Único



Do Jeito Mais Fácil
Fic por Mione Granger Weasley

Largo Grimmauld, número doze. Harry, Ron e Hermione estavam sentados na sala de estar da escura casa. Ron e Hermione observavam Harry cuidadosamente. Ele, por sua vez, observava a porta por onde Gina havia acabado de sair, após os ter informado de que iria dormir, parecendo completamente absorto em seus próprios pensamentos. Ron lançou a Hermione um olhar de esguelha, que ela retribuiu. Harry suspirou profundamente, ainda encarando a porta.
"Vou dormir também." anunciou ele, se levantando e parecendo mais cansado do que nunca. "Boa noite, Ron, Hermione..." ele disse. Nenhum dos dois respondeu imediatamente.
"Harry, você está bem?" indagou Hermione, observando o amigo. Mas ela nem precisava ter perguntado. Ela sabia que ele não estava. Como poderia estar? Depois de tudo o que acontecera no ano anterior? Depois de tudo que estava acontecendo?
Harry se virou para os dois e torceu a boca numa tentativa de um sorriso mal-sucedida. Ele não respondeu. Se dissesse que estava seria uma mentira. Mas ele não estava com vontade de discutir os motivos dele não estar bem naquele momento. Então ele simplesmente encolheu os ombros e saiu da sala pela porta.
Desta vez quem ficou encarando a porta foram Ron e Hermione, absortos em seus próprios pensamentos. Após um momento, os dois trocaram um olhar. Hermione suspirou, olhando para baixo.
"Ele não está bem." disse ela.
"Eu sei." respondeu Ron, voltando a encarar a porta. Ficaram em silêncio por alguns momentos. "Como poderia estar?" continuou Ron, com voz baixa. "Com tudo o que está acontecendo?"
Hermione sentiu uma espécie de alívio ao ouvir os próprios pensamentos expressos em palavras da boca de outra pessoa.
"Eu sei," disse a garota. "Às vezes eu acho que... que ele talvez nunca volte a ser o mesmo..."
Ron tremeu. "Talvez um dia." disse ele, com voz fraca. Quando ele pensava em tudo o que já acontecera com seu melhor amigo, sentia arrepios. Voldemort, os pais, Cedrico, Sirius, a Profecia, Dumbledore, Horcruxes... E pensar que ele brigara com Harry no quarto ano por ter inveja dele. Isto parecia estar tão longe agora... parecia que acontecera há séculos. Tanta coisa ocorrera desde então, e Ron amadurecera. Percebera que Harry precisava dele mais do que nunca. Dele e de Hermione.
Hermione... Ao pensar nela outro arrepio lhe percorreu a espinha. Por um motivo completamente diferente.
Ele pulou de leve quando ouviu a voz dela perguntar "Você está ok, Ron?", tirando-o de seus devaneios. Ron observou o rosto que conhecia tão bem fazia anos.
"Estou." respondeu ele. "Estava só pensando."
"Em quê?" perguntou Hermione. A pergunta parecia boba, de repente.
"Em tudo." respondeu Ron, encarando-a fundo nos olhos. Há séculos que percebera o que estava acontecendo entre eles. A tensão entre eles era palpável cada vez que eles se olhavam nos olhos. Era como se um fio elétrico passasse por eles cada vez que se encaravam. E o pior: era inevitável. Era realmente inevitável. E incrivelmente maravilhoso. Ele já vinha sentindo algo a mais por ela desde que tinha treze anos. Ron bem que tentou se dizer que era apenas um sentimento de irmão. Mas quando ele pensava que Vítor Krum ou outro qualquer pudesse sentir aquele “sentimento de irmão” por ela, Ron simplesmente morria de ciúmes. Pelo menos ele admitira para si mesmo que eram ciúmes. Sim. Admitira para si mesmo. Mas como admitir para ela? Por que tinha que ser tão difícil assim? Por que ele tinha que sentir aquelas reviradas no estômago toda vez que ela o tocava ou o encarava nos olhos? Por que eles não podiam simplesmente... pararem de ser tão... eles mesmos? Serem apenas amigos que gostam um do outro como amigos? Ron achava que este era o jeito mais fácil. Mas às vezes os jeitos mais fáceis não são os jeitos certos. Às vezes os jeitos mais fáceis não são os que realmente queremos.
“Ron, tem certeza de que está bem? Você parece tão distante...” A voz de Hermione o despertou de seus pensamentos mais uma vez.
“Sim, sim, eu... Me desculpe. Eu estava simplesmente me perguntando...” começou ele. O que ele ia dizer? Ele não podia dizer algo tão óbvio. Não. Não podia perguntar na lata se ela também gostava dele. Ron, de alguma maneira, sabia a verdade. Lá no fundinho, sabia que ela sentia o mesmo. Mas de alguma maneira, meio que não acreditava. Ele só iria acreditar quando ouvisse da boca dela. Mas ele não sabia se conseguiria perguntar. Teria de ser algo sutil.
“Sim?” fez Hermione.
“Eu estava apenas me perguntando se... se o jeito mais fácil de fazermos algo realmente é o jeito certo.” Hermione franziu a testa ao ouvir a frase de Ron. Ela não sabia se entendera ou não. “O que você acha?” perguntou Ron. Hermione, uma vez na vida, não sabia exatamente o que responder. Ela poderia responder qualquer coisa, realmente, mas parecia que... Era estranho, mas ela tinha a impressão de que havia algo mais por trás daquela pergunta. Ela não sabia com certeza o que era, mas podia dizer que havia algo. Hermione encarou aqueles olhos azuis que a deixavam tão perdida nos últimos anos. Havia algo. Sim. Com certeza havia algo. Havia algo acontecendo entre eles nos últimos anos. E meio que explodira no ano passado. Hermione desistira de tentar esconder e passara a tentar fazer Ron entender o que ela sentia. Ela não conseguiu controlar-se, e demonstrou que tinha ciúmes abertamente, ao ver Ron com Lilá. Ela ficou profundamente magoada, porque percebera há tempos e sabia, lá no fundo, embora fosse duro admitir para si mesma, que Ron também sentia algo diferente de amizade por ela. E ela não entendera porque ele fizera aquilo se gostava dela. Gina tentara lhe explicar. Contara que ela ficara brava e discutira com Ron, e acabara o humilhando, dizendo que ele nunca havia beijado ninguém, e que era por isso que ele tinha agarrado a primeira que se ofereceu. Mas então porque, pensara Hermione, porque ele simplesmente não veio ficar com ela então? Gina lhe dissera que o orgulho de garotos era algo extremamente sensível, e que explode a qualquer momento. E que era realmente mais fácil ficar com uma garota que ele mal conhecia para provar que podia ser um namorador quando queria do que se declarar para a melhor amiga, de quem gostava fazia tempo.
“Hermione?” falou Ron, com as orelhas vermelhas. Hermione percebeu com um pulo no estômago que o estivera observando.
“Ah,” fez ela, sem jeito. “Desculpe. Eu estava só...”
“Pensando.” falou Ron, com um leve sorriso. Hermione sentiu o estômago pular de novo. Ela amaldiçoou o frango que havia comido no jantar, mesmo sabendo que não tinha nada a ver com isso.

It´s hard for me to say the things
I want to say sometimes


“E então?” insistiu Ron, novamente com aquele ar profundo. “O que você acha?” A garota o encarou. Ele estava sendo profundo. Então ela podia ser também.
“Bem,” começou ela, com voz baixa, o encarando intensamente. “Eu acho que embora alguns caminhos sejam mais fáceis de se tomarem... não são o caminho certo. Nem o caminho que realmente queremos.”
Ron piscou para ela. Percebeu que o mesmo tom de voz intenso que ele usara para fazer a pergunta a Hermione, ela usara para responder. O que significava que... que ela realmente... gostava dele? Mas ele tinha que ter certeza. Ele tinha que ter certeza.
“Hermione,” começou Ron. Mas ela se levantou rapidamente.
“B-Boa n-noite, Ron,” falou a garota. “Preciso ir dormir, estou muito... muito cansada.”
Ron se ergueu de um salto. Ela não podia sair agora. Não agora quando ele estava prestes a... ter certeza.
Hermione se virara de costas para ele e começara a andar para fora da sala rapidamente. Ron deu alguns passos e segurou o braço dela, virando-a para encará-lo.
“Hermione...”disse Ron, novamente, absolutamente rouco, agora. Mas ele não conseguiu continuar. Ele ainda estava segurando o braço dela. Ron podia jurar que ouvira Hermione ofegar. Ela retribuiu o olhar dele com a mesma intensidade, mas tentou soltar o braço.
“Ron, eu...” falou ela. Mas ela também não pôde continuar. Era assim que vinha sendo. Olhares intensos. Tensão palpável. Aquela maldita sensação de desconforto, como se estivesse faltando algo. De fato, estava. Ambos sabiam disto.

There´s no one here but you and me
And that broken old street light
Lock the doors
Leave the world outside


Ela iria fugir. Ron sabia. Ela ia fugir. Era o jeito mais fácil. Mas ele precisava ao menos deixá-la saber.
Hermione engoliu em seco e respirou fundo, contraindo seus ombros. Ron apertou de leve o braço dela, como se estivesse dando um sinal. E ele estava.

All I´ve got to give to you
Are these five words when I


Hermione descontraiu os ombros e piscou. O jeito com que ele a olhava... era mais reconfortante do que tudo. Ela podia simplesmente se atirar no pescoço dele e abraçá-lo e beijá-lo até não poder mais.

Thank you for loving me
For being my eyes
When I couldn´t see
For parting my lips
When I couldn´t breathe
Thank you for loving me


Mas ela não conseguia se mexer direito. Ela apenas o encarou de volta e fez do jeito que era mais fácil.
Hermione soltou o braço dele e foi se afastando, respirando irregularmente, incapaz de tirar os olhos dele. Ela se obrigou a correr para o seu quarto, deixando Ron ali.
Ron sentira um certo alívio e desapontamento ao mesmo tempo, ao vê-la se afastar. Não sabia o que faria se ela continuasse ali. Ele talvez fizesse uma besteira. Como beijá-la. Ou dizer a ela que a amava. A amava? Sim. E como amava. Mas ela obviamente não queria ser mais do que amigo dele se ela fugira daquele jeito. Ao menos ele dera um sinal. E ela não era burra. Ron sabia que ela entendera. Ele sabia que ela estava assustada, como ele, com tudo aquilo. Se ao menos não fosse tão forte...
Ele suspirou e caminhou lentamente para o quarto que dividia com Harry.
Ron entrou e viu que o amigo estava deitado já de pijamas, olhando para cima. Harry desviou os olhos do teto para olhar para o ruivo.
“Tudo bem com você?” perguntou Harry preocupado, após examinar o rosto um tanto depressivo de Ron. Ele encarou Harry e riu tristemente.
“Eu é que deveria estar fazendo essa pergunta, sabe...” Ron se deitou na cama, cansado.
“Você já sabe a minha resposta.” falou Harry, impaciente. “Estou perguntando a VOCÊ. O que aconteceu?” Ron não respondeu e olhou para baixo. Como ele poderia contar? “Brigou com Hermione de novo?” perguntou Harry, soando um pouco cansado. Ron ergueu os olhos para o amigo.
“Não.” respondeu sinceramente.
“Mas tem algo a ver com ela.” concluiu Harry, sabiamente. Ron sorriu um pouco. “O que aconteceu?” perguntou Harry, parecendo agora um pouquinho mais animado.
“N-Nada de mais...” falou Ron, corando ligeiramente. Ele se amaldiçoou. Nada demais realmente acontecera. Ele nem a beijara nem nada, então porque ele tinha que ficar vermelho? ‘Que droga,’ pensou Ron. Ele nunca falara sobre o que sentia por Hermione com Harry. Mesmo que ele achasse que não era necessário, pois tinha a vaga impressão de que o amigo já sabia.
“Ah sim,” falou Harry, tentando soar bravo mas com um tom ligeirmente divertido na voz. “Me engana que eu gosto. Eu te deixei lá sozinho com ela e você volta com essa expressão misturando alívio e desespero e espera que eu acredite que não aconteceu ‘nada demais’?”
Ron levantou as sobrancelhas e se ergueu um pouco da cama para encarar o amigo.
“Desde quando você tem sido tão observador?” perguntou o ruivo, espantado.
“Ron, eu posso ser míope, mas não sou cego.” falou Harry, balançando os óculos. “Eu sei.” Ele disse, de um jeito que confirmou as suspeitas de Ron. Então ele realmente sabia. Bom, não era de todo ruim, pensou Ron. Harry sabia sem ele ter precisado contar. “Ron, está tudo bem se você não quiser falar sobre isso.” continuou Harry. “Mas eu estou aqui. Pode me contar o que quiser sobre Hermione, você sabe que eu não vou rir.” Ron o encarou. Ele reconheceu na voz de Harry, mais uma vez, a lealdade de um verdadeiro amigo.
“Obrigado, Harry.” falou Ron, sorrindo de leve.
“E você sabe que ela também não vai rir quando você a contar.” Ron reparou que Harry não disse ‘SE você a contar’. Ele disse ‘QUANDO você a contar’. Ele realmente esperava que os dois amigos se acertassem.
“Não é essa a questão,” falou Ron, baixo. “Eu sei que ela não riria...” Ele engoliu em seco. A lembrança dos momentos anteriores com Hermione o fizeram ficar nervoso novamente.
“Que bom que sabe,” disse Harry, um tanto severo. “Então conte a ela.”
“Não é tão fácil assim, ok!” falou Ron, um pouco aborrecido, se sentando na cama. “Não é fácil dizer pra sua melhor amiga que você está---” Ron parou no meio da frase.
“Apaixonado por ela?” terminou Harry, dando um raro sorriso. Ron encarou o amigo.
“É.” disse ele, tão baixo que nem ele se escutou direito. Ron se deitou na cama de novo. Harry suspirou.
“Ron, estou falando sério, você tem que se acertar com ela, e---”
“Não é fácil, eu já disse!” falou Ron. “Você acha que eu não tentei lá embaixo? Mas é difícil, tá legal! Eu não consegui dizer nada, eu só conseguia falar ‘Hermione...’, e ela disse que ia dormir de repente, e eu segurei o braço dela, o apertei e a encarei, esperando que ela entendesse, e ela ficou me olhando então fugiu!”
“Fugiu?”
“É! Saiu correndo pro quarto dela!” explicou Ron, exasperado.
“E por que você não foi atrás dela?” sugeriu Harry, um tanto cauteloso.
“Pra ela ficar fugindo de mim de novo?” fez Ron. Ele suspirou. “Eu tentei, Harry. Eu dei um sinal pra ela. E ela fugiu. Ela só quer ser minha amiga.” Ron olhou para baixo. “Ela quer o jeito mais fácil.”
“Será?” perguntou Harry. Ron ergueu os olhos. “Ron, ela não quer só um sinal. Ela quer que você diga a ela. Ela deve estar assustada com isso tudo.”
“Eu sei...” disse Ron, melancólico. “Eu também estou.”
“Pode ser!” começou Harry, deixando o tom cauteloso de lado e se tornando um pouco ríspido agora. “Não deixa ela escapar, Ron!” Harry então respirou fundo. “Olha,” começou ele, mais calmo. “Eu não posso ficar com Gina.” Ron encarou o amigo. Ele parecia extremamente cansado outra vez. “Não posso ficar com quem eu amo. Mas você pode.” Ron olhou para o teto. “Pense nisso.” disse Harry. Ele sorriu um pouco para o ruivo e então se virou de lado, preparando-se para dormir. Ron fechou os olhos. Ele realmente não sabia o que fazer. Para Harry era fácil izer ‘vá lá e se acerte com ela’. Não era ele quem amava a melhor amiga. Não era ele que teria de pôr em risco uma amizade de sete anos. Certo, Harry também era amigo de Gina, mas não era a mesma coisa. Entre Ron e Hermione, a amizade era muito mais profunda. Muito mais intensa. Com muito mais riscos.
Ron queria ficar com Hermione. Queria muito. Mas ele sabia que isso complicaria tudo. Ele não queria estragar a amizade dos dois. Mas então... por que ele apertara o braço dela, mais cedo? Ele quisera dar um sinal. E ela entendera, caso contrário não teria o olhado do jeito que o olhou. Ron sentiu borboletas em seu estômago. Ela entendera. Ele dera um sinal. Ele praticamente dissera ‘eu amo você’ com os olhos.

I never knew I had a dream
Until that dream was you
When I look into your eyes
The sky´s a different blue
Cross my heart
I wear no disguise
If I tried, you´d make believe
That you believed my lies


Ron pulou da cama depressa. Não adiantava mais tentar fingir que nada tinha acontecido ou estava acontecendo. A amizade deles? Já estava diferente fazia tempo. Eles ainda tinham boas conversas, mas e aqueles olhares? E aquele fio de choque que passava entre eles? E aquela tensão toda?
Ron se encaminhou para a porta ele abriu a maçaneta tentando não acordar Harry, mas nem precisava ter feito isso. Ele não tinha dormido. Quando Ron estava prestes a fechar a porta do lado de fora do quarto, ouviu a voz um tanto animada de Harry dizer “Não se esqueça de vir me contar depois, viu.” Ron sorriu consigo mesmo, mas enquanto caminhava, o sorriso desapareceu. A idéia de que estava indo bater na porta do quarto de Hermione para dizer em alto e bom som o que sentia em relação a ela faziam anos o estava deixando receoso. E se ele estivesse enganado, e ela nunca tivesse gostado dele? E se ele simplesmente tivesse alimentado falsas esperanças? E se ela risse da cara dele? Não. Isso ela não faria. Não faria nunca. Ela era Hermione. E por isso que Ron tinha que lhe dizer como se sentia.
Ele não sabia o que ia fazer, o que ia dizer, quando abrisse a porta do quarto dela e a encontrasse provavelmente deitada em sua cama – acordada, ele esperava – olhando para o teto. Mas ele nem teve tempo de pensar.
O corredor estava escuro. Ele estava caminhando depressa. Ron sentiu um corpo quente se chocar contra o seu com um baque surdo e um “Ooof!”. Ele conhecia aquela voz bem demais. Ele nem precisava de que estivesse claro para adivinhar quem era. Ela caiu no chão. Entorpecido pelo súbito encontro, Ron se abaixou para ajudá-la a se levantar. No momento em que a mão dele se fechou sobre a dela, ele sentiu aquele choque que só Hermione podia fazer ele sentir.

You pick me up when I fall down
You ring the bell before they count me out
If I was drowning you would part the sea
And risk your own life to rescue me


A garota se levantou, sem desviar os olhos dele.
“O que você está fazendo aqui?” perguntou Ron, rouco, perdendo-se nos olhos dela, iluminados puramente pela luz da lua que entrava por uma janela da sala e esquecendo-se por um momento do que viera fazer.
“Eu...” começou Hermione. Ela corou de leve. “Eu... eu estava procurando você. Eu... eu ia pedir... eu queria pedir desculpas por... você sabe...” Ela corou mais. “Por ter saído correndo daquele jeito antes... eu não queria... é que eu... eu só...” Ela não conseguiu falar mais.
“Eu sei.” falou Ron. Ele ainda estava segurando a mão dela. Ron suspirou um pouco e então apertou a mão dela.
“Ron?” ofegou Hermione, respirando muito rápido. Ron simplesmente a encarou. Ele não conseguia pensar em mais nada. Ele não conseguia tirar os olhos dela por nenhum segundo. E nem ela dele. “Eu...” começou ela. “Eu...”
Ron ergueu a mão e colocou sobre o rosto dela. Ele acariciou a bochecha de Hermione muito lentamente, como se quisesse aproveitar cada momento daquilo.

Lock the doors
Leave the world outside
All I´ve got to give to you
Are these five words when I


Ron viu o lábio inferior de Hermione tremer. Ela colocou sua mão encima da de Ron. Ela tinha que parar. Ela sentiu a mão de Ron deslizar de sua bochecha para a parte de trás de seu pescoço, e sentiu que ele puxava seu rosto para perto delicadamente. Eles não podiam continuar, ia piorar tudo, eles nunca mais iriam ser os mesmos se continuassem. Ela tinha que parar. Mas ela não queria parar.
Ela sentia a respiração irregular de Ron cada vez mais próxima. Seu coração estava prestes a explodir.
Ron colocou seus braços ao redor da cintura dela, sentindo ao mesmo tempo medo e anseio. Ele sentia seu coração bater muito rápido, e achou que ela pudesse escutar as batidas. Hermione fechou seus olhos num gesto desesperado, desejando ao mesmo tempo que algo os interrompesse e que ficassem ali para sempre.
Ron, com um espasmo de alegria, sentiu seus lábios roçarem os dela.
E então ela colocou as mãos no peito dele e o afastou suavemente. Hermione ficou olhando para o chão. Ron sacudiu a cabeça levemente, como se quisesse se livrar de alguma hipnose.
“Nós não...” começou Hermione. Ela sentia quase como se estivesse quebrando um combinado invisível entre eles. Nunca haviam falado nisso. Mas havia chegado a hora. Era preciso conversar. “Nós... Ron... não... não podemos... nós... eu e você... poderíamos estragar... seria completamente...”
“Eu... eu sei.” falou Ron, rouco. Hermione não conseguiu falar mais. Pensar naquilo era uma coisa. Dizer em voz alta era outra. A realidade da frase a atingiu. Ela sentiu o lábio tremer e sentiu os olhos umedecerem. Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto dela sem permissão. Ela escondeu o rosto nas mãos. Porque tudo tinha que ser tão difícil?
Ron a envolveu com seus braços, abraçando-a forte. Ele comprimiu os olhos também, com um bolo na garganta que o impedia de falar. Queria dizer que sabia, queria dizer que doía tanto não poder fazer nada, queria dizer que a amava, queria dizer que não se importava que estragassem a amizade, queria dizer que precisava dela. Mas não conseguiu. O bolo na garganta não deixou. Então ele simplesmente apertou o abraço.
Hermione se aconchegou nos braços dele, ainda com o rosto nas mãos. Apesar de tudo, ela se sentiu confortável ali, abraçada com Ron. Ela podia ficar assim para o resto da vida.

Thank you for loving me
For being my eyes
When I couldn´t see
For parting my lips
When I couldn´t breathe
Thank you for loving me


Só que ela não queria só assim. Ela queria mais. Ela sabia que ele também queria mais.
Ron acariciou o cabelo de Hermione. Eles quase tinham feito uma burrada. Quase tinham estragado a amizade para sempre. Mas... e aquele sentimento de dor no peito, como se faltasse alguma coisa? Como se não fosse o suficiente? Isso não deixava a situação entre os dois desconfortável também?
O que havia entre eles estava ficando cada vez maior do que o medo de estragar a amizade. E eles já eram bem crescidos para saberem separar as duas coisas. Ou juntá-las de modo que não prejudicasse nenhuma.
Ron precisava dela. E ela precisava dele.
E toda aquela coisa sobre o caminho mais fácil... isso talvez fosse besteira. Beijar Hermione não poderia de modo algum ser uma burrada. O que quase acontecera não fora em nenhum sentido algo ruim.
Ron segurou o cabelo dela. Ele colocou a mão no pescoço de Hermione, afastando-a um pouco para poder olhar para ela.
“Sabe o que é irônico?” perguntou Ron, rouco.
“O quê...” fez ela, fungando.
“O caminho mais fácil é o mais difícil de se tomar.” disse Ron. Hermione enrugou a testa curiosamente.
“Do que está falando?” perguntou a garota.
“De nós.” Começou Ron. Ela o encarou fundo nos olhos. “De termos de ser só amigos depois que eu fizer isso.”
E com o estômago positivamente dando cambalhotas consecutivas ele segurou o rosto de Hermione nas mãos, se inclinou e capturou delicadamente os lábios dela com sua boca.

Thank you for loving me
For being my eyes
When I couldn´t see


Ron entreabriu os lábios dela com os seus, enquanto enlaçava a cintura de Hermione. Ela bem que tentou mandar seu corpo obedecer seu cérebro, mas não funcionou. Simplesmente colocou as mãos no pescoço de Ron e o beijou de volta, com o coração a mil.

For parting my lips
When I couldn´t breathe
Thank you for loving me


Ron pressionou sua boca contra a de Hermione mais uma vez e segurou o rosto dela, afastando-a um pouco. Ele a olhou intensamente nos olhos. Hermione olhava para baixo.
“Hermione?” chamou Ron. Ela não respondeu. Ele ainda estava segurando a cintura dela e ela ainda permanecia com as mãos nos ombros de Ron. “Você está bem?” Ron se deu conta de que eles estavam se fazendo esta pergunta demais hoje. Ela ainda não havia respondido. Ron a apertou contra si, abraçando-a. Ele sentiu as mãos dela envolverem seu pescoço abraçando-o também, e balançou-a levemente de um lado para outro. Ficaram assim por um tempo.
“Ron...” falou ela, se afastando um pouquinho. “O que... o que vamos fazer? Ah, não devíamos ter... quero dizer, foi.... foi simplesmente...”
“Mágico.” falou Ron. Hermione deu um sorrisinho de leve.
“É,” falou ela, corando um pouco. O sorriso dela tremeu. “M-Mas e agora? O que... nós nunca mais... nós nunca mais vamos ser os mesmos amigos de antes, Ron...”
“Claro que não.” disse Ron, convicto. “Seremos ainda melhores.” Hermione o encarou. Ron segurou as mãos dela. “Olha, Hermione. Você sabe tão bem quanto eu. Nossa amizade já não é mais a mesma faz tempo.” Hermione fechou os olhos por um momento e então os abriu, olhando para o chão. “S-Sei que é difícil, mas temos que arcar com os fatos: n-nós... não podemos mais... não podemos mais continuar só amigos.” Hermione o encarou. “Eu não consigo mais ficar longe de você, Hermione. É insuportável. É impossível. Especialmente depois de hoje...”
“Bem, quem me beijou foi você!” falou Hermione, tentando parecer brava.
“Ah, vai me dizer que não gostou?!” retrucou o ruivo, com um sorrisinho safado no rosto.
“Você me pegou.” respondeu Hermione, olhando para baixo e corando.
“Mas é sério, Hermione.” falou Ron, após um momento. “Eu... preciso de você. Preciso.”
Os olhos de Hermione se encheram d’água e um sorriso iluminou o rosto dela. Ela o encarou. Pareceram séculos até que ela falou, com voz fraca.
“Eu amo você,” Hermione colocou seus braços ao redor do pescoço de Ron e o beijou, abraçando-o em seguida. Ron sentiu como se tirassem um peso enorme de seu coração. Ele se sentiu livre, feliz, como não se sentia fazia tempo. Ron apertou-a contra si, sentindo a alegria das palavras de Hermione atingirem seu peito.
“Eu amo você também. Demais.” falou Ron, acariciando o rosto dela e encarando seus olhos castanhos. Hermione abriu aquele sorriso de que Ron tanto gostava. Não era um sorriso nervoso, nem um sorriso alegre, nem um sorriso bobo. Era aquele sorriso. Que ela só dava para Ron e para ninguém mais. Aquele sorriso que era só dele.
Ron enlaçou Hermione mais uma vez pela cintura e a puxou para perto novamente, beijando-a. Os dois podiam sentir os sorrisos de ambos durante o beijo.
Não sabiam o que fariam agora. Não sabiam o futuro. Não sabiam como Harry ficaria, nem o que aconteceria. Mas sabiam que poderiam enfrentar tudo isto com mais força, porque agora os dois tinham certeza de que se amavam, e de que fariam tudo um pelo outro.
"Obrigado, Hermione." disse Ron, encostando sua testa na dela.
"Pelo quê?" perguntou a garota, incapaz de parar de sorrir e incapaz de desviar os olhos de Ron. O ruivo sorriu.
"Por me amar."

Thank you for loving me
When I couldn´t fly
Oh, you gave me wings
You parted my lips
When I couldn´t breathe
Thank you for loving me
Oh, for loving me.


N/A: Gostaram? Amei escrever!!! Meu coração batia com os deles enquanto eu digitava!! Comentem! Até uma próxima!! Mione G.W.

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