Deveria ser um jantar



Cap.10 - Deveria ser um jantar

Em seis meses no quartel general dos aurores e ele mal tinha tempo de respirar. Em dúvida, quando chegava em casa apenas caia na cama, não agüentava mais nada. Mas ele nunca esteve mais feliz, era tudo que sempre quis, seu treinamento não lhe decepcionou em um cm.
Harry estava esforçando-se muito mais, queria demonstrar que estava ali por merecer e não por ser o queridinho do chefe ou do ministro da magia. E isso estava lhe trazendo bons frutos (além de um pouco de dores de cabeça), era o melhor aluno do seu período, quiçá da academia.
Os treinamentos podiam até ser duros, não que ele se importasse... O único problema era que não tinha muito tempo pros amigos ou até mesmo para si, não pelo menos em seu primeiro ano...

Nesse momento Harry estava tentando lembrar o que fazia nos dias de folga.

-Conversar com o Rony e a Hermione. E tentar ser o mais natural possível com a Gina – ele franziu a testa.

Natural? Porque não seria natural?
Ele esfregou a testa tentando lembrar... Gina.
Ele tinha uma certa queda pela ruivinha. Ah! Era isso. Uma queda.
Depois de três meses sem contato direto e permanente com os amigos, até esquecia que os tinha... Ao menos até receber uma carta.
Depois de três meses sem poder conversar ‘direito’, sem muito tempo, teria dali a duas semanas um final de semana livre.

“Não esqueci de Gina” o problema era apenas o tempo, às vezes até esquecia quem era. Quer dizer, tudo é bem relativo. Ele está a muito sem a ver, porque, afinal, Gina está em Hogwarts, certo? Exatamente. A questão é convivência.

“Talvez eu nem goste tanto dele, o que seria um alívio... Acho que só sairia ganhando. Não posso me dar ao luxo de estar apaixonado. É isso. Primeiro minha carreira. Além do mais, se Gina tiver que se ’minha’ ela será amanhã ou daqui a seis anos”

-Potter – alguém estalou os dedos.

-Sim?

-Você está bem? – Um companheiro de classe lhe perguntou.

-Estou.

-Então preste atenção no que estou falando – retrucou friamente.

Harry revirou os olhos. – O que é desta vez?

***
Dezembro se instalou sem permissão no calendário das pessoas, trazendo consigo o frio e a neve. Nas ruas o movimento nas lojas de enfeites, presentes e artigos natalinos tornara-se conseqüentemente maior, como era esperado. Nem se notara como os meses haviam passado com celeridade, era como se acordasse seis meses depois, com lembranças vagas dos meses anteriores... Em um ano veloz, no entanto, houve grandes mudanças.

-Então vocês vão morar juntos, mesmo?

-É. Acho que foi isso que disse – brincou.

-Ah. Bem. Legal.

-Eu sei – ela sorriu bebericando um pouco do seu chá.

-Quer dizer, vocês são amigos né. Nossa! Nunca pensei.

-Eu também não. Mas acho que vai fazer um grande bem pra mim. Você sabe, nós estamos sozinhos – ela olhou para a mesa por um segundo. – não há porque eu morar naquela casa sozinha...

-Você vai vendê-la?

-Oh. Absolutamente! – exclamou. – não conseguiria, ali há meu passado.

-O que fará?

-Deixarei sob os cuidados de uma pessoa de confiança.

-E onde vocês vão morar então?

-Eu não contei? – perguntou empolgada. – Achamos um apartamento gracioso.

-O que vão fazer?

-Dividiremos na compra – ela disse distraída com um dedo na borda da xícara.

-Fico feliz.
***


-Uau! Quando você disse que era um apartamento, não pensei que você estivesse falando d’O apartamento, cara.

-Muito bom, né? – ele sorriu servindo café para dois.

-Bom? Isso é mais que bom! É... – ele o olhou com a boca entreaberta. - ...

-Fascinante?

-Diria fantástico. Quem vai arrumar as coisas?

-Nós dois.

-Não queria estar na sua pele, sabe? – ele falou sorrindo brejeiro.

-Sei que ela é organizada...

-Organizada?! Ela chega a ser paranóica.

-De qualquer modo – ele continuou fingindo não ouvir. – Não sou tão mal assim. Já sobrevivi morando sozinho, não foi?

O outro rapaz o olhou erguendo a sobrancelha descrente.

***

-Você vai não é? – Rony perguntou mais uma vez. – A Toca no natal, certo?

Harry levantou os olhos por pouco menos que alguns segundos. – Não sei, Rony. Você está vendo o quando de trabalho tenho.

-Mamãe não lhe perdoará. Estou falando sério.

-Vou tentar.

-Harry. Isso é importante. Por favor.

Os olhos do moreno concentravam-se em um pergaminho a sua frente, quase deslizando pelas palavras de tão rápido que se moviam. Por fim, com um suspiro, ele abaixou o pergaminho em sua mesa e encarou Rony. – Acho que até lá já estou de férias... Então – ele procurou sua agenda na gaveta, para olhar o calendário. – Eu tenho pra mim que poderei ir.

-Era só isso que queria ouvir – Rony disse batendo no outro do amigo. – Não vou te atrapalhar mais. Depois a gente se vê. Tá certo?

-Claro. Vocês vão jantar lá em casa não é?

-Certamente! – Rony sorriu alegre.

-Até mais tarde, então.

-Vê se não se mata por aqui.

-Eu vou tentar – falou passando a mão no cabelo.

Harry estava estudando para seu teste. Com seus dezenove anos estava preparando-se para tornar-se finalmente um Auror. Dois anos em treinamento duro, mais valera a pena... Agora que o físico e psicológico estavam prontos (preparados), era necessário mais esse teste escrito para receber o certificado, ser considerado realmente um auror. Verdade que ele já estava recebendo e fazendo trabalhos de campo, mas ainda assim era necessário e importante esse teste.
***

-Cheguei – falou assim que trancou a porta.

-Estou aqui na cozinha.

-Cheiro bom! Vou tomar um banho rápido e logo venho ajudar.

-Certo – disse mexendo em uma das panelas. – Rony e Lilá confirmaram para as oito horas.

-É. Eu sei falei com ele hoje.

-Natal na toca – Hermione disse virando-se para ele.

Harry suspirou. – Sim.

-E você vai? – ela perguntou levemente interessada.

-Sim, acho que sim.

-É melhor mesmo – contestou com um sorriso. – Ano passado você não foi e a Sra. Weasley ficou realmente chateada.

-Mas não foi culpa minha!

-Ei. Eu sei, calma – Harry balançou a cabeça dirigindo-se para fora da cozinha.

-Gina e Partavi também virão.

-Bom – ele respondeu sorrindo. Hermione voltou a olhar a comida. – Dino, Simas também não é?

-Ah. Sim – respondeu olhando-o novamente e lhe dando um sorriso. – Você sabe, eles não perderiam isso – falou. – Neville deve vir com Luna.

-Eles estão namorando?

-Hmm. Não estão não.

-Neville é realmente devagar.

-Olha quem está falando – Hermione retrucou ergueu a sobrancelha com um sorriso torto.

-Vou subir – e ele o fez, o sorriso zombeteiro de Hermione morreu logo depois, com um suspiro ela voltou a cozinhar.


-Como foi seu dia? – o rapaz perguntou abrindo a geladeira.

-O hospital estava até tranqüilo. Houve um envenenamento, uma perna quebrada... exames de rotina. E com você?

-Fiquei mais estudando. Tive um treino de agilidade. E um teste de campo.

-E como você acha foi? – ela perguntou ansiosa.

-Acho que fui legal – ele lhe ofereceu um sorriso tranqüilo.

“Hermione é assim. Nunca vai deixar de se preocupar”.

-Deixe que eu termino – ele somou. – Pode ir se organizar.

-Não, Harry. Ainda falta muito tempo.

-Você quem sabe então. Esse jantar será divertido – disse animadamente

-É, vai sim – Hermione comentou enquanto pegava algo na geladeira. Harry cortava alguns legumes. – Harry?

-Hm?

-Como está Sophia?

Harry levantou os olhos. – Ela está bem, super-ocupada no departamento de mistérios... Como sempre. Por falar nisso, ia me esquecendo, ela mandou um beijo. Disse que viria aqui qualquer dia desses.

-Seria ótimo!

-Foi o que disse a ela.

-Sabe que nunca mais falei com o Lupin?

-Outro atolado no trabalho – Harry disse sorrindo – está virando moda – ele brincou enquanto ficando do lado da moça.

-Realmente até você está estudando...

-Como assim? – indagou em tom falsamente ofendido.

-Ah... Você sabe – Hermione gesticulou erguendo a sobrancelha. – Esse seu estilo de “ócio, amei-o ou deixe-o” – falou dando de ombros.

-Eu? Ocioso? – Harry repetiu com o olhar estreito.

-Cuidado! – ela exclamou alarmada. – Você pode se cansar! Não pense tanto... – ela gargalhou com o olhar reprovador que Harry lhe lançou.

-Muito engraçadinha – ele replicou cutucando sua barriga.

-Você acha? – Hermione deu mais umas risadas entre a fala.

-É eu acho – ele falou com ar de seriedade, mas a jovem sabia que Harry apenas estava brincando.

-Você não me convence com esse seu ‘olhar 43’ – ela murmurou se esquivando quando Harry apertou sua barriga mais uma vez. – Bom, já que você se prontificou a terminar a comida – Hermione disse andando para trás, Harry a seguindo. – acho que é a minha deixa pra sair – ela disse ainda andando de costas e apontando com o polegar para trás. – Se é que me entende – ela correu quando Harry fez menção de segui-la. Ele riu.
****

Harry levantou a cabeça para a escada – a comida está pronta – ele a fitou – você está linda.

-Obrigada – então ela desceu as escadas. – Acredita que eu não sabia o que vestir? – Harry sorriu.

-Imagino - Hermione finalmente percebeu que ele estava quase pronto.

–Ficou muito bem – ela disse apontando para sua roupa.

-Ah – ele olhou para sua roupa e depois a olhou de volta. - Obrigado.

-Deixe que eu atendo – Hermione falou quando a campainha soou.

Alguns segundos depois, Gina aparecia junto a Hermione. E Harry já estava pronto.

-Oi Gina – Harry estalou um beijo rápido em seu rosto. – Pensei que viria com Rony e Lilá.

-E eu vinha... Mas – ela revirou os olhos. – Você sabe como a Lilá é...

Hermione riu. Lilá era terrível quando se tratava de roupa...

-Servida Gina? – Harry perguntou quando voltava da cozinha.

-Oh. Sim! – disse e observou Harry encher sua taça com vinho tinto. – Obrigada Harry.

Hermione respirou fundo sentando-se ao lado de Gina, assim como ela, Harry havia lhe dado uma taça. E agora estava bebendo um pouco. Ela olhou de Harry, rapaz moreno, alto e muito lindo... Para Gina, algo que chegava ao insinuante para cima dele... E que definitivamente este não reparava. Ela não conseguiu conter o riso.

Harry olhou para ela sem entender. De certa forma ele começou a sentir a mesma vontade. Gina olhou para Hermione confusa e um pouco constrangida. – Você está bem?

-Não se preocupe comigo – respondeu a morena secando o canto dos olhos. – Eu estava apenas pensando.

-E eu poderia saber o que? – Gina ergueu a sobrancelha.

Hermione ponderou. – Acho que sim – disse pensativa, estava apenas ganhando tempo. – Imagino como Rony deve estar com a Lilá, totalmente impaciente. Homens – Ela falou com mais um riso e pô-se a beber um pouco mais.

-Está gostando do estágio, Gina?

-Ah, sim. É maravilhoso.

-Mione disse que vocês ficaram no mesmo andar.

-É verdade – disse sem prestar muita atenção.


Nove horas Rony e Lilá chegaram. Todos já se encontravam lá.

-Desculpem a demora... – Rony disse olhando as pessoas ali.

-Não se preocupe Rony – Harry falou com um sorriso. – Quer beber algo?

-Seria ótimo – Lilá agradeceu olhando atravessado para Rony.

Minutos depois eles foram jantar.

-Hermione está maravilhoso – Parvati comentou. – Você tem que me dar a receita.

Hermione agradecei – Mas o crédito não é apenas meu. Harry fez boa parte.

-Mesmo? – Partavi não escondeu sua surpresa.

-Eu não sou tão imprestável Partavi – Harry retrucou brincalhão arrancando risos das pessoas que ali estavam.

-Tudo bem, me perdoe – disse ela. – mas me diga, qual é o segredo de vocês? – Partavi tinha um olhar astuto. Desde que se tornara escritora do profeta diário era assim, tudo era interessante.

-Bom... – Harry olhou para Hermione. – Isso é um segredo que não pode sair dessa casa – disse por fim. – Sinto muito Partavi, segredos de cozinha não podem ser revelados.

Ela o olhou de certa forma decepcionada e depois logo esqueceu quando encontrou a sua frente a sobremesa.


Lilá pediu licença e pegou um CD da sua bolsa e pôs no som dos amigos.

-Que Cd é esse? – Simas perguntou.

-Você verá – A moça respondeu com um sorriso.

Entanto isso, Luna e Neville estavam conversando com Harry, Partavi e Rony, Gina estava bem íntima de Dino, mas esta já havia bebido um bocado. Hermione havia ido até a cozinha para pegar mais uma garrafa de vinho.
Quando ela voltou, uma música já estava tocando. E Gina parecia um junto a Dino, Rony dançava com Lilá (agarrados, mesmo sendo uma música dançante). Hermione tentou esconder o choque quando se aproximou do grupo do sofá.

-Alguém quer mais vinho?

A morena achou desnecessário se aproximar da amiga para perguntar algo. Se ela queria relembrar os velhos tempos não seria Hermione que atrapalharia. Ela olhou de lado para Harry. Este estava observando a “dança” de Rony e Lilá, escondendo o riso.

Hermione riu. – Vem dançar comigo – pediu segurando sua mão. Harry hesitou por um momento, ele deu uma risada com um olhar de “tem certeza”, Hermione afirmou.

A música que começou a tocar foi “Lonely No More”

Ele, por fim, aceitou a mão dela e se levantou.
A questão não era saber dançar, depois que aprendeu até gostava... Mas ele não estava tão animado pra dançar essa música, além dele estar sentindo-se um pouco tonto por causa da bebida.

-Está gostando da festa?

-Estou sim. E você? – Harry perguntou.

Hermione apenas riu.

-O que foi? – ele indagou a olhando.

-Nada. Por que?

-Esse seu sorriso... – ele falou franzindo a testa.

-O que tem ele? – ela perguntou com um sorriso leve.

-Eu não sei... Mas eu vou descobrir.

-Mas não há nada para descobrir.

-É o que veremos. Mione, o que veremos.

-Sério!

Enquanto isso, Rony e Lilá tinham desistido de dançar e estavam beijando-se no meio da sala.
Luna e Partavi entraram numa discussão acalorada sobre duendes... E Neville e Simas tentavam entender o que afinal de contas elas estavam tentando dizer. Gina tinha se afastado de Dino e havia ido para a cozinha, o álcool talvez estivesse saindo do seu corpo, já Dino fora entrar na discussão das outras moças.

Hermione olhou Gina abrindo a porta da cozinha.

-Harry, já volto...

-Você vai me deixar aqui, sozinho? – disse com cara de pidão.

-É que a Gina...

-Ela pode esperar a música acabar não acha? – ele sorriu.

Hermione o olhou hesitante. – Hmm, acho que sim.

E se eu fosse bom pra você?
E você fosse boa pra mim?
E se eu pudesse te abraçar até sentir você se movendo pra dentro
De mim?


Harry sorriu mais, olhando com curiosidade para a amiga.

-O que foi? – ela questionou sem entender.

-Nada – disse dando de ombros.Harry se aproximou dela. – quantas taças de vinho você bebeu?

-Duas, três. Acho. Por que? Estou parecendo bêbada?

-Não – falou com um olhar estranho que Hermione não conseguia decifrar. – Não mesmo – e do nada, o rosto dele estava se aproximando do dela. Hermione prendeu a respiração.

Mas quando ela achou que os lábios dele tocariam o seu, Harry desviou – Eu é que acho que estou – murmurou em seu ouvido. – Você se importa se eu subir? – continuou. A moça apenas balançou a cabeça levemente, pois o queixo de Harry estava no seu ombro.

E se fosse um paraíso?
E se nós fossemos sinfonias?
E se eu desse toda a minha vida para encontrar alguma maneira de
Ficar do seu lado?


-Agora você pode ir até a Gina – ele falou. – E boa noite.

-Boa – falou tão baixo que nem soube que o amigo ouviu. Hermione respirou fundo e se dirigiu para a cozinha. – Gina? Está tudo bem?

A ruiva estava sentada no banco em frente ao balcão. – Sim. Tudo bem.

-O que você está fazendo aqui, então?

-Deixando o álcool sair de mim.

-Ah – Hermione tentou não rir.

-Você... Você viu...?

-Sim. Na verdade, acho que todo mundo viu.

Gina suspirou. – Eu não deveria ter bebido, não é.

Hermione preferiu não responder. – Quer um café?

-Seria bom.

-Não se preocupe com isso.

-Eu vou tentar – respondeu num suspiro. – isso está realmente bom – falou levantando a xícara. Gina a olhou.

-O que foi, Gina?

-Vi vocês dançando.

-Eu praticamente arrastei Harry.

-Ah. Amanhã você tem aulas?

-Não. Dia livre. Bom para me atualizar nos estudos. Tenho que dar uma revisada, sabe como é...

-Com certeza.

-Vamos pra sala? – perguntou a morena quando simplesmente não tinha assunto para falar.

******
(continua)
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Cap. Dedicado também a Bruninha que tá fazendo niver hoje! Dia 18/09!
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