Revivendo o Passado



No dia seguinte, Harry acordara um pouco atrasado do que de costume. Ele se levantou do sofá e foi direto para o quarto de Hermione. Quando ele entrou, Hermione estava acordada. Ele se aproximou e perguntou:

-Está bem Mione?

-Sonhei uma coisa que não queria ter sonhado! – respondeu a garota

-O que você sonhou? – perguntou Harry, se sentando na beirada do leito da garota – Alguma coisa ruim?

-Sonhei com o dia que eu te falei que estava com anemia, se lembra? – perguntou Hermione – No trabalho, lá no Ministério?

Nesse momento, Harry se lembrou do dia como se tivesse acontecido um dia antes. Se lembrou da expressão da garota, de suas lágrimas e de seu desespero de não poder mais continuar a trabalhar...

“Harry estava na sua mesa de trabalho quando Hermione chegou perto dele. Ela se sentou na cadeira que havia em frente a do garoto e o olhou, fixamente. Harry levantou seu rosto, para olhar nos olhos de Hermione. Percebeu que a garota queria dizer algo, e, um segundo depois, Hermione disse:

-Harry, preciso falar com você! – a voz da garota estava trêmula, como se ela fosse chorar

-Pode falar Mione! – disse Harry, afastando seus pergaminhos e sua pena

-Tem que ser em particular, só nós dois! – disse Hermione

-Muito bem, vamos para a sala ali ao lado! – disse Harry, se levantando.

Hermione se levantou em seguida e seguiu o garoto. Quando entraram na pequena sala, Harry entrou e foi no canto. Hermione entrou em seguida, fechou a porta e a trancou. Harry perguntou:

-Nossa, é tão sério que precisa trancar a porta?

-Precisa Harry! – respondeu Hermione.

Uma imensa vontade de se jogar nos braços do garoto e desabafar, chorar tudo o que tinha que chorar invadiu Hermione, mas ela se segurou, e não fez isso, segurou suas lágrimas, olhou fixamente para Harry e disse:

-Harry, preciso te contar uma coisa, e é sério!

-Pode dizer Mione! – disse Harry

-Você se lembra que eu senti umas tonturas às vezes durante o expediente, sentia dores nos músculos, fiquei pálida de um dia para o outro e tudo mais? – perguntou Hermione

-Claro que me lembro! – disse Harry, já imaginando o que viria pela frente

-Bem, um dia, quando cheguei em casa, eu desmaiei! – disse a garota, tentando conter as lágrimas, mas seus olhos marejavam

-Ai meu Deus! – disse Harry – Foi ver o que era?

-Lembra que eu cheguei atrasada na semana passada? – perguntou Hermione

-Claro que me lembro! – disse Harry

-Eu fui ao médico, e descobri o que eu tenho! – disse Hermione

-E então, o que é? – perguntou Harry

-Eu estou com anemia! – respondeu Hermione, abaixando seu rosto, lágrimas começando a rolarem por seu rosto

-Mas, como? – perguntou Harry, incrédulo

-Eu estava com tanto trabalho que parei de me alimentar! – respondeu Hermione, tentando esconder suas lágrimas, mas não conseguindo

-Mione, você tem que se cuidar! – disse Harry – Senão, pode virar em coisa pior!

-Eu sei que pode, mas eu tenho que trabalhar! – disse Hermione, levantando seu rosto para Harry

-Mione, cada coisa tem a sua hora! – disse Harry

-Eu não posso parar de trabalhar, não posso! – disse Hermione

-Se você não se alimentar, aí que você vai ter que parar! – disse Harry, uma lágrima escorrendo de seus olhos

-Eu não quero morrer! – disse Hermione, finalmente, se jogando nos braços de Harry

-Mione... – disse Harry, abraçando fortemente a garota, não deixando nem um milímetro de distância, lágrimas escorrendo de seus olhos.

E os dois ficaram ali, abraçados, com medo de se separarem. Hermione chorava de medo de não trabalhar e no que uma simples anemia podia se transformar. Harry chorava de medo de perder Hermione, e a mesma coisa que ela, no resultado gerado a partir de uma anemia. Nesse momento, Harry e Hermione se esqueceram de tudo e de todos, só queriam pensar naquele momento. Um momento que transmitia força e coragem, um para o outro. Se esqueceram do trabalho, do lugar de onde estavam, se esqueceram que o mundo existia, apenas para pensarem naquele momento. Se um se separasse do outro para sempre, eles não iriam saber mais viver.”

-Mione, não é bom ficar votando no passado! – disse Harry, voltando ao presente

-Mas fazer o que? – perguntou Hermione – Eu fiquei pensando ontem no que você me disse, e acabei sonhando com esse dia! Você tinha razão, eu devia ter voltado a me alimentar, mas não, eu sou teimosa! Eu merecia isso mesmo!

-Não Mione, não fale isso! – disse Harry – Você não merecia nada! Você não merecia nada disso que você está passando agora!

Nesse momento, a porta se abre e por ela, entra César. Ele não estava com uma cara muito animada. Quando isso acontecia, coisa boa que não era.

-César, eu não gosto quando você me olha com essa cara! – disse Hermione

-É Hermione, eu não tenho boas notícias! – disse César

-O que é? – perguntou Hermione – Está confirmado? Eu vou morrer?

-Não Hermione, não é nada disso! – disse César

-O que é então? – perguntou Hermione

-Bem, o tratamento está indo muito bem, mas... – César deu uma pausa e continuou – Não sabemos se irá gerar algum resultado, e, provavelmente, você irá precisar de um transplante de medula!

-Não! – disse Hermione, levando sua mão à cabeça – Não, não é possível! Eu vou morrer!

-Não Hermione, você não vai morrer! – disse César

-Mas é muito difícil de achar uma medula compatível, o senhor mesmo disse! – disse Hermione, lágrimas começando a rolarem por seu rosto

-Sua mãe me disse que você leu um caso do melhor amigo que salvou a vida da garota que tinha a mesma doença! Quem sabe você não tem a mesma sorte? – perguntou César, olhando diretamente para Harry – Você tem que ter esperança, e não pensar negativo!

-Meu primo já me disse isso! – disse Hermione – Mas eu não tenho mais esperanças!

-Hermione, pare com isso! – disse César – Você é forte, vai agüentar até o final!

-É Mione! – disse Harry – Eu sei que por detrás dessa garotinha tímida, tem uma garota forte e decidida!

Hermione corou e abaixou sua cabeça. Finalmente, o sorriso que à dias não aparecia na face da garota apareceu. Harry levou sua mão até o rosto dela e disse:

-Assim que eu gosto de ver!

Hermione tocou a mão de Harry. Nesse momento, César pigarreou e disse:

-Se vocês quiserem que eu saia do quarto, eu saio, sem problemas!

-Não, não precisa! – disse Hermione, voltando a realidade.

Nesse momento, a porta se abre e entram Sra. Granger e Henri. Hermione perguntou:

-Cadê o meu pai?

-Foi tomar um lanche, disse que depois vem te ver! – respondeu Sra. Granger

-Eu estava falando aqui com a Hermione que provavelmente, ela terá que fazer um transplante de medula! – disse César

-Transplante? – perguntou Henri – Para que um transplante?

-Tem indícios de que o tratamento não fará efeito dessa vez! – respondeu César

-Eu vou amanhã mesmo fazer o exame de sangue para ver se sou compatível com minha priminha! – disse Henri.

Hermione sorriu. Henri foi até a prima e deu-lhe um beijo na testa. Eles ficaram se olhando por um tempo. Depois de algumas horas, Tereza, como sempre, levara um suco para Hermione e a ajudava a tomar banho. Todos saíram do quarto. Lá fora, Harry e Henri conversavam.

-Será que eu vou conseguir salvar minha prima? – perguntou Henri

-Não sei, as chances são poucas! – disse Harry

-Se não for eu essa pessoa, quem será ela? – perguntou Henri.

Harry tinha a mesma dúvida, mas ainda tinha esperanças de que Hermione poderia ter a mesma sorte da garota de que ela contava a história. E, quem sabe ela não tinha mesmo essa chance?

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.