A queda, o escuro e o estranho

A queda, o escuro e o estranho



- CAPÍTULO UM -
A queda, o escuro e o estranho

Harry estava caindo no infinito. Para onde olhava, via apenas escuridão. Seus braços se mexiam como tentando parar a queda, suas mãos agarravam o nada como uma tentativa desesperada de se segurar no ar, mas nada adiantava.

A queda parara, estava seguro em algo, ou alguém. Sentia braços envolvendo seu corpo, e uma respiração ofegante em seu rosto. Uma respiração estranha, como se o alguém aspirasse o ar. Ele tentava abrir os olhos, mas de nada adiantava. A escuridão era mais forte do que sua tentativa de enxergar. Quem o segurava? Pensou para si mesmo. Mas tal pensamento foi arrancado pelo grito agoniante de sua mãe chamando por ele.

Se mexia, mas viu que estava caindo novamente. Seus olhos agora podiam enxegar de novo, ou quase isso.

- Não chegue perto dela! - gritou uma voz no fundo da escuridão. Uma luz verde apareceu, e tudo novamente ficou escuro.

Harry agora parara de cair novamente. Não estava nos mesmos braços que o segurava antes, não, sabia que não estava. Apenas um o segurava. A respiração era novamente ofegante. A escuridão não era tão forte agora, Harry podia ver o corpo das pessoas presentes em tal local.

- Novamente em minhas mãos, não é? - disse o homem que o segurava. Sua voz era fria e arrastada. Seus olhos como de serpente, olhava para frente. O outro braço do homem apontava para uma mulher, sua mão segurava uma varinha. Ao lado dela havia um homem caído no chão. Parecia morto, é o que pensou Harry, assistindo obrigado a cena.

O misterioso homem sussurrou algo e uma forte luz verde saiu da varinha e atingiu a mulher. Sem demora, seu corpo caiu no chão. Ela estava morta.

- E agora você! - disse objetivamente o homem virando seus olhos para ele, com uma varinha sendo apontada em seu rosto.

Houve novamente uma forte luz verde, mas nada acontecera. Harry estava caindo novamente no infinito. Tudo era escuro e cruel. Novamente fora pego pelos misteriosos braços, novamente viu a luz verde, e novamente caía.

Harry acordou. Não estava caindo, não havia tanta escuridão e não havia luz verde. Levantou, procurou seus óculos e o colocou. Estava em seu pequeno quarto na casa dos Dursley. Estava novamente na Rua dos Alfeneiros, número 4.

Sentiu algo passar em seus pés, olhou, e viu uma cobra saindo por debaixo da porta. Correu até ela, abriu e nada viu pelo corredor. Olhou para o relógio, não passava das 4 horas.

Volto para seu quarto, deitou na cama, e se esticou, olhando para o teto. O que significava aquele sonho, pensou com ele mesmo. Há um ano havia tido sonhos estranhos, e no final do mesmo acabara no Ministério da Magia vendo seu padrinho sendo morto. Virou de lado e ficou admirando a lua pela janela, uma forte tristeza corroía seu peito.

Fechou os olhos e novamente estava sonhando. Não com a queda, o escuro e o misterioso homem, mas com Hogwarts e seus amigos, Rony e Hermione.



O sol agora entrava pela janela do Harry. Havia barulho de carros na rua e pessoas conversando. Finalmente era dia, pensou Harry.

Se levantou e foi até a cozinha, se perguntando sobre aquele sonho. Era muito provável que as pessoas que vira eram seus pais. Mas não certeza, não via seus rostos. Ele só tinha certeza de uma coisa: aquele homem misterioso era Voldemort. Estaria ele novamente tentando enganá-lo, mostrando algo para que Harry corresse atrás e entrasse em perigo? Não, provavelmente não, pensou consigo mesmo. Harry sabia que Voldemort não agia igual duas vezes.

- Mais problemas, Petúnia. - disse Tio Válter, enquanto lia o jornal sentado à mesa. Que tipo de pessoas são essas? Mais um assassinato na cidade. E como sempre, ninguém importante morreu. Pelo jeito estamos fora de perigo.
Harry nessa hora fez cara de enojado, se sentando também a mesa. Sabia que os Dursley eram o mais longe o possível de serem considerados humanos, mas a esse ponto de se julgar importante a assassinos, Harry nunca havia visto.

Fatos estranhos tinham acontecido recentemente. Pessoas têm sido assassinadas sem um porquê, não havia fatos que comprovavam a razão de os assassinos o fazerem e nem prova. E o pior: a maioria morta sem um arranhão, sem problemas, sem doença. Harry sabia muito bem o que aquilo significava. Era o de se esperar após a volta em público de Voldemort. Um sentimento de desespero então invadiu Harry. Queria fazer alguma coisa, mas não podia.

- Olhe, pai! Estou conseguindo cada vez mais alto! - disse o obeso primo de Harry, Duda, arrotando. Como resposta de seu pai, houve apenas risadas. Era comum o garoto ser paparicado pelos Dursley, mesmo fazendo as coisas mais nojentas possíveis.

Uma coruja então entrou pela janela da cozinha, deixando uma carta sobre o prato de Harry, virou, e saiu pela janela. Tia Petúnia deu um grito de espanto, seguido pelo urro de Tio Válter.

- Você sabe como eu não gosto dessas coisas perambulando pela minha casa, moleque!

Harry não prestava atenção, abriu a carta e estava lendo. Era de Hagrid, desejando Feliz Aniversário. Como podia Harry ter esquecido do seu próprio dia? Junto veio um pequeno bolo, no estilo de que Hagrid fazia. Chocolate, e com um grande Parabéns escrito com glacê verde.

Outra coruja chegou, e outra vez a Tia Petúnia gritara. Harry pegou a carta que ela trazia e começou a ler. Enquanto o fazia, deixava um grande sorriso crescer em seu rosto.



Harry,
Não achou mesmo que esquecería de seu aniversário, não é? Não haveria como, afinal, não é sempre que um grande amigo faz 16 anos. Rony está aqui do meu lado, te desejando parabéns também. Claro, eu que tive que lembrá-lo. Você sabe como a cabeça dele funciona. Mas bem, eu estou n'A Toca! E espero que você também em breve esteja. Quinta-feita o Sr. Weasley vai passar por aí para te buscar. Imagino como deve estar horrível passar as férias com seus tios. Diga-os para não se preocuparem com a lareira, o Sr. Weasley está indo buscá-lo da maneira "normal".
Não vejo a hora de nos vermos.
Abraços,
Hermione




O coração de Harry agora batia rápido. Passar o fim das férias n'A Toca seria ótimo, como sempre foi. E o melhor: era quarta. Em um dia estaria revendo seus amigos e longe dos odiáveis Dursley. Não via a hora de o dia acabar.

- Válter... - disse Petúnia ao seu marido, apontando para Harry.

- O que foi agora, moleque? Alguma razão para estar sorrindo tanto? - gritou Válter a Harry grosseiramente.

- Ah, é só que eu...

- Fale logo. Não acha mesmo que tenho o dia inteiro para ficar te escutando. Só aqueles seus amigos esquisitos e aquela gente estranha que aguenta ficar olhando pra tua cara tempo o bastante para esperar você terminar de falar.

- Uma amiga minha me disse na carta que vem alguem me buscar amanha para passar o resto das férias com eles. O Sr. Weasley. Você se lembra, não?

Harry estava de certa forma sorrindo maliciosamente para seu tio. Quando tinha feito 14 anos, o Sr. Weasley e seus amigos o vieram buscar viajando através de pó-de-flú. O único problema é que não sobrou nada da lareira desde aquele dia.

- Não quero que cheguem perto de minha casa!

- Mas ele não vira como da outra vez! Ele virá do jeito "normal". Provavelmente de carro, tocar campainha, entrar, essas coisas.

- Não importa! E não fale nesse tom gozador comigo! O que a tua gente sabe o que é ser normal?!

- Então não posso ir?

- Se pode ir? Por mim desapareça. Só não quero os vizinhos comentando sobre esse tipo de gente perto da MINHA CASA!

Tia Petúnia soltou um grito.

Harry entendeu. De qualquer forma iria. Só mais algumas horas para estar novamente daqueles que realmente o conhecem. Pouco tempo para poder viver novamente.

Com um sorriso no rosto, foi para seu quarto e começou a arrumar suas coisas, apressando-se. Livros estavam totalmente jogados por seu quarto, a varinha no chão e Edwiges nem se quer estava em casa.

Depois de tudo certo, deixou a janela aberta para Edwiges retornar ao seu quarto e se deitou na cama, cansado. Estava durmindo para amanha acordar indo para A Toca. Que horas que eles vão vir, pensou Harry. Mas não se importava, faltava pouco para chegarem.

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