Descobrindo um Segredo



Capítulo III: Descobrindo um segredo.

Os ventos mudaram aos poucos, imperceptíveis àqueles que convivem com ele. O outono havia chegado com suas características manhãs geladas e tardes ensolaradas. As árvores começavam a ganhar um ar desolado, com seus galhos sem folhas, sem flores.

Atmosfera andava carregada naqueles últimos dias de setembro. Era uma correria generalizada. Todos enfrentado aulas tenebrosas, e sabendo de notícias horríveis. O mundo se mostrava cada vez mais perigoso e temível. A preocupação de cada um daqueles alunos estava estampada em cada café da manhã silencioso. As coisas já não eram mais as mesmas.

Para alguns as coisas podiam ser ruins, para Gina eram piores ainda. Ela não sabia o que mais temia, se era a guerra ou sua sina. Talvez fosse melhor assim. Talvez preferisse ir embora antes que algo pior pudesse acontecer, como perder algum ente querido, Hermione, Melissa ou até mesmo seu corajoso Harry.

Cada dia que se passava era uma vitória e uma derrota. Mais um dia de vida, menos um dia para viver.
Pensava na morte sentada na grama, na beira do lago. Era tão estranho pensar que não poderia mais ver ninguém, que simplesmente não acordaria no dia seguinte. Era estranho pensar que não sabia para onde iria, se poderia continuar cuidando das pessoas de quem mais gostava…

_Um doce por seus pensamentos. –uma voz masculina interrompeu a linha de seu raciocínio.

_Há, há!!! –riu Gina infeliz. –Acho que nem preciso falar sobre o que estou pensando. –concluiu com uma voz tediosa.

_A não Gina! Trate de melhorar este astral. Você não pode continuar assim pelo resto da sua vida.

_Como se minha vida fosse muito longa.

_Virgínia Weasley, trate de parar de falar bobagens, que coisa feia! Assim você me deixa muito triste. –o garoto, que já estava sentado do lado de sua amiga, fez um bico exagerado.

_Harry, assim não vale! Eu prometo que vou tentar ficar feliz. Mas vou tentar, não garanto que eu consiga.

_Espero que consiga. –desejou com ares disperso.

_Eu também. Mas é meio difícil quando começamos a questionar certas coisas que nunca questionamos antes.

_Questionar o quê? –perguntou Harry curioso.

_A morte! –respondeu Gin em tom misterioso.

_Esse assunto é complicado. –observou.

_Pois é, Harry. Eu nunca tinha pensado na morte tão seriamente até agora, que sei que vou morrer rapidinho.

_Você não vai morrer, sua boba. A gente ainda vai casar e ter muitos filhos ruivinhos. –disse Harry em tom maroto.

_Ah, pare com isso, você não é o meu verdadeiro amor. –explicou tristemente.

_Como você pode ter tanta certeza disso?

_Você é capaz de amar, Harry. Meu verdadeiro amor não é. Pelo menos é o que Morhan escreveu, é o único sentimentos que ele não terá.

_Bom, não vamos confiar nela plenamente. Acho que a gente deveria tirar a prova. –Harry começou a se aproximar lentamente de Gina.

“Por que ele está fazendo isso agora?” Gina perguntava-se mentalmente ante a perspectiva de ser beijada por seu “príncipe encantado”. “Você não pode fazer isso mocinha, você nem ao menos gosta mais dele. Pare com isso agora. Agora!!!”

_Harry, não!!! –o garoto já estava com os lábios à centímetros dos da garota, que berrou desesperada quando percebeu à proximidade entre os dois.

_Gina, o que foi? Você não gosta mais de mim? –a confusão estava estampada no rosto moreno do rapaz.

_Não! Quero dizer, ah não sei Harry, eu gosto de você, mas não é como antes. É diferente, eu não sei explicar. –Gina começou a ficar confusa também, não gostava mais de Harry como antes, mas ainda não o tinha esquecido completamente, agora era diferente.

_Tudo bem Gi! –Harry apoiou as mãos grandes nos ombros delicados da menina.

_Não vou fazer nada que você não queira. Até mais.

_Até. –despediu-se Gina sem graça

Ela ainda ficou algum tempo sentada ali, na beira do lago. Ficou pensando seriamente no que quase tinha acontecido. Desde quando Harry tinha algum interesse nela, ainda mais de casar e ter filhinhos ruivinhos. Bom, poderia ser apenas um surto dele, uma falta de carinho, uma brincadeira. Era difícil de acreditar que justo agora que ela não gostava mais dele, não sonhava mais em beija-lo, não desejava mais casar com ele, ele tivesse mostrado este interesse nela. Dava até um pouquinho de raiva.

Pensando melhor, não deveria ter evitado este beijo. Nunca se sabe… Dumbledore mesmo falou que o seu verdadeiro amor poderia estar ao seu lado, sem ela saber. Gina deitou na grama fresca, ficou olhando o céu azulado, respirou profundamente aquele ar puro. Sentia-se mais cala quando fazia isso. Ficava calma quando não era interrompida por alguém realmente indesejado.

_Ora, ora, ora. O que temos aqui? –perguntou uma voz maliciosa.

_Ah não. Ninguém merece! –disse Gina em alto e bom som, mas falando somente para si.

_Weasley, saia daí. Você está sujando o chão com essa sua cabeça vermelha e imunda. –retrucou ainda com uma voz maliciosa.

_Morra Malfoy. Você está sujando o mundo com a sua presença. –retrucou Gina com deboche escrachado.

_Ui! A pequena Weasley tem uma lingüinha afiada. Alguém vai ter que corta-la dia desses.

_Contanto que não seja você, seu verme nojento, podem vir tentar cortar. –Gina levantou-se agilmente. Nesse ato, porém, sua jaqueta abriu alguns centímetros, e como ela estava usando uma regata por baixo, o colar apareceu.

Malfoy olhou curioso para o pescoço da jovem. Gina percebeu o olhar do rapaz e olhou para o seu colo. Quando percebeu o que estava à mostra colocou sua mão rapidamente sobre ele. Mais que depressa fechou o zíper e começou a andar em sentido contrário ao do moço.

_Opa, o que vemos aqui. –Malfoy puxou Gina pelo braço com força, e ela foi obrigada a voltar alguns centímetros, ficando na mesma direção de Malfoy.

_Nada que seja da sua conta, doninha.

_Acho melhor você ficar quieta garota, se não eu posso não ser tão bonzinho.
Gina percebeu que Malfoy não estava, milagrosamente, acompanhado por seus capangas.

_O que você vai fazer? Até onde eu sei, você não é capaz de fazer nada sem seus capangas idiotas. –foi a vez de Gina falar maliciosa.

_Ah, pode ter certeza, pequena, que eu posso fazer muitas coisas com você. Quem sabe fazer uma marca parecida com a de Potter nessa sua carinha bonita.

“Carinha bonita? Não acredito que Malfoy disse isso.” Gina ficou embasbacada com as últimas palavras do rapaz. Enquanto ela ficou perdida em pensamentos, Malfoy puxou o zíper na jaqueta, abrindo-a por completo.

_Ei! O que você pensa que está fazendo, sua cobra? –Gina ao perceber levou um grande susto.

_Nada ruivinha. Eu apenas quero ver este seu interessante colar. –Malfoy aproximou-se do colar, e analisou-o atentamente, ainda segurando fortemente o braço de Gina.

_Me larga Malfoy. Olha que eu começo a gritar. –ameaçou.

_Pode gritar pequena, ninguém vai te escutar.

_Ah não, é? Ahhhhhhhhhh –Gina começou a gritar a plenos. Bem naquele instante estava saindo alguém pelas grandes portas de carvalho, era a hora certa para agir.

Malfoy ficou meio desesperado na hora que ela começou a gritar, não imaginava que ela fosse ter coragem suficiente para realmente começar a berrar. Impulsivamente ele colocou a mão livre na moca na menina.

_Ummmmm... –Gina tentava falar, mas era impossível, ele estava apertando muito forte.

O rapaz deu uma olhada pelos jardins para ter certeza de que ninguém teria ouvido ela gritando. Estava à salvo. Ninguém havia os visto ali, mas era melhor não arriscar, sairia dali o mais rápido possível.

_Ainda bem que ninguém nos viu. Você deveria ser menos escandalosa. Aff, ainda me fez colocar minha mãe nessa sua boca nojenta. Nunca toquei tanto em um Weasley em tão pouco tempo, posso te dizer que não é agradável, depois terei que desinfetar minha lindas mãos.

Gina tentava pensar em alguma coisa para fazer para se livrar de Malfoy. Porém sua cabeça não estava colaborando. Não conseguia pensar em nada útil. Aquilo já estava ficando chato, ele estava machucando seu braço e sua boca. E a proximidade com ele também não era muito boa, começava a pensar coisas terríveis, como: “Como a cor dos olhos dele é bonita.”, “Como ele é charmoso!” ou “Como ele é bonitinho”.

_Quer dizer que você está usando um colar de pérola negra. Bem, pelo que vejo esta pérola é verdadeira. Você nunca teria dinheiro pra comprar uma coisa dessas, e ninguém teria o mal gosto de te dar algo que é usado principalmente para maldições. A não ser que… -um sorrisinho debochado percorreu por instantes os lábios rosados do rapaz. Ele se aproximou ainda mais de Gina, de modo à ficar coma boca perto do ouvido direito dela, e sussurrou maliciosamente. –A não ser que você esteja amaldiçoada.

Gina ficou pálida na mesma hora. Não queria que aquela história se espalhasse pela escola, e principalmente pela Sonserina.

Malfoy percebeu que havia acertado em cheio.Só pela cara pálida que ela ficou deu para perceber. Ele soltou uma gargalhada sinistra, e soltou a boca da garota e seu braço, deixando-a livre. Deu alguns passos para trás e seguiu seu rumo, em direção ao castelo.

_Malfoy!!! –Gina gritou para ele, que estava de costas.

_O que foi, pequena? –perguntou sem virar de frente, como se já soubesse que ela iria lhe chamar.

_Não conte isso para ninguém. –ela pediu desesperada.

_Por que eu faria isso? –ele perguntou, ainda de costas para ela, o que não permitia que ela visse seu pequeno sorrido de diversão.

_Eu… eu… não sei. Mas por favor Malfoy, por favor não espalhe isso para ninguém. –Gina não sabia o que falar para convence-lo a não contar seu segredo.

_O que eu vou ganhar com isso, pequena?

_Eu faço o que você quiser, mas por favor não conte.

_O que eu quiser? –Malfoy virou-se e encarou a garota com uma expressão muito boa.

_O que você quiser. –Gina não via outra maneira de ele guardar aquele segredo.

_Bem, primeiro você não vai contar para ninguém que estou sabendo disso, e depois eu vou pensar no que eu quero que uma pobretona como você faça para mim. –o sorrisinho voltou, mas agora com um toque mais malicioso do que qualquer dos outros.

Gina bufou ligeiramente. Que terror, teria que fazer algo para Malfoy. Por que ela não podia ter uma mente mais criativa e ter tido outra idéia para se livrar do Sonserino nojento. Tinha vontade de chuta-lo, de soca-lo, mas tinha que fazer um acordo com ele. Era melhor se controlar.

_Tudo bem Malfoy! –falou entre dentes. –Você pode me procurar quando tiver algo em mente, mas não seja muito criativo, nem me venha com coisas absurdas, eu não vou fazer qualquer coisa, tem que ser algo honesto.

_Quantas exigências, pequena. Pode deixar que eu vou pedir algo bem interessante. Você vai gostar! –Malfoy olhava de uma forma debochada para Gina, como se fosse fazer alguma coisa bem interessante mesmo, Gina temeu as idéias do sonserino.

_Certo. –Gina ficou parada de frente para o garoto, sem saber o que fazer ou dizer, optou por ficar quieta.

_Se me dá licença eu preciso ir, já perdi tempo demais com as coisas de uma garotinha tão pequena. –disse ironicamente. –E eu preciso lavar as mãos.
Malfoy virou-se, mas antes que ele pudesse andar mais de meio metro, ouviu Gina gritar:

_Pequena é a mãe!

Ele continuou seu caminho para voltar para o castelo.

Gina observou o belo rapaz entrar na escola, depois fez o mesmo que ele, e voltou para a torre da Grifinória, com uma cara de muito poucos amigos.

Entrou no Salão Comunal pisando duro e sentou-se em uma poltrona de frente para Melissa, que fazia seus deveres compenetrada. Mel levou um susto tão grande quando Gina jogou-se na poltrona que deu um grito.

_Calma Mel, sou eu! –Gina deu uma gargalhada por causa da cara que sua amiga fez.

Todos no salão olharam momentaneamente para elas, mas logo voltaram a atenção para seus deveres.

_Estou vendo que é você. Mas, da próxima vez, tenta não me assustar. –Melissa já tinha ficado irritada, como sempre, por pouca coisa.

_Desculpa Mel, eu tava nervosa, nem pensei que você iria se assustar. –Gina tentava acalmar a amiga antes que ela começasse a gritar, o que não era muito difícil.

_Tudo bem. Mas por que você estava nervosa? –graças a Merlim o bom-humor dela começou a voltar.

Gina hesitou, não devia ter falado nada, Mel era curiosa demais, não a deixaria em paz até saber o que havia acontecido. Bem, poderia até contar, não faria mal algum já que Malfoy não ficaria sabendo, e ela sabia que a amiga não era de ficar espalhando as coisas, ela era bem fiel.

_Jura que não conta para ninguém?

_Juro. Mas o que foi? –Mel ficou assustada, quando Gina pedia segredo com aquela urgência era algo realmente importante.

_Eu te conto, mas você não pode contar para ninguém, para ninguém mesmo, nem para tentar me ajudar. –Mel acenou afirmando que não contaria. –Malfoy descobriu sobre a minha maldição.

_Como ele descobriu isso?

_Ah, não sei, ele veio me provocando quando eu estava lá na beira do lago. A minha jaqueta abriu sem querer e como eu estou de regata ele viu a pérola negra.

Você sabe Mel, Malfoy é bem ligado nas Artes das Trevas, ele disse que eu não teria dinheiro para comprar uma pérola dessas, e que ninguém teria o mal gosto de me dar, então ele disse que eu só poderia estar amaldiçoada. –Gina falava tudo aquilo rápido demais para a amiga entender tudo, mas a essência ela entendeu.

_Mas então ele só disse que você está amaldiçoada?

_É!

_Então ele nem sabe qual é a maldição. Pelo menos isso, ele só sabe que você está amaldiçoada.

_Eu não tinha pensado nisso. –Gina ficou impressionada com a capacidade da amiga de raciocinar numa situação daquelas.

_Mas e aí, o que aconteceu depois? –Mel ainda queria ouvir mais.

_Eu tive que implorar para aquele verme não contar isso para ninguém, já pensou se a sonserina inteira fica sabendo, e os outros alunos? Iria ser horrível. –Gina imaginava a cena de todos lhe apontando no corredor, e dizendo “olha lá a amaldiçoada.”

_E ele?

_A eu disse que eu faria qualquer coisa para ele, se ele não contasse isso para ninguém. Malfoy disse que era para eu não contar pra ninguém que ele ta sabendo disso e que depois ele iria me falar o que era pra eu fazer para ele. Eu tou com vontade de socar aquela doninha idiota. Ai que raiva. –Gina deu um soco na mesa como se isso pudesse aliviar toda sua raiva.

_Calma Gina, você não é obrigada a fazer nada. Se ele te pedir qualquer coisa absurda vai até o diretor e peça para ele falar com Malfoy, ele não vai desobedecer Dumbledore.

_Pode até ser, eu estou com um pouco de medo do que aquele sonserino idiota vai me pedir. Vai que ele me pede para fazer alguma coisa que possa ajudar o lado do mal, vai que ele me faz dizer alguma coisa sobre a Ordem, ou qualquer outra coisa. Agora está me batendo um medo de novo. Ai meu Merlim, o que Será que ele vai aprontar?

_Gina já estava de pé e rodeava a mesa onde Mel estava fazendo seus deveres, ela já estava ficando desesperada, agora tinha mais uma coisa com o que se preocupar, não bastava tudo que já tinha acontecido e que a atormentava dia e noite.

_Não sei! Mas de qualquer forma você não vai sair prejudicada, a não ser que aquele idiota não cumpra a palavra dele e conte para os amiguinhos dele sobre a sua maldição.

_É verdade Mel, como eu vou poder saber se ele não vai contar para os amigos sobre mim depois que eu fizer o que ele quiser que eu faça?

_É melhor vocês fazerem um Acordo de bruxo.

_Mel, não exagera, acordo de bruxo é uma coisa muito séria, não é pra ser feita com algo tão bobo quanto esse.

_Eu não acho Gi. Poxa, é importante que ninguém saiba disso, vale a pensa. Se você quiser eu posso ser a intermediária. –ofereceu-se Mel.

_Está bem. Mas acho que você não vai poder ser a intermediária, acho que vamos ter que nos virar sozinhos, sabe, revezar. Eu prometi que não contaria para ninguém. Não posso chegar lá falando que contei para você. Eu tenho que manter minha palavra pra ele manter a dele, o que acho meio difícil.

_Por isso eu estou falando para você fazer um acordo bruxo. Só assim ele vai respeitar a palavra que ele te deu, não é bom confiar em sonserinos, você sabe.

_É o que vou fazer.

_É assim que se fala. –Mel deu uma piscadela.

_Ah, tenho que ir até a biblioteca para achar o livro, se não vou me ferrar, nunca fiz um acordo desses, talvez até a peça uma ajudinha para a Mione. O que você acha, Mel?

_Legal. Mas não conta para ela sobre o Malfoy, ela vai ficar louca para contar para o Rony, ela fica muito preocupada com você.

_Ta bom.

Gina deu um beijo estalado na bochecha branca da amiga. Depois dirigiu-se até a biblioteca onde iria procurar sobre aquele tal acordo bruxo…


Notas da Autora: Baum, aí está o novo capítulo, que saiu antes que vcs esperassem, não é?! É eu consegui arranjar um tempinho para digitar antes do que esperava, e já estou com outro capítulo pronto, e podem esperar que é um capítulo gigantesco, maravilhoso, e… diferente. Na próxima semana eu posto, okk?!

Beijocas estaladas *Malu*

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