Apenas começamos
“Não me entrego sem lutar
Tenho ainda coração.
Não aprendi a me render:
Que caia o inimigo então.”
(Metal Contra as Nuvens - Legião Urbana)
-Ah, meu bom Merlin, eu não acredito!
A Sra. Weasley correu pelo átrio do pequeno castelo, envolvendo os dois filhos caçulas num abraço apertado. Lágrimas gordas e quentes brotavam de seus olhos e respingavam no rosto dos dois adolescentes. Eram lágrimas de alívio, alegria. A vontade da boa senhora era colocá-los no colo e mimá-los até que fossem dois velhinhos.
-Eu deveria deixar você de castigo até os seus quarenta anos, mocinha! - Molly tentou ralhar com Gina, mas era simplesmente impossível. Em meio às lágrimas, ela tinha um sorriso radiante no rosto.
-Molly, deixe os meninos respirarem! - O Sr. Weasley sorriu bondosamente, pousando uma mão no ombro de sua esposa.
Molly Weasley se afastou um pouco do abraço de Rony e Gina e analisou os filhos atentamente. Não fosse o ar abatido e cansado por causa das coisas que haviam acontecido a pouco tempo, eles pareciam bem e saudáveis. A mulher olhou mais uma vez para sua filhinha e finalmente desviou a vista, mais precisamente nos outros dois adolescentes que exibiam sorrisos tristonhos.
-Hermione, querida, como você está? - Molly perguntou carinhosamente, envolvendo a garota num abraço maternal.
Talvez fosse a sua intuição de mãe, mas a mulher havia notado os olhares diferentes entre a garota e Rony. Sorriu em aprovação e beijou-a, liberando de seu abraço.
Por fim, aproximou-se de Harry. Em nenhum momento o rapaz ousara olhar para a mãe de seu melhor amigo e que também era sua sogra (pensando assim, aquilo parecia realmente estranho).
-Harry, querido!
O rapaz foi puxado para um abraço forte e reconfortante. Ele não sabia ou pelo menos não se recordava de como era o abraço de uma mãe, mas julgou que seria assim que Lilly o trataria caso estivesse viva. De olhos fechados, ele se deixou envolver por aquele abraço quente e tranqüilizante. Era como um bálsamo para as suas dores, para as suas fraquezas.
Quando eles se separaram, Molly Weasley ainda secou algumas lágrimas teimosas, que banhavam o seu rosto redondo. Mas passado o momento de surpresa e alívio, divisou no meio do grupo que chegara, além de Lupin e Tonks, um outro casal. A moça ela não conhecia, mas o homem...
-Mas... como... O que ele está fazendo aqui? - Apontou um dedo trêmulo para Snape, que apoiava Morrigan com o braço. A pobre mulher parecia atordoada, tentando encontrar sua varinha no bolso de suas vestes.
A Sacerdotisa parecia cada vez mais exausta e abatida. Ela havia passado por muita coisa nas últimas horas. Não era só a exaustão física por causa da tortura que sofrera. Não. Era mais o seu espírito que estava destroçado. A culpa consumindo as suas forças. Culpa pela morte de Eriu, por ter sido tão impulsiva ao sair de Avalon. Talvez se ela não tivesse sido tão ousada ao fugir de seu lar, Eriu ainda estivesse viva...
-Molly, tenha calma! - Lupin pediu. - É melhor você levar todos para cima, inclusive a Morrigan. Estão todos cansados e possivelmente feridos, precisando de tratamento.
A Sra. Weasley piscou confusa para Lupin, sem conseguir compreender o que estava acontecendo. Mas um gesto de concordância de seu marido foi o suficiente para que ela inclinasse a cabeça em aceitação. Ofereceu o braço carinhosamente para Morrigan, mas sem ousar olhar para Snape.
A Sacerdotisa estava em um estado de letargia tão grande, que se deixou ser conduzida para os aposentos do castelo, sem esboçar nenhuma reação.
Gina e Hermione acompanharam a Sra. Weasley.
Quando elas haviam sumido pelas escadarias que davam acesso aos andares superiores, Harry se voltou para Snape, exibindo um olhar frio e cheio de ódio.
-Acho que agora nós temos um acerto de contas, não é?
Snape revirou os olhos, parecendo entediado.
Lupin pigarreou uma, duas vezes, antes de se pronunciar:
-Aqui não é o local para resolvermos isso.
Harry se voltou para Rony.
-É melhor você subir e procurar a sua mãe. - Ele falou para o ruivo. - Você está ferido, precisando de cuidados.
-Harry, eu vo..
-Vá, Rony! - o moreno parecia irredutível. - Você já fez demais por todos nós hoje.
-Você tem certeza?
-Absoluta! - Harry sorriu fracamente.
Isso era uma das coisas que ele mais gostava em Rony. Não importava o que estivesse acontecendo, ele sempre estaria ao seu lado, pronto para lhe dar o apoio necessário. Resignando-se, o ruivo saiu a passos pesados, tomando a mesma direção em que Molly levara Morrigan e as garotas.
-Bem, agora que já deixei vocês em segurança, vou voltar para o Ministério. - O Sr. Weasley falou. - Vou aproveitar e avisar a Profª McGonagall, de que está tudo bem. Vocês conseguem dar conta de tudo? - ele perguntou à Lupin e Tonks.
Tonks fez um sinal de positivo com a mão.
-Pode deixar, Arthur...
-É melhor você também acompanhar o Rony, Harry. - Lupin falou. - Todos nós estamos cansados e abatidos. Principalmente você.
Harry abriu a boca para protestar, mas foi contido por um gesto de Lupin.
-Eu estou falando sério, Harry. - Lupin tinha um tom de voz preocupado. - Suba e procure por Molly. Ela deve ter alguma poção relaxante e você realmente está precisando de uma.
-E o que você vai fazer com esse aí? - Harry indicou Snape com a ponta de sua varinha.
-Esse aí, não! - Snape retrucou. - Tenha modos, moleque!
Tonks teve vontade de rir diante do olhar desagradável de Snape, mas preferiu ficar quieta. Aquela situação podia ser tudo, menos cômica. Com um movimento circular de sua varinha, a metamorfomaga conjurou cordas finas que se amarraram nos pulsos de Snape, deixando-o parcialmente imobilizado.
-Isso te deixa mais tranqüilo, Harry? - a bruxa perguntou gentilmente.
Harry encarou-a e depois Lupin, e resignando-se acabou aceitando a sugestão de Lupin. Mas isso não significava que ele estivesse feliz com aquela situação. A vontade dele era pular no pescoço de Snape e apagar o sorrisinho cínico que ele tinha nos lábios com as próprias mãos.
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Nunca a inconsciência fora tão agradável à Morrigan. Ela que sempre fora uma mulher ativa, deixou-se dominar por um estado de letargia tão grande, que mal tinha forças para se erguer da cama. Mas quando despertou, sentiu um ânimo novo. Eriu não havia entregado sua vida para salvar a todos, para que ela, Morrigan, ficasse deitada numa cama, entregue às suas lamúrias, consumindo-se daquela maneira.
De olhos fechados, ela ouvia ruídos indistintos no quarto onde estava hospedada. De pouco se recordava, desde que chegara ali. Lembrava-se de que fora separada de Snape no hall do castelo e ter sido conduzida até ali por uma mulher ruiva que cuidou dela pacientemente. E nos momentos em que alternava a lucidez com sua inconsciência, não conseguia se lembrar de ter visto Snape uma única vez.
Determinada a não se deixar afundar em melancolia, ela abriu os olhos lentamente, acostumando-se com a luz fraca e débil de uma vela que iluminava o quarto. Apoiou-se nos travesseiros fofos que estavam ao seu lado e ergueu-se um pouco.
-Boa noite, querida, sente-me melhor?
Uma mulher de rosto gorducho e bondoso entrou no campo de visão de Morrigan.
-Eu... eu acho que estou bem sim! - A voz de Morrigan saíra fraca e rouca. - Há quanto tempo estou dormindo?
-Há dois dias. - Molly respondeu. - Achamos melhor que você ficasse à base de Poção para adormecer sem sonhos. Pelo o que me contaram, aconteceram coisas terríveis com você, não é?
“E a mais terrível de todas aconteceu por uma atitude impensada minha. Eu era quem deveria ter morrido e não Eriu...”
Morrigan suspirou e tentou manter uma pose digna, ajeitando-se da melhor maneira possível, enquanto a Sra. Weasley sentava-se na beirada da cama da Sacerdotisa.
-Eu tenho que agradecer a você, sabe...
Morrigan parecia surpresa e perguntou. - Me agradecer pelo o que?
-Bem, Gina me contou que foi você quem os ajudou quando eles se perderam e que também foi você que cuidou de Hermione quando ela esteve doente! - Molly tomou as mãos da Sacerdotisa entre as suas. - Eu fico tão aliviada em saber que os meus meninos foram bem cuidados. Muito obrigado mesmo!
Pela primeira vez naqueles últimos três dias, Morrigan conseguiu abrir um sorriso sincero.
-Os seus filhos são jovens realmente notáveis. - Morrigan falou. - São corajosos e tem um carisma maravilhoso. Minha irmã Eriu... - a voz dela ficou trêmula, mas tentou usar os seus conhecimentos para não deixar isso transparecer. - Ela ficou realmente encantada com Gina. Ela dizia que sua filha é uma bruxa poderosa...
E ao lembrar-se de sua irmã mais velha, uma lágrima solitária desceu pelo rosto quase translúcido de Morrigan.
-Oh, querida, não fique assim. - Sem esperar Morrigan foi envolvida pelo abraço carinhoso de Molly Weasley.
-Foi tudo culpa minha. Minha culpa. - A Sacerdotisa começou a balbuciar, a voz abafada contra as vestes da Sra. Weasley.
-A Gina me contou tudo o que aconteceu à sua irmã. Foi uma tragédia e eu imagino como você deva estar se sentindo. Mas, olhe, não tente se culpar. - As duas mulheres se afastaram. - O que aconteceu tem apenas um único culpado. Foi Você-Sabe-Quem, que assassinou a sua irmã.
Voldemort. Toda vez que Morrigan se recordava dos momentos de terror que passara nas mãos dele e de seus servos cruéis, um ódio descomunal tomava conta dela. Mas vendo o olhar atento da outra mulher sobre si, ela empurrou as suas emoções para o recanto mais profundo do seu ser, deixando-os oculto sob uma máscara de serenidade que ela realmente não possuía.
-Onde está Severus? - Ela desviou de assunto, fazendo menção de se levantar.
A Sra. Weasley parecia desgostosa e enojada ao mesmo tempo.
-Ele está preso numa das torres do castelo. - Ao notar o olhar indignado de Morrigan, ela logo completou. - Querida, Snape é um assassino, fez coisas horríveis. Ele só não foi mandado à Azkaban ainda, porque lutou contra Você-Sabe-Quem e seus Comensais nessa última batalha, além de que a Ordem quer interrogá-lo aqui mesmo.
-Eu preciso vê-lo! - Morrigan se levantou da cama. Viu que numa poltrona havia um roupão escuro, que ela prontamente o vestiu.
-Mas eu não sei se você pode entrar lá... - A Sra. Weasley tentou argumentar, mas Morrigan já estava saindo do quarto a passos firmes e largos.
Molly suspirou cansada, vendo que não conseguiria conter Morrigan.
-Ele está trancado na torre da Ala Leste. - A mulher explicou. - É só você continuar por aqui e subir as escadas que estão no final do corredor.
Morrigan abriu um pequeno sorriso para a outra mulher, afinal, ela não tinha culpa da situação de Snape e havia sido realmente gentil em cuidar dela, sendo que Morrigan era uma verdadeira desconhecida para ela.
-Eu a acompanharia até lá, mas tenho outras coisas para fazer. - A Sra. Weasley falou. - Espero que encontre o caminho sem maiores problemas.
Morrigan sorriu novamente e deu as costas.
Começou a caminhar rapidamente no corredor iluminado por archotes brilhantes. Ao que parecia, os dormitórios daquele castelo ficavam naquele andar. Quando ela passou em frente de um quarto que tinha a porta entreaberta, ouviu o som de conversas saindo de lá de dentro.
-...eu preferia que o Harry não fosse pra lá, sabe. Ele é um pouco impulsivo, pode acabar fazendo alguma coisa impensada.
-Mas você sabe, Mione, que o Harry não sossegaria enquanto não fizesse isso.
-Mas vocês sabem o quanto ele fica abalado quando se trata do Snape...
A Sacerdotisa estacou no local onde estava, ao ouvir o nome de Snape ser pronunciado. Com passos leves e sorrateiros ela entrou no aposento e com duas batidas secas na porta, anunciou a sua presença.
-Ah, olá Morrigan! - Gina falou.
Além da garota, estavam no quarto Rony e Hermione, que estavam sentados e abraçados numa das camas que havia ali.
A Sacerdotisa respondeu o cumprimento com um breve aceno de cabeça.
-Você está se sentindo melhor? - Hermione perguntou gentilmente.
-Estou bem melhor, Hermione! - A Sacerdotisa respondeu. - E vocês, como estão?
-Ah, com a gente tá tudo legal! - Rony respondeu - Só a Gina que dormiu um dia inteiro depois que nós chegamos aqui.
-É, Rony, mas você sabe o que aconteceu com a Gina. - Hermione replicou. - Eu achei que ela se recuperou até que bem rápido.
Gina chamou Morrigan, para que ela também se sentasse e conversasse com eles.
-Desculpe, Gina, mas não vou me demorar muito aqui. - Morrigan respondeu. - Eu estava procurando por Severus...
-Snape? - Rony fez uma careta de desagrado.
-Sim, ele mesmo.
-Morrigan, é verdade que você e ele estão... bem, você sabe...juntos?
Hermione parecia exasperada com a falta de tato do namorado. Ah, sim, faltou mencionar que nesses últimos dias, eles oficializaram o que todos sabiam que iria acontecer cedo ou tarde.
Morrigan abriu um sorriso misterioso, os olhos negros faiscando de maneira divertida ao ver as orelhas do ruivo atingirem um bonito tom de rubro.
-É sim, nós estamos juntos. Pelo menos até antes de eu ter sido raptada pelos Comensais da Morte. - E uma sombra de asco passou rapidamente pelo rosto de Morrigan. - Isso é alguma coisa abominável?
O ruivo abriu a boca para responder, mas um cutucão de Hermione em suas costelas foi o suficiente para deixá-lo quieto.
-Não é nada disso, mas é que é estranho ver o Snape com alguém. - Gina respondeu. - Digo, a gente achou que a única coisa de que ele gostasse fosse o seu caldeirão.
A ruiva tentou amenizar o tom da conversa, mas sabia que o assunto Snape era algo realmente complicado. Se antes do assassinato de Dumbledore, ninguém sabia de que lado o ex-professor estava, agora a questão era ainda mais complicada.
Morrigan sorriu com o comentário de Gina e respondeu.
-Realmente, Severus tem uma grande afinidade com o caldeirão dele, mas ainda acho que existem certas coisas que um caldeirão não pode fazer e que ele aprecia muito.
Os quatro soltaram risadinhas, diante do comentário malicioso de Morrigan. No fundo, a Sacerdotisa ficou feliz por ter encontrado aqueles jovens. Apesar de terem enfrentado algo de imenso poder maligno, eles ainda eram jovens e não deixavam que aquelas sombras nefastas pairassem sobre os seus corações durante muito tempo. Isso ajudou um pouco Morrigan, fazendo com que uma pequena parte dela se tornasse mais leve, menos sombria.
-Bem, agora eu vou tentar falar um pouco com ele. - A Sacerdotisa respondeu.
-Morrigan, nós não sabemos se você pode subir até o lugar onde ele está. - Gina falou. - Parece que ele está sendo interrogado agorinha mesmo...
Mas quando a ruiva parou de falar, Morrigan já estava se despedindo e saindo rapidamente dali.
-Ela e o Ranhoso? - Rony fez uma careta de nojo. - Credo, como é que ela consegue?
-Rony?!
Hermione ainda ficava chocada com os comentários do namorado. Gina apenas soltava risadinhas, afinal, o seu irmão era assim e dificilmente ele mudaria por causa de alguma coisa.
-Do mesmo jeito que a Hermione consegue ficar com você, irmãozinho. - A ruiva alfinetou.
O ruivo resmungou alguma coisa e já estava se preparando para retrucar, quando um beijo doce de Hermione o calou.
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-Pode começar o interrogatório, Lupin. - Snape falou ironicamente.
-Cara, você não percebeu que tá ferrado, não? - Tonks perguntou. Os cabelos da bruxa metamorfomaga mudaram do rosa-chiclete para um azul-tempestade. Ela parecia realmente indignada com o comportamento de Snape.
-Vamos, Snape, comece a falar. - nunca Harry parecera tão sério em sua vida. Sério e calmo demais. Se fosse em outra época, talvez ele já tivesse se descontrolado e tomado uma atitude impensada.
-O que você quer saber especificamente? - Snape indagou, erguendo uma sobrancelha. - Deixe-me ver... Querem saber o que deu em mim, para ter parecido tão nobre e corajoso? Se eu enlouqueci completamente, porque depois de ter feito o que fiz, eu ajudei vocês?
Lupin, Tonks e Harry não conseguiam conter o seu espanto ao ver o quanto Snape era cínico.
-As minhas motivações não são da conta de vocês. - Ele continuou a falar. - A minha intenção não era ajudar vocês naquele dia, mas eu não podia deixar a Morrigan nas mãos do Lorde das Trevas. Em partes isso foi culpa minha.
Harry ainda estava bastante desconfiado.
-Você tem consciência de que os seus crimes são o suficiente para lhe dar uma pena de prisão perpétua em Azkaban, não sabe? - A voz rouca de Lupin foi ouvida. - A essas alturas você está jurado de morte entre os demais Comensais... E ainda assim você se arriscou a sair do seu esconderijo?
Um brilho febril voltou a irradiar nos olhos de Snape.
-Se o Moody estivesse aqui, ele já teria conseguido arrancar alguma coisa do morcegão aí. - Tonks resmungou baixinho. - Ô cara chato, viu...
Lupin ignorou o comentário da namorada e respirou fundo, parecendo cansado.
-É isso mesmo, Lupin. - Snape estava começando a ficar irritado. - Você quer que eu diga o que? Que eu coloquei a corda no meu próprio pescoço por causa da Morrigan? Que aquela mulher surgiu totalmente do nada na minha vida e conseguiu mudar uma parte de mim? Que eu estou ficando pateticamente emotivo como um grifinório?
-Mas isso é muito bom, Severus...
Uma voz ecoou pelo aposento, vinda da direção de uma das paredes do aposento onde Snape estivera preso nos últimos dois dias. Lupin acendeu algumas velas que estavam ali próximas e a luz bruxuleante que surgiu iluminou o quadro de um velho bruxo de longas barbas prateadas e olhos azuis emoldurados por óculos de meia-lua.
A pouca cor que havia no rosto de Snape havia sumido rapidamente. Os outros três bruxos pareciam igualmente surpresos e também emocionados. Ouvir aquela voz era sempre muito reconfortante.
-Profº Dumbledore?! - Harry caminhou lentamente em direção ao quadro.
O Dumbledore do quadro sorriu ternamente e voltou a encarar Snape, que tentava desviar a vista, parecendo estranhamente perturbado, o rosto contorcido num espasmo de angústia.
-Eu ouvi quando Arthur avisou Minerva em Hogwarts de que vocês haviam sido encontrados. - ele disse. - É bom ver que todos estão bem.
Harry olhava de Snape para o quadro de Dumbledore, totalmente confuso. O ódio que ele sentia por Snape não havia sido esquecido e muito menos apagado, mas ele não conseguia compreender como o Dumbledore da pintura agia tão normalmente frente ao seu próprio assassino.
Tonks estava encostada numa das prateleiras que estavam dispostas ao longo do aposento e parecia tão surpresa quanto Harry, tendo os seus brilhantes olhos negros levemente arregalados.
-Eu não cheguei a ouvir toda a conversa, mas escutei o suficiente para saber que Severus os ajudou na batalha, estou certo? - Dumbledore indagou.
-Bem... bem, foi isso mesmo o que aconteceu... - Lupin parecia estupefato. Ele, Tonks e Harry tinham a impressão de que estavam lendo o final de uma história sem que tivessem lido o seu começo. - Mas ainda assim... bem, ainda assim ele é um comensal da morte foragido...
-Ele cometeu um assassinato! - Harry vociferou. - Um assassino!
E o rapaz não conseguia dizer mais nada além disso. Era uma situação no mínimo curiosa e constrangedora.
-Mas nessa situação, os fatos devem ser revistos. - Agora a voz de Dumbledore tinha um tom firme. - Creio que agora você já tenha perdido o seu posto de servo fiel junto à Voldemort, não é Severus?
Snape, que estivera encarando o chão à sua frente por todo aquele tempo, ergueu os olhos em direção ao quadro, o olhar cheio de rancor e amargura.
-Sim, agora eu sou um pária. - Ele falou baixinho, a voz tensa. - Você está satisfeito com isso, Albus? Está satisfeito por ter me deixado nessa situação?
-Severus, você sabe que aquilo era realmente necessário. Só você podia fazer aquilo...
Snape tinha o olhar enfurecido. Os lábios finos estavam tão apertados, que já estavam quase invisíveis no rosto dele.
-Alguém pode me explicar o que está acontecendo? - Harry parecia exasperado. Ele ainda mantinha a sua varinha apontada para Snape, os olhos verdes dardejando indignação.
Snape se recostou no espaldar da poltrona, parecendo indiferente à presença dos outros três bruxos no aposento.
-Mas os seus planos deram errado, Albus. - Snape sibilava. - O Lorde das Trevas não é tão paciente e generoso quanto você pensa. Ele não aceitou a covardia do menino Malfoy e o castigou, você sabia?
Vendo que todos ficaram calados, Snape continuou falando.
-De nada adiantou eu assumir a missão de Draco. Isso foi apenas um motivo a mais para que o Lorde das Trevas castigasse os Malfoy. Você sabe o quanto a incompetência de Lucius deixou o Lorde irritado.
-Severus, eu sinto muito...
-Ah, agora você sente? - Snape se ergueu da poltrona onde estava sentado e circulava em frente ao quadro. - Por mais nobre que tenham sido as suas intenções, nem todos agem conforme os seus planos.
Harry piscou confuso e buscou o olhar de Lupin, na vã tentativa de saber se o outro estava compreendendo alguma coisa. Por fim, ele resolveu se manifestar.
-O que está acontecendo afinal? - Harry perguntou outra vez. - Porque o Senhor sente muito pelo Snape? Ele foi o seu assassino!
O Dumbledore do quadro cruzou as mãos em frente ao corpo, num gesto tão característico quando ele ainda estava vivo.
-Harry, nem tudo o que é óbvio, está próximo da verdade. - A voz de Albus estava rouca. - Você apenas presenciou parte do que aconteceu na torre de Astronomia, no dia em que... bem, você sabe...
-Profº Dumbledore... - finalmente Lupin conseguiu falar alguma coisa. - O senhor tem as lembranças do dia em que foi assassinado?
O bruxo de barbas longas apenas sorriu em concordância.
-Mas isso é raríssimo. - Lupin continuou falando. - Normalmente as pinturas não têm lembranças e memórias tão fortes de quando os seus donos estavam vivos.
Harry estava pouco ligando para as impressões de Lupin a respeito do quadro de Dumbledore, havia sido outra coisa que o deixara intrigado.
-O que aconteceu exatamente na torre de Astronomia? - Ele perguntou incisivamente.
-Harry, você se lembra da Poção que eu tomei na caverna? - o rapaz assentiu. - Aquela poção era um tipo de poção definhante. Eu não iria permanecer vivo por muito mais tempo. Quando nós chegamos na torre de Astronomia, eu já sabia que não iria viver por muito tempo. Queria que Severus concluísse o serviço, para que Draco não sujasse as mãos dele com o meu sangue. - A voz do diretor parecia melancólica. - Eu sabia que Severus era leal a mim o suficiente para fazer isso. Além de manter Draco inocente, ele ainda seria um comensal da morte e continuaria trabalhando como espião, descobrindo os planos de Voldemort e seus comensais, como ele fez durante anos.
Harry olhou incrédulo para o quadro, como se estivesse ouvindo uma grande farsa.
-Eu estava lá, eu vi quando ele... - E apontou para Snape. - apontou a varinha para o senhor e lançou a maldição da morte. Eu vi e não pude fazer nada...
-Harry, meu caro rapaz, eu usei legilimência com Severus. Eu pedi mentalmente para que ele fizesse isso... Entenda, se Severus não me matasse naquela noite, ele e Draco seriam assassinados de qualquer forma.
-Mas mesmo assim o seu plano deu errado, Albus. - A voz fria de Snape foi ouvida. - De nada adiantou o seu sacrifício. Draco está morto e agora eu estou jurado de morte entre os comensais.
Harry olhou para Snape com um misto de asco e surpresa.
-Isso é um absurdo! - Harry começou a balbuciar para si mesmo.
-Um absurdo porque, Potter? - Snape desdenhou. - Era simplesmente fácil acreditar que o ‘Ranhoso do Snape’ era um traidor nojento, não? Era o que parecia mais óbvio, não é? Era mais fácil acreditar que eu estava me aproveitando da confiança que Albus depositou em mim... - Agora o tom de voz de Snape era quase histérico. - E você acha que eu me orgulho disso? Você acha que eu me sinto feliz por ter assassinado a única pessoa que confiou em mim de verdade, que me deu uma chance?!
Harry sentiu a sua varinha tremer em sua mão, tamanho era o seu espanto. Olhou ao redor e viu que Lupin e Tonks exibiam expressões tão estupefatas quanto a dele.
-E agora? - Tonks pigarreou, piscando várias vezes. - Digo, ele é um procurado do Ministério. Por mais que ele tenha matado o Profº Dumbledore seguindo uma ordem dele, ainda assim ele cometeu assassinato. Eu nunca vi nada parecido na vida...
-Minha cara Nymphadora, eu creio que agora vocês terão que manter Severus oculto por um tempo. - Dumbledore olhou condescendente para a bruxa e depois para Snape. - Vocês sabem, Severus pode ser de grande ajuda no futuro. Agora ele não precisa mais usar o seu disfarce...
No interior de Harry, uma dura batalha era travada. Por um lado, o seu ódio por Snape predominava, ao se recordar das rixas e dos desentendimentos que ocorreram entre os dois durante anos, o rancor que havia entre eles. Por outro lado, havia aquela nova versão dos fatos. Apesar de ser a versão de Dumbledore, ele custava a acreditar. Era mais fácil acreditar que o quadro de Dumbledore havia sido atingido por um feitiço de confusão...
O rapaz já havia ouvido o suficiente para uma noite. Saiu a passos largos do aposento, deixando Lupin e Tonks totalmente confusos. Quando o rapaz abriu a porta que dava para o corredor, deu de cara com Morrigan, que parecia mais séria e sombria do que o normal.
-Severus está aí dentro? - Ela perguntou, olhando por cima do ombro do rapaz.
Harry assentiu, sem falar nada.
Quando Morrigan pensou em perguntar alguma coisa, viu que o rapaz já estava saindo a passos largos dali e que já estava descendo as escadas para os andares inferiores.
A Sacerdotisa entrou no aposento, varrendo o local com os olhos na tentativa de encontrar Snape. Abriu um sorriso ao vê-lo sentado numa poltrona, o rosto escondido entre as mãos.
-Nympha, é melhor irmos. - Lupin falou, parecendo atordoado. - Vou mandar uma mensagem para os outros membros da Ordem. Precisamos discutir essa questão...
A Auror concordou.
-A gente pode deixar ela aí mesmo, né? - Indicou Morrigan com a cabeça. - Acho que depois de tudo o que a gente ouviu, não vai ter problema algum...
Lupin e Tonks saíram abraçados, deixando Morrigan e Snape sozinhos no aposento.
A Sacerdotisa sentou-se no braço da poltrona onde Snape estava e tocou o ombro dele de leve.
-Severus? - Ela o chamou baixinho.
O bruxo levantou a cabeça, tendo uma expressão impassível em seu rosto. Encarou Morrigan nos olhos por alguns segundos, antes de puxá-la para um abraço.
-Então essa é a jovem notável que tem feito tantas mudanças em você, Severus?
Morrigan se assustou ao ver que o quadro estava falando com eles.
O olhar de Snape ainda estava carregado de amargura, mas era notável o brilho diferente que começava a se acender neles.
-Não vou importuná-los por mais tempo. - Albus sorriu ternamente. - Fico feliz por você, Severus.
E Dumbledore começou a se movimentar pelas molduras dos quadros, até que tivesse saído daquele aposento, deixando o casal sozinho.
-Como você está? - Ele perguntou, quando se desvencilhou dos braços dela.
-Fisicamente bem. Não é qualquer coisa que vai me derrubar tão fácil. - Ela sorriu. - E você?
Snape deu de ombros.
-Bem, além de ser um foragido da justiça, eu estou jurado de morte entre os servos do Lorde das Trevas. - Ele falou tranqüilamente. - Mas estou pouco ligando para isso...
Os dois não precisavam de muitas palavras para se comunicar. Morrigan sabia que só o fato de terem sobrevivido e estarem juntos naquele momento, era um grande alívio.
Snape tocou a barriga da Sacerdotisa com cuidado e a encarou nos olhos.
-Aquilo que sua irmã disse é verdade? - Snape parecia atordoado. - Sobre filhos...
Morrigan começou a rir, ao ver que um leve tom rosado se espalhou na face do homem.
-Não, Severus, não tem nenhum bebê aqui. - Ela falou, ainda risonha. - Eu não conseguiria manter uma criança em meu ventre depois das coisas que aconteceram quando estive nas mãos dos comensais.
-Certo. - Ele resmungou, parecendo aliviado. - Seria uma grande piada alguém como eu tendo filhos.
-Apesar de que... - ela lançou um olhar de esguelha para Snape. - Eriu disse que eu teria filhos, mas não disse quem seria o pai deles.
Snape estreitou os olhos e uma pequena ruguinha se formou entre as suas sobrancelhas.
-Então você pretende ter filhos com algum outro homem? - A voz deve era suave, mas com uma pontinha de deboche. - Pode ir em frente, eu não me importo com isso.
Morrigan sorriu e o calou com um beijo doce.
-E agora, como vão ser as coisas daqui em diante? - Ela perguntou, aninhando-se nos braços dele.
-Eu ainda não sei direito, mas provavelmente nós vamos continuar aqui. - Snape tocava o rosto de Morrigan de leve, com a ponta dos dedos.
-Bem, eu realmente não me importo de ficar por aqui. - A Sacerdotisa segurou o rosto de Snape entre as mãos, de modo que os dois se olhassem nos olhos. - Porque nada vai nos separar novamente, ouviu. Nada!
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E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.
Confusão era pouco para definir o que Harry sentia naquele momento. Ele passou os últimos meses culpando Snape pela morte de Dumbledore, tendo um motivo mais do que justo para verdadeiramente odiá-lo. E, quando ele finalmente tinha a chance de ter um acerto de contas com o seu ex-professor de Poções, ele toma conhecimento de fatos tão decisivos.
Era tudo muito louco, muito absurdo. Mas no fundo, Harry sabia que aquilo era o tipo de coisa que Dumbledore acabaria fazendo. Ele seria capaz de se sacrificar para manter Snape e Draco vivos.
O rapaz, perdido em suas próprias divagações, mal se dava conta de por onde estava caminhando. Ele simplesmente deixava suas pernas o guiarem, entrando e saindo de vários corredores, descendo lances e mais lances de escadas.
Ele entrou numa sala de leitura vazia e sentou-se em frente à lareira, onde chamas fracas crepitavam.
Estava disposto a passar a noite ali, pensando, quando ouviu novamente aquela voz rouca e tranqüila o chamando.
-Harry!
O rapaz olhou para cima e viu que havia um quadro pendurado acima da lareira e que Dumbledore estava lá.
-Eu imagino que você queira estar sozinho agora, mas eu gostaria de falar um pouquinho com você.
-Como o senhor me achou aqui?
-Ah, sim, a mocinha do quadro que fica neste corredor me informou isso. - Um sorriso divertido brotou nos lábios do velho mestre. - Mas eu fiquei preocupado com a sua reação ao saber o que aconteceu naquela fatídica noite.
-Profº, é difícil de aceitar aquilo. Snape, o senhor sabe...
-O Profº Snape, Harry. - Dumbledore replicou.
O rapaz fez um barulhinho de impaciência com a garganta.
-Você não acredita que Severus possa ser de certa forma inocente? - Albus disse. - Ele mostrou que é capaz de atitudes nobres, meu menino. Ele tem sentimentos, afinal de contas.
Harry ficou calado, observando as chamas crepitantes da lareira.
-Harry ouça algo que vou lhe dizer: as pessoas diferem, mas o amor é o mesmo sentimento para todos. - o rapaz parecia cético quanto à essa afirmação. - Assim como você encontrou o seu amor na Srta. Weasley, Severus encontrou o seu naquela jovem admirável. Se ele é capaz de amar alguém, não pode ser digno de uma chance?
-Me desculpe, profº, mas é difícil aceitar que o Snape seja capaz de amar alguém, além dele próprio. Mas também não vou discutir mais esse assunto.
-Ótimo! - Albus parecia satisfeito. - Eu soube parcialmente um pouco das suas aventuras nesse meio tempo. Já sabe que caminho seguir daqui pra frente?
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer.
Harry parou para pensar por um tempo.
-Bem, eu pretendo ir atrás dos Horcruxes de Voldemort. Vou começar a procurar pistas... - e soltou um suspiro. - Apesar de não saber exatamente por onde começar...
-E Hogwarts?
-O que tem a escola? - Harry se desencostou do espaldar da poltrona.
-Você não pretende voltar à escola?
-Não. Eu já tomei a minha decisão e não pretendo voltar neste ano.
Os olhos do velho bruxo do quadro faiscaram por um momento e pareciam penetrar no coração de Harry. O engraçado era que ele era apenas uma pintura, uma mera impressão do que o bruxo fora em vida, mas ainda assim, aquele olhar tinha um grande poder.
-Eu gostaria que você voltasse à Hogwarts, Harry. O conhecimento é a sua maior arma e seria importante se você concluísse o seu ensino.
-Mas eu tenho que ir atrás dos fragmentos da alma de Voldemort. - Harry parecia decidido. - Como eu vou fazer isso, se estiver preso em Hogwarts?
-Do mesmo jeito de antes, companheiro.
Harry se sobressaltou, ao ouvir a voz de Rony atrás dele.
-Estar em Hogwarts nunca foi um empecilho para você resolver os seus mistérios. - Gina falou risonha, sentando-se ao lado do namorado.
-Do que vocês estão falando?
-Bem, Harry, o profº Dumbledore tem razão. - Hermione falou, sentou-se numa poltrona próxima, com Rony ao seu lado e prosseguiu. - Nós sabemos que é importante você encontrar os horcruxes e você sabe que nós estaremos ao seu lado para isso. Mas nós ainda precisamos nos preparar para isso, Harry. Você viu que nós escapamos por pouco nessa última batalha.
Não olhe para trás -
Apenas começamos.
-Mas nós nem sabemos se Hogwarts vai reabrir nesse ano. Tudo depende da decisão do Ministro e...
-Harry, você acha que o Ministério vai se opor se o “Escolhido” disser que vai voltar para a escola? - Gina argumentou. - Se você voltar à escola, as pessoas vão se sentir mais seguras com isso, afinal, você vai estar lá.
-Agora se você resolver sumir no mundo para caçar os fragmentos da alma de Voldemort, as pessoas podem pensar que você se acovardou...
Harry interrompeu Hermione.
-Eu estou pouco ligando para o que as pessoas pensam!
-Harry, ouça o que os seus amigos estão dizendo. - A voz rouca do ex-diretor foi ouvida. - De nada vale você sair pelo mundo para caçar Voldemort, se você não tiver uma preparação para isso. Além de que Minerva não irá se opor caso você precise sair da escola esporadicamente. E então, o que achas?
O rapaz apoiou o rosto entre as mãos, parecendo pensativo.
-Eu não sei... - A voz dele saiu abafada.
-Harry, pense nisso, cara! - Rony falou. - Eu sei que você quer voltar pra lá. É a nossa casa, amigão.
Harry encarou os amigos e a namorada e viu as expressões ansiosas que eles tinham no rosto. Sim, ele tinha vontade de retornar à Hogwarts, mas ele também tinha uma missão pela frente. Pareciam ser dois caminhos que levavam à direções opostas, sendo que na verdade, um era complementar ao outro.
Ele sabia que os seus amigos o seguiriam para onde quer que ele fosse, apesar dessa não ser a sua vontade, pois queria que eles ficassem em segurança. Mas no fundo, sabia que eles desejavam voltar à Hogwarts, assim como ele.
-Harry? - Gina o chamou baixinho. - Se você quiser não precisa responde agora, mas pelo menos diga que vai pensar na nossa proposta.
-Sim!
Harry respondeu simplesmente.
-Então você vai pensar na proposta? - Hermione parecia radiante.
-Não. - Ele se levantou e olhou para os três que estavam sentados. - O “sim” que dizer que eu vou voltar à Hogwarts.
Rony abriu um sorrisão e as garotas deram gritinhos de alegria. Os três ergueram-se de um pulo e abraçaram Harry.
-É isso, cara, nós vamos voltar pra casa e depois vamos arrumar um jeito de chutar o traseiro do cara de cobra. - Rony dava palmadinhas no ombro do amigo.
-Sim, nós vamos, Rony, nós vamos mesmo... - Harry não conseguia esconder o sorriso do rosto.
E os quatro ainda permaneceram por boa parte da noite ali, planejando o que iriam fazer a seguir, mas com o coração mais leve. Desde que eles permanecessem juntos, tudo seria mais fácil de enfrentar...
O mundo começa agora
Apenas começamos...
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