A Última Visita
A Última Visita
Prezados Alunos,
Informamos, por meio deste aviso que está sendo colocado em todas as Salas Comunais e Salões de maior acesso da Escola, que a terceira visita do ano letivo a Hogsmeade virá a se realizar em 20 de Fevereiro, às 8 horas da manhã. Os interessados que estejam acima do terceiro ano, fiquem em ordem na data e horário marcados.
Atenciosamente,
Minerva McGonagall
- Como este ano está passando rápido, não é? – indagou Hermione, jogando-se ao lado de Harry, Tracy e Ron no sofá, após ler o aviso.
- Sim – concordou Tracy -, já estamos no fim do ano, última visita a Hogsmeade...últimos jogos de Quadribol...
- Bem que poderia ser o último ano letivo também – comentou Ron.
Todos riram da piada do amigo.
- Poderia, mas não é – falou Hermione. – Infelizmente ainda temos os N.I.E.Ms pela frente! Muito o que estudar e praticar.
- Tinha que ser a estraga prazeres da Hermione para nos lembrar disso – resmungou Ron, brincando.
Hermione pareceu não ficar tão zangada como ficaria se aquelas palavras tivessem sido proferidas há algum tempo atrás.
- Tinha que ser o estraga prazeres do Ron para cortar meu barato – resmungou a garota em resposta, rindo baixinho.
Todos riram novamente, aconchegando-se mais junto ao sofá. Ron e Hermione trocaram um olhar cúmplice, não impedindo Harry e Tracy de notarem o acontecido.
- Harry – falou Tracy, lentamente – nós temos que combinar como vamos a Hogsmeade. Que horas, onde nos encontramos...
- Ahm? – Harry estranhou – Ah, claro. Que tal às sete e meia, aqui mesmo? Tudo bem para você?
- Tudo ótimo – respondeu a garota, com um leve sorriso ao ver o rosto de Ron e Hermione ao serem excluídos da conversa. – Combinado, então!
- Isso.
Ron e Hermione estavam rubros. Não dava para definir se era por que haviam sido pegos em “flagrante” ou por não estarem fazendo parte da conversa.
- E nós? Por que não pedem se podemos também? – indagou Ron, brincando, como quase sempre ultimamente.
- Oras, quem disse que vão conosco? – perguntou Tracy, praticamente às gargalhadas.
- Não estamos gostando da brincadeira – resmungou Hermione.
- Não é brincadeira – respondeu Harry, sério. – Só não queremos incomodar.
- Como assim incomodar? Nós sempre vamos juntos – argumentou Ron.
- Só que agora parecem que querem ir sozinhos – falou Tracy, ficando séria também. – E nós vamos respeitá-los.
Ron e Hermione entreolharam-se por uma terceira vez. Um parecia pedir, ou melhor, implorar ao outro por uma saída, que tanto precisavam para aquela situação inesperada.
- Neville! Gina! – gritou Harry, ao ver os dois amigos saindo do dormitório juntos.
Ao ouvirem o garoto os chamando, eles aproximaram-se dos quatro, sentando-se ao lado deles em duas poltronas.
- Que foi? – indagou a menina.
- Querem ir a Hogsmeade conosco? – convidou Harry.
Gina olhou para Neville, que concordou.
- Sim, nós vamos – respondeu Gina. – Faz tempo que não ficamos reunidos, não é? Desde as férias, tirando o Neville. Preciso mesmo conversar com Hermione, Tracy...
- Hermione não vai – falou Tracy.
- Como assim não vai? Que é que está acontecendo? – indagou a Weasley.
- Eu quis dizer que ela não vai conosco – explicou-se Tracy. – Ela vai com o seu irmão.
A garota virou rapidamente a cabeça para olhar os dois, tanto que ouviu-se um pequeno estralo vindo do pescoço dela. Ela massageava o pescoço enquanto observava Ron e Hermione perplexos, visivelmente sem saber o que falar e muito menos como agir.
- Não acredito – ela murmurou. – Vão dizer que se acertaram?
- Bem, Gina... – começou Hermione, mas foi interrompida por Tracy.
- Não exatamente – intrometeu-se Tracy. – Mas é um quase muito provável. Acredita, então, que faz tempo que ninguém presencia uma briga dos dois?
- Quanto tempo? – indagou Gina interessada, enquanto Ron e Hermione pareciam estar completamente impossibilitados de falar algo, ou agir.
- Alguns meses já – respondeu Tracy, parecendo tão empolgada quanto Gina. – Desde o episódio do esqui...
Tracy riu, Gina e Harry a acompanharam. Ron e Hermione ainda ficaram mais vermelhos, se é que isso era possível.
- Episódio do esqui? – estranhou Neville.
- Depois te conto, Nev – respondeu Gina.
Hermione pareceu recuperar os sentidos naquele momento e gritou, para todos que estavam na Sala Comunal ouvirem.
- NÃO! Gina, por favor, não faça isso – ela pediu.
Tracy encarou os olhos de Ron momentaneamente e, temendo que ele fosse ter um ataque e brigasse com Hermione novamente, disse:
- Eu e Hermione temos que subir – ela pegou num dos braços de Hermione e começou a ir em direção às escadas dos dormitórios com ela. – Estudar, sabe?
- Hm? Estudar, espere... – Hermione começou.
- É, estudar. Não vai me dizer que esqueceu? – ela indagou a Hermione, sugestiva, e depois para Ron, Harry, Gina e Neville: - Nos vemos mais tarde!
Logo que as duas se distanciaram dos demais, Hermione encarou Tracy.
- Por que me tirou de lá naquele momento? – indagou.
- Porque parecia que o Ron não havia gostado do seu “NÃO!” – falou ela.
- Mas e o que isto tem a ver? – ela indagou, novamente.
- Tem a ver que eu não quero mais que vocês briguem – falou Tracy. – Vocês estão se dando tão bem... e eu não queria também que Harry e Gina me degolassem por ajudar a estragar esta amizade tão bonita.
- Amizade? – Hermione perguntou, parecendo estar estranhando o termo.
- Pelo que eu saiba vocês ainda não tem nada – Tracy encarou a garota nos olhos, vendo que eles estavam ficando anormalmente grandes e repletos de lágrimas prestes a cair. – Mas isso só depende de você, e dele, Mione. Vai em frente, aproveita esta visita à Hogsmeade.
Uma lágrima escorreu rapidamente pelo rosto da garota. Ela, então, assentiu com a cabeça, tentando sorrir.
- Pode ser sua última chance... – Tracy completou, deixando uma nota de suspense no ar, pois Hermione não sentia-se forte o suficiente para perguntar o motivo daquele comentário.
- Tracy? – chamou Hermione.
- Que? – perguntou a amiga em resposta, enquanto calçava rapidamente um tênis.
- Hem, hem – Hermione pigarreou – eu gostaria de saber o que você acha sobre... sei lá, sobre como estou vestida.
- O quê? – indagou Tracy, levantando os olhos rapidamente para a garota.
Ela estava linda. Parecia, novamente, ter dedicado boa parte do seu tempo àquela produção. Vestia roupas trouxas comuns, mas o sorriso de insegurança que permanecia em seu rosto a deixava bela.
- Está muito bem, Mione – aprovou Tracy.
- Obrigada – respondeu ela. – Mas por que a surpresa?
- Hm? – Tracy sobressaltou-se mais uma vez – É que você não costuma perguntar se está bonita, mas sim para que eu teste seus conhecimentos sobre livros, deveres, assuntos em geral...
- Bem – Hermione riu –, hoje eu resolvi esquecer de tudo isso.
- Percebi – respondeu Tracy, dando um riso irônico. – Mas, fique tranqüila, Ron vai adorar.
Ela pareceu sem graça ao ouvir aquilo.
- É o que espero – falou, virando rapidamente para fitar as paredes.
Tracy terminou de se arrumar, o que ela fazia rápido, e, juntando alguns tostões em uma pequena polchete e colocando-os no bolso da calça, desceu as escadas junto com Hermione.
Chegando lá em baixo Ron e Harry já esperavam ambas, o ruivo com expressão preocupada e o moreno muito feliz.
- Harry, eu preciso falar com você – disse Tracy. – É urgente.
- A gente conversa em Hogsmeade – falou ele, dirigindo-se à porta de entrada da Sala Comunal.
- Desculpe, mas tem que ser aqui – ela insistiu.
- Se é assim, okay – disse Harry.
Tracy despediu-se de Ron e Hermione com as mãos, incentivando-os a irem em frente. Quando os dois saíram de lá, Harry encarou Tracy, com uma das sobrancelhas arqueada.
- Então?
- Vamos esperar Neville e Gina – falou ela.
- Você disse que tinha um assunto urgente para tratar comigo – Harry disse, encarando ainda mais profundamente a garota.
- Mas isso é um assunto urgente, nós combinamos com eles – argumentou Tracy.
Harry pareceu contrariado.
- Tenho a leve impressão de que não era esse o assunto – falou ele.
- Mas era – Tracy afirmou. – Olha, lá vem eles!
Neville e Gina desciam as escadas do dormitório e vieram ao encontro dos dois. Eles cumprimentaram-se e desceram até o Salão Principal conversando alegremente. Logo ao chegar lá, Tracy avistou Malfoy na fila. Quando liberado, este passou pela garota e cochichou ao seu ouvido:
- Não acredito – falou o garoto – A herdeira do mal, filha do Lorde das Trevas, andando com essa... ralé? Admita, é engraçado.
Tracy resolveu não deixar aquela ofensa barata.
- Só neste momento, meu bem. E você, que anda há seis anos com dois gorilas a tiracolo e com a... argh, Pansy.
- Você esqueceu da sua amiga, a Farway – ele falou, saindo do Salão entre risinhos debochados.
Alguns minutos na extensa fila depois, eles puderam pegar uma carruagem e seguir para Hogsmeade. Continuaram conversando alegremente por todo o percurso, despreocupados com o que os outros diriam dos fortes risos, dos escândalos... estavam felizes. Tracy só torcia para que Ron e Hermione também estivessem, não conseguia tirar ambos da cabeça.
Estava sendo, sem dúvida nenhuma, a melhor visita ao povoado. Harry estava super animado, brincando o tempo inteiro, e Gina também estava muito contente. Os dois riam e gritavam o tempo inteiro, incitando Tracy e Neville a fazerem o mesmo. As piadas pareciam não ter fim... Tracy, como poucas vezes, sentia-se normal. Acompanhava as gargalhadas e também fazia uma ou outra piada às vezes.
Quando voltavam do almoço no Três Vassouras eles encontraram algumas tiras de uma espécie de plástico estranho. Gina e Tracy tentavam esticá-lo e depois arrebentá-lo, provocando ainda mais risadas histéricas dos quatro. Uma ou outra vez tiveram que parar para respirar e acalmar-se.
Logo após, encontraram Ron e Hermione pelas estradas. Os viram ao longe, com grandes sorrisos no rosto.
- Parece que tudo deu certo – comentou Tracy com Harry, baixinho.
- Tenho certeza – disse Harry. – Oi!
Ron e Hermione responderam também, felizes.
- Como foi o passeio? – perguntou Tracy, seguindo o caminho.
- Bom – respondeu Hermione, animada. – Fizemos várias coisas, rimos muito... mas sentimos saudades de nossos amigos.
Hermione passou um dos braços pelos ombros de Tracy e a garota fez o mesmo na cintura da amiga.
- Nós vamos sentir muito mais saudades de vocês ainda – ela comentou.
- Como assim? – indagou Ron, ao perceber o sorriso irônico que Tracy tinha no rosto.
- Nada, deixe – a garota respondeu, soltando Hermione. – O que vamos fazer agora?
- Que tal ir naquele campo vazio, perto do riacho, mais a frente? – sugeriu Ron.
- Ótimo – disseram quase todos os outros ao mesmo tempo e eles dirigiram-se, felizes, ao local combinado.
- Tem certeza que não quer vir, Tracy? – indagou Harry, enquanto era acertado por uma bola de lama lançada por Ron.
Ela olhou para os garotos, a maioria cobertos de lama, e mostrou-se levemente enojada.
- Não, está tudo muito bom aqui – ela falou, rindo.
Ele voltou-se a se concentrar na “guerra” enquanto atirava mais e mais terra para todo os lados. Os cabelos de Gina nem apareciam mais, exceto por alguns fios muito dourados que se destacavam. Neville estava inerte ao chão, não conseguindo levantar sozinho. Era o mais sujo dos cinco.
Tracy negara participar daquela brincadeira desde o começo, pois saberia que o estado de suas roupas seriam os piores possíveis quando todos cansassem e resolvessem parar de uma vez. Hermione demorou para concordar com aquilo, mas entrou no jogo também após Neville ter tentado acertar Harry (que estava do outro lado do campo) e, ao invés, acertou a nuca da garota.
Já fazia um bom tempo que estavam naquilo. Tracy deixou de observar os pássaros por um tempo e voltou-se para eles. Todos sorriam, brincavam, caíam e gargalhavam. O sorriso e a felicidade foram rapidamente se esvaindo de seu corpo.
A visão deles ali, tão felizes, tão despreocupados, a atormentava. Ela pensava e repensava no que iria fazer... acabar com a vida de todos. Tirar a vida de Harry consequentemente destruiria a vida de seus colegas e de Gina. Abalaria a todos, os deixaria atordoados, sem rumo.
Uma lágrima escorreu pelo seu rosto lentamente. Não precisou se preocupar com os garotos, pois nenhum deles ousaria olhar para o lado naquele momento. E também, se olhassem, provavelmente não veriam as lágrimas pela distância que ela estava deles. Ela colocou as mãos sobre o rosto. Mais e mais lágrimas desciam, contornando o seu rosto rapidamente. Ela não conseguia entender de onde veio toda a tristeza que a dominou naqueles poucos minutos, onde ela sentiu-se o ser mais fraco do mundo.
- Tracy? – chamou-a uma voz.
A garota passou as mãos pelo rosto e virou-se para observar Leo.
- Que foi? Você estava chorando? – ele indagou.
- Não, imagina – ela falou, sorrindo falsamente para ele. – Está tudo bem com você?
- Comigo, sim. Mas com você, não. Eu vi. Você estava chorando novamente. Por quê? – ele indagou novamente.
- Nada, eu já disse – ela respondeu. – Está tudo bem comigo também, apesar de você não ter perguntado.
Leo sentou-se ao lado de Tracy no pedaço de tronco onde ela estava. O tronco estava no chão e fora rolado para o lado do campo quando eles decidiram fazer uma poça de lama justamente no local onde ele estava.
- Você não está bem – Leo falou.
- É claro que estou.
- Por que você não me diz o que está acontecendo?
- Por que não é da sua conta – disse Tracy, virando o rosto.
- Então há alguma coisa – ele disse, meio sorrindo. – Conte-me, eu sou ou não sou seu amigo?
Tracy sentiu-se ainda mais deprimida com aquela pergunta. Encarou o garoto nos olhos e jogou-se em cima dele, num apertado abraço.
- Eu não sei mais o que fazer – disse ela, chorando.
Ele aconchegou-a mais em seus braços, aproveitando aquele momento de fragilidade da garota.
- Por quê?
- Eu vou fazer algo horrível – ela respondeu. – E... eu não posso fazer. Eu não sei se vou conseguir...
Leo sentiu, naquele momento, que as opiniões da garota alternavam-se, deixando-o ainda mais confuso.
- E o que você vai fazer?
- Você não pode saber – ela disse. – Ninguém pode saber, ninguém pode me ajudar...
- Eu posso te ajudar – ele afirmou, parecendo ficar nervoso com a situação. – É só me dizer como.
Tracy soltou-se daqueles braços quentes e confortáveis. Encarou-o nos olhos e saiu correndo dali, mas não sem antes perceber que seus amigos não viram que havia saído do local.
Logo, Leo alcançou Tracy e segurou-a pelo braço.
- Você está deprimida demais – ele disse. – Deixe-me te ajudar.
- Não! – ela gritou. – Eu não preciso da sua ajuda, não preciso da ajuda de ninguém! Eu vou dar um jeito, eu sei que vou...
As lágrimas ainda rolavam pela face já vermelha dela.
- Pelo amor de Deus, se acalme – Leo falou. – Você precisa desabafar.
- Mas eu não quero! – ela gritou novamente. – Respeite-me!
Ela subiu alguns passos à pequena colina que havia perto dali. Esta foi a vez dele de abraçá-la, para acalmá-la. Tracy deixou o garoto ali, com a cabeça no seu ombro. Ele podia sentir os rápidos batimentos cardíacos dela, que o deixavam ainda mais preocupado.
Leo afastou o rosto dos ombros da garota e, ainda abraçado a ela, fitou-a.
- É tão horrível assim o que você vai fazer? – indagou.
- Eu... eu não posso falar – ela já não gritava, apenas chorava.
- Eu quero te ajudar.
- Mas não pode.
- Posso, sim. Conte-me seus problemas.
- Já contei, você não pode saber mais.
Ele abriu a boca para retrucar, mas os olhos úmidos da garota o puxaram para perto deles. Fitava-os com fervor enquanto se aproximava e sentia Tracy arfando lentamente. A garota fechou os olhos quando ficaram mais perto um do outro. Ela sentiu o hálito quente de Leo no seu rosto e, logo após, os lábios do garoto tocando os seus. Ela pressionou o seu corpo contra o dele, deixando bem claro que não resistiria. O garoto enlaçou a cintura de Tracy com uma das mãos e com a outra acariciava o rosto dela. Por sua vez, a garota mantinha as mãos sobre os ombros do rapaz, remexendo nos cabelos ruivos dele.
Aquele beijo pareceu durar mais tempo do que durou, e ao mesmo tempo acabou rápido demais. Tracy demorou-se a abrir os olhos, hesitava pela reação que o rapaz teria. Abriu-os lentamente e sentiu-se satisfeita ao ver que Leo sorria docemente para ela.
- Eu queria isso há tanto tempo – ele sussurrou ao ouvido dela.
Tracy gostaria de dar uma resposta igualmente emocionante, mas não conseguiu. Ela não nutria nenhuma espécie de sentimento pelo garoto, a não ser uma profunda amizade. Ela sempre cometia erros em relacionamentos, deixava-se levar por aquelas situações. Era o que tinha ocorrido com Draco, e agora ocorria com Leo.
- Eu te amo – ele sussurrou novamente.
- Eu... eu – ela balbuciou – eu quero ir embora.
Por mais que sentia aquela necessidade de ir para longe dali, lavar o rosto e esperar os amigos que logo viriam encontrá-la, não conseguiu distanciar-se do rapaz. Este aproximou-se dela novamente e, como se quisesse impedi-la de sair de perto dele, colou seus lábios nos de Tracy. Como antes, ela não resistiu e deixou ser beijada novamente por aquele ruivo. A emoção do primeiro beijo havia passado, o nervosismo também, e ela sentiu-se segura em avançar mais neste. Foi mais intenso que o anterior.
- Eu não deveria ter feito isso – ela disse, se afastando dos braços dele.
- Arrependida? – ele indagou.
Por um momento a garota pensou em responder que sim, estava para que não houvesse mais problemas daquele tipo. E, na realidade, ela estava arrependida do que havia feito. Mas já tinha sido feito, ela não poderia mudar o que já havia ocorrido.
- Não, preocupada – Tracy respondeu.
- Com o quê? – ele indagou.
- Não sei! – ela gritou, exaltando-se novamente. – Não interessa também, vou embora!
E ela saiu dali, correndo.
- Eu só queria uma explicação! – gritou Leo sem correr atrás dela, mas esperando que Tracy ouvisse. Depois, ele acrescentou mais para si mesmo: - Tudo está tão confuso...
Ela entrou na carruagem logo após Ron, Hermione, Harry, Gina e Neville. Todos eles estavam absurdamente limpos, e quem havia realizado esta proeza era a varinha de Hermione, juntamente com a inteligência da mesma.
- Você vai nos explicar por que sumiu daquele jeito, ou não, Tracy? – indagou Harry, enquanto todos observavam a reação da garota.
- Eu saí por que... bem, por que eu estava cansada e resolvi vir esperá-los aqui, nas carruagens.
- Isso não cola. Por que seus olhos estão inchados? Andou chorando, é? – perguntou Ron.
- Eu? Chorando? – ela riu, tentando disfarçar – Por acaso você já me viu chorando alguma vez? Então, não seria agora que eu choraria. Ainda mais sem motivos.
- Por que o Leo saiu com você? – indagou Hermione.
- O Leo? – ela espantou-se.
- É, o Leo, irmão da Lia – esclareceu Hermione. – Ele fez alguma coisa para você, que a deixou assim?
Tracy calou-se por alguns instantes.
- Aconteceram duas coisas, sim – ela respondeu. – Mas não dá para contar agora.
- Que duas coisas? – indagou Harry, curioso.
- Nada que vá deixar ninguém preocupado. Leo não fez nada de mal para mim, muito pelo contrário – falou Tracy. – Mas, por enquanto, eu só vou confiar isso à Hermione.
A garota sorriu, sentindo-se feliz por aquela demonstração de confiança.
As duas entraram no dormitório e, ao constatarem que estava completamente vazio, Hermione perguntou:
- E então, que foi que o Leo fez a você?
- É, é estranho contar isso... sabe, falar em voz alta – ela sussurrou, rindo.
Hermione estranhou.
- O quê? Vai, fala logo!
- Vou começar pelo começo – ela falou. – Eu estava lá, observando vocês se atacarem lama, e me deu uma onda de desespero fulminante. Eu não sei de onde veio, nem por que, mas comecei a chorar instantaneamente. No mesmo momento o Leo apareceu e perguntou a mim o que estava acontecendo. Eu me joguei nos braços dele, procurando consolo, nós fomos para longe dali e...
- E? – Hermione sorria.
- E ele... – ela sorriu também, meio embaraçada – Ele me beijou. Duas vezes.
Hermione soltou uma grande gargalhada, jogando um travesseiro na amiga.
- Eu simplesmente não acredito, não acredito! Que coisa boa, vocês se acertaram!
- Espere aí, nós não nos acertamos – Tracy falou, séria. – Nós nos beijamos duas vezes, e ele me pediu se estava arrependida. E eu disse que não, mas fui grossa com ele e saí correndo de lá.
- Oh, não.
- Ele deve estar chateado. Mas não mais do que eu, é lógico – ela revirou os olhos. – Essas coisas sempre dão errado para mim, quando finalmente consigo me acertar, acontece isso, eu estrago tudo.
Hermione olhou-a enternecida.
- E você e Ron, aconteceu algo? – Tracy indagou, voltando o sorriso ao rosto.
- Não – disse Hermione, levemente deprimida. – Mas também não brigamos.
- Pelo menos isso... Sério, vocês estão criando um recorde, eu tenho certeza.
N/A: Ai, que capítulo idiota! Desculpem-me por ele, sim? Escrevi-o há muito tempo e só agora, quando eu decidi postá-lo, é que vi que ele está muito ruim. E eu estou sem tempo para mudá-lo, sem vontade e sem idéias. Então, vai ficar assim mesmo. Espero, apesar de não acreditar, que vocês tenham visto algo legal nele.
Enfim, obrigada a todos que me compreenderam e deixaram um comentário nesses últimos tempos, vocês são demais! Continuem comentando que, logo que eu atingir uns... Han, talvez 750 ou 760 comentários, eu posto o próximo. Talvez antes se eu me convencer de que ninguém vai querer comentar tudo isso. O que é muito provável.
Beijos,
Manu Riddle
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