Something



Capítulo 7 – Something


Something in the way she moves
Attracts me like no other lover
Something in the way she woos me
I don’t wanna leave her now
You know I believe and how



Discutir com Hermione sempre havia sido uma faca de dois gumes. Ron detestava, pois toda discussão resultava em um período onde os dois ignoravam um ao outro. Tinha sido assim desde o primeiro ano, antes mesmo de eles virarem amigos. No terceiro ano ele havia passado um bom tempo sem falar com ela, coisa pela qual ele não desejava nunca mais ter que passar. Porém, no ano anterior, Ron havia se superado, e conseguido não só ficar sem o convívio da amiga mas ganhar um ataque de pássaros que uma pequena voz na cabeça de Ron dizia ter sido bem merecido.

- Ron, deixe de ser idiota!! Eu não acredito que você ainda tem ciúmes dele...

Por outro lado, ao brigar com a garota, Ron sempre testemunhava um lado dela que normalmente não via. Ela dizia o que aparecia na mente dela, sem pensar ou pesar as conseqüências. Exatamente como Ron. Ao discutir com ela, Ron via que eles tinham algo em comum, que ela não era tão melhor que ele.

Nas longas noites no dormitório da Grifinória onde Ron acordava de um sonho com a Hermione, e começava a pensar nela, ele sempre travava batalhas internas, e acabava caindo na mesma questão: por que Hermione Granger, a garota mais inteligente que ele conhecia, a garota mais bonita e interessante que ele já havia encontrado, se interessaria por ele, um garoto de notas que não chegavam aos pés das dela, nariz grande e talento no quadribol questionável?

Era apenas em meio as brigas, ao vê-la deixar a educação de lado, gritar insultos a ele, ou conjurar bichos para o atacar, que ele percebia como os dois não eram assim tão diferentes. Que talvez, ele a merecesse um pouco. Além do mais, ele adorava vê-la tirando o cabelo dos olhos com raiva, como sempre fazia.

- Ciúmes? – Ele sentiu seu rosto queimar ao respondê-la, e sabia que tinha pouco a ver com o nervosismo - Isso só prova que você não entende nada..

- Ok, Ron, então me explica.

Já fazia um tempo que os dois discutiam, desde que o maldito buquê caíra na mão dela. Ron havia tentado ignorar o que todos estavam dizendo, que “Ele ia afinal se amarrar.”, nas palavras de Fred e George, e pensar no que aquilo realmente significava. Não podia ser ele. Ele não podia ser quem ia casar com Hermione. Ele havia perdido tempo, muito tempo, eles não estavam nem juntos, e ela iria se casar, provavelmente nos próximos anos? Ele não entendia porque todos achavam tão óbvio que ele seria o noivo. Se ela ia se comprometer logo, era porque Ron havia perdido tempo demais e algum outro homem ia ficar com ela. Com certeza aquele búlgaro carrancudo metido a besta.

E agora ela estava pedindo para que ele a explicasse. Explicasse o que, que ele não sentia ciúmes do Vicky? Ou que na verdade, ele sentia sim, sentia um ciúme descontrolado daquele jogador de quadribol mal-encarado, mas que o principal motivo de ele não gostar de ouvir Hermione falando dele é que Ron não teria chance de competir contra ele? Que Ron morria de medo de Hermione perceber como o Krum era melhor que ele, e como ele realmente a merecia – se é que isso ainda não tinha acontecido?

Ele não podia simplesmente falar isso para ela, Ron não era capaz de tal coisa. Ele tinha ainda algum orgulho, e ela dificilmente o entenderia.

- Viu, Ron, como você espera que eu te entenda se você nem consegue falar comigo! – ela disse, o tom irritado novamente na voz.

- Ah, e você sim, por acaso? Ou você prefere mandar passarinhos darem o recado?

- Para quem tem crises de ciúmes tão freqüentemente eu esperaria que você fosse entender uma com facilidade!

Ah, e ele entendia. Ele havia entendido o ataque dos canários de Hermione, e mesmo que ele nunca fosse admitir isso para ninguém, ele havia até gostado. Ron não esperava que ela fosse ficar tão brava com ele, tão nervosa e inconseqüente por causa dele. Tão parecida com ele mesmo. Mas é claro que ele nunca a diria isso.

- Me desculpe se eu estava um pouco ocupado me protegendo dos canários assassinos!

E eles continuavam brigando, os tópicos não muito variados por ambas as partes. Krum. Lavender. Krum novamente.

- Ah, Ron!! Deixa o Viktor fora disso!

Ron não conseguia não tocar no assunto Krum, o ciúme dentro de si era mais forte. Além do mais ele esperava a hora em que ela fosse levantar e gritar “Tá bom, ele é um idiota, eu detestei ter namorado aquele filho-da-mãe!”. Ele sabia que as chances de Hermione Granger falar algo parecido, ou algo incluindo um xingamento, eram praticamente nulas, mas não custava nada tentar. Pelo menos ele já sabia que quanto ao ciúme, a garota não havia tido uma atitude tão melhor que a dele. Ele tinha as cicatrizes para lembrá-lo disso.

Ela passou as mãos pelo rosto, pensando. Lá estava ela tirando o cabelo dos olhos novamente...

- Eu não sei nem mais porque eu estou tendo essa discussão com você! Nós não temos razão nenhuma para isso.

Ela estava falando sério. Era a Hermione normal de volta; a imprudente, infantil, nervosa havia ido embora. Ela olhava para o buquê, que havia caído em suas mãos. Ora, ele havia comprovado que ela iria se casar antes mesmo que as amigas mais velhas de Fleur, e não havia razão para ela e Ron tentarem se acertar?
- Razão nenhuma? – ele disse numa voz mais real do que ele esperava. Bem, talvez realmente não houvesse. Talvez ela tivesse percebido que enquanto Ron não conseguia nem lhe dizer como ele se sentia quanto a ela, enquanto Krum já havia até aparecido num artigo de revista por dizer tal coisa. - Talvez, não, mesmo.

Ela virou-se para frente e ficou mirando o arranjo de flores, uma expressão pensativa. Era impressão dele ou ela estava fazendo força para não chorar? Ele a conhecia, e também sabia que as vezes em que ela havia feito essa cara perto dele, eram por culpa dele mesmo. Com certeza com Vicky ela não chorava desse jeito. Quantas vezes Ron os viu brigando? Nenhuma... ele o viu chamando-a para passar o verão com ele, ou dançando com ela, e em todas as vezes ela estava com um belo sorriso no rosto. Ele não agüentou.

- Pensando no Vicky, é? – ele disse, o medo da resposta transparecendo em sua voz.

- Talvez. – ela disse firmemente, apesar dos olhos visivelmente aguados.

Mas é claro. Hermione não é burra, ela com certeza sabe o que é melhor para ela.

- Ele andou te mandando um anel de brilhante pelo correio, foi? – perguntou Ron

As palavras saíram de sua boca, e no segundo seguinte ele havia se arrependido de tê-las dito. Hermione mordeu os lábios, e lágrimas começaram a brotar de seus olhos. Ao ver a sua reação, tudo que ele queria era ter dezenas de canários voando em seus olhos o impedindo de olhar o rosto molhado da garota. Então ela virou-se para ele, e ele pode ver, ainda mais claramente, seus olhos vermelhos e suas bochechas encharcadas, formando uma expressão de pura tristeza e decepção.

- É isso que você acha, então? – ele não estava preparado para isso, para ver esse sofrimento que ele parecia ter causado nela. Ele. Ron Weasley. Era responsável por deixar a garota mais perfeita do mundo daquele jeito. Mesmo que ele tivesse achado palavras para falar, sua voz não parecia querer funcionar, e Ron simplesmente olhou para Hermione, aterrorizado. – Ótimo! – Ele não se mexeu enquanto ela se levantou e jogou o buquê de flores na sua cara, saindo de perto dele.

O impacto dos lírios no rosto fez Ron acordar e perceber o que acontecia a sua volta. Ele estava perdendo a pessoa que ele mais amava no mundo, é o que estava acontecendo. Ele havia agido como um idiota, como sempre, e agora Hermione estava sofrendo de novo por causa dele.

Ele havia a machucado mais uma vez, e ele sabia que dessa vez, ele havia passado dos limites. Ela não o aceitaria de volta, como das outras vezes, a não ser que ele fizesse algo logo.

Talvez Krum não a machucasse desse jeito. Mas ele, Ron, ia agüentar sentar numa cadeira branca como havia feito hoje, vendo Hermione andar até o altar para encontrar Viktor Krum? Ron tremeu só de pensar. Ele nunca deixaria isso acontecer, ele simplesmente não conseguiria. Ele sabia que, por mais que Krum nunca fosse causar uma cara daquela em Hermione, ele também nunca se encaixaria nessa imagem, ele nunca a amaria como Ron a amava e nunca a faria a mulher mais feliz do mundo.

Ron virou para trás com rapidez para ver onde a garota estava. Ela ainda andava em direção à casa, ou ao altar, ele não sabia, nem tinha tempo para tentar descobrir. Ron levantou-se, largou o buquê em cima a mesa, e saiu em direção a ela.

- Hermione! – ele chamou ao chegar perto dela. Ela não virou, mas diminuiu o passo, quase parando.

Ele andou até ela, encostando em seu braço. Ao sentir o toque do garoto, ela parou, e ele andou até a sua frente. Ela olhava para o chão, mas ele podia ver como seus olhos estavam vermelhos e seu rosto molhado com as lágrimas que ela havia derramado por sua causa. Ele sentiu um aperto no peito ao pensar nisso, mas ele sabia que ainda não era tão tarde, e que havia uma coisa que ele podia fazer para melhorar tudo.

Colocando a mão no queixo dela, ele levantou seu rosto, e tirando o cabelo dela que cobria seus olhos, ele a beijou.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.* #MORRI  A-M-E-I <3 <3 <3  MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.* CHOREI E RI MUITO AQUI :) KERIA SER A MIONE NESSAS HORAS kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk'

    2013-03-04
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.