É preciso amar
-O que faz aqui Gina? – Harry repetira a pergunta para sua esposa.
-Eu....eu... – Gina gaguejou.
-Você sabia o tempo todo! Sabia onde ele estava escondido! – esbravejou Harry.
-Não...eu fiquei sabendo hoje por Hermione – disse Gina.
-Volte para casa. Lá conversaremos melhor – dizendo isso Harry deu as costas à mulher e foi falar com outros aurores presente no local.
Gina voltou apreensiva para o apartamento. Sabia que teria uma dura conversa com seu marido. Conversa essa que estava adiando desde o início do casamento.
Era quase de manhã quando Harry retornou. A ruiva percebeu que ele estava meio alcoolizado.
-Oi – disse Gina.
-Oi? Você me diz OI? Não tem vergonha na cara? Sua traidora!
-Harry...por favor...entenda...
-Entender? Isso é o que faço desde que casamos. Entender por que você não consegue me amar. Por que prefere aquele maldito bruxo que vem causando tanta dor. Eu sei que você não é feliz comigo!
-Harry, eu ...
-Cala a boca! Agora eu vou falar tudo o que penso. Eu não preciso de um maldito diário para desabafar. Você em nenhum momento foi honesta comigo! Eu queria te fazer feliz! Eu fiz e faço o melhor para você e nosso filho! Por que Gina? Por que não consegue me amar? – Harry sentou-se no sofá e com a cabeça entre as mãos começou a chorar.
Gina correu para o marido, emocionada.
-Desculpa Harry. Eu não mereço você. Eu sei. Mas o que sinto é mais forte do que tudo. Eu tentei e tento todos esses anos te amar.
-Não sabe como é doloroso ver como ainda sofre por ele! Saber que o seu coração ainda pertence aquele desgraçado!
Gina não imaginava que causava tanto sofrimento ao marido. Um homem que fez sua vida estabilizar. Que deu a ela uma linda família. Viu como estava sendo ingrata. Abraçou-o.
-Harry, eu prometo me esforçar para que possamos ser felizes juntos. Mas eu preciso da sua ajuda.
Harry olhou bem para o rosto da ruiva e disse:
-Eu faço tudo para ter seu amor...- o moreno tomou-a nos braços e beijou-a sofregamente. Gina espantou-se com a atitude do marido. Ele nunca beijara-a daquele modo.
-Me perdoa? – Gina balbuciou quando se pararam de beijar.
-Sempre – disse Harry – Gi...eu te quero mais que tudo – o moreno pegou a esposa no colo e levou-a para o quarto. Queria amá-la como nunca fizera nesses quase dezesseis anos de casamento. Deitou a ruiva delicadamente na cama. Retirou alguns fios de cabelos que teimavam em cair no rosto da mesma. Gina estava até constrangida com o olhar de Harry, carregado de desejo. Ele então começou a acariciá-la. Queria mostrar que poderia ser melhor que Snape. Gina sentia-se bem com o toque do marido e também retribuiu o carinho recebido. Entregaram-se aos prazeres carnais como se isso pudesse fazer o amor da ruiva desabrochar depois de tanto tempo.
Passaram-se dias. Harry e Gina agora pareciam se entender. O moreno percebeu as mudanças e os esforços da mulher para tentar ser feliz. Mas uma notícia abalou a alegria do casal: Snape viera a público e desafiara Harry. Disse que o jovem auror tivera sorte com Voldemort e com ele a coisa ia ser bem diferente. E que a cada dia que ele demorasse a enfrentá-lo, um inocente iria pagar por isso.
Gina ao ler a nefasta notícia no jornal , foi correndo falar com Harry:
-Harry, querido, não pode dar bola para ele! Snape é um louco!
-Gi, ele ameaçou matar inocentes! Eu não posso ficar calado diante disso. Eu preciso encontrá-lo.
-Não, por favor! Eu tenho medo do que possa acontecer.
-Comigo ou com ele? – disse Harry olhando fixamente para Gina. Uma onda de ciúmes crescera em seu peito.
-Com você, é claro. Harry, eu não posso ter perder!
-Se acalme. Eu sei me virar.
-Sabe que Snape é tão poderoso quanto o Lorde das Trevas.
-Sei mais estarei preparado. Estudei todos esses anos. Sei que posso vencê-lo. Mas a morte não será o castigo para ele. Irei prendê-lo. Viverá o resto dos dias trancafiado em Azkaban!
Harry abraçou Gina, que estava trêmula. Tinha em seu íntimo que não perderia a luta. O amor de sua família o ajudaria nos momentos decisivos. Não ia decepcionar a mulher e o filho.
***
Harry após o café da manhã, foi trabalhar. Encontrou Rony na porta do Andar que dava acesso à sala de aurores.
-Oi Harry – disse Rony – tudo bem?
-Sim ...quer dizer mais ou menos, né?
-É – disse Rony sem graça – Eu li o jornal.
-Você leu? – ironizou Harry. Sabia que o amigo detestava ler jornal.
-Quer dizer, a Mione leu e contou para mim.
-Ah ta.
-O que pretende fazer? – indagou o ruivo.
-Ainda não sei. Mas não posso me deixar intimidar por ele.
-Cara, sinceramente, se eu fosse você, estaria bem preocupado.
-Ah Rony. Ele não é tão bom assim.
-Harry! – disse Rony indignado – Ele enfrentou dez aurores de alto escalão e quase os matou. Snape pode ser um morcegão velho mas que ele é poderoso, isso é. Eu fico preocupado quando saio em vigília de encontrá-lo frente à frente.
Harry deu um sorriso amarelo. Apesar de tudo, tinha que concordar com o amigo. Snape estava tão poderoso quanto Voldemort. Aliás, depois que enfrentou o Lorde das Trevas, Harry percebeu uma diferença entre eles: Voldemort no momento crucial demonstrou o quanto temia a morte. Snape não. Para ele não interessava viver ou morrer. Ele era um ser ruim.
Os dois amigos foram até a sala do chefe dos Aurores. Bateram na porta. Uma voz estridente pediu para que entrassem. Sentado atrás de uma enorme mesa estava um homem calvo e de feições duras.
-O que desejam? – disse Zimmer sem rodeios.
-Preciso de orientações senhor – disse Harry se acomodando na cadeira.
-Eu li o discurso que aquele verme deu ao Profeta Diário – disse o chefe – Penso que deve redobrar a guarda.
-Somente isso? – indagou Harry – Estava pensando em procurá-lo.
-Sente-se capaz de enfrentar Snape?
-S-sim....quer dizer – titubeou o moreno – Eu tentarei.
-Tentar? Você não pode se expor se não está preparado! Snape fará você em pedacinhos! Ele quase matou sozinho uma tropa de aurores!
-Mas é que...
-Não pode deixar seu orgulho por tudo a perder garoto! – Zimmer chamara Harry de garoto, pois que ele tinha quase o triplo de sua idade. Bom, venho aqui juntamente com o Weasley para receber instruções. Quero que fiquem atentos e a partir de hoje vocês dois não saíam para a ronda.
-Por quê? – perguntaram os dois amigos ao mesmo tempo.
-Por que Snape deve estar esperando o momento certo para atacá-los. Se não conseguir pegar Potter pode muito bem usar você, Weasley, como isca.
Rony engoliu em seco. Nem em sonho desejaria ser prisioneiro de Snape.
-Agora pode ir. Tenho muitas coisas para resolver – Zimmer disse secamente.
***
Harry saiu da sala do chefe indignado. Não deixaria que Snape fizesse dele um prisioneiro no Ministério da Magia. Foi até sua sala, apanhou alguns papéis e saiu. Quando estava na porta, Rony indagou:
-Onde pensa que vai?
-Fazer o meu trabalho. Preciso voltar para Hogsmead.
-Não pode fazer isso! Não ouviu o que Zimmer disse?
-Não me importo. Se Snape acha que vou ficar aqui como covarde está enganado. E afinal, ele ameaçou matar inocentes. Não posso deixá-lo sem resposta.
-Cara, você tá doido? – Rony disse levantando-se da cadeira.
-Não e nem tente me impedir.
-Então nesse caso irei com você.
-Nem pensar! – exclamou Harry – Ficará aqui e se acontecer algo comigo, você irá cuidar da minha família.
-Não posso deixar meu amigo correr perigo sozinho. Não vou cuidar da sua família!
-Como não? Você me prometeu!
-Prometi sim. Caso você morresse. Mas não acho que esse é o caso.
Harry deu um sorriso amarelo. Sabia que seu melhor amigo não deixaria mesmo temendo o inimigo. Rony era um homem fiel as suas amizades.
Os dois seguiram rumo a vila perto de Hogwarts. Andaram pelas ruas e becos por dias seguidos. Às duas da tarde, quando terminaram de fazer a última ronda da semana, resolveram tomar uma cerveja amanteigada no Cabeça de Javali. Sabiam que o local era freqüentado por pessoas de todas as espécies, sendo assim um ótimo lugar para descobrir algo.
A atenção dos presentes foi toda voltada para a chegada dos dois aurores. Muitos leram o jornal e comentavam baixinho o que iria fazer o famoso Potter.
Estavam em uma mesa ao fundo, para que pudessem conversar com mais tranqüilidade, quando o dono do bar, veio até a mesa e entregou um bilhete ao Harry. O moreno pegou e leu. Depois passou para Rony ler.
-Você irá? – disse Rony com cara assustada.
-Sim. Tenho que ir.
-Isto está me cheirando a armadilha. Vamos convocar mais aurores.
-Não. Ele disse para eu ir sozinho Rony. Será somente eu e ele.
-Mas....
-Sem mas Rony. Chegou o momento de eu enfrentar o Anjo das Sombras.
-Não está nervoso?
Harry virou o copo de cerveja amanteigada antes de responder. O bilhete era claro: “ Espero para nosso duelo no lado oeste da Floresta Proibida ao entardecer.Venha sozinho Potter. A cada minuto que demorar ou se vier acompanhado, alguém, em algum ponto da cidade irá morrer.” O moreno sentia como se algo dentro quisesse sair pela boca. Sua cabeça começou a doer. Apesar de já ter enfrentado um grande bruxo das Trevas, para muitos o melhor que existiu, não saía de sua mente que a vitória sobre Voldemort fora pura sorte.
-Mais ou menos – Harry respondeu enfim – Rony, por favor, não fale para ninguém. Temo que cumpra a promessa e que mate inocentes.
-O que espera que eu faça? Fique aqui sentado enchendo a cara?
-Não, quero que leve Gina para sua casa. Ângelus está protegido em Hogwarts.
-Ela vai querer saber o motivo.
-Minta. Diga que precisei viajar e que não queria que ela ficasse sozinha.
-Sabe que Gina não é tão burra assim.
-Ah Rony, invente qualquer coisa. Só não diga o que fui fazer. Bem, preciso ir. Não posso me atrasar.
Rony se levantou e abraçou o amigo:
-Boa sorte cara. Espero você até a noite. Caso não apareça, convocarei os aurores e irei a sua procura.
-Tudo bem. Mas acho que não será necessário.
Harry apanhou sua capa e saiu do velho bar com a certeza de que iria decidir sua vida naquele dia.
Continua....
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