Notícia
Capítulo 19 – Notícia
Hermione cruzou os braços olhando para o colo. As coisas não deveriam ser tão complicadas...
Em uma mão melar o jantar de Harry... Em outra, ficar em desespero até a chegada de Harry.
Sem contar, obviamente, com a reação dele.
Ela prendeu a respiração. Harry... Sua reação. A mulher não estava preparada para elaborar situações.
Mas o que ele diria?
-Marcy você pode me trazer um pouco mais de chá?
-Sem problema.
Hermione suspirou resignada e pôs a mão em seu bolso. De lá ela retirou um espelho.
-Harry? – e ela esperou por alguns segundos até poder ver os olhos verdes dele.
-Oi?
-Está ocupado?
Ele olhou para os lados. – Está tudo bem, pode falar.
-Precisamos conversar – ela disse depois de respirar fundo.
-Você está bem? – perguntou franzindo a testa.
Hermione sentiu o estomago embrulhar. – Precisamos conversar – murmurou novamente.
-Você já disse isso – ele murmurou sorrindo levemente. – Só um minuto, Gina. É a Mione – o moreno disse olhando para frente.
-Desculpe estar atrapalhando. Mas você sabe que não faria isso se fosse um assunto sério – disse rapidamente.
Harry franziu a testa. Hermione só falava assim quando estava nervosa. – Estou indo para aí, agora.
-Obrigado – ela disse abaixando a cabeça e fechando olhos. Segundos depois ela estava guardando novamente o espelho no bolso.
-E então?
-Logo está aqui.
Minutos depois Harry e Gina aparataram na sala onde Hermione e Marcy se encontravam.
-Está tudo bem com você? – Harry indagou preocupado.
-Está – ela pausou olhando rapidamente para Gina. – Tudo bem. Você pode me acompanhar? – sua voz em um tom tremente enquanto estendia a mão.
Harry a segurou olhando-a sem entender, por que estava tão nervosa?
Eles subiram as escadas, deixando Marcy e Gina a sós.
-O que ela tem?
-Você conhece Hermione melhor que eu – a trouxa retrucou dando de ombros. – Quer chá?
**
-Mione você está me preocupando - ela o encarou, mas nada disse, continuou o guiando escada acima.
Eles entravam no quarto dela e Hermione o guiou novamente até a beira de sua cama, sentando-se. Harry logo fez o mesmo.
-O que há? – perguntou novamente.
-Queria, primeiro lhe pedir desculpas por lhe tirar do seu encontro.
Harry revirou os olhos. – Não é exatamente um encontro Hermione. Logo, você não precisa se desculpar.
A mulher suspirou e estremeceu quando olhou nos olhos do amigo.
“Merlim o que eu fiz? Harry é meu amigo...” Hermione segurou a testa sentindo-se novamente nauseada. “E era para continuar assim” ela soluçou fechando os olhos com força. “Apenas meu amigo” ela balançou a cabeça ainda sem encará-lo, sem coragem para isso. “E agora, Harry é o pai do meu filho”.
Hermione sentiu Harry tocar uma de suas mãos – a que estava sobre a cama -, apertando-a.
O moreno não disse nada, de algum modo, sabia que a amiga precisava deste tempo. Sua preocupação aumentando a cada instante, o que poderia ter Hermione?
Ele balançou a cabeça, afastando maus pensamentos. Ela estava bem! E ponto.
Eles passaram muitos minutos calados, até a monera, aparentemente, se acalmar. Ela retirou suas mão da de Harry e, mordendo a bochecha do lado interior, finalmente encontrou os olhos dele. Harry sorriu levemente, tentando lhe transmitir calmaria e conforto.
-E-eu tenho que lhe contar – ela levantou os olhos. – uma c-coisa – Hermione sentia-se esfriar, e com toda certeza deveria estar pálida nesse momento.
-Sou todo ouvidos.
-Ah. Harry. Aconteceu um... - ela falou rouca. Um acesso de reviravoltas tomava conta de seu estomago. Ela pôs a mão na boca rapidamente, com ânsia de vômito. Hermione sabia que tudo isso era culpa do nervoso e não, de fato, da gravidez.
-Quer que eu chame um médico?
-Não! Hã... Não é necessário. E-eu estou... – balançou a cabeça. – Vou ficar bem.
-O que você tem Mione? – ele acariciou seu rosto demonstrando preocupação. Hermione se afastou com um olhar estranho.
A mulher balançou a cabeça. Deveria falar. – Harry... Lembra do dia em que fomos comemorar minha promoção? Há mais de uns dois meses...?
-Como poderia esquecer? – murmurou. – Tudo aconteceu àquela noite – respondeu corando.
-Literalmente – Hermione retrucou com ar cansado. – Tudo aconteceu – continuou lhe fixando o olhar novamente.
-Não entendo.
-O que você pensaria se lhe dissesse que fomos inconseqüentes?
Aquilo tudo era muito óbvio. Ele não poderia ter dormido com Hermione... Pra começar, ele nem deveria tê-la beijado, porque daquela noite se lembrava muito bem, bem até demais... Porque fora ele que lhe beijara, fora ele que não resistira... Talvez Harry nem pudesse mais. Afinal, era Hermione.
O que tinha Hermione? Ele suspirou.
Hermione sua melhor amiga, a melhor amiga. Harry encontrou seus olhos e enquanto ele a olhava encontrava uma mulher linda, dos olhos castanhos e cabelo cacheado que ele adorava, encontrava uma mulher interessante e divertida.
Aquela era Hermione. Sua melhor amiga. Linda mulher bem-sucedida que ele amava... Amava [i]quase[/i] como uma irmã.
Aquela era a mulher que ele nunca, Merlim, nunca... poderia perder; e nunca, por tudo que era mais sagrado, lhe feriria. Assim como jamais iria desejar que se afastasse.
E se aquele dia, quando se “embebedaram” – ele já não tinha certeza se estava bêbedo àquela altura do campeonato, animado sim, mas bêbedo? – pudesse mudar algo entre eles, ele preferiria executar milhões de “Obliovate” em si mesmo, usar vira-tempos, fazer uma poção... Qualquer coisa para não perdê-la. Ele não poderia, ele não agüentaria.
-Certamente concordaria – respondeu sem pestanejar.
-Na nossa... – ela pigarreou. – Noite. – murmurou.
-O que tem “ela”?
E Hermione novamente se calou. Ela estava começando a se irritar consigo mesma, por que não conseguia contar de vez? Não estava feito? Mas não era tão simples assim, como um piscar de olhos. Ela estava com medo, estava nervosa.
Hermione não queria perdê-lo, Harry era uma parte sua, uma parte muito grande e insubstituível. Quando a mulher o olhava, ela sentia tantas coisas juntas... Ao menos, não tremia mais.
-Hermione, por Deus, fale... Está me deixando nervoso – suspirou frustrado.
-E-eu – ela se levantou, se afastando ainda mais dele.
-Você...? – incentivou.
-Naquela noite... Nós
-Nós...?
Hermione se calou novamente, era a vez de Harry estar irritado. A mulher lhe deu as costas e se dirigia para a porta. Harry estreitou os olhos.
-Hermione Granger! – falou em tom aborrecido. – É bom você começar a falar ou então eu-
-Você o que? – indagou desafiadoramente.
Aquilo a estava deixando-a aborrecida também – não admitia ter a fraqueza que ela intitulava “covardia” -, e não demoraria muito para descontar em Harry sua frustração. Era por isso que tentou sair daquele lugar.
Estranhamente aquele quarto, pelo menos ao ver da morena, tornara-se pequeno demais para conter os dois.
-Eu desisto completamente de você.
-Eu não sabia que você se importava – retrucou ainda de costas.
-Vou fingir que não escutei está bem?! Como pode dizer uma coisa dessas? - Hermione sentiu uma lágrima perpassar seu rosto. – E quer saber?! Se você quer sair, vai. Não me diga mais nada,– disse desarrumando mais o cabelo. - eu não quero mais s-
-Eu estou grávida – ela gritou sentindo o sangue ferver. – Estou esperando um filho seu, Harry James Potter.
**
-Você ouviu isso?
-Do que está falando?
-Não foi um grito?
-Acho que você enlouqueceu.
-Não acredito que não tenha ouvido! – Gina persistiu. – Merlim, será que eles estão brigando?
-Claro que não! – retrucou. – Por quais motivos estariam brigando? Por favor.
Gina olhou para a mulher pensativa. – Tem razão.
Marcy sorriu arrogantemente.
**
Harry começou a gargalhar enquanto se aproximava da amiga. Que história era aquela? Ela não deveria deixá-lo preocupado, como poderia brincar assim?
Mas ao encará-la, percebeu que Hermione continuava imperturbável, ao seu modo. E então o sorriso foi morrendo em sua garganta. Os lábios dele ficaram tão finos que desapareceram por um instante, voltando quase brancos segundos depois. Os olhos verdes dele, tomados por ar grave, a fitavam sem aparentar nada, sem saber aparentar, distinguir, ao menos.
Hermione mordeu o lábio inferior – não era assim que planejara. – e desabou em lágrimas.
-N-não era, não e-era assim – ela murmurou deixando-se observar, sem força para se mover, para se esconder ou fugir. – Eu – sentiu que fechava os olhos. – Não imaginei que fosse tão difícil contar... – continuou. – Estou com tanto medo – falou rouca. – Não queria que tivesse acontecido assim... – chorou mais abaixando o rosto. – E eu não quero perder você. E-eu, meu Deus, eu não suportaria...
Harry avançou ao seu encontro. Ele segurou seu rosto, secando suas lágrimas – Lembra do que eu prometi para você? – Harry murmurou. Ela o olhou incerta. – Você se lembra, Mione?– o homem acariciou seu rosto.
Hermione lhe abraçou. – Você jura que sempre vai estar ao meu lado? – perguntou baixinho.
-Eu nunca iria querer me afastar de você, por qualquer razão. Salvo, para tentar lhe proteger.
-Mas eu não quero – ela sussurrou. – Que de maneira alguma ou por qualquer hipótese, se afaste de mim. Você é uma das únicas pessoas que confio cegamente.
-Ei! – Harry segurou seu rosto com as duas mãos. – Não pense besteiras. Por que me afastaria de você?
-Não sei... Eu não sei.
-Escuta. Não há porque se preocupar com isso. Está bem? – ele beijou seu rosto. – Não quero e nem vou me distanciar de você. Não, se você não desejar.
-Disse que nunca iria me afastar de você – ele respondeu, no silêncio que Hermione fazia ainda olhando-o. – Disse que só me afastaria se você quisesse.
Hermione o abraçou com uma força que nem imaginou ter naquele momento. Em seu corpo a tristeza escorrendo, a alma sendo recoberta por uma imensa camada docemente macia de alívio. Ela fechou os olhos, seu rosto no vale entre o pescoço e o ombro do homem, inalando seu cheiro “Eu te amo tanto, Harry. Você nem tem idéia”.
“Você me deixou tão preocupado, minha garotinha” ele fechou os olhos a abraçando de modo protetor. “Não faça isso novamente... Nem consigo imaginar como minha vida seria sem tê-la por perto” suspirou com um sorriso nervoso. “Eu não consigo me imaginar sem você, Mione”.
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(Continua)
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