O Reinício
O Reinício
Tracy fitou a grande e luxuosa casa novamente. Estava em frente a ela, depois de longos quatro meses de preocupações e decisões difíceis a serem tomadas. Parou em frente aos grandes portões negros e observou tudo ao redor. Continuava igual. As mesmas flores foram replantadas e pareciam resistir bravamente à neve que caía, deixando grande parte do chão, dos telhados e das copas das árvores brancas.
Ela empurrou o pesado portão de ferro e, depois de entrar no terreno, fechou-o atrás de si. Olhou ao redor e enfeitiçou a mala, após constatar que não havia ninguém nas ruas nem nas janelas. Ajeitou o cachecol no pescoço e as grossas luvas nas mãos, e tocou a campainha, depois de subir os degraus que levavam até uma imensa porta de carvalho.
Após alguns instantes um grande olho negro apareceu pelo olho mágico pregado na porta, e Tracy arqueou uma sobrancelha. A maçaneta girou e, lentamente, a porta abriu-se, revelando uma mulher linda, com longos cabelos negros cacheados.
- Belatriz. – sussurrou a garota, como se sentisse uma saudade enorme da mulher.
- Entre, Riddle. – a mulher balbuciou.
Tracy não esperou sequer um segundo e infiltrou-se na luxuosa sala. Colocou a mala sobre um sofá vermelho que ficava no meio dela e jogou-se em outro. Nada mudara lá dentro também: os mesmos tapetes, os mesmos castiçais, as mesmas cores nas paredes e os mesmos quadros sem sentido pendurados. Nunca gostara de quadros e aqueles pareciam piores do que todos os outros. Se ao menos tivessem pessoas neles, quem sabe sua opinião fosse diferente.
- Demorou a voltar, seu pai estava preocupado. – disse Belatriz, sentando-se em outra poltrona, cruzando lentamente as pernas.
- Fiquei com Potter mais alguns dias. – ela falou. – Não que eu precise lhe dar explicações.
- É claro que não. Eu também não pedi nenhuma.
- As coisas estão dando certo, Bela. – ela murmurou, fitando os olhos negros da mulher, com os seus brilhando. – Está tudo indo muito bem, sem dúvida alguma.
- Que bom. O Lorde das Trevas vai adorar saber disso. – falou Belatriz. – Passou esses últimos dias nervoso, você não se comunicou com ele, não deu notícias.
- Foram dias preciosos. Fechei a metade do plano com chave de ouro. – os olhos dela continuavam a brilhar.
- O que foi que você fez, para estar tão confiante? – indagou Bela, inclinando parte do corpo para frente, com uma sobrancelha arqueada.
- Nada que seja da sua conta. – respondeu Tracy, fria. – Nada que seja da conta de ninguém, nem mesmo do Lorde das Trevas.
- Fiquei insegura, agora. Tenho a leve impressão de que fez algo muito errado.
- Não venha com palpites, Bela. Eu sei o que fiz, e logo todos verão as boas conseqüências dos meus atos. – ela sorriu. – Vocês só têm que confiar em mim.
- Isto está se tornando algo difícil. Até mesmo o Lorde das Trevas concorda com isso. – a mulher disse, desviando o olhar.
- Ele não tem que concordar com absolutamente nada, e nem você tem que se meter nos nossos assuntos. – disse Tracy, levantando-se rapidamente. – E como estão os pais da Mignonette?
- Bem. – respondeu. – Felizes porque a filhinha deles vai voltar.
Tracy resmungou algo inaudível.
- Eles não deram mais problemas? – indagou.
- Não, estão bem tranqüilos. Tranqüilos demais, já falei ao Lorde das Trevas. – ela parecia achar-se muito importante. – Mas ele insiste em afirmar que está tudo sob controle.
- Se ele afirma, é porque está. – Tracy disse. – Mas, em todo este tempo, eles não deram nenhum sinal de estarem mais livres?
- Não, e é isso que estou estranhando. Justamente essa tranqüilidade. Tenho medo de que já estejam bem, normais, e estejam tentando nos enganar. – disse Bela, prendendo os cachos em um coque na nuca.
- Eles não conseguiriam. – disse Tracy. – Vou subir.
Bela assentiu, enquanto observava a garota enfeitiçar a mala novamente e dirigir um corpo extremamente cansado para o andar superior da escada. Tracy, por sua vez, juntou todas as forças que ainda possuía para encher a grande banheira do seu quarto de água e deixar-se cair lá dentro, num imenso lago de relaxamento. A água quente e ar abafado do local a faziam sentir-se melhor, e o corpo foi, lentamente, relaxando.
A noite fora longa, e depois do refrescante banho que a garota tomara, apenas colocou seu pijama e deitou na cama. Cobriu-se com todas as cobertas que podia, e pegou os melhores travesseiros que conseguiu encontrar.
Dormiu o dia inteiro e, por incrível que pareça, a noite inteira também. Ninguém a acordou, e a garota ficou feliz por poder adiar para o outro dia todos os problemas que teria ao rever a família Mignonette, Draco Malfoy e sua mãe e o Lorde das Trevas. Ela apenas queria descansar, e conseguiu.
A manhã chegou lentamente, com fracos raios de Sol tomando o cômodo devagar. Pela primeira vez naquele inverno, Tracy não relutou em sair da cama quente, dos cobertores aconchegantes. Abriu os olhos e espreguiçou-se, ficando levemente sobressaltada com o que viu aos pés de sua cama. Uma cobra enorme dormia a seus pés, enrolada ao redor de si mesma. Parecia um enorme cão de guarda sonolento.
- Nagini! – chamou a garota, feliz.
A cobra levantou a cabeça, como se também acordasse de uma noite muito bem dormida. Piscou os olhos e levantou molemente o corpo, sibilando algo inaudível a qualquer ouvido há alguns metros de distância.
- Sim, sim. – respondeu Tracy. – Voltei Nagini. Por pouco tempo, mas voltei. Logo voltarei para ficar junto a ti eternamente. Mas, agora ainda não é a hora.
Nagini pareceu ter uma reação mais nervosa a essas palavras, proferidas também em sussurros estranhos. Balançou a cabeça negativamente, batendo a ponta do rabo no chão, com força.
- Mas está tudo bem. – continuou Tracy. – Continua tudo muito bem, muito tranqüilo. Não se preocupe, querida.
Mais uma vez a cobra tombou o corpo molemente, dirigindo-se a lateral esquerda da cama de Tracy.
- Eu sei que ele quer falar comigo, só precisava descansar. – falou a garota novamente. – Fiz coisas incríveis ontem, fui mais longe do que qualquer ser humano já conseguiu ir. Talvez apenas, dois.
A cobra pareceu interessada.
- Sim, minha querida. – continuou Tracy. – Mas você não pode saber, ninguém pode. Não ouse contar nada ao Lorde das Trevas, ele não iria gostar.
Nagini assentiu novamente, sibilando mais coisas ao sair rastejando do quarto. Tracy levantou-se rapidamente e depois de cumprir o ritual que repetia toda manhã, dirigiu-se ao que lembrava ser a mesa do café.
Logo ao pisar no cômodo reconheceu vários rostos, entre eles um cheio de pânico e terror, o de Draco Malfoy. Ao lado dele, Narcisa arrumava a mesa com alguns feitiços simples, dando toques requintados aos pudins. Rabicho deliciava-se, comendo tudo antes que os outros pudessem sequer dizer “comida”.
- Como vão? – ela indagou, tentando mostrar educação.
Todos responderam “bem”, em voz extremamente baixa. Tracy e Draco trocaram alguns olhares, ainda lembravam-se muito bem do que havia acontecido no baile, do pacto que fizeram juntando as duas vidas.
- Eu senti o que você fez ontem. – ele sussurrou aos ouvidos dela, quando a garota sentou-se ao lado do garoto na mesa.
- Não com a mesma intensidade que eu. – ela disse, dando uma risadinha anasalada e imperceptível.
- Você quase morreu. Eu chego até a achar que você morreu mesmo, teve momentos que eu acreditei que deveria chamar o Lorde das Trevas, para avisar que você estava em perigo, fazendo algo errado. – ele comentou.
- Cheguei perto da morte, sim. Mas não morri. – ela sussurrou. – Não posso morrer, lembra-se? Sorte sua.
- Eu poderia morrer.
- Não me importo com você, desde que não faça besteiras que me prejudiquem. E é ótimo saber que você tem bons motivos para não fazer isso.
Os dois ficaram em silêncio, devido aos olhares que recebiam das duas mulheres naquele momento. Voltaram a comer tranqüilos, como se nada tivesse acontecido, e nem pudesse acontecer.
- Preciso falar com o Lorde das Trevas. – disse Tracy. – Onde ele está?
- No quarto. – respondeu uma Bela mal humorada.
Sem sequer agradecer, Tracy dirigiu-se até o quarto de seu amo. Não sentia mais medo nem apreensão em chegar perto do homem, de observá-lo. Aprendera a conviver com ele através do Espelho de Duas Faces, a interagir com aquele homem horrível. Bateu na porta levemente e abriu-a.
Voldemort virou a cabeça lentamente, para observar a garota. Estava mexendo em algumas prateleiras que havia ao redor de um quarto muito mal iluminado, repleto de sombras e formas estranhas. Ele apenas assentiu como um sinal de “você pode entrar”.
- E então? – indagou a garota. – Tudo bem por aqui?
- Onde você esteve? – perguntou o homem, fingindo que nenhuma pergunta fora dirigida a ele.
- Cumprindo suas ordens, onde mais? – o tom dela era manso, nada de ameaças, de provocações.
- Eu quero saber onde você esteve! – ele gritou.
- Já disse. – repetiu ela, lentamente. – Estive cumprindo suas ordens, me aproximando do Potter, para fechar a primeira metade do nosso plano, para poder assegurar-lhe de que estamos totalmente prontos para seguir em frente.
- Eu quero que você responda minha pergunta.
- Eu não quero respondê-la. Apenas quero discutir com você o que faremos até nosso próximo contato.
Voldemort fechou os olhos e abriu-os novamente, como se aquilo demonstrasse um longo suspiro.
- O que você andou aprontando, Evans Riddle?
- Por favor! Amanhã, logo pela manhã, terei que voltar a Hogwarts, preciso descansar e arrumar minhas coisas, não tenho tempo a perder! – ela ficou nervosa. – Potter me ama, os amigos dele também. O que fiz, por último, acabou com todas as chances de eles sentirem qualquer tipo de sentimento ruim por mim. Era nosso objetivo principal, não era? O que faço agora?
- Continue assim. – falou Voldemort. – Não tenho nada formulado ainda, pretenda manter essa amizade de vocês por mais algum tempo.
- Você precisa decidir algo rápido. Não posso continuar na mesmice, eu pretendo agir.
- Tenha você alguma idéia e torne-se uma pessoa útil para depois vir cobrar algo de mim, Evans Riddle. – sibilou o homem.
- Eu não tenho idéias, e, caso não lembre, essa parte ficou destinada a você. Se não temos mais nada para discutir, vou voltar ao meu quarto, arrumar minhas coisas.
Ela virou rapidamente, para sair do quarto, não sem antes lançar um olhar de soslaio para Nagini, que pareceu entender o recado.
Estava com ódio. Com muito ódio. Não sabia do que, muito menos o porquê, mas estava. Com ódio de Lord Voldemort. Trancou-se em seu quarto, batendo a porta e só a abrindo novamente no dia seguinte, também pela manhã, sendo acordada para arrumar-se para pegar um táxi e dirigir-se novamente à Plataforma 9 ¾. Foi até ela em companhia de ninguém menos que Draco Malfoy, que não conseguiu abriu a boca para fazer um comentário sequer durante todo o percurso transcorrido até a estação de King Cross.
- Olá! – gritou Tracy, rindo, observando Hermione vir até seu encontro e jogar-se num longo abraço. – Tudo bom com vocês?
- Tudo ótimo, Tracy. – Harry respondeu, também abraçando a garota.
Ron, por sua vez, apenas apertou a mão direita de Tracy, sorrindo para ela.
- Vamos, me dê sua mala aqui. – falou Harry, enquanto ajeitava a mala da amiga junto com a dos outros. – Estamos muito felizes por estarmos lhe vendo novamente. Sentimos sua falta.
- Também senti muito a falta de vocês. – ela estava sendo sincera. – Mas também sentia de meus pais, e precisei passar esses dois dias das minhas férias com eles. Precisava disso.
- Entendemos, sim. – falou Hermione. – Principalmente depois de todos aqueles sustos que você tomou durante este ano letivo, com o desaparecimento deles, entre outras coisas.
- Ah, eu adoro vocês! – ela abraçou Harry novamente, pois este estava ao seu lado.
- Vamos arrumar isso por aqui, ainda temos uma longa viagem no Expresso. – disse o garoto.
Eles arrumaram todas as coisas em seu devido lugar, sobrando muito espaço dentro da cabine fechada. Podiam ver a neve caindo em pequenos flocos pelas janelas, tornando os campos ainda mais brancos do que já estavam.
- Ah, quero dar uma volta pelos corredores do Expresso. Estou com saudades de todos, principalmente da Farway, onde será que eu a encontro? – indagou Tracy.
- Hm, Tracy… – falou Hermione mansamente. – … a Farway está estranha.
- Ela é estranha. – falou a garota.
- Só que ela está mais estranha ainda. Estou ficando preocupada com ela, a garota está andando para cima e para baixo com o Malfoy. – comentou Hermione.
Tracy parou por um momento para pensar.
- Bem, os dois são sonserinos, estudam juntos, dormem juntos. – ela parou por um momento ao perceber uma risada anasalada de Ron. – Têm a mesma Sala Comunal, eu quis dizer.
Todos riram.
- Continuando. – a garota falou. – Acho meio normal eles andarem juntos também. Não se estresse Mione, eles são bem grandinhos, já.
- É, olhando por esse lado...
Tracy olhou para fora mais uma vez. Estava retornando, ela nem podia acreditar. Metade de tudo já havia passado, metade da preocupação, do sofrimento. Estava a ponto de explodir de felicidade. Estava com seus amigos, rindo. Não queria que aquele momento acabasse nunca, queria viver eternamente daquela maneira.
- Vou procurar a Farway. Se não falar com ela vou acabar ficando louca. – ela saiu da cabine, fechando muito bem a porta da mesma.
Dirigiu-se pelo principal corredor do trem, observando todas as cabines que estavam com as cortinas abertas. Viu vários conhecidos por lá, e alguns acenaram para ela. Sorriu para Neville, Gina, Luna e mais dois rapazes esquisitos que ela não conhecia e encontrou Leo e Lia pelo caminho.
- Oi. – disseram os dois em uníssono.
- Oi. – respondeu a garota, sorrindo.
Eles ficaram assim, sorrindo feito três bobos no meio do corredor vazio, por algum tempo.
- E então, como foram as férias? – perguntou Tracy.
- Divertidas, fomos esquiar. – respondeu Lia. – E as suas?
- Ah, também tive episódios legais com esqui. – ela disse, sorrindo. – Fiz muitas coisas legais também, passei grande parte do tempo com Harry, Ron e Hermione, na casa dos Weasley.
- Pois é... – falou Leo, revirando os olhos, demonstrando insatisfação. – Você sabe de alguma cabine vazia? Chegamos atrasados e não conseguimos encontrar nada.
- Ah, eu estou na setenta e quatro. Podem ir para lá, só estamos em quatro mesmo. – ela disse.
- Obrigada, Tracy. – falou Lia, novamente.
- Vou procurar a Farway, já volto para lá também. – disse Tracy. – Até mais!
Ela estranhou a atitude de Lia, e principalmente a simpatia da garota. Mesmo assim, continuou seu caminho, sabendo que apenas tinha a ganhar com certas atitudes dela. Precisava da amizade dela também, pois era muito inteligente e já havia descoberto muitas coisas.
De repente, ela encontrou alguns alunos da Sonserina em uma cabine, com Farway, Draco e seus dois amigos. Dirigiu-se até lá e abriu a porta dela, colocando apenas a cabeça para dentro. Acenou para todos com a expressão mais falsa que conseguiu moldar naquele momento e olhou para Farway.
- Oi! Como vão todos? – perguntou ela.
- Bem. – respondeu Farway, aparentemente feliz. – Parece que faz tanto tempo que não nos vemos, não é?
- Realmente, parece. – ela disse. – Vem aqui comigo, um minuto? Preciso falar algumas coisas particulares.
Farway assentiu com a cabeça e colocou a mochila que segurava nas mãos junto com as outras malas. Olhou de soslaio para Draco e saiu da cabine, fechando a porta.
- E então? – ela indagou.
- Quero saber se anda tudo bem. – falou Tracy. – Eu não a adverti de nada antes das férias e fiquei preocupada se você faria algo que não era para fazer.
- E isso incluiria o quê? – indagou Farway.
- Contar nosso plano para alguém, dar dicas, e estas coisas.
- Não fiz nenhuma delas. – disse a garota, com um pequeno sorriso debochado no rosto.
- Ótimo, então. E a Lia? O que deu nela para mudar tanto assim, de um momento para o outro?
- Parece que o Leo conversou com ela. Explicou algumas coisas, argumentou bem e tal. Por isso ela está te tratando melhor. E se Draco não cometer mais erros ficará tudo bem até o fim do ano.
- Ele vai se comportar. – foi a vez de Tracy dar um risinho debochado, enquanto deixava um leve suspense no ar.
- Como você pode ter tanta certeza? – ela arqueou uma sobrancelha.
Tracy respirou fundo, e meneou a cabeça.
- Não faça essa pergunta a ele, porque ele também não irá responder. Eu vou para minha cabine. Até mais!
Farway deu tchau com os dedos, e abriu a porta da sua cabine novamente, entrando nela. Tracy também seguiu seu caminho, voltando para a própria cabine para aproveitar o máximo possível os poucos momentos com os amigos sem ter o assunto “provas” para incomodar.
O regresso a Hogwarts foi fascinante, bem como a chegada lá, o jantar de boas-vindas, reviu outros amigos que não haviam sido encontrados no Expresso, entre várias outras coisas. Todos conversaram muito, tinham assuntos para todas as horas. Como tinham sido as férias, o que fizeram, sobre o retorno... Tracy ficou feliz em poder tomar um bom banho e descansar da viagem na sua aconchegante cama em Hogwarts.
Os dias seguintes já não foram tão bons. O reinicio das aulas veio com diversos deveres e provas para testar os conhecimentos adquiridos durante o ano, que já se tornaram extremamente cansativas para todos.
Ron e Hermione não conversavam mais, devido ao ocorrido nas férias, o beijo dos dois e depois a briga que tiveram. Poucas vezes comentavam o que o outro havia falado e Ron visivelmente tentava se controlar em pedir os deveres de Hermione emprestados, então Tracy tinha que fazê-los. Hermione também se recusava a ficar muito próxima de Ron, como se fosse infectar-se se respirasse o mesmo ar que ele.
Harry e Tracy, por outro lado, continuavam com a troca de congratulações por cada passo bem dado e, muitas vezes também, por motivo nenhum. Nunca se deram tão bem, estavam em plena sincronia um com o outro. Ajudavam-se sempre que podiam, e como não dava para deixar de notar tudo isso, vários comentários começaram a surgir. Não a respeito de um namoro, mas sim do aproveitamento que teria Tracy ao ficar muito amiga de Harry. Tudo recaiu sobre a garota, mas logo os boatos foram abafados por outros muito melhores e atualizados e eles puderam voltar a respirar tranqüilamente.
No primeiro fim de semana, depois de terminar todos os deveres, Tracy resolveu dar uma volta pelos jardins para espairecer. Encontrou ninguém menos que Leonardo Falls por lá.
- Tracy! – chamou Leo.
- Oi! Que surpresa encontrá-lo aqui, achei que fosse a única a ter tempo para passear esses dias. – disse a garota.
- Hm, na verdade, tempo eu não tenho. Só preguiça de fazer os deveres. – ele falou, rindo.
Tracy riu também, animando-se um pouco.
- Então sua primeira semana de aulas também foi meio complicada? – perguntou ela.
- Muito. Principalmente porque extraviei vários pergaminhos importantes e não fiz a metade das tarefas passadas pelos professores. Sorte que não perdi nada de Poções, senão teria recebido uma bela detenção logo no primeiro dia. – ele comentou.
- Ah, isso é comum. – falou Tracy, tentando incentivá-lo.
- Tenho certeza que você não perdeu nada e só foi parabenizada essa semana. Estou certo?
- Hm, sim. Você está certo, sim.
Eles andaram juntos pelos jardins em silêncio, durante alguns minutos. Leo, como de costume, com as duas mãos nos bolsos da calça trouxa que usava.
- E como andam seus amigos? Os vi poucas vezes essa semana, e não falei com nenhum. – falou o garoto.
- Muito bem. Só as costumeiras brigas de Ron e Hermione, reclamações de Harry sobre as aulas e seus problemas, mas nada muito chato, não. – ela respondeu.
- Você gosta muito do Harry, não é? – ele indagou, fechando a cara lentamente, mas sem ser grosso.
Tracy pareceu pensar um pouco na hora de responder.
- Gosto, sim. Depois que o conheci, não sei se saberia mais viver sem ele. – ela falou, sorrindo lentamente e observando o céu que começava a tornar-se mais azul.
- Eu nem sei o que dizer. Só que você consegue deixar isso bem claro sempre que fala comigo.
- Como assim?
Leo tirou as mãos do bolso e passou a gesticular com elas, enquanto continuava a caminhar.
- Parece que sempre dá um jeito de metê-lo no assunto, de desviar o assunto para ele... É estranha essa sua atitude.
- Desculpe Leo, mas quem perguntou sobre meus amigos foi você. – ela afirmou.
- Sim, eu sei que fui eu. – ele já parecia mais nervoso. – Mas mesmo assim, é difícil falar com a Tracy sem ouvir Harry no meio.
Ela parou e colocou uma das mãos sobre o ombro esquerdo do rapaz, olhando bem fundo nos olhos dele.
- Eu gosto muito do Harry. Tenho um imenso respeito por ele, e ele é meu melhor amigo. É ele quem mais me ajuda e quem mais me compreende. Se eu falo dele, é justamente por isso. Por nada mais. E essa conversa já está ficando chata. – a garota disse.
- Desculpe, eu não queria que você me odiasse por estar falando isso do seu querido Potter. – ele resmungou.
- Sr. Falls! – repreendeu-o Tracy, fazendo o garoto rir.
Tracy riu também, sentindo que o clima estava melhorando.
- Está bem, eu entendo você. Os amigos realmente são muito importantes, e você precisa do Harry. Só, por favor, quando estiver comigo, fala um pouquinho menos dele? – ele pediu, com os olhos fazendo uma expressão de “coitadinho de mim”.
- Lógico, eu prometo, apesar de não achar que falo tanto dele assim. – ela respondeu, voltando a caminhar.
- Mas fala.
- Não vamos brigar.
- Dá-me um abraço? – era um pedido.
Tracy não pode negar e virou-se, sorrindo, dando um longo abraço no garoto, sentindo-se aconchegada e feliz nos braços dele. Depois, voltou para o dormitório pensando no que ele queria com tantas conversas, indagações e provocações – como aquele abraço.
N/A.: Olá, pessoal! E então, gostaram do capítulo? Quando li os comentários do capítulo anterior, fiquei meio preocupada quanto a isso, pois grande parte dos leitores ficou bem empolgada com a idéia do Lorde das Trevas saber sobre o Sirius e tal! Bem, só digo a vocês que lembrem-se futuramente desse segredo. Ele significa muito hoje e amanhã ainda mais.
Obrigada realmente por todos os comentários! Não aumentaram na proporção que eu esperava, mas com os que recebi já fiquei extremamente feliz! Obrigada aos antigos leitores, eu os adoro demais, e também aos novos, que vocês continuem com a fic por muito tempo!
Gostaria de convidar a todos para lerem minha nova fic! E, como depende da empolgação dos leitores para que eu poste os capítulos, comentem muito, por favor! Conto com vocês!
O Mestre dos Desejos
http://www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=15892
Sem mais delongas, comentem e votem! Isso é super importante para mim, como é para todo autor. Próximo capítulo, como sempre, dia primeiro! Começaremos o ano com capítulo novo! *ri* Muitos beijos a todos!
Manu Riddle
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