O Diário de Rony




Tá, isso é idiota, eu sei. Mas no momento nenhum dos meus amigos tá falando comigo, então não tenho opção, ouviu caderno estúpido?! Não pense que me venceu só porque eu to escrevendo umas coisas em você! É só agora! Só por hoje! É uma aposta, afinal... E eu não vou perder! De jeito nenhum! Mesmo que isso signifique que eu tenha que escrever num diário...

Rony olha para os lados. Nada. O Dormitório está totalmente vazio, como era de se esperar as cinco da tarde.

Olha só, pedaço de papel inútil, mesmo que eu escreva qualquer coisa aqui, você não vai entender nada! Você nunca teve uma família que pegasse no seu pé, nem um amigo que é o herói do mundo, nem teve uma irmã caçula que causa problemas demais, nem nunca... provavelmente nunca se importou realmente com alguém e foi mal interpretado. O que tô escrevendo? É claro que nunca se importou, você é um emaranhado de tinta branca com... com aquela coisa que é usada pra fazer papel, certo?!
Sabe, existem pessoas no mundo que realmente não me entendem. Principalmente uma. Ela fica fazendo umas coisas realmente idiotas e depois Poe a culpa em mim! Um absurdo, não?
E ainda quando eu pensei que tinha pegado pesado com ela... Ela vem e me deixa com mais raiva ainda! Eu tava pensando em me desculpar, ora essa, ainda bem que eu não fiz isso! Ela ia rir da minha cara, isso sim! É melhor deixar ela lá, pensando no namorado Krum boboca.


Num acesso de raiva Rony joga o diário contra a parede. Anda um pouco pelo quarto. Senta na janela. Respira fundo. Junta o diário do chão, meio desengonçado devido à força com que o lançara, mas ainda inteiro, e recomeça a escrever.

Eu não sei direito porque eu faço isso. Tá tudo bem e então de repente eu começo a falar umas coisas, achar umas justificativas em que eu nunca tinha pensado antes só pra poder jogar tudo na cara da Mione!
Esse é o nome do meu problema: Hermione Granger.
Tá tudo certo, a vida tá normal e de repente ela vem com o
Krum pra todo lado! Esse cara nunca mais vai me deixar em paz? Ele parece estar em todo o lugar!
Tá, eu admito que ele joga bem quadribol, mas isso não dá a ele o direito de roubar os
meus amigos! Ele já não tem tudo?! Fama, dinheiro, aquele bando de garotas rondando ele o tempo todo...! Por que ele não escolhe uma delas? Eu tenho a impressão que se ele dissesse “oi” pra qualquer uma, ela iria cair morta.
Mas ele faz isso? Não... Ele precisa vir até aqui, na Inglaterra, pra me sacanear! Precisa vir até aqui pra roubar a única garota de quem eu realmente gostei na vid---

Novamente o diário vai parar na parede.
- Mas que droga, isso tá enfeitiçado? O que infernos eu tô escrevendo?!
Rony vai até a janela novamente, completamente escarlate e jura pra si mesmo nunca mais tocar naquela coisa chamada diário.






O que deu no Harry? Ele acordou hoje dizendo que precisava falar comigo antes da primeira aula. Eu tô com muito sono, quase não consegui dormir essa noite.
Bela maneira de começar o dia...
Que droga! Esqueci que não ia mais escrever nisso... Mas eu não quero perder a droga da aposta da Gina, ou desafio, ou seja lá como ela chama isso! Tenho que escrever pelo menos um pouco aqui já que essa droga termina amanhã!


Rony se vestiu e desceu desanimado a escadaria que levava a sala comunal. Em frente ao buraco do retrato estava a última pessoa que queria encontrar: Hermione.
A menina saiu sem nem ao menos olhar para ele. E ao contrário do que Rony pensou, isso o deixou triste.
Andando mais devagar de propósito, Rony finalmente chega ao salão comunal e é logo abordado por Harry:
-Rony, vamos conversar.
- Tem que ser agora? Eu pretendia comer antes – disse sem sentir o mínimo de fome.
- Sim. É importante... Vamos, Rony! Ainda temos dois tempos de transfiguração e eu não quero perder mais pontos por atraso!
Com esse argumento, Rony o seguiu até uma das salas de aula vazias. Não havia nada lá exceto as cadeiras.
- Rony, qual é o seu problema? - Começou Harry, sentando-se em uma das cadeiras que estava de frente para o amigo.
“Qual o meu problema?” Rony pensou. Que espécie de pergunta era aquela? Seu melhor amigo o arrasta até uma sala vazia dizendo que tem algo importante para conversar e então pergunta qual o problema dele!
- Como assim qual é o meu problema?
- Qual o seu problema, Rony? O que o leva a agir tão estupidamente? – Insistiu Harry.
- Olha aqui, eu não quero mais ninguém me chamando de estúpido, entendeu?!
- Se não quer então pare de agir assim! Você não percebe o que tá fazendo?
- Olha Harry, eu estou a ponto de perguntar qual é o SEU problema!
- O meu problema é você! É a Hermione! São as brigas infinitas de vocês dois!
Ah, então era isso. Ele o chamara ali pra reclamar das brigas...
- Tudo bem, Harry, eu admito que nós temos brigado um bocado esse ano, mas não é nada pra você se preocupar, vai ficar tudo bem. Sempre fica! Você já devia estar acostumado com isso...
Harry olhava o amigo, um pouco incrédulo.
-... Olha Rony... O que você acaba de dizer é uma tremenda idiotice. Não tem como isso ficar bem. A Mione disse que não é mais sua amiga. Ela me disse hoje de manhã que não vai mais falar com você enquanto continuar agindo como um legume... Eu não entendi bem o que ela quis dizer com isso, mas não acho que seja algo bom...
- Ah é? Pois eu também não faço questão alguma de falar com ela.
Rony cruza os braços e senta em uma das cadeiras mais próximas.
- É mesmo? Não se importa de verdade? – pergunta Harry, empurrando sua cadeira mais para a frente da que Rony havia pego para ele.
- Não. – diz Rony pouco convincente devido às orelhas vermelhas.
- Ok. Se não quer me contar tudo bem, eu não vou lhe obrigar, mas não tem por que ficar escondendo, Rony, eu já sei de tudo.
- Sabe? Sabe do quê...? – diz Rony sobressaltado.
- Sei que você gosta da Mione.
Por um momento Rony pensou que fosse cair da cadeira. Quer dizer que... o Harry sabia? Sabia?! Mas como!? E logo o Harry que é tão distraído quanto a isso? Se o Harry souber então quer dizer que todos sabem?!
- Rony! Acorda! – Harry tira o amigo de dentro de seus pensamentos chacoalhando a mão em frente aos seus olhos.
- Olha Harry, eu não sei do que você tá falando...
- Ah, corta essa, Rony! Não pode me enganar; pelo menos não quanto a isso! – Rony faz silêncio – Eu já percebi o que você sente por ela há séculos... Eu não entendo até hoje como ela não notou. Ela é tão boa nesses assuntos.
- Isso é porque não tem nada! É por isso que ela não notou!
Rony fez uma última tentativa. O Olhar firme de Harry o fez entender que negar não adiantaria; mas concordar era muito difícil. Ele nunca havia assumido isso nem pra ele próprio! Ia ser difícil, mas estava encurralado.
- Ok. Você venceu.
- Venci? – Disse Harry atônito – o que eu venci?
- Como assim o que venceu?! Venceu! Acertou! Conseguiu me derrubar! Você tá certo! Venceu! Que mais quer que eu diga?
- Quero que me diga que gosta dela.
- Eunãoposso fazer isso! – disse atropelando as palavras na boca.
- Ora, vamos, Rony! É o primeiro passo pra deixar de ser idiota! Diga!
- Não, eu não vou dizer isso na sua frente! Ei... Você me chamou de idiota!
- Quer dizer na frente dela?
- NÃO!
- Então fale logo, Rony! Não é tão difícil!
- Você diz isso porque não é você no meu lugar...!
- Pare de enrolar e fale!
- Não!
- Fale!
- NÃO!!
- Você vai me fazer usar a poção veritas em você?
- Eu gosto dela!
Harry tentou esconder um sorriso. Quem diria que a ameaça da poção iria funcionar...
- Certo. O primeiro passo está dado. A boa notícia é que você ainda tem salvação, Rony!
Rony que a essa altura estava tão vermelho quanto a gravata da Grifinória que estava usando, olhou para o amigo como se esse tivesse criado um olho a mais no meio da testa.
- Bem, agora que você admitiu que gosta dela, você deve admitir também que estava com ciúmes e por isso agiu como um idiota...
- Olhe aqui, se você me chamar de idiota de novo eu... Espere aí! Eu não estava com ciúmes!
“De volta a estaca zero” pensa Harry.
- Estava sim, Rony, é por isso que você vive atacando a Mione com a história do Krum.
- Eu não ataquei ela!
Harry lhe lança um olhar inquisidor.
- Tá bem, talvez eu me altere um pouco, mas isso é normal, não é? Eu não gosto de ver ela andando pra cima e pra baixo com aquele cara! Ele é velho... e foi aluno da Durmstrang e...
- E é um cara legal e gosta da Mione. – Finalizou Harry, deixando Rony aparvalhado com as afirmações.
- Até você, Harry? O que é que todos vocês vêem nesse Krum? – diz Rony emburrado.
- Nós vemos as qualidades dele, Rony, o que você não consegue ver porque está cego de ciúmes! Ah, não me olha assim, não! É ciúme sim, você tá com medo de a Mione preferir o Krum a você! Confesse!
- Eu não estou com medo de nada! Além do mais... ela já tá namorando com ele mesmo... – diz Rony, tentando disfarçar o tom ferido na voz.
- Do que você tá falando?
Rony conta o que ouviu em Hogsmeade, mas antes que ele pudesse terminar de falar, Harry o interrompe:
- Acorda, Rony! A Hermione não gosta do Krum!
- Como você pode saber? Ela disse alguma coisa sobre isso? – disse tentando não parecer tão esperançoso.
- Não precisa! Se ela gostasse, ela já teria namorado com ele há anos atrás, não acha?
Pela primeira vez Rony pareceu pensar naquele dia. Fazia sentido o que o Harry estava dizendo, mas alguma coisa dentro do peito dele não o deixava simplesmente aceitar a idéia. Era preciso mais pra poder compreender. Só não tinha certeza do quê ainda.
- Pode ser... mas não sei não, Harry...
- Ei, o que vocês estão fazendo aqui? – Simmas Finnigan estava parado na porta da sala olhando para os dois amigos.
- ... Só estávamos batendo um papo... Mas é melhor irmos antes que a gente se atrase... – disse Harry se levantando.
- Essa não! Ninguém vai pra aula alguma antes de eu comer!
- Sinto muito, cara, mas a mesa já foi limpa... – anunciou Simas.
Harry, Simas e Rony, que parecia um pouco azul, seguiram para a aula de transfiguração.


N/A(ok, mais uma ediçao)

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