora-chefe, esqueceu?


- Você é monitora chefe, mas não é de ferro, Lily! Não sabemos o que pode estar acontecendo, então não se arrisque. Você já foi alvo do Malfoy uma vez, e ele só se safou por influência daquela família nojenta dele e por estar completamente desnorteado.


- Tá Gina, ok! Eu não vou lá sozinha, certo?


Gina continuou olhando pra ela, incrédula.


- Eu prometo, ruiva!


* * * * * * * * *


Era a primeira noite do recesso. Só ficaram na escola uns poucos da Corvinal e da Lufa-Lufa, além de Harry, Gina, Lily, Alice, Frank, Tiago, Sirius e Lupin.


Gina esperou as amigas dormirem, pôs um robe e foi ao dormitório dos meninos. Precisava falar com Harry sobre o que Lily havia descoberto, e não queria que os outros ouvissem.


Entrou pé ante pé, e foi até a cama dele. Apesar do clima frio, o quarto era quente, e quando Gina abriu a cortina para a cama de Harry, quase deu meia volta, quando o viu só com a calça do pijama.


Desde o baile, Harry perdera até as poucas horas de sono. Ele agora tinha sonhos recorrentes com Gina e aquele seu vestido. Ora ela fazia um desfile sensual pra ele, ora o beijava, mas sempre que ele se empolgava, ela fugia. No sonho que estava tendo agora, ela estava começando um strip-tease. Já havia soltado os cabelos e estava abrindo o fecho do vestido. Harry sentia que a qualquer momento, ela fugiria de novo, mas não conseguia tirar os olhos dela.


Gina abaixou-se, e o cutucou, de leve.


- Harry... - sussurrou.


Harry abriu os olhos, e a viu. Tudo correu muito rápido, então. Ele segurou a cintura dela e a puxou pra cima dele, na cama, dando-lhe um beijo. Gina tentou empurrá-lo, mas não conseguia fazer nada, a não ser beijá-lo também.


Harry deitou Gina na sua cama e continuou a beijá-la, dizendo frases desconexas: "Não fuja mais de mim..." ou "Eu te amo, Ginny!".


Parecia que toda a tensão entre os dois, desde que haviam se reencontrado, tinha explodido naquele instante. Beijavam-se apaixonadamente, e quando Harry encaixou o corpo sobre o dela, Gina pôde sentir como ele estava excitado, e isso a deixou louca.


Harry percebia a falta de resistência como um assentimento para o que estava para acontecer. Controle era algo que nenhum dos dois tinha mais, e as mãos de Harry começaram a percorrer o corpo de Gina. Com a mão direita, segurou o quadril dela e o puxou para mais perto. Ela gemia baixinho. Com a boca, começou a fazer um longo e tortuoso caminho até o decote dela. O robe já havia sido aberto fazia tempo, e a camisola branca moldava-se ao corpo dela, deixando-o mais maluco ainda.


Quando chegou aos seios dela, Gina teve um lampejo de lucidez. Sabia que se não parasse naquele momento, não parariam mais. Harry estava alheio à mudança dela. Os olhos faiscavam, e nada o faria parar, naquele ponto.


- Harry, para. - disse num fio de voz.


Harry não escutou, e continuou a mordiscá-la, para o seu desespero. Se ele continuasse, ela não ia aguentar. "Desculpa, Harry!" - pensou, antes de empurrá-lo com toda a sua força.


Harry caiu sentado no chão, num baque surdo, completamente atordoado.


- O que houve? - perguntou Tiago, sonolento.


- Tive um pesadelo e caí da cama. - disse Harry, irado. - Não foi nada, volte a dormir.


Levantou-se e deitou na cama, ao lado de uma Gina encolhida, fechando as cortinas.


- Precisava ser tão bruta? - perguntou baixinho.


- Você estava me agarrando! - retrucou ela, no mesmo tom.


- Eu não estava fazendo nada sozinho. Além do mais, eu estava sonhando e você apareceu, e eu só fui perceber que não era um sonho quando você me jogou no chão. - mentiu Harry. Na hora em que a beijou, ficou alerta.


- Sei... - disse incrédula. - Eu vim aqui por que preciso falar com você.


- O que aconteceu? - Harry percebeu o tom sério dela.


- Aqui não. Vamos descer.


- Vá na frente, enquanto eu me visto. - ainda não estava em condições de ficar em pé ao lado dela.


* * * * * * * * *


- O que houve? - repetiu, quando desceu.


Gina contou-lhe o que Lily tinha falado, e ele teve que concordar com ela. Era muito provável que os dois tentassem entrar por lá.


- Harry, temos que destruir aquela passagem.


- Gina, não podemos fazer isso. Agora sabemos o que eles vão fazer, e devemos nos preparar. Se destruirmos a passagem, eles saberão que alguém desconfia do que vão fazer, além de que nós alteraríamos drasticamente o futuro.


- Exatamente Harry! Nós impediríamos aquele ataque a Hogwarts!


- Não podemos fazer isso, Gina!


- Harry, se você não me ajudar, eu vou destruir aquela passagem sozinha. Só fui falar com você porque achei que se importasse...


- Do que você está falando, Gina?


- Estou falando do meu irmão, Harry! Do Gui! - falou, com a voz embargada. - Depois do ataque, ele definhou devagar, até morrer dois anos depois. Eu não me perdoo por não ter dado um pouco de Felix Felicis pra ele... E agora eu tenho a chance de consertar tudo e você se recusa a me ajudar e - não conseguia mais falar. O choro a impedia.


- Ei, venha cá. - e puxou-a de encontro ao peito. - Calma, Gina.


Sentou-se na poltrona em frente à lareira, sentou-a no seu colo, mas agora quem consolava era ele. Ela soluçava abraçada a ele, e ele acariciava de leve suas costas.


- Eu não sabia, Gina. Sinto muito. - disse depois de um tempo. Ela não respondeu. - Por favor, não se precipite. Eu prometo que vou te ajudar, mas não podemos nos arriscar agora, você entende?


Ela apenas balançou a cabeça, em consentimento. Ficaram lá um bom tempo; Harry pensando em como fazer para ajudá-la e arrependendo-se mais uma vez por ter se afastado.


Então ele percebeu que ela adormecera no colo dele. Não ia acordá-la, mas também não podia levá-la para o dormitório dela. Carregou-a no colo para o seu próprio dormitório e deitou-a na sua cama.


Ainda estava sorrindo olhando pra ela, quando sentiu uma mão no seu braço.


- Precisamos conversar. - disse Sirius, sério como Harry nunca o tinha visto antes.


* * * * * * * * *


Adoro a frase: "De acordo com os meus alfarrábios..."! Acho a cara do Tio Dumbie. =D


Obrigada pelo apoio, um grande beijo aos que vêm aqui sempre. Vocês sempre aquecem meu coração com os comments. Muito obrigada mesmo!


Bjos a todos e até o próximo capítulo. =D

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