Horrores?
Capítulo 14
Horrores?
- Alunos, eu lhes peço um momento! – disse Dumbledore, ajeitando-se na frente do corpo discente.
A maior parte dos estudantes já havia parado de comer e apenas alguns, como Crabbe e Goyle, por exemplo, ainda estavam saciando sua gula. Harry, Ron e Hermione ajeitaram-se no banco e prestaram atenção no que o diretor diria.
- Tenho uma notícia ótima para dar a vocês. – continuou Dumbledore. – Muitos já a tomaram como verdade desde o dia em que eu a anunciei, mas só agora é que ela está oficialmente confirmada.
Todos se olharam intrigados ao ver o sorriso secreto de Dumbledore, estavam confusos.
- Ora, não acredito que vocês ainda não decifraram meu enigma! – disse ele.
- O baile! Haverá o Baile de Inverno! – gritou Hermione, eufórica.
- Exatamente, Srta. Granger. – afirmou Dumbledore. – O Baile de Inverno acontecerá aqui nas propriedades da escola, e haverá um sistema de aquecimento para que as jovens moças possam vir com os vestidos que preferirem.
Gina e Hermione se entreolharam, sorrindo.
- Mas vai ser no dia de Natal? – indagou uma garota da Corvinal.
- Sim. No dia vinte e quatro, Srta. Yole. E, logo no dia 25, pela manhã, vocês já poderão ir para a casa, passar as férias com seus pais – disse Dumbledore.
- E os vestidos, professor? – gritou uma aluna histérica do terceiro ano.
- Os alunos que estiverem do quarto ano em diante, depois de amanhã, irão comprá-los em Hogsmeade. Uma loja do Beco Diagonal abriu uma filial no povoado e vai lhes fornecer os trajes a rigor – ele disse, ressaltando que apenas os alunos a partir do quarto ano poderiam ir.
- Que horas o Baile vai começar?
- Às sete horas. – respondeu o diretor. – Esse e outros detalhes sobre horários, vestes, etc. estão no mural de cada casa.
Todos os alunos ficaram eufóricos. Os garotos estavam dando pouca importância para o baile, exceto Ron, que parecia ainda mais feliz que Tracy com a idéia. Todos acreditavam que isso devia-se ao fato de que ele iria acompanhar Hermione. Harry parecia animado, mas tentava esconder isso a todo custo para não magoar Tracy. Ele ainda achava que ela iria sozinha.
“Bem, cada um com seu cada um, não é?”, pensou Tracy consigo mesma.
Tracy vestiu novamente seu uniforme de Quadribol. Havia dormido muito mal, estava extremamente cansada e com sono. Mas tinha que entrar naquele campo e dar o melhor de si. Ao menos era o que tinha em mente…
Treinar não estava sendo muito fácil ultimamente, o frio era realmente insuportável. Mas aquela quinta-feira estava muito boa para a prática de Quadribol. Ela calçou as botas e olhou para Gina, que amarrava os cabelos.
- Preparada? – indagou.
- Eu acho que não – respondeu Gina, rindo.
Tracy baixou a cabeça em sinal de concordância. Ela pegou as vassouras e ficou ao lado de Gina, na frente dos demais, junto com Cátia. As portas foram abertas e a garota saiu voando rapidamente pelo campo, acenando para Hermione que estava nas arquibancadas.
“Madame Hooch joga a goles para cima, Corvinal pega e tem início mais um jogo de Quadribol!”, ouviu-se o locutor falando.
- Hip! Hip! Hurra! – gritavam todos, carregando Harry aos braços. – Viva a Grifinória!
- Viva o Harry! – berrou Ron, levantando seu copo de suco de abóbora no alto.
Viva!
- Viva nosso goleiro! – berrou Harry, de cima dos ombros de Dino e Neville. – Viva o Ron!
Viva!
- Viva nossas artilheiras! – gritou um dos batedores da Grifinória. – Duzentos e noventa a setenta não é para qualquer um!
Tracy, Gina e Cátia sorriram ao ouvirem o “Viva” dos garotos atingirem novos decibéis.
- Nós somos os melhores!
- Somos!
- Grifinória é a melhor!
Tracy e Hermione subiram as escadas que levavam ao dormitório das garotas. Enquanto Tracy se despia para ir tomar o banho que tanto merecia, Hermione comentou:
- Merlin, para que tanta alegria? É só um jogo de Quadribol! Por que será que eles ainda continuam berrando?
- Não é só um jogo de Quadribol, não! É uma vitória! Uma vitória contra Corvinal!
- Sorte sua a Lia não dar valor a isso...
- Lia? – indagou o garoto bonito e alto.
A garota virou-se rapidamente para ver quem a havia chamado. Os cabelos encaracolados e ruivos caíram para o lado, encobrindo-lhe os olhos e obrigando-a a puxá-los novamente para trás das orelhas.
- Hm? – resmungou ela, aborrecida. Como é que aquele garoto tinha coragem de ir falar com ela?
- Tudo bem? – perguntou ele, se aproximando dela para dar-lhe um beijo na bochecha.
A garota recuou, mostrando-se interessada em um modelo lilás.
- Uhm – resmungou ela novamente.
- Qual é o problema com você? – indagou o garoto sem ser grosso. – Eu sou o Michael, lembra, o amigo do seu irmão...
- Aquele, sabe, que passou as férias na sua casa e infernizou sua vida o verão inteiro – respondeu Lia, imitando a voz de Michael e deixando os vestidos de lado, encarando o garoto. – Não é?
- Eu... eu infernizei sua vida?
- É lógico – falou a garota. – Ou você acha que foi agradável ter que dormir no quarto bagunçado e malcheiroso do meu irmão?
- Não, não deve ter sido muito agradável, não.
- Que bom que você admite – falou Lia, voltando sua atenção para os vestidos.
Eles estavam em Hogsmeade, escolhendo os trajes a rigor. Já estavam na sexta-feira à noite, no dia seguinte seria realizado o baile. Alunos ansiosos e garotas histéricas faziam a festa na filial da Madame Malkin que estava sendo inaugurada no povoado.
- Diga o que você quer – falou ela.
- Bem, eu... eu só vim te dar um oi mesmo – disse Michael.
- Então já deu. Tchau – falou ela, saindo daquele balcão, batendo em Michael e dirigindo-se para onde Farway estava.
Michael segurou o braço de Lia e a dor que a garota sentiu a fez recuar.
- Me solta – pediu ela.
- Tudo bem. Mas você vai ter que aceitar uma coisa primeiro. – falou ele, franzindo o cenho e dando um meio sorriso encantador.
- Olha, eu não vou me subordinar a você nem que...
- Quer ir ao baile comigo?
- …a minha única opção fosse... – ela parou abruptamente. – Como disse?
- Quer ir ao baile comigo? – repetiu Michael.
Lia não pôde deixar de admitir a si mesma que estava surpresa com o convite do rapaz. Ele era um idiota. Um idiota bonito e os idiotas bonitos não costumavam se apaixonar por ela.
“Ele não está apaixonado por você, sua maluca... só te convidou para acompanhá-lo ao baile. Tem uma grande diferença”, pensou Lia, se recriminando.
- Eu aceito. – respondeu ela, eufórica, mas depois fechou o rosto novamente e baixou o tom da voz. – Se isso vai fazer você me soltar, nós já estamos lá juntos.
Michael deu aquele meio sorriso misterioso novamente e assentiu com a cabeça, soltando o braço de Lia.
- Nós nos vemos amanhã às sete, então? Na entrada do Salão Principal? - perguntou ele.
- Sim – respondeu Lia.
Ele saiu dali e a garota não conseguiu segurar um enorme sorriso. Ela nunca havia olhado para Michael de uma forma diferente. Não da forma de que se acompanha em bailes. A partir daquele momento, ela deu atenção redobrada ao vestido que iria escolher. Porque, antes de ser convidada por Michael, ela iria ao baile junto com outras amigas suas de dormitório, que também estavam sem par.
- Tracy? – indagou Harry, aproximando-se da garota. – Não sabia que você estaria aqui. O que está fazendo?
- Escolhendo meu vestido, oras – respondeu ela, revirando os olhos, mas com um pequeno sorriso no rosto.
- Mas... você já arranjou um par? – perguntou ele.
Tracy voltou-se para outro balcão, onde outras garotas haviam deixado alguns modelos estirados.
- Harry, eu não aceitei ir com você ao baile porque fosse minha única opção, como você mesmo disse, foi algo arranjado, e nós não estávamos de comum acordo - ela respirou profundamente. – E eu já escolhi outro par, sim.
- Quem é?
- Nossa, não sabia que você estava tão interessado assim nesta história – ela disse, ficando de costas para Harry, de modo que este não visse o sorriso que nascia lentamente nos seus lábios.
- Eu não estou interessado nesta história – retrucou ele. – Simplesmente fiquei curioso, afinal, nós íamos juntos...
- Isso mesmo, íamos - disse Tracy, parando para encará-lo já com a cara fechada. – Portanto, agora, eu não lhe devo explicações de nada.
- Ah, tudo bem – respondeu ele, fingindo que a garota não estava sendo tão grossa com ele. – E... qual desses aqui fica melhor em mim?
Ele estendeu duas vestes para Tracy ver, uma preta e longa e outra cinza muito parecida com os paletós trouxas.
- A segunda – ela respondeu, sem emoção.
- Obrigado – falou Harry. – Eu vou me juntar ao Ron, agora.
Tracy concordou com a cabeça, arqueando uma das sombrancelhas pelas costas do garoto, que já ia longe.
- Já escolheu seu vestido, Tracy? – indagou Hermione, chegando perto da garota.
- Estou em dúvida entre este preto – ela indicou um vestido cheio de babados rosas com duas luvas rosas claras –, este prateado – um vestido cinza longo com saia muito solta cheia de pedras prateadas que refletiam extremamente com a luz – e este vermelho – o último era muito chamativo, com uma grande rosa vermelha pregada na cintura. – Que você acha?
- Prefiro o prateado – disse Hermione.
- O preto é uma gracinha – sugeriu Gina.
- O prateado combina mais com os cabelos dela, que são castanhos claros. E o tecido dele é mais bonito.
- É um pano seco igual ao do preto – disse Gina.
- Ok, ok... chega – resmungou Tracy. – Vou prová-los. E vocês, já decidiram o que vão levar?
Gina e Hermione, sorridentes, mostraram dois modelos à Tracy. O de Gina era de um amarelo bem claro com rendas brancas e delicadas. O de Hermione era azul e tinha a saia balão, ela trazia junto com eles um par de luvas longas brancas.
- Lindos – comentou Tracy, sendo bem sincera. – O provador é para lá? Que bom.
- Tracy, espera! – pediu Hermione. – Você não vai nos contar com quem é que você vai a esse baile?
- Hm... vou. Mas depois, não agora, Hermione – ela disse. – Tem muita gente aqui e eu quero que seja surpresa para todos.
- Sei não – resmungou Gina.
Tracy sorriu e dirigiu-se ao lado que lhe fora indicado pelas amigas, entrando no primeiro provador que encontrou vazio. Queria acabar com aquela história logo. Não gostava nem um pouco de escolher roupas, pois sempre arrependia-se depois.
Colocou os vestidos. O vermelho foi descartado no momento em que Tracy vira seu reflexo no espelho, o preto ficou um tanto grande demais. Mas já o prateado lhe caíra muito bem. Ela tirou o vestido e pegou as sandálias que havia escolhido anteriormente para levar até o balcão e efetuar a compra. No momento em que ela encostou nas cortinas para puxá-las e sair do provador, algo ecoou dentro de sua cabeça. Uma voz conhecida.
- Casa dos Gritos - sibilou Lord Voldemort.
O que significaria aquilo? A última vez que Tracy lembrara ser chamada assim por seu pai era apenas um teste... Seria algo igual agora? Ela preferiu não ficar na dúvida, nem arriscar. Passou correndo por Hermione, deixou o dinheiro com ela e disse:
- Pague para mim, por favor. Eu já volto - e então saiu correndo da loja, em direção à Casa dos Gritos.
Ela arfava quando abaixou os arames farpados e entrou no terreno da casa. Observou-a muito bem, procurando por uma porta onde pudesse entrar e ver se o que ouvira tinha mesmo alguma ligação com a realidade.
- Tem que haver... tem que haver, eu vou encontrá-la – murmurava a garota, baixinho.
E lá estava ela. Uma porta grande e muito velha, da qual Tracy tinha medo até de encostar e ver a casa desabando ao chão. Ela girou a maçaneta lentamente e entrou no primeiro cômodo.
Havia várias coisas lá dentro, os móveis eram extremamente antigos. Alguns poucos ainda continuavam inteiros, mas estavam cobertos de tanta fuligem e teias de aranha que se tornava quase impossível definir sua cor e até sua forma.
A grande maioria era sofás e quadros estraçalhados, cortados, visivelmente, por grandes e afiadas garras monstruosas. Via-se toda a espuma que saía dos sofás, também encobertos por teias de aranha. O homenzinho barbudo de um quadro, ao vê-la, começou a gritar histericamente, fazendo ecos incríveis pelo local. Ela lançou um feitiço silenciador nele no mesmo instante, e toda a balbúrdia parou.
Tracy ouviu passos no andar superior. Apurou os ouvidos e segurou a varinha na mão direita, como achou mais seguro. Empurrou para o lado dois abajures e um conjunto caro de louças lascadas que encontrou no chão à sua frente. Entrou por um corredor, sempre atenta, e visualizou a escada mais precária que ela jamais supôs que existisse. Não sabia como alguém tinha coragem de subir por ela. Pendida para a esquerda, não tinha corrimão nem parede do outro lado - esta parecia ter sido completamente devorada pelas traças, e o pedaço que ainda restava dela também continha arranhões - e vários degraus eram inexistentes.
Temerosa, Tracy subiu por ela. Sentiu-se desequilibrar uma ou duas vezes, mas, mesmo assim, conseguiu subir em silêncio e segurança. Os passos no andar em que ela estava já haviam cessado. Ela parou junto com eles, temendo o que viria pela frente. Segurou ainda mais firmemente a varinha e deu um passo, ficando junto a parede que dava a uma sala em que a porta permanecia trancada. Colocou uma das mãos na parede, preocupada, mas, mesmo assim, o barulho parecia ter cessado.
- Eu acho que é maluquice sua, não há nada aqui, Draco – resmungou uma voz. – Tenho certeza que ela não está aqui.
- Já eu tenho minhas dúvidas – respondeu uma voz masculina. – Ela parece estar em todos os lugares.
“Não, Draco e suas estórias novamente, não!”, pensou Tracy lembrando-se da situação de Farway e como ela fora arranjada.
- Não se preocupe, Draco – falou a voz feminina. – Continue sua história.
- Não – falou ele. – Tenho certeza de que ela está aqui. Alguém abriu a porta lá em baixo e o Horton gritou, como havia prometido.
- O Horton é um idiota. Deve ter se assustado com qualquer coisa, você viu que ele já parou – falou a garota.
- Ele deve ter sido silenciado, só pode.
- Não. Continue sua história.
- Pansy, por favor. Será que não entra em sua cabeça que podemos estar em perigo?
Era Pansy, então. Draco e Pansy estavam conversando escondidos na Casa dos Gritos. Qual seria o objetivo daquilo? Por que seu pai a chamara para aquele lugar, naquele momento? Pensou em entrar na sala, mas resolveu ficar do lado de fora, à espreita. Era mais seguro e seria muito mais útil do que chegar, perguntar o que estava acontecendo, não ser respondida e ingressar mais um na carreira dos Comensais.
- Eu acho que é na sua cabeça que a coisa não está entrando – resmungou a garota. – Continue sua história, se ela estivesse aqui já teria nos pegado.
- Não tenho tanta certeza disso. Nossa conversa acaba por aqui.
Tracy gelou, tornando-se invisível o mais rápido que pôde. Ela sentiu o piso chacoalhando aos seus pés, mas não podia mexer-se nem nada parecido. Um corpo aproximou-se dela, pela sala, mas a porta não foi aberta e nem nada revelado.
- Espere, Draco – chamou Pansy. – Termine sua história.
- Não! Entenda, não dá!
Os passos aproximaram-se mais e desta vez Draco abriu a porta e saiu correndo por ela. Tracy o observou tendo especial cuidado ao descer as escadas tortas, e Pansy correndo como uma louca atrás dele. Tracy desceu junto com eles, acompanhando-os cuidadosamente.
- Draco, me escute!
- Fale de uma vez – resmungou o garoto em resposta, parando novamente.
- Estamos praticamente na porta e ela não nos pegou ainda, o que o faz acreditar que ela possa estar aqui? – indagou a garota, chorosa.
- Não sei... – Draco parecia mais calmo e mais desdenhoso. – Não sei, mas algo me diz que o mais seguro a fazer é sairmos imediatamente daqui.
- Seu sexto sentido está ficando velho, é melhor trocar por outro – falou Pansy. – Olhe ao seu redor. Ela não está aqui.
Mas de quem é que estavam falando? Quem seria ela?
- Estando ou não, eu vou sair dessa casa.
- Mas, Draco querido, você não acabou de me contar aquela história! – gritou Pansy.
- Já lhe contei o suficiente, fique satisfeita. Você sabe muito mais do que praticamente todas as pessoas sobre isso.
- Tenho certeza que a Farway não está incluída neste muito mais - Pansy disse, chorosa.
- Bem, ela... ela também já sabe.
- Quem mais sabe?
- Só vocês duas! Agora chega, nós temos que ir, é mais seguro! – Draco puxou Pansy pelo braço para fora da Casa dos Gritos.
Tracy percebeu que era agora ou nunca. Ela não poderia manchar de sangue a bela neve branca que acumulava-se no chão.
- Contando sobre mim novamente, Draco, querido? – indagou Tracy deixando de ser invisível e descendo as escadas lentamente.
Draco a fitou com desespero.
- Eu sabia! Viu, eu sabia que ela estava aqui! – gritou Draco para Pansy.
- E agora? – Pansy sussurrou, mas Tracy ouviu.
- Agora eu não vou perdoar mais nada, Malfoy. – respondeu a garota. – Da primeira vez você se livrou e livrou a Farway junto, mas dessa vez será diferente.
Ela já havia terminado de descer as escadas e os dois olhavam fixamente para ela.
- Estão com medo? Que bom. – falou Tracy, se aproximando. – Será mais fácil assim.
- Nós não estamos com medo, Evans Riddle! – gritou Pansy.
Tracy abriu a boca para revidar, mas, naquele momento, Farway entrou ofegante pela casa com a varinha em punho.
- Que é que está acontecendo aqui? – perguntou ela, colocando uma mecha incômoda de cabelo atrás da orelha.
- O que é que você está fazendo aqui, Farway? Vá cuidar de seus assuntos e me deixe a sós com os meus. – falou Tracy e lançou um olhar maldoso à Pansy e Draco.
- Eu vi você sair correndo e deixar tudo nas mãos de Hermione e, então, resolvi vir atrás… – Farway arfava muito – …para ajudá-la e não deixá-la cometer atrocidades.
- Não preciso de sua ajuda. Vá embora! – ela não queria ninguém ali naquele momento.
- Precisa, sim. E então, não vão me explicar o que é que está acontecendo?
Todos a fitaram.
- Eu descobri tudo, Farway – sibilou Pansy para a garota. – Sei de tudo que você sabe.
- Ah, duvido – disse Farway e riu. – Não vai dizer que foi Draco que contou a ela também? – indagou à Tracy.
- Imagine. – resmungou a garota. – É claro que foi esse imbecil. Mas desta vez não vai ficar assim, ah, não vai.
Farway segurou a respiração e olhou para Tracy.
- Você não vai...?
- Vou. E agora, para evitar problemas futuros – Tracy ergueu a varinha.
- NÃO! – gritou Farway. – Você não pode fazer isso! Não seja maluca, não aqui, Tracy! Eles vão pegar você, não é seguro, abaixe essa varinha!
- Não se meta, Jessica – sibilou ela. – E saia daqui, agora.
- Você não vai fazer isso. Por favor, me escute – Farway chegou perto de Tracy e abaixou a varinha dela, lentamente. – É perigoso. Dumbledore ou qualquer outro poderá perceber e descobrir tudo, ligando os fatos...
- Não acredito! Você está com ela também! Vou contar tudo a todos! Todos ficarão sabendo quem são as duas, todos irão odiá-las! – gritou Pansy.
- Pansy, aquiete-se. – falou Draco. – Tracy, por favor, como disse Farway, é perigoso. Não faça nada.
- Não tenho medo do perigo – falou Tracy, fitando Draco, mas, visivelmente, estava longe. – Não tenho medo de vocês ou do que possam falar. Eu tenho a mim.
Ela levantou a varinha novamente.
- Avada Kedavra!
O que ouviu-se a seguir foram vários gritos, aleatórios. Draco jogou-se ao chão, caindo em cima de Farway e derrubando duas estantes com seus livros pesados, estourando louças, quadros e cálices. Quando a poeira afastou-se, Draco levantou do chão e tirou de cima de Pansy a estante que cobria-lhe o corpo. Um filete de sangue muito vermelho escorria pela testa e pescoço da garota, e o sangue borbulhava em sua garganta.
- A situação não poderia ser melhor – falou Tracy, dando uma mão a Farway e ajudando a garota a levantar-se.
- Não poderia ser pior! Você matou a Pansy! Eles vão descobrir tudo, vão nos pegar e...
- E nada. – completou Tracy. – É só fechar os olhos dela, virar um pouco seu corpo e ninguém desconfiará que ela foi morta por um Avada Kedavra.
Farway baixou a cabeça, concordando com a saída de Tracy.
- Eu achei que você fosse me matar – disse Draco. – Obrigado por não fazer isso.
- Nossas contas serão acertadas depois, Draco. Isso é só o começo do seu aprendizado – disse Tracy. – Vão, vão embora! Deixem-me aqui com a Pansy, me deixem resolver isso logo...
Os dois saíram da Casa dos Gritos com a cabeça baixa, sem olhar para trás. Quando eles fecharam as portas, Tracy abaixou-se perto de Pansy e fechou seus olhos com as mãos. Puxou o corpo da garota para o lado, e deixou um braço por cima do peito dela. Levantou, e em um movimento da varinha levantou também a estante que fizera o corte no rosto de Pansy e soltou-a. Virou o rosto, enojada, quando ouviu a estante cair sobre o corpo inerte da garota e deixar um macabro Crack abafar o ar. Saiu dali no mesmo momento, sem nem olhar para trás para ver o que é que havia se quebrado. Pela primeira vez, sentiu medo. Sua primeira vítima poderia ser sua perdição.
Como foi noticiado pelo Profeta Diário há algumas semanas, os Srs. Mignonette estavam desaparecidos. Quem havia feito a denúncia fora uma amiga da Sra. Mignonette, Clarice Goulart.
Depois das incessantes buscas feitas pelo Ministério da Magia, eles foram encontrados. Pareciam um pouco atordoados e alegaram apenas que estavam cansados da casa e do trabalho, portanto resolveram tirar umas férias nas belas praias francesas.
“Não vejo o por que de tanta preocupação, não ficamos nem um mês fora de casa”, comentou o Sr. Mignonette “Sei que não somos muito de sair, mas já a não sair nunca... bem, Clarice poderia ter sido menos eufórica”.
“Agradeço sim a preocupação da minha amiga mas afirmo que não havia sequer um motivo para isto”, relatou a Sra. Mignonette para o Profeta Diário.“Isto deve ter servido apenas para preocupar nossa filha, Tracy. Mas ela pode ficar tranqüila, que mamãe e papai estão muito bem”.
E é com grande alegria que confirmamos esse fato. O casal está muito bem e isento da nossa preocupação.
- Tenho certeza que o Ministério fez buscas incessantes - comentou Harry, de mau humor e sarcasticamente após ler a notícia.
- Bem, o importante é que os pais de Tracy foram encontrados. Está mais calma agora? – indagou Hermione.
- Estou, é lógico – respondeu ela, rindo. – É bem dos meus pais essa de sair para espairecer e esquecer de avisar todo mundo.
Eles riram.
- Quem está preocupado agora é o pessoal da Sonserina – comentou Ron. – Bem feito para eles.
- Não diga isso, Ron – repreendeu-o Hermione. – Eles não sabem onde está a Pansy, é certo que eles, como amigos, fiquem preocupados!
- Ela sumiu ontem, durante a vista à Hogsmeade, né? – indagou Tracy. – Muito estranho isso.
- Realmente. Acham que ela morreu ou que foi seqüestrada, apesar de ninguém saber afirmar quem é o assassino nem o seqüestrador – disse Hermione, tomando mais um gole de seu suco de abóbora. – Dá medo pensar que há um assassino entre nós.
“Daria mais medo ainda se você soubesse que há uma assassina na sua frente”, pensou Tracy.
- É verdade – disse ela.
- Olhem, parece que Dumbledore quer dar mais um aviso! – Ron apontou para o diretor, que firmava-se na frente de um púlpito. – Tomara que eles não cancelem o baile por isso!
- Agora você bem que queria a Pansy rindo da sua cara lá na mesa da Sonserina, né? – indagou Hermione, sussurrando e rindo.
Dumbledore bateu suas mãos duas vezes e as levantou pedindo silêncio aos estudantes.
- Tenho uma notícia muito triste a comunicar a vocês – falou ele, com os olhos baixos. – Nós encontramos a Srta. Parkinson...
A mesa da Sonserina explodiu em aplausos, alguns levantaram-se. Dumbledore pediu silêncio novamente, com as mãos.
- Nós encontramos a Srta. Parkinson morta – ele falou enquanto observava algumas garotas da Sonserina ficarem histéricas. – Na Casa dos Gritos.
Tracy fitou Draco e Farway, sentados lado a lado na mesa deles. Esquecera-se de pedir silêncio aos dois, mas assegurou-se de sentir-se protegida encarando-os firmemente durante alguns segundos.
- Não sabemos o que ela foi fazer lá… – continuou Dumbledore – …mas uma estante acabou caindo sobre ela, matando-a na hora. Seu crânio partiu-se em três pedaços.
Todos estavam horrorizados. Uma garota chorava desconsoladamente no ombro de sua amiga, praticamente no mesmo estado.
- Alguém, por um acaso, sabe me dizer o que ela estava fazendo na Casa dos Gritos, naquele momento? – indagou ele, fitando todo o Salão Principal.
As pernas de Tracy tremiam, mas ninguém se manifestou.
- Gente, que horror... – comentou Hermione.
N/A.: Sabe, esse negócio de escrever o capítulo, mandar para a Beta e o reler só um mês depois, nos deixa bem animados. Pelo menos a mim, deixa. Sabe por quê? Quando eu concluo um capítulo, sempre acho que fica algo a desejar na história ou no desenrolar dela. Mas, lendo-o novamente só algum tempo depois, eu consigo achar que ele ficou realmente muito bom. Ou bom. Ou pelo menos aceitável. Enfim, eu gostei desse capítulo. Antes de escrevê-lo, eu pensei seriamente se devia fazer isso. Essa idéia de matar a Pansy e tal é bem retrógrada, lá dos tempos em que A Herdeira do Mal era apenas um feto em desenvolvimento. Resolvi escrever essa parte, e depois de rele-la, decidir se a postaria ou não. Acabei decidindo por postar, e arriscar esse chute a gol. Espero ter acertado ^^’
Muito obrigada mesmo a todos que comentaram, votaram, ou simplesmente visitaram essa fic no último mês. Percebi que, de alguns meses para cá, tudo nessa fic foi crescendo. Os comentários, os votos, as visualizações... e até o tempo entre as postagens. Huahuahuhauhuahh! Bem, tudo coisas ótimas, não é? Claro que sim, minhas visualizações ultrapassaram 3000! Estou bem mais confiante com todo o apoio de vocês e, saibam que, mesmo que eu diga às vezes que sem comentários eu paro de escrever, estou blefando. Logo no início do ano que vem essa fic entrará em reta final de postagem, por que de “escrita” ela já está. Tenho, mais ou menos, até o capítulo 23 desta fic pronto, então fiquem tranqüilos, nem que os comentários cessem, eu meto todos eles de uma vez só aqui e, quem quiser, lê.
Parando de falar besteira, agradeço a todos por terem me apoiado para escrever mais este capítulo, especialmente à Maluada Black, a melhor e mais fofa Beta Reader deste mundo; e também ao Rui Potter, que apesar de só ter começado a ler essa fic agora parece estar bem empolgado a me ajudar!
Liz Lupin: É, a briga deles ficou legal mesmo. Okay, eu já perdi a conta de quantas vezes repeti isso *revira os olhos* Muitíssimo obrigada pelos elogios! E, diga: as filhas primogênitas sempre são as mais importantes, né?
Renata Potter: Ah, bem, vou tentar explicar. Sim, eu sou H/C. Eternamente, creio eu. Só que, quando eu planejei essa fic, há exatamente um ano atrás, eu era H/G. E, se agora eu colocar os shippers de acordo com minha atual preferência, terei que mudar várias coisas na fic. Então, resolvi deixar H/G, até por que essa me parece ser a preferência de grande parte das pessoas, e a fic é para vocês. Explicado? Beijos e obrigada pelo comentário!
Carol Evans: É, foi sacanagem pura mesmo. Eu até me senti meio constrangida, várias pessoas xingaram o Harry aqui na fic. Mas, tudo bem, maltratar é preciso... a Riddle que o diga.
Anderson Potter: Hm, demora mesmo. E vai demorar por mais algum tempo ainda. Não sei se você pegou essa explicação, mas eu resolvi passar a postar os capítulos só e unicamente no dia 1º de cada mês. Por quê? Porque fica mais organizado, mais legal, e ninguém se perde. Mas isso não vai ser até o fim, não. Logo que eu terminar de escrever essa fic (da maneira que está indo, mais uns três meses) eu vou passar a postar duas vezes ao mês. Entendido? Obrigada pelo apoio!
kakazinha: Impotência sexual? *dá gargalhadas* Guria, que malvada! (Okay, eu também odiei o que ele fez, apesar de ter sido eu quem fez ele fazer =P ) Adorei seu comentário! E, para sua felicidade, próximo capítulo é o baile! E até que ficou bem legalzinho...
Llana Black: É isso aí! Fora! – Valeu pelo comentário, adorei!
Gaby Evans Potter: Claro que gostei da sua fic, e vou gostar sempre! Ela está demais! Obrigada por passar aqui, e lembrar-se de mim... beijos!
Deh_Di-Lua: Obrigada pelos elogios, adoro saber o que os leitores estão achando! Venha sempre com mais e mais dicas e sugestões (ah, pode elogiar também)!
Bela Riddle: Ah, agora você já sabe o que era todo o mistério desse capítulo *sorri* Espero que tenha gostado. Estou super curiosa para saber o que vai acontecer na sua fic, está cheia de mistérios! Vai postar hoje também? Espero! Beijos!
Ginna Potter: Ih, sei bem o que é ter uma vida que é um caos. A minha até que está mais organizada agora, estou conseguindo dar um jeitinho para tudo. E obrigada pelo comentário!
Luh: Oba! Você apareceu por aqui! Até achei que tinha me esquecido! Valeu, viu? Te adoro.
A **=';'=**Angelica Riddle: Oi! Obrigada pelos elogios e continue postando sua fic, que está perfeita! Como disse no comentário, estou me identificando muito com ela. Beijos!
Donna Malfoy: Perfeita? Perfeita? Ah, assim você me deixa muito modesta, fofa. Obrigada!
Fê Black: Uau, o capítulo anterior deu realmente o que falar. E, sobre a Lily da sua fic: eu adorei aquilo, também não gosto muito de clichês. Só achei legal comentar que ficou diferente (o que muitas pessoas buscam é, geralmente, fazer a diferença). Tchau!
Eddy: Ah, se eu pertencesse a esse grupo também não me arriscaria na história da moto! Mas irão acontecer coisas bem interessantes nessa “viagem” que eles vão fazer. Já comecei a escrever esse capítulo, e não está ficando nada mal, apesar de existirem várias dificuldades em fazer algo deste porte. Mesmo assim, a gente vai levando...
Rui Þö††ë®: Hm... por que todas as fics tem uma Herdeira? Eu poderia dizer isso de várias formas, por experiência própria. Quem sabe por que alguns de nós, ficwriters, temos uma necessidade interna de colocar nossas próprias emoções nos personagens, e isso leva ao surgimento de diversos POs? Ninguém nunca é perfeito, muito menos para leitores exigentes. Herdeiros geralmente ganham alguma coisa, principalmente a fama. Então, já surgem famosos. Podem ganhar outras coisas, também. E... bem, eu só tive uma idéia que gostei e a coloquei no papel. Era uma herdeira, mas eu nem sabia disso. Só quando eu decidi o título é que percebi. Respondido? Obrigada pelo apoio!
DeDe Potter: Sim, eu sei quanto os primeiros comentários são especiais. Que bom que pude participar destes seus. Adorei seu comentário, passe mais vezes por aqui!
Sta. Gina Wesley: Quando ler, comenta e diz o que achou. Estou super feliz com sua presença aqui e, logo que der, quero comentar em todas suas fics. Beijos!
Lola Granger: Como disse anteriormente, sei o que é ter falta de tempo. Mas obrigada por conseguir encaixar essa fic nos seus afazeres!
Misty Weasley Malfoy: Apaixonada pela minha fic? Que fofa! Adorei sua declaração de amor *ri* Beijos!
luiz black: Fala aí o que achou da fic, adorarei receber seu depoimento.
McGonagall: Estou muito honrada por ter você aqui, lendo minha fic. Quando ler mais, não esqueça de deixar um comentário com elogios, sugestões e críticas [construtivas]. Obrigada mesmo, até mais!
Jessica Gibb: Fiquei pasma quando soube que agora a F&B tem limite de caracteres. Era só o que faltava mesmo! Mas, como já disse a você, não é tão ruim assim *pisca* Nem, sabe que não me importo com sua demora. Só quero meu comentário xP Ah, sim, seria realmente ótimo se a Tracy tivesse aceitado o pedido do Leo. Eu amo o Leo! Eu também fiquei com raiva do Harry. Até mais, fofa! E, saiba sempre, nós estamos contigo aí, onde você estiver, ‘tá?
Priscila: Eu acho que evoluí na maneira de escrever desde que comecei essa fic. É a minha primeira, depois de um pouco de treino com outra que nem cheguei a postar. Então, também acho que a fic melhorou desde os primeiros capítulos. Que bom que está gostando e, respondendo a sua pergunta, o trio e Tracy vão passar um tempo na casa dos Weasley nas férias, e, só depois, é que vão “salvar” o Sirius. Por isso, Tracy ir com o Malfoy não vai influenciar em nada nessa parte da fic. Muitíssimo obrigada mesmo pelo comentário, fiquei super feliz! Beijos.
P.S.: Ah, dois últimos pedidos! O primeiro é para vocês comentarem bastante, mas bastante mesmo! Agora que a fic já passou de 250 comentários eu estou muito animada para chegar aos 300. E o segundo, é para que votem! Uma vez vocês votavam mais na fic. Preciso que vocês colaborem, votem sempre que puderem. E comecem agora, não demora mais que cinco segundos!
Querem um motivo melhor para fazer isso? Comentar muito e votar mais ainda? Domingo, dia 6 de agosto, é o aniversário de 14 anos dessa criatura que está aqui, escrevendo para vocês. Então, custa me presentear dessa maneira, que é a que eu mais quero? Por favor! Obrigada, e um ótimo mês para todos.
Manu Riddle
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