Confissões e Gargalhadas



A primeira semana passou voando. Harry e Gina voltaram a se falar, mas estavam muito formais um com o outro. Cada um se aproximou muito dos seus colegas de quarto.


Harry estava vivendo a escola de uma maneira totalmente diferente. Na sua época, sempre havia uma nuvem prestes a desabar pairando em Hogwarts. Nesta época dos marotos, eles sabem de Voldemort, mas não o conhecem, ainda. Não têm noção do seu potencial de destruição.


E, por mais que Harry quisesse ficar preocupado, procurando pistas e coisas estranhas, o clima da escola o estava engolindo. As pessoas estavam sempre rindo e fazendo brincadeiras, como se Hogwarts fosse isolada do resto do mundo.


Ser amigo dos marotos fazia Harry viver um momento que nunca viveu; Harry nunca tivera infância, e a escola, por melhor que tivesse sido aos seus olhos, não lhe proporcionara o que agora estava vivendo.


Ele via os marotos falando de garotas, de "distrações" (Harry lembrou-se de Fred e George, neste momento), e estavam sempre planejando desmoralizar os Sonserinos, especialmente Malfoy e Snape.


Na manhã de sexta, Harry percebeu que eles estavam cochichando e rindo muito. Apesar de próximos, Harry sabia que ainda não confiavam nele. Deu de ombros; se fosse alguma coisa com Malfoy ou com Snape, ele assinava embaixo.


* * * * * * * * *


Defesa Contra Artes das Trevas era a última aula de sexta-feira. Prof. Ellis estava francamente impressionado com seus alunos novos, especialmente com Harry, de quem ele ouvira algumas críticas dos outros professores como um rapaz extremamente inteligente, mas desatento.


Para o professor, ele não era nem um pouco desatento; Era atento até demais. Ellis cogitava que se lhe pedisse para que fechasse os olhos e dissesse o que cada aluno da sala estava fazendo, ele seria capaz de fazê-lo. E tinha todas as azarações e contra-azarações na ponta da língua. Ia depois ter uma conversa com Dumbledore sobre este prodígio.


Depois de ser elogiado reiteradas vezes, e ganhar quase 50 pontos para Grifinória só nesta aula, Harry pôde sentir o olhar de todos os alunos sobre ele. Os da Sonserina estavam lívidos, e os demais francamente impressionados. Especialmente os marotos.


Estava morrendo de vergonha. Nunca gostou que todos olhassem pra ele. Arrependeu-se de ter respondido o que o professor lhe perguntara, mas sabia, no íntimo, que queria provar à Gina que era muito bom em alguma coisa.


- Sr. Granger e Srta. Weasley, podem ficar um minuto? Tenho um recado para os dois. - disse o professor, quando a aula acabou.


Gina aproximou-se de Harry, que estava sentado arrumando suas coisas na mochila, e disse baixinho em seu ouvido:


- Você é muito exibido, Harry Potter...


Harry sorriu e se levantou, indo em direção à mesa do professor.


- Prof. Dumbledore pediu que lhes avisasse que ele deseja conversar com vocês, depois do horário do jantar, na sala dele. E pediu que dissesse que não mudou, seja lá o que isso queira dizer.


- Obrigada, professor. Vamos, Harry, senão nos atrasaremos.


Saíram da sala apressados, rumo ao salão comunal.


- Hey, Weasley, você é muito audaciosa, me chamando de exibido... Quem foi que virou a queridinha de todos os professores em uma semana? - disse Harry rindo, quando a alcançou.


- Granger, você é um recalcado, sabia? - continuou Gina, no mesmo tom da brincadeira. - Precisava humilhar todos os mortais porque estava com inveja de mim com os professores? - ela alfinetou, piscando os olhos inocentemente.


Harry soltou uma sonora gargalhada, exatamente no momento em que entravam no salão comunal. Todos estranharam, porque sempre o tinham visto calado e sério, e lá estava ele, morrendo de rir ao lado dela.


- Não se preocupe, Foguinho, - ele disse baixinho, pra que só ela ouvisse - eu deixo você ser a queridinha dos professores, tá? - E saiu, rindo, para o seu dormitório.


Gina passou sorrindo, em direção ao seu dormitório, para deixar seu material e ir jantar. Em pouco tempo a porta a briu, dando passagem a Lily e Alice.


- Fizeram as pazes, Gina? - perguntou Lily, segurando o riso.


- Mais ou menos... - disse Gina misteriosamente, entrando na brincadeira.


- Porque você é tão dura com ele? Ele é louco por você, Gina!


- Não há nada entre mim e o Harry, a gente se conhece há um bom tempo e é só.


- Por favor, Gina, você deve pensar que somos cegas, não é? - foi a vez de Alice falar.


- Escutem aqui, vocês duas: Não adianta querer dar uma de cupido por aqui, não vai funcionar! E outra: vocês têm muito com o que se preocupar, não é?


Alice e Lily entreolharam-se, nervosas.


- Todo mundo sabe que você é louca pelo Frank, Alice! Mas ele é meio lerdo, então você realmente deve fazer alguma coisa a esse respeito, porque senão fizer, há quem faça... E você sabe que eu estou falando daquela loirinha da Corvinal que sempre dá um jeito de sentar perto dele nas aulas de feitiços... - continuou Gina. - e você, Lily, me poupe! Completamente apaixonada por Tiago Potter, mas não é mulher suficiente para admitir que gosta do cara mais bagunceiro da escola...


Alice e Lily estavam roxas. Gina sentiu um pouco de remorso por dito tudo aquilo, mas no fundo, não se arrependia. Apesar de se conhecerem há pouco tempo, elas tinham uma sintonia legal, que permitia esse tipo de conversa.


- Ok, Gina, você venceu... Eu admito que sou louca pelo Frank. - disse Alice, rendendo-se.


- Eu... eu não... - gaguejou Lily - Eu não sabia que era tão óbvio pra todo mundo que eu gosto do Potter! - disse depois de um tempo, derrotada.


Gina segurou o riso. Sabia que era muito difícil para as amigas confessarem seus sentimentos, mas era muito engraçado vê-las negando o óbvio... Levantou-se e foi abraçar as amigas, que estavam sem fala, sentadas na cama de Alice.


- E você Gina, vai negar pra gente que gosta do Granger? - perguntou Alice, por fim.


Gina enrubesceu e baixou a cabeça. Não podia negar. Não depois de tê-las feito admitir suas paixões.


- Eu sou louca por ele, mas não dá certo... - disse, baixinho.


- Como assim, não dá certo? - perguntou Lily ansiosamente, quase pulando em cima de Gina.


- Nós ficamos uma vez há muito tempo, e não deu certo... Desde então há essa tensão entre a gente, mas eu já estou acostumada. - mentiu Gina.


- Sei... - Disse Lily, sem acreditar.


- Olha, gente, estamos atrasadas para o jantar, e eu tenho que ir à sala do diretor às oito e meia, e não quero ficar sem comer! - Falou Gina, subitamente. Não queria mais falar sobre Harry, doía muito.


* * * * * * * * *


As garotas comeram em silêncio, cada uma pensando nas implicações das suas confissões. Sabiam que nenhuma ia contar pra ninguém, mas admitir daquela forma era não poder mais negar o sentimento.


Harry estava praticamente isolado. Os marotos conversavam entre si, e Gina estava calada, olhando para o prato sem comer nada. Harry achou que ela tinha discutido com as meninas, mas não perguntou nada ali na mesa.


Findo o jantar, foram para a sala do diretor, e deram a senha, que o professor disse no recado que não havia mudado. Bateram de leve na porta e entraram após Dumbledore pedir-lhes.


- Boa noite, professor. - disseram Harry e Gina, em uníssono.


- Boa noite, meus caros. Como foi a primeira semana de vocês?


- Tranquila. - disse Gina.


- Agitada. - disse Harry, ao mesmo tempo que Gina.


Dumbledore arqueou as sobrancelhas, mas não comentou as opiniões contraditórias.


- Ouvi muito falar de ambos, na reunião dos professores. Gina, só elogios a você. Os professores estão apaixonados, sem exceções. - disse com um sorrisinho.


Gina enrubesceu, mas Harry ficou sobressaltado.


- O que disseram de mim, professor?


- Meu rapaz, as opiniões sobre você são um pouco conturbadas. Todos são unânimes em dizer que você tem muito potencial, mas é por demais desatento. Em compensação, o professor Ellis está muito impressionado com você. Ele rebateu as opiniões de que você é desatento, e fez questão de dizer como você é disciplinado.


Gina deu uma risadinha e virou-se para ele, lembrando-se do que havia lhe dito ao fim da aula. Harry estava um pouco desconfortável com os elogios, mas era sempre bom recebê-los.


- Porém, os chamei aqui para saber se viram algo suspeito. - continuou o diretor.


Harry e Gina baixaram o olhar. Esqueceram-se de procurar quaisquer indícios de atividade dos comensais. Dumbledore percebeu o que estava acontecendo.


- Desculpe, professor, mas só nos dedicamos às aulas. - disse Gina, por fim.


- Isso também é muito importante, Srta. Weasley. Pelo que sei, vocês estão bem próximos dos que devem proteger, e é mister que tenham sua confiança. - falou, sorrindo. - De minha parte, também não detectei nada ainda de anormal. Os membros da Ordem estão ajudando dentro do possível, afinal, não pude lhes explicar direito o que devem procurar, mas estão de sobreaviso.


- Que bom. Assim temos mais tempo para nos organizar. - disse Gina.


- Exato. - confirmou o diretor. - Qualquer movimento estranho, qualquer suspeita, peço-lhes que venham até a minha sala. Não importa a hora, sempre estarei aqui para vocês.


Harry e Gina assentiram. Despediram-se de Dumbledore e foram para a sala comunal, absortos em pensamentos. Quando entraram, foram engolfados pelo burburinho de uma festa.


O salão estava todo decorado com pôsteres do Malfoy e do Snape, nas poses mais ridículas do mundo. Engradados de cerveja amanteigada estavam próximos à escada. Os marotos eram os reis da festa, era óbvio.


Quando Sirius os viu, pegou duas garrafas de cerveja amanteigada e entregou-lhes, levando-os para o centro da sala, onde todos estavam dançando. Quando Harry tomou um gole da sua cerveja, percebeu um gosto diferente.


Sirius começou a rir, e todos também começaram. Gina rolava no sofá, gargalhando. Harry procurou por um espelho, e quando se viu sô pôde pensar que ia matar Sirius Black, quando conseguisse pôr as mãos nele. Seu cabelo estava completamente roxo.


* * * * * * * * *


Obrigada pelos comentários, espero que vocês estejam gostando.


bjos.

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