Cap Único



N/a: ai, ai... mais uma de minhas loucuras... hehehehehe. Mais uma de minhas incansáveis loucuras. Essa song fic partiu de um dia extremamente chuvoso, no que eu, em meu extremo tédio e frio, decidi assistir uns clipes de A-Ha que eu tenho. E aí, me veio a idéia dessa fic. Se é T/L? Bem... não sei, fica a critério de vocês imaginarem se é ou não... rsrsrsrsrsrs.

Hum, preciso mesmo dizer? Harry Potter e cia não me pertencem, se não eu não estaria aqui aguardando ansiosamente pela tradução do sexto livro, afinal, já saberia da história toda! – minha mãe disse que eu tinha que escolher entre o inglês ou a tradução, porque ela não é um banco... u.u. Eu até pensei em comprar com o MEU dinheiro, mas ela prometeu jogar o inglês pela janela se eu resolvesse compra-lo ( ela sabe que eu pediria para ela comprar o traduzido... u.u ).

Ah, e antes que eu me esqueça, o nome da música é Crying in the Rain, do grupo A-Ha. Eu amo essa música!!! Ela é dos anos 90 – meio antiga, devo comentar, mas o que fazer se minha prima sempre me apresenta músicas dessa época? – sem falar da minha mãe... – e eu acabo me apaixonando por elas?


Cap Único


“I’ll never let you see

Eu jamais te deixarei perceber

The way my broken heart is hurting me

Como o meu coração partido está me machucando”


Ele sentia um vazio por dentro. Ele jamais imaginara se sentir dessa forma e, se fosse anos atrás, riria de quem dissesse que um dia estaria no balcão de um bar de Londres, tomando o que parecia ser para ele a quarta dose de vodca – bem, foi até onde ele contou – e tudo por causa dela. Ela, aquela que vinha povoando seus pensamentos desde os últimos anos de Hogwarts, desde que eles trocaram um terno, apaixonado e avassalador beijo, e desde que eles se separaram depois do mesmo. Desde então não trocaram uma palavra sobre o assunto e a relação entre eles era de profunda e verdadeira amizade – pelo menos da parte dela. Ele sabia que não podia esperar mais do que isso, afinal, ela gostava de outro e isso o fazia sofrer desoladamente.
Passava-se da uma da manhã, e o balconista já olhava feio para ele. O rapaz ergueu o olhar marejado e quebrado para ele, e entornou o copo de vez pelo rosto e bateu com força em cima do balcão.

-Mais uma. – falou num murmúrio.

O rapaz suspirou.

-Senhor, sinto muito, mas já passou da hora de fecharmos. O senhor é o único aqui e é com gentileza que eu peço que se retire.

-Ok, sei quando não sou bem-vindo num lugar. – disse ele emburrado, enquanto pegava o casaco e tirava todo o dinheiro do bolso e depositava no balcão. Nunca tivera paciência com dinheiro de trouxas e muito menos teria agora quando sentia-se um pouco zonzo, com o corpo já demonstrando o efeito das não-sei-quantas doses de bebida que ele tomara como se fosse água. – Aliás, nunca fui bem-vindo em nenhum mesmo... muito menos no coração dela. – ele suspirou.

-Senhor... – o garoto olhou surpreso os maços de dinheiro em cima do balcão. – Isso...

-Pode ficar com o troco. – ele respondeu de imediato. – Acho que você precisa muito mais do que eu, pelo menos você serve para alguma coisa, quanto a mim. – ele riu desgostoso. – Bem, eu não sirvo para absolutamente nada.

O moreno bateu a porta do lugar ao sair. Sentiu o frio da madrugada arrepiar-lhe a espinha e fechou mais o sobretudo sobre o corpo. A neblina pairava sobre a rua deserta, fazendo-o não enxergar quase nada à sua frente, suspirou. ‘Estado perfeito para a atuação de comensais e assaltantes.’ ele riu fracamente ao perceber o pensamento. ‘São tudo da mesma laia, mas até que eu gostaria que um dos dois, ou talvez, os dois juntos me atingissem, quem sabe assim eu não morro de uma vez e, com isso, paro de sofrer dessa maneira?’. Tornou a suspirar, dessa vez fortemente e sentiu uma nuvem se formar ao redor da sua boca. Ele ergueu a sobrancelha, achando o fato levemente engraçado. Começou a rir. Vendo que rira de uma coisa extremamente fútil, parou de rir e colocou as mãos no bolso.
-Acho que bebi demais. – falou num murmúrio.

Começou a andar calmamente pelas ruas desertas da cidade. Aquilo era um tanto quanto consolador. Aquelas ruas frias transmitiam uma calma quase que reconfortante, e parecia absorver para si, o que o rapaz sentira o que lhe vinha na alma: uma escuridão completa.

Sentia que sua alma tivesse sido arrancada do seu corpo, fazendo-o viver agora uma espécie de semi-vida... ou pior, uma vida amaldiçoada. Amaldiçoada pelo que ele achava ser o mais nobre e puro dos sentimentos: o amor.


“I’ve got my pride and I know how to hide

Eu tenho o meu orgulho e sei como esconder

All my sorrow and pain

Toda a minha tristeza e sofrimento

I’ll do my crying in the rain

Eu farei o meu pranto na chuva”


Tudo perdera o sentido no momento em que ela dissera ‘Não’. Apesar de não ter sido a palavra propriamente proferida, aquele empurrão que ela lhe dera, interrompendo o que fora para ele um dos momentos mais sublimes e perfeitos da sua vida, significou isso para ele. Ela não podia ter dito não com as palavras, mas o dissera com gestos e também com o olhar. O olhar frio que ela lhe lançara após a interrupção do beijo, foi uma ordem silenciosa de que ela não queria, nem permitiria que aquilo se repetisse novamente entre eles. Enquanto se recuperava das sensações que aquele beijo o proporcionara, sentiu-se entristecer ao encarar aqueles olhos brilhantes o fitando um tanto quanto irritadamente. ‘Desculpe, não vai mais se repetir’, ele falou e abaixou o olhar, ainda podendo ver os pés dela se afastarem rapidamente e um suspiro irritado em sinal de confirmação por parte dela.
Ao relembrar o fato, passou a mão inconscientemente pelos lábios, a fim de lembrar-se de cada detalhe daquele momento. Sorriu fracamente, não podia negar que havia sido divino.

Passado o momento de torpor, sentiu a dor novamente corroer-lhe o peito. Se, num momento de envolvimento, não a tivesse beijado, talvez não teria se apaixonado por ela, e, talvez, não sofreria como estava sofrendo agora. Apesar de não ter recebido o não, sabia que o receberia se tentasse. E, era aquela palavra tão pequena que o deixava naquele estado deplorável. O homem chegou a tentar se matar, mas, nem para isso ele servia. A coragem faltou-lhe no último minuto e não restou-lhe nada mais do que um pequeno corte no pulso. Desde então não tentara novamente, saberia que seria fraco demais para tal alívio e não teria sucesso, assim como não teve da outra vez. Possa ser que o pensamento de não vê-la mais depois de tudo, o fizera desistir da sua decisão no último minuto. Sentiu raiva de si mesmo e sentiu raiva dela. Deixou-a povoar seus pensamentos e, conseqüentemente, sua coragem sucumbiu perante a lembrança do seu terno e angelical sorriso


“If a wait for stormy skies

Se eu esperar por céus nublados

You won’t know the rain from the tear in my eyes

Você não distinguirá a chuva das lágrimas em meus olhos”


Era por essa razão que se dedicara tanto à profissão de auror e à Ordem da Fênix. Assim, sua mente se entretia com os milhares de pergaminhos à sua frente, as intermináveis perseguições a comensais e a Voldemort, e suas missões secretas. Tudo isso o fazia se esquecer dela, nem que fosse por breves instantes, nem que tivesse que agüentar a dor que voltaria com mais intensidade depois da lembrança.

Ele fez de tudo para esquece-la. Procurava outros braços para se aquecer, beijava outras na esperança de encontrar o sabor dela em outros lábios, cheirava o pescoço de outras para obter, pelo menos, um resquício de perfume que o fizesse se lembrar dela. Podia dormir com várias mulheres, mas era somente uma que ele se lembrava, e se controlava para não chamar por ela quando outra a acariciava.

Ela... o amor que sentia por ela havia se tornado, enfim, uma espécie de maldição incurável. Mais traiçoeira que uma Imperius, mais dolorosa que uma Cruciatus e mais desumana e arrasadora que uma Avada Kedrava. Havia tudo para dar, porém nada a receber.

A dor, a angustia, a tristeza, a solidão... sentimentos que sabia que jamais o abandonaria, seriam seus companheiros fiéis, até o dia da sua morte, ou quem sabe, a morte daquele imenso amor. Nunca viveria em paz, tinha certeza disso. Não quando tinha que conviver com a presença dela – apesar de evitada a todo custo – durante o dia, e as lembranças dela à noite, enquanto tentava em vão se entregar ao mundo de um sono sem sonhos.
Lembranças estas que não passavam de um fruto da sua imaginação. O único fato real era um beijo: um único, mísero, porém intenso beijo.


“You’ll never know that I still love you so

Você jamais saberá que eu ainda te amo tanto

Though the heartaches remain

Embora os desgostos permaneçam no coração

I’ll do my crying in the rain

Eu farei o meu pranto na chuva”


Estava tão perdido em seus pensamentos que mal percebeu que uma fina chuva começara a cair, deixando, em poucos minutos, seus cabelos negros extremamente grudados em seu rosto. A nuvem ao redor da boca se tornou mais densa, assim como a neblina que o cercara. Não sabia onde estava, afinal, não prestara atenção em tudo ao seu redor, mas ele tampouco gostaria de voltar para casa naquele momento. Trancar-se no que antes era seu refúgio, para ele agora se tornara um martírio, pois, enquanto estava sozinho, os pensamentos depressivos voltavam a povoar-lhe a mente e ele pensava em tudo que perdeu por ter sido tão tolo a ponto de te-la deixado escapar e ter negado por tanto tempo esses sentimentos. Mas, agora era tarde demais, eles já estavam namorando e praticamente noivos. O rapaz podia ver o nítido sorriso de felicidade no rosto dela e seus olhos brilharem de uma forma divina... para ele. O que ele não daria para ter aquele olhar só para si, aquele sorriso, aqueles beijos, aquelas carícias, aquele corpo... aquele amor. Pelo menos só por uma noite, pelo menos só para ter a nostalgia de conviver com as lembranças depois... pelo menos seria algo que fora real, pelo menos ele podia dizer que um dia ela fora dele e ela o amara.
Àquele ponto estava completamente encharcado, mas não parecia se importar. Uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto, mas ele não pareceu perceber. Soltou um longo suspiro e se recostou nas grades de uma casa qualquer de uma rua qualquer.

A segunda lágrima rolou, se confundindo com os pingos grossos que agora caíam do céu. Seu melhor amigo... havia perdido a mulher dos seus sonhos para o seu melhor amigo. Talvez fosse por isso que desistira dela no momento em que descobrira-se apaixonado por ela, tudo por causa do outro. Sim, o outro a merecia. O outro a amava a mais tempo do que ele. O outro vivia a suspirar pelos cantos por ela, assim como ele suspirava por ela agora. O outro temia se declarar com medo de receber um “não”, da mesma forma um dia ele temeu receber quando pensava na tênue possibilidade de confessar tudo o que sentia por ela. E fora o outro quem ela escolhera, fora o outro a quem ela se entregou por inteira a primeira vez e vivia se entregando até agora... e era com o outro que ela estava de casamento marcado.


“Raindrops falling from heaven

Gotas de chuva caindo do céu

Could never take away my misery

Jamais poderia lavar o meu sofrimento”


Valeria a pena, então, estragar tudo o que o seu melhor amigo se empenhara tanto em lutar e conquistar, e ele se empenhara tanto tempo em fazer descaso e esquecer até que, depois dela ter começado a namorar com o outro, ele resolver acordar e finalmente admitir algo que sempre negou? Seria algo justo? Seria algo honesto da parte dele?

Entregou-se as lágrimas e reprimiu um soluço. Sentia nojo de si mesmo e remorso por passar dias e dias tendo sonhos e pensamentos íntimos com a namorada DELE.

Sim, ela o escolhera. Por anos ela não ligou para ele, por anos ele vivera calado, somente com sua paixão, por anos ele tentou conquista-la e conseguiu. Sabia que ela se apaixonara perdidamente pelo outro e não podia fazer nada para mudar isso.

Então? Por que deixava-se levar pela tristeza assim tão facilmente? Sabia que era uma guerra já perdida antes mesmo da primeira batalha, então, por que ainda tinha esta angústia dentro do peito?

Suspirou. Um relâmpago iluminou o céu ao longe, o rapaz ergueu o olhar para fitar o céu. As nuvens extremamente escuras refletiam seu estado de espírito. Fechou os olhos e ergueu um pouco os braços, desejando fortemente que a água que o banhava levasse consigo toda a dor que lhe vinha no coração, ou quem sabe, levasse de vez com ela sua vida e concebesse a ele a morte que a tanto tempo lhe era desejada, para enfim, conceber um descanso eterno para aquela alma eternamente atormentada por aqueles olhos verdes e brilhantes.


“But since we’re not together

Porém, já que não estejamos juntos

I’ll ‘pray’ for stormy weather

Eu esperarei por um tempo chuvoso

To hide these tears I hope you’ll never see

Pra esconder as lágrimas que eu espero que você jamais perceba”


Sentiu vontade de gritar. Não sabia o porquê, nem o quê gritaria, mas a vontade de solta-lo corria em suas veias, esquentando cada parte do seu corpo e deixando um rastro de estímulo a medida que passava. Mas o grito automaticamente foi reprimido quando o som de um trovão que, apesar de longínquo, demonstrou-se forte e se fez presente.

Um tanto quanto surpreso, ele abre os olhos e olha ao seu redor, a neblina havia então cessado e a chuva se intensificara. Ele sentia seu corpo tremer de frio e sabia que, àquele ponto, poderia ter o rosto extremamente pálido e os lábios sem cor ou até arroxeados. Abriu um sorriso ao pensar na possibilidade de pegar um resfriado, ou quem sabe, uma forte pneumonia. Talvez a doença o fizesse esquecer dela.

Pela primeira vez reparara na casa que estava à sua frente. Prendeu a respiração ao perceber onde estava.

-A casa deles. – sentiu as forças vacilarem e por pouco não caiu de joelhos na calçada.

‘Por que será que eu faço isso comigo mesmo? Será que eu já não sofro o bastante e ainda quero sofrer mais?’ seus olhos brilharam tristemente e as lagrimas, que a esse ponto tinham cessado, voltaram com mais intensidade.
‘Poderia se declarar talvez?’ ele pensou num suspiro. Não sabia que dia, hora ou data seria, mas sabia que ele estava em viagem, numa missão da Ordem, e não tinha previsão para voltar, ela estaria sozinha em casa. O amigo não avisara nada a ele, talvez não tenha voltado ainda, talvez fique por mais alguns dias por lá... ‘ou talvez, nunca mais volte’ uma vozinha completou no que ele balançou a cabeça para espantar os pensamentos.
-Não, você não vai entrar por esse portão, muito menos entrar por essa porta, não mesmo. – disse num murmúrio, para si mesmo.

‘Essa seria a sua chance, quem sabe o que você tanto anseia finalmente aconteça... depois vocês dois podem esquecer de tudo e retomar suas vidas’ retrucou a vozinha em sua mente.

‘Se a tivesse em meus braços, será que meus desejos enfim cessariam? Ou me faria ama-la mais do que eu já a amo?’ ele indagou para si mesmo. A mão já se encontrava nas grades do portão e pronto para abri-lo.

‘Só vendo para descobrir, não é?’ respondeu a voz com outra pergunta.

Realmente, seja lá o que era aquela voz, fosse seu subconsciente, seu próprio eu, ou até mesmo uma entidade espiritual... ela não cooperava nem um pouco com ele. Com um suspiro abriu as grades, que rangeram levemente. Uma luz no quarto de cima se ascendeu e ele rapidamente as fechou e se escondeu em um canteiro qualquer que enfeitava o jardim.


“Someday when my crying’s done,

Algum dia, quando meu pranto estiver acabado

I’m gonna wear a smile and walk in the sun

Eu vou exibir um sorriso e caminharei sobre o sol”


Os rubros cabelos dela se fizeram presentes na porta da varanda do quarto deles. Apesar de estar escuro, e ele mal enxerga-la por causa da chuva que caia incansavelmente, ele podia vê-la olhar confusamente para tudo ao seu redor, antes de ouvir aquela doce voz murmurando.

-Tem alguém aí? Sirius? Tiago?

Ele exibiu um fraco sorriso quando viu que ela havia se lembrado dele.
Soltou um longo suspiro, sentindo o coração bater acelerado, porém não se identificou. Desistira de se declarar no momento em que a vira novamente.
Temia que ela o odiasse, temia que ela afastasse... temia acabar com uma amizade que conseguira a tanto custo, para assim, poder conviver com ela... estar sempre perto dela, sem levantar suspeitas dos seus verdadeiros sentimentos.

Temia também que ela contasse para o outro... seu melhor amigo. Temia que o amigo o olhasse com um olhar decepcionado, quando descobrisse que ele tentara flertar com sua namorada, propusera que ela passasse uma noite com ele... traindo assim a sua confiança. Sabia que não seria tão canalha a ponto de fazer isso. Afinal, apesar de ser o outro, o que se pusera no caminho entre ele e Lily, não podia para si mesmo o fato de que o outro a amava e o considerava um irmão que nunca teve. Com ele não era diferente.

O que faria então? Para quê estava ali? Suspirou. Talvez pudesse falar-lhe, perguntar como estava. Inventar uma desculpa qualquer para vê-la, ficar ao lado dela o resto da noite fazendo-lhe companhia. Talvez dissesse que o namorado pedira que ele tomasse conta dela para ver se não havia gente de olho na garota dele e que ela não o trocara por um curandeiro metido a lindo e maravilhoso do St Mungus.

Apesar de sofrer, ele não podia deixar de rir ao pensar no quão ciumento o amigo poderia ser. Era desses breves momentos que ele se aproveitava. Sempre a abraçava mais forte quando se cumprimentavam, arriscava cheirar levemente o pescoço dela, dar-lhe um beijo intenso e estalado na bochecha, passar-lhe a mão de leve pelas costas... pequenos gestos que implicitamente demonstravam todo o amor que sentia por ela, e que poderia ser justificado com a famosa desculpa marota de fazer ciúmes no amigo, que corava furiosamente e, com os braços cruzados respondia ‘ Ela ainda é minha, sabia?’.

Mesmo que por brincadeira aquela frase era proferida, o seu amigo não sabia o quanto aquela frase o fazia sofrer. ‘Ela é somente dele, você não pode fazer nada. Eles se amam e você nada pode fazer para mudar os fatos. Eles são felizes e você terá que se contentar com a felicidade deles, no lugar da sua. Ele a mereceu, ele batalhou por ela, enquanto você desistiu no primeiro obstáculo’ dizia sempre para si mesmo, tentando em vão se conformar com o fato de que ele a perdera.


“I’m maybe a fool

Posso parecer um tolo

But till then, darling, you’ll never see me complain

Mas, até lá, meu bem, você nunca verá eu me queixar

I’ll do my crying in the rain

Eu farei o meu pranto na chuva”


Ela ainda olhava para a rua, agora com a varinha em punho. Ele ainda a admirava, quieto em seu canto, apenas se deliciando em ver seus rubros cabelos balançarem graciosamente ao vento, a camisola verde que usava demonstrarem completamente suas curvas perfeitas e os pés descalços no chão. Ali, daquela forma, ela lhe parecia um anjo... um anjo inalcansável. Talvez ela fosse a enviada para resgatar-lhe de um inferno que ele mesmo se deixara atirar... mesmo que ela não soubesse, ela era a sua única salvação.

Um vulto se aproximou lentamente dela. Ele sentiu o seu coração quase sair pela boca, pensando que seria alguém para ataca-la. O vulto foi iluminado pela luz e ele sentiu um nó na garganta. Era ele.

Ele a abraçou por trás, enquanto a ruiva soltou um grito assustada. Ele sussurrou algo no ouvido dela, fazendo-a rir. O coração dele se apertou dentro do peito... o riso que ela sempre guardava para ele.

A chuva não mais lhe importava, para falar a verdade, ele nem mais a sentia, assim como não sentia o seu corpo. Um falso sorriso ocupou o rosto dele ao pensar na possibilidade de não ter mais o corpo que o prendia àquela vida atormentadora.

Seu amigo passou as mãos levemente pela barriga da ruiva, sentindo a maciez do tecido da camisola. Ela sorriu fracamente e, de olhos fechados recostou a testa no pescoço dele, enquanto alisava sua face lentamente com a outra mão.

-Senti sua falta... – ele a ouvira proferir baixinho.

-Não mais do que eu de você. – ele sorriu pelo canto dos lábios e começou a alisar a barriga da ruiva de cima a baixo.

Ele sabia que aquela cena era demais para si próprio, estava acima do que o seu coração podia suportar, mas ainda ficava ali... se imaginado no lugar do melhor amigo. Como se fosse a mão dele a tocar-lhe a barriga dela e o seu corpo a abraçar o dela. Soltou um longo e silencioso suspiro.

Ela subiu a cabeça e dei-lhe beijos leves em seu pescoço. Ele sentiu seu corpo arrepiar, sabia que o outro provavelmente estaria sentindo o mesmo.

O rapaz desceu a cabeça e beijou-lhe apaixonadamente nos lábios. Um brilho de inveja transpareceu nos olhos dele e o maroto tornou a soltar um longo suspiro. Nenhuma sombra sequer do sorriso de outrora era visto no rosto dele.

Quando o amigo a carregou nos braços e ela abraçou-o pelo pescoço, ele virou o rosto para não presenciar a cena. Tentou-se fazer de surdo para as vozes que vinham da sua própria mente: podia ouvir cada palavra de amor que eles trocavam entre si, podiam ser imaginarias, mas ele sabia ser verdadeiras. Sua boca umedeceu e secou rapidamente ao lembrar-se dos lábios colados no dela. Suas mãos suavam, desejando tocar naquele corpo desconhecido para ele e que ele sabia que agora o melhor amigo devia estar tocando com extrema ansiedade e carinho. Não queria imaginar a cena que ele sabia que as paredes daquele quarto estavam prestes a presenciar... mas não conseguia evitar... pois desejara estar nos braços dela naquele exato momento.


“I’ll do my crying in the rain

Eu farei o meu pranto na chuva

I’ll do my crying in the rain

Eu farei o meu pranto na chuva”


O cheiro de lírios invadiu suas narinas e, num momento de devaneio ele olhou para a porta da frente, pensando que ela estaria ali, esperando-o de braços abertos, gritando que o amava e que queria te-lo para sempre perto de si. Piscou várias vezes, não crendo que aquilo não passara da sua imaginação. Soltou um longo suspiro e saiu do seu esconderijo, pondo novamente as mãos no bolso.

-Te perdi para sempre, Lily. – ele disse rapidamente, lançando um último olhar à varanda do quarto do casal. – Espero que ele te faça feliz.

Naquele exato momento, Lílian tem um sobressalto e Tiago para de beijar o seu pescoço e a encara confusamente.

-Lily?

-Não... não foi nada. – ela sorriu fracamente. – Apenas pensei ter ouvido a voz de Sirius.

Tiago ergueu uma sobrancelha, um pouco surpreso.

-E o que Almofadinhas iria fazer, no meu jardim, às... – ele olhou para o relógio. – ... três horas e trinta da manhã, num temporal desses?

A ruiva deu de ombros e sorriu.

-Não seria essa uma desculpa para interromper o que estávamos fazendo? – indagou num sorriso maroto.

-Ah, cala essa boca! – disse ela risonha, enquanto Tiago voltava a beija-la apaixonadamente.

Do lado de fora, Sirius retomara a sua caminhada pelas ruas. Sentia corpo molhado e a roupa e o cabelos grudados nele. O maroto exibiu um fraco sorriso, um fraco e falso sorriso que o acompanharia até o fim de seus dias... quem olhasse atentamente em seu rosto, poderia ver as manchas das lágrimas e o olhar tristonho, apesar da chuva grossa que ainda insistia em cair, confundindo seus pingos com o pranto que rolava dos olhos extremamente azuis dele.


“I’ll do my crying in the rain

Eu farei o meu pranto na chuva”


N/a: Bom, essa fic, com certeza, fora diferente de tudo o que eu já havia publicado...fugi mesmo às regras T/L – não necessariamente... hehehehehe. Espero que o texto não tenha ficado muito confuso... afinal, sempre quando eu me referia a Sirius era por ‘ele, o rapaz, aquele homem’, mas, eu realmente quis fazer o texto assim, afinal, perderia a graça se eu contasse que era o meu adorado Si desde o começo, não? Aí eu pergunto a vocês, eu gosto mesmo de faze-lo sofrer... mas, o que fazer? Minha humilde mente quando pensou nessa fic, inicialmente pensou numa T/L, mas a música tem uma letra muito triste para um final feliz, então me veio usar o Sirius como o sofredor... u.u. Espero que tenham gostado! n.n. Eu espero que tenham gostado.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • jully potter

    nunca tinha imaginado o sirius gostando da lily muito fora do normal,mas ficou bem lega bjos

    2011-10-12
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.