Reflexos De Um Verão Sombrio



Capítulo 15 - Reflexos De Um Verão Sombrio


Notas da autora: Se eu precisasse descrever esse capítulo, certamente usaria a palavra "dicas", mas vocês também precisarão tirar suas próprias conclusões. Já estou cheia de idéias para o capítulo 16 e devo começar a escreve-lo no máximo amanhã (03/04) ou depois. Desculpem-me pela demora, mas eu estava em semana de provas e tinha um bando de livros para ler... de qualquer modo, atualização no próximo fim de semana. Por favor, deixem comentário para mim... só um pouquinho de gente veio me dizer a opinião... L Ah! Para deixar a galerinha curiosa, tem um adiantamento do que virá lá no final do capítulo... não deixem de ler.

Rony estava pálido e encarava a mesa com um olhar vidradzuruuo. Tudo à sua volta permanecia imutável em relação ao minuto anterior, mas ele sentia-se como se houvesse acabado de ser transportado até um mundo de gelo. Seus lábios e garganta foram forçados a conhecer uma secura escaldante, quando as imagens descritas por Neville apareceram em sua mente. Ele via tudo, sentia tudo. Ninguém devia estar ali. E se algo não fosse feito rapidamente, logo o lugar estaria vazio novamente. E aquela não era uma boa noticia.


Hermione, Harry e Neville esperavam ansiosamente pelo momento que Rony lhes explicasse sobre o que estava falando, mas diante do silêncio quase constrangedor, teriam se contentado com algum sinal que indicasse que o garoto estava bem. Ao passar de alguns segundos, ela não se conteve.

- Do que você se lembrou? - Hermione perguntou. Precisou cutucar o amigo duas vezes para obter resposta.


Rony sentiu um dedo afundar em seu ombro e só então voltou a si. Sentia-se estranho, quase como se houvesse saído do ar por alguns momentos, mas também se sentia estúpido, com vontade de esmurrar a própria face. Havia se comprometido a não deixar que Neville ficasse sabendo de nada relacionado ao sonho que tivera e, ao menos que tivesse uma boa explicação para a sua lembrança repentina, poderia botar tudo a perder.


- Acabo de me lembrar que esqueci o questionário dzurue defesa contra as artes das trevas em cima da cama, e eu não posso me dar ao luxo de ficar sem nota. Vou lá correndo buscar, senão acabo chegando atrasado na aula do professor Williams e ele, apesar de ser muito legal, não tolera esse tipo de coisa. Encontro vocês na sala de aula.


Neville achou a explicação no mínimo bastante estranha, mas não chegou a ligar a lembrança alheia aos próprios relatos. Hermione ergueu uma sobrancelha ao ver Rony se afastar. Estavam juntos no momento que ele guardou a tal redação na mochila.


Harry não se assustou ao sentir, novamente, um mau presságio em forma de arrepio. Tudo indicava que o amigo havia se recordado de algum fato da época que ficara internado em St. Mungos. A vontade que tinha era de deixar Neville sozinho, puxar Hermione pelo braço e sair correndo pelo corredor, a fim de descobrir o que havia acontecido.


O que certamente não fez. Na sua imaginação, Neville não fazia a mínima idéia do que podia significar aquele sonho e se ele saísse correndo como um doido pelo corredor, certamente causaria suspeita. Neville, por sua vez, que não podia saber de nada, já tinha uma idéia bastante concreta sobre a origem de seu sonho estranho e ainda evitava o olhar de Harry.


O horário de almoço não demorou muito para acabar. Os três terminaram suas refeições e dirigiram-se para a primeira aula da tarde. Harry e Hermione trocaram olhares bastante significativos e preocupados pelo caminho e respiraram aliviados quando chegaram à sala de defesa contra as artes das trevas e perceberam que o professor estava atrasado. Rony os esperava, já sentado em sua carteira.


Neville parou perto da porta, e após respirar fundo e repetir as mesmas palavras, "tenha calma", inúmeras vezes quase em tom de sussurro, dirigiu-se até onde Malfoy e seus amigos sonserinos se encontravam.


Mostrando que não era do tipo que perdia tempo, Hermione entrou e foi logo se sentando na carteira ao lado de Rony, que segundo o esquema das duplas, era reservada exatamente para ela. Harry ficou em pé, à frente dos dois.


- Do que você se lembrou? Foi o lugar escuro, não foi? Havíamos falado dele ainda hoje... - ela perguntou, e parecia bastante preocupada.


- Sim e não. Não posso dizer que tenha realmente visto esse tal lugar, apesar de ele ter aparecido algumas vezes na minha cabeça nesses últimos dez minutos. Seria mais correto se eu dissesse que eu o senti. Foi estranho, como se eu estivesse em um lugar proibido, assistindo o sofrimento de alguém que amo sem poder ajudar. E na minha cabeça, só haveria alguma esperança de algo fosse feito rapidamente. - Rony revelou, um pouco incerto. Seus amigos provavelmente não o entenderiam.


Não houve como evitar que o corredor de camas e os ladrilhos azuis voltassem à mente de Harry. Ele e Dumbledore haviam afrontado vários funcionários do ministério da magia, entrado no "alojamento" clandestinamente e assistiram o sofrimento de uma pessoa que gostavam muito, no caso o próprio Rony. Dumbledore bem que chegou a tentar vários feitiços para fazer com que o garoto saísse da cama, mas quando nada pareceu surtir efeito, eis que ele levanta da cama sozinho. Até hoje Harry ainda se perguntava o que poderia ter resultado em melhora tão repentina.


- Será que isso não tem nenhuma relação com o que eu e Dumbledore tivemos que fazer para chegar até o lugar onde você estava? A descrição que você acabou de fazer é perfeita... - ele pensou por alguns segundos e chegou à conclusão de que aquela era uma ótima hipótese.


- Pode ser que sim. Afinal, Rony estava lá também, não é mesmo? O pano preto seria a toalha que você enxugou o rosto de Rony e o lugar escuro talvez seja só uma metáfora para descrever todo o sentimento que ele passou... Ou mesmo uma representação do verztuão "negro" que tivemos... - ela falou, por um instante quase animada, depois com um olhar decepcionado - Mas e o Neville? Ele não tem nada a ver com a história...


Os três fizeram silêncio ao pronunciar daquela observação. Haviam ficado quase felizes por terem desvendado aquele mistério, mas, desde que não encontrassem uma ligação de Neville com o incidente, estavam longe da verdade.


- Os pais de Neville estão em St. Mungos... - Rony sugeriu. - Quem sabe Neville foi visitá-los no mesmo dia que eu saí de lá?


- Ainda assim... - Harry adicionou - eu não consigo ver nenhuma relação entre a visita, que nem sabemos se ocorreu realmente, e o fato de Rony ter passado uma semana naquele hospital...


Não havia mais o que discutir sobre o assunto. Rony ainda parecia um pouco aturdido e Harry achou melhor incentivar uma conversa mais leve antes de deixar os amigos para trás e seguir até o fundo da sala, onde Grace Williams já se encontrava, com ar de quem havia passado a noite em claro. Ela havia afundado a cabeça entre os braços cruzados sobre a mesa, e provavelmente mergulhada no décimo quarto sono.


Harry bem que sentiu uma ponta de vontade de cutucá-la com a varinha e acordar a garota na base do susto, mas a onda travessa logo foi embora. Desistindo da idéia, no mínimo absurda, sentou-se na carteira ao lado sem fazer muito barulho. Já que não faria o trabalho direito, era melhor deixar para lá. Ela acordaria quando o pai chegasse de qualquer jeito.


Mal se acomodou e tirou os materiais da mochila e sentiu que um par de olhos cinzento estava voltado em sua direção. E eles vinham da carteira ao lado e estavam emolduradas por grandes olheiras.


Grace bocejou e continuou a encara-lo, como se tivesse pensando em algo para dizer.


- Tudo bem? - Harry perguntou incerto. Não se sentia muito confortável recebendo um olhar tão instigante. Na verdade,xixi só havia feito a pergunta para deixá-la irritada e para obrigá-la a virar em outra direção.


- Quase. - Ela respondeu, ainda encarando-o nos olhos. Apesar de aparentar sonolenta e um tanto fraca, conseguia fazer com suas palavras soassem firmes e determinadas.


- Não dormiu?


- Não.


- Pesadelo?


- Não. Passei a noite pensando.


- Pensando... Isso é bom. - Harry seria capaz de rir. Aquele era o diálogo mais sem graça que já tivera na vida.


- Depende no que se pensa. - Grace falou, ainda mais decidida.


Harry balançou a cabeça em resposta. Não estava muito certo do que devia fazer. Conversar com a garota como se nada houvesse acontecido seria no mínimo uma grande hipocrisia, mas talvez ela tivesse seus motivos para vir agindo de forma tão estranha. Talvez ela estivesse passando por um momento difícil e precisasse de alguém que ficasse ao seu lado e não que a perguntasse a todo minuto qual era o seu problema. Se queria realmente ajuda-la, como havia acabado de descobrir que sim, teria que conquistar sua confiança antes de tudo.


- Mas às vezes só depende de nós para que os nossos pensamentos se tornem positivos. - ele arriscou. Se quisesse descobrir qualquer coisa, sabia que não poderia ir direto ao assunto.


- Esse é o problema. Tomar a decisão que faça com que você pare de pensar besteiras, ou decidir-se por fazer as besteiras de vez e acabar com o tormento.


- Depende do tipo de besteira... - Harry começou a ficar assustado. Pelo visto, o caso era pior do que ele pensava.


Grace ergueu o pescoço, estralou o dedo e alongou os braços. Pelo visto a conversa havia ultrapassado os limites do que ele considerava adequado a se discutir com Harry. Abriu a mochila, enfiou os braços dentro dela como quem tateava um objeto no escuro e voltou com a varinha já em punho. Apontou para os livros e fez questão de mudar de assunto.


- Não vamos precisar deles hoje. Após tantas aulas teóricas, meu pai me disse que você poderá finalmente praticar o feitiço animus. A maioria das duplas terá que esperar até semana que vem, mas ele sabe que você não terá problemas com essa matéria. Precisa ver a maneira que ele fala de você. Todo orgulhoso, como se você fosse filho dele, ou algo semelhante. Ele gosta muito de você, tenha certeza disso.


Harry não podia explicar o quão estranhou foi ouvir aquelas palavras, mas isso nem se compara à surpresa que teve ao perceber que não havia nenhum tom agressivo nem invejoso nas palavras da garota. Sim, ela não parecia muito feliz, mas talvez ainda fosse resultado da noite mal dormida.


- Você e o seu pai estão se falando? - ele falou, sem esconder a expressão de espanto.


Grace reagiu como se não houvesse entendido a pergunta.


- Claro que sim. E porque motivos não nos falaríamos? Eu fiquei um pouco chateada por ter ficado sabendo do novo emprego dele, mas isso já passou há muito tempo. Ele prometeu segredo a Dumbledore, não podia ter sido de outra forma. - ela balançou os ombros, e falou com a voz mais suave do mundo. Ela queria parecer tranqüila, mas ocasionalmente soava um pouco apreensiva.


A porta da sala de defesa contra as artes das trevas se fechou. O Sr. Williams já havia colocado seus pertences sobre a sua mesa, e chamava a atenção da turma. Durante os dez minutos seguintes, explicou a atividade do dia para a turma, e principalmente o motivo pelo qual alguns poderiam começar a praticar o feitiço animus e outros permaneceriam na parte teórica. Hermione parecia no mínimo bastante chateada por ter sido incluída no grupo das duplas que seria obrigado a esperar.


- Harry, você tem alguma dúvida? - O professor perguntou, logo após terminar o seu aviso. - O mais difícil nesse feitiço é a movimentação. Se você tiver entendido o que fazer com a varinha, não vai ter problemas. Você poderia me demonstrar o que sabe?


- Sem problemas. - Harry respondeu, confiante. Já havia decorado mais palavras da teoria que achava necessário.


- Muito bem. Longbottom, o senhor é o primeiro. - Ele gritou para Neville, que se encontrava do outro lado da sala - Sr. Potter, você vem logo em seguida.


Toda sala interrompeu seus afazeres e pôs-se a observar a primeira demonstração. Neville não parecia nada confiante, mas havia fortes traços de irritação em sua face, devido ao comentário que seu parceiro havia acabado de fazer.


- Vamos Longbottom! É a chance da sua vida... Você vem esperando por esse momento ha muito tempo, não é mesmo? - Disse Malfoy entre dentes, suficientemente baixo para que não se ouvisse a sua voz na região da mesa do professor - Como se eu tivesse medo de você. Não preciso de um feitiçozinho para revelar que a minha única intenção em relação a você. Fazer com você e seus amiguinhos idiotas paguem por tudo que fizeram à minha família. E esse dia vai chegar em breve... Pode esperar.


Harry assistiu a face de Neville adquirir um tom absurdamente roxo de um momento para outro, sem nenhum motivo aparente. Havia bastante ira e determinação no olhar de Malfoy, então logo presumiu que esse fosse uns dos fatores causadores do nervosismo.


Trinta segundos se passaram sem que ninguém se atrevesse a dizer uma palavra. Neville se concentrava e fazia o maior dos esforços não encarar Malfoy nos olhos. Sentia tanta raiva que sabia que seria capaz de fazer uma besteira. Ergueu os braços, varinha já em punho e presa entre os dedos das duas mãos. Estava pronto.


- Revelatio animus! - Neville gritou com todo o vigor. Malfoy sorria em resposta.


Fagulhas marrom-chocolate surgiram da varinha de Neville e foram em direção em Draco. Estava longe de ser um feitiço perfeito, mas como já haviam estudado, aquela coloração significava que o enfeitiçado teria grande dificuldade para resistir. Alguns, menos confiantes da capacidade do grifinórios, deixaram escapar algumas sinceras exclamações, como se para Neville, estivesse mais que suficiente.


Malfoy foi atingido na direção do peito, ainda com aquele sorriso considerado pela maioria, um tanto sádico. Seu tronco se esticou imediatamente e ele abriu a boca, prestes a dizer algo, quando inesperado aconteceu. As singelas fagulhas de Neville, tornaram-se prateadas e saíram velozmente em direção da cabeça do enfeitiçado, como se houvessem misteriosamente criado vida própria. Malfoy foi iluminado por uma forte luz branca, que aparentemente havia surgido do nada.


E assim permaneceu por quase cinco minutos, sem revelar intenção nenhuma, paralisado pelo poder do feitiço. Neville esperava ansiosamente pelo momento que sua magia teria fim, sem mais se preocupar com o seu desempenho. Um sentimento de pânico o invadiu, quando Harry lançou-lhe um olhar de apoio e pelos segundos seguintes, revezou a visão entre a luz branca em volta de Malfoy e um clarão que tomou conta de sua mente. Estava apavorado. Só pensava em ir à enfermaria o mais rápido possível e tomar uma poção para dor de cabeça.


Malfoy abriu os olhos e todo e qualquer forma de clarão desapareceu. Outro sorriso surgiu em seu rosto. Sabia melhor do que ninguém que havia resistido ao feitiço.


O professor assistia à cena com uma expressão pensativa. Estava visivelmente surpreso.


- Parabéns Sr. Malfoy, nunca imaginaria que o Sr. Fosse capaz de resistir ao Sr. Longbottom. Se eu disser que o feitiço saiu com metade de sua capacidade, estarei mentindo, porque não chegou a tanto. Mas ainda assim foi espantoso. Dez pontos para a sonserina. Sr. Longbottom, você está longe de conseguir uma nota satisfatória nos exames, portanto quero que dê o melhor de si. Você tem uma semana para aprender ao menos realizar um feitiço de trinta por cento de força, que é o exigido nesse bimestre.- ele falava como se houvesse acabado de chegar ao planeta terra e os humanos fossem novidade para ele. Encarava cada aluno com uma ponta de desconfiança - Mudança de planos. - Ele disse imediatamente - Eu quero que cada um de vocês me mostre o que aprendeu até agora. Sr. Longbottom, pode ir. Sr. Potter, venha até aqui.


- Onde o Sr. quer que eu vá? - Neville perguntou, assustado. A dor de cabeça era tanta que ele via tudo rodando. E a paisagem branca ainda dentro de sua cabeça.


- Para a enfermaria, você está precisando, não é mesmo? Você está com uma aparência horrível.


Os alunos, inclusive Harry, que estava se encaminhando até a direção do professor, ergueram as cabeças e olharam para Neville. Ele parecia um pouco nervoso, mas nada como o horrível descrito pelo Sr. Williams.
Neville saiu da sala sem muitas demoras. Ninguém deu atenção ao fato, preocupavam-se muito mais com o feitiço que precisariam botar em prática e que a maioria certamente não conseguiria sem mesmo pronunciar as palavras certas com firmeza.


Grace também parecia bastante pensativa enquanto vigiava os passos de Harry. Ela, ao contrário dos outros, sabia que aquela luz branca não havia sido gerada pela resistência de Draco Malfoy. Havia algo mais acontecendo naquela sala.


Harry parou em frente ao professor, sentindo-se levemente mal. Era sempre ele o obrigado a esperar, a pessoa com obrigação de se apresentar ao professor perante toda a turma. Não havia feito nada de errado dessa vez.


- Vou dar cinco minutos para que a turma pratique mais um pouco enquanto eu converso com o Sr. Potter. - o professor falou, visando voltar a atenção dos alunos para outro lugar que não fosse a parte da frente da sala.


Poucos realmente continuaram a olhar naquela direção, com exceção, naturalmente, de Rony e Hermione. Ela já havia revelado as intenções do amigo no salão comunal inúmeras vezes, apesar de nenhum deles ter compreendido quando as palavras "Intenções óbvias" saíram da boca do rapaz. Acabaram por achar que algo havia dado errado e que precisavam de mais prática.


- Sim, professor? - Harry perguntou, um pouco indisposto.


- Não precisa me chamar assim agora, Harry. - O Sr. Williams falou, com a voz tranqüila, mas ainda soando levemente distante - Eu não quero falar como professor e sim como uma pessoa que se preocupa com você. Quero falar como a pessoa que o acolheu na própria casa quando você precisou.


Harry, sem a menor intenção, contraiu a expressão facial. Aquele era definitivamente o dia onde as pessoas haviam reservado para se mostrarem preocupadas e no mínimo simpáticas, como era o caso de Grace, que havia se mantido no casulo por mais de um mês.


- Tudo bem, pode falar - ele incentivou, um pouco preocupado. O Sr. Williams era uma pessoa que ele confiava e se havia começado a conversa daquela maneira, era porque devia se preparar para uma bomba.


- Não precisa se preocupar. - ele sorriu, ao ver a cara de Harry - não é nada sério. Dumbledore andou conversando comigo e eu sei que você está se saindo mal nas aulas de oclumência.


- Mal? Eu estou péssimo.


- É. Na verdade você está se saindo muito mal mesmo. E esse é um dos motivos pelo qual eu te chamei aqui. O primeiro for para dizer que você não precisa se preocupar tanto em realizar o feitiço animus. Esse feitiço já caiu em desuso há muito tempo e dificilmente vai te ajudar em um momento de dificuldade.


- Como assim? - Harry perguntou, achando tudo ainda mais estranho. Um professor aconselhando os alunos à não aprenderem a matéria...


- Você não percebeu ainda o porque de eu estar aplicando essa matéria nessa turma? O importante não é que você aprenda a realizar esse feitiço e sim que consiga bloqueá-lo. Dumbledore acha que se você for capaz de fazer isso, também poderá fechar a mente.


- E como eu vou aprender, você mesmo disse que é quase impossível...


- Quase não é impossível, Harry. Eu andei prestando atenção na turma durante todo esse tempo e somente três pessoas estão realmente aptas a realizar esse feitiço. Eu nunca exigi demais da turma, porque, para você ter uma idéia, aprendi essa matéria no meu curso de auror... Só dei uma pausa no conteúdo à pedido de Dumbledore.


- Sim. Malfoy, Grace e Hermione. - Harry falou.


- A Sr. Granger está quase lá, mas não, não é ela.


- Quem então? - ele perguntou, assustado. Só poderia ser alguém da sonserina.


- Você.


- Eu?


- E quem mais poderia ser...


Harry encarou o ex-vizinho com o olhar mais assustado que conseguiu. Se havia sido proibido por ele de chegar de fato a produzir o feitiço na sala de aula...


- Eu? - ele tornou a repetir - Mas eu nunca nem me atrevi a experimentar esse feitiço ainda...


- Mas eu prestei atenção na maneira que você e Grace praticaram e me surpreenderia muito se você não conseguisse. Mas a questão não é essa, eu quero que você se concentre o máximo em tentar bloquear o feitiço na próxima aula, tudo bem?


- Tudo bem. - Harry respondeu sem muita animação.


Foram liberados logo após todas as duplas serem supervisionadas. Quase nenhuma se saiu muito bem. Hermione conseguiu arrancar novas palavras da boca de Rony. "Pistas de mais sobre a minha intenção já foram reveladas" e segundo o professor, seu feitiço havia alcançado setenta por cento da capacidade total.


- Mas depois de tanto esforço, apenas setenta por cento? - Ela perguntou, frustrada.


- Setenta por cento é muito, Hermione. - Harry respondeu sem muita animação.


- Muito para quem? - ela falou, bastante mal humorada. Não havia gostado nenhum pouco do comentário.


- Para mim? - Rony arriscou. O máximo que havia arrancado de Hermione eram as palavras "Quase" e "Não".


- O Sr. Williams me disse que essa é uma matéria do curso para aurores. Então se você conseguiu esse número, provavelmente é uma ótima notícia.
- Aurores? - Rony perguntou, espantado.


Harry concordou com a cabeça. Relatou toda a conversa que tivera com o Sr. Williams, com exceção da parte que ouvira sobre ser ou não capaz de realizar o feitiço animus. Ele mesmo chegara à conclusão de que o professor estava enganado. Seus amigos escutaram com atenção e nada mais falaram sobre o assunto a caminho da caba de Hagrid. Concordaram com a parte que haviam escutado e isso já era suficiente.


Hagrid, apesar de beirar a exaustão, como ele mesmo fez questão de dizer logo que os garotos entraram, encontrava-se em seu melhor humor. Ofereceu-lhes os já conhecidos quadradinhos de chocolate e também lhes preparou uma grande jarra de suco de abóbora. Canino, o cão de caçar javalis, pulou no colo de Harry no momento que ele entrou.


Permaneceram por ali por mais que uma hora. Não conversaram sobre nada muito importante, ou corriqueiro, como o andamento das aulas de trato das criaturas mágicas, algumas notícias do profeta diário, criticaram Cornélio Fudge...


- Me surpreende que os comensais da morte ainda estejam presos. Malfoy nos disse ano passado que os dementadores haviam fugido de azkaban... - Harry falou.


- Não. Eles nunca chegaram realmente a fugir de Azkaban, mas passaram por um período de rebeldia, isso é verdade. Não se sabe realmente o que aconteceu, o ministério nunca chegou a divulgar, mas parece que eles estão mais obedientes ultimamente. Dumbledore acha que a escuridão deve ter afetado-os de alguma maneira.


- É possível. - Hermione adicionou - Mas, Hagrid, você ainda não nos falou sobre Grope. Como... uhm... Como ele está?


Hagrid abriu um meio sorriso e deixou de lado a caneca que levava na mão.
- Que bom que você perguntou, Hermione. Ele está bem sim. Aprendeu umas dez mais palavras em inglês. A notícia ruim é que ele terá que ir embora de Hogwarts.


- O que? - Hermione perguntou, espantada. Era visível que Hagrid não estava muito satisfeito, mas ela não tinha muita certeza se aquele era um motivo para se entristecer. - e porque?


- Porque é assim que tem que ser, Hermione... eu nunca deveria tê-lo trazido para cá. - ele falou, sombriamente.


- Como assim? Ele é seu irmão, é compreensível que você quisesse traze-lo consigo... São os centauros, não são? Eles parecem não aprovar a presença dele na floresta.


- Eles não aprovam. - Hagrid respondeu tristemente.


Quando os três adolescentes deixaram a cabana do amigo, um vento frio e suave corria na direção contrária de seus passos. O sol se punha no horizonte e uma paisagem alaranjada iluminava o castelo de hogwarts. As arvores da floresta dançavam sobre a grama e balançavam os galhos quase sincronizadamente.


- Hagrid estava estranho, vocês não achamxit? - Rony quebrou o silêncio.

Um pouco, mas na verdade eu acho que, mesmo tendo tentado disfarçar ao máximo, ele estava triste. Algo deve ter acontecido para o Grope ter que ir embora. Vocês perceberam a maneira que ele respondeu quando eu perguntei.


Harry concordou, perguntando-se o que poderia ter acontecido. Continuou caminhando até a mesa da grifinória e ali gozou de um jantar perfeitamente normal, sem preocupações.

***


- Thiago, você vai passar a goles para a Gina, que vai atravessar o campo e vai passar essa bola para o Jamie lá na frente. A lufa-lufa tem bons marcadores, então é possível que o lado direito do campo está todo bloqueado, que é de onde a Gina vai sair. Mas enquanto ela está atravessando a quadra, o Jamie deve voar para o lado contrário e jogar a bola para o Thiago, que vai, lá do alto, voar sozinho e tentar fazer o gol. Ele tem a vantagem da velocidade. Vamos treinar isso agora.


Os jogadores do time de quadribol da grifinória estavam todos sentados no chão, prestando atenção às palavras de Harry. Haviam reservado o dia para treinar as fintas. Jamie, o loirinho, parecia preste a cair no choro quando levantou a mão, receoso. Sabia que seria recriminado.


- O que eu devo fazer depois que a Gina atravessar o campo? - Ele perguntou.


- Você vai estar lá na frente, esperando o passe. - Harry retirou a varinha do bolso e começou a fazer desenhos no ar - E depois disso, você vai jogar a bola para cima, quando o Thiago estiver a uma distância de vinte metros de você. Vamos tentar botar em prática e se houver alguma dúvida ai nós resolvemos.


Os três artilheiros puseram-se de pé e imediatamente deram o impulso para iniciar o vôo. Harry sempre admirava a firebolt II quando Thiago subia no ar. Era a vassoura mais bonita que já havia visto na vida.


- Rony, você vai jogar mais avançado nessa primeira partida. A Lufa-lufa tem batedores muito bons, mas uns dos artilheiros tem menos facilidade em chegar nas bolas baixas que os outros. Então podemos ter quase certeza que grande parte dos lances ao aro virá de cima. Se você ficar posicionado a alguns metros à frente do aro, uns dez no mínimo, será mais difícil permitir que alguma bola entre.


- Tudo bem, mas e quanto aos outros dois jogadores? Eles podem muito perceber minha tática, então a parte de baixo ficará quase livre para que eles voem e ainda consigam passar por mim. O melhor seria que eu jogasse mais recuado. Sei que não é a melhor maneira para salvar o gol, mas o ataque da lufa-lufa está muito bom.


- Você tem razão... Vai lá e ponha isso em prática. Vocês dois - ele apontou para os batedores - já sabem o que fazer.


O treino começou animado. Os batedores tinham que circular no centro da quadra e periodicamente servirem de apoio no fundo da quadra. Harry deixou seu papel de apanhador de lado por alguns instantes e fez o papel de artilheiro da equipe adversária. Seu trabalho era tentar infiltrar na defesa. O resultado foi muito bom. Ele estava jogando melhor do que normalmente o fazia e os batedores estavam se superando. Rony, como goleiro não cometeu nenhuma falha.


- Muito bom! Se continuarmos nesse ritmo, a lufa-lufa não terá nenhuma chance nesse jogo! E talvez nem mesmo a sonserina estará preparada o bastante para nos vencer. Jamie, você está se afastando demais na hora da finta, mas isso a gente resolve no próximo treino. Talvez eu não possa estar aqui com vocês, mas o Rony ficará no meu lugar.


Os jogadores, sujos e emporcalhados de lama, suados do pé à cabeça, chiaram. Não achavam que um treino podia ser realmente proveitoso sem alguém que lhes desse as instruções. Rony era muito bom, mas precisavam do técnico. E se esse se ausentasse nos treinos não poderia exigir muito da equipe.


- De novo, Harry? Nem Fred e Jorge cumpriam tanta detenção assim! - Gina falou - Como poderemos dar continuação ao treinamento das fintas se você não estiver aqui?


Harry sabia que ela tinha razão e que um verdadeiro capitão deveria dedicar toda atenção ao seu time, mas a culpa não era sua. Deviam reclamar para Dumbledore.


- Não estarei em detenção. Eu tenho que cumprir umas obrigações e garanto a vocês que preferia mil vezes poder estar aqui. Mas também ainda não está garantido! Vou fazer o maior esforço possível para transferir o meu compromisso para outro dia.


Os jogadores não saíram muito satisfeitos, ainda assim, Harry parecia muito mais inconformado que qualquer um deleduryirsis. A vontade que sentiu foi a de sair correndo e ir implorar por ajuda ao professor Williams. Talvez com ele obtivesse algum progresso maior no fechamento de sua mente. Como ele se sentia incompetente!


- Que cara é essa? - Hermione encontrou os dois amigos na entrada da escola. Nem precisou especificar que estava falando com Harry.


- Dumbledore quer que eu tenha lições de oclumência no mesmo dia do treino de quadribol. Como a grifinória pode ter alguma chance de ganhar, desse jeito? Sem um capitão para orientar a equipe?


Rony parou no meio do corredor, com cara de quem havia experimentado um sabor muito desagradável. Já era tarde da noite e não havia ninguém por aquelas bandas.


- Espere ai, também. Eu não sou tão ruim assim, posso dar conta do treino de quadribol por mais um dia! Não foi o que eu fiz quando você precisou?
Hermione ergueu os olhos, claramente de acordo com Rony. Harry, por alguma razão, sentiu-se péssimo com aquele gesto. Disse a senha à mulher gorda e entrou com grande fúria salão comunal. Jogou-se na primeira carteira que viu.


- Eu não estou falando que você não é capaz disso. Mas eu acho que, se há um capitão em uma equipe, ele é a pessoa que deve acompanha-la, senão algum dia, acabará perdendo a autoridade que tem e com toda razão! Como é que eu vou reclamar que vocês não estão treinando direito se eu nem mesmo vou aos treinos? Isso é o que eu estou falando! - ele quase gritou.
Hermione fechou a porta calmamente e resolveu permanecer a uma distância considerável de Harry. Rony ainda parecia um pouco chateado, mas não deixou de cumprir sua obrigação como amigo. Sentando-se em uma poltrona próxima à de Harry, ele falou:


- O que você deve fazer é expor tudo isso que você acabou de nos contar a Dumbledore. - ele falou com calma.


Harry abriu um sorrisinho sem graça. Dumbledore até poderia entende-lo, mas ele duvidava que isso fosse surtir alguma diferença no final das contas.
- O Harry só vai dizer isso a Dumbledore se ele achar que a taça de quadribol é mais importante que a vida vhkrjryodele. - Ela falou, olhando inicialmente para Rony e depois resolvendo encarar Harry nos olhos. - O Dumbledore está preocupado com você, não entende? Ele é um bruxo importante e está dispondo do tempo dele para que você aprenda oclumência e aprenda a se defender, mas tudo o que você consegue se preocupar é com esse jogo idiota! Quer saber o que eu acho, Harry? Acho que você está precisando amadurecer, rever suas prioridades! Você não está com raiva porque vai ter que faltar o treino e sim, porque o seu orgulho está ferido e você ainda não conseguiu fechar a sua mente! E isso só depende de você, Harry! O Rony não tem culpa se você não consegue... Ah! Esquece!


Ela saiu correndo pela escada e subiu em direção do dormitório das meninas. Rony arregalou os olhos em assombro e Harry sentiu-se um lixo. Talvez estivesse sendo imaturo, como fhdhj Hermione dissera, mas a verdade é que a sensação de impotência o invadiu. Há muito ele vinha se sentindo mal por tudo o que estava acontecendo e ouvir suas frustrações pela boca de outra pessoa era algo terrível. Por outro lado, havia magoado uma pessoa muito importante, e isso era o pior de tudo.


- O que deu nela? - Rony perguntou, bastante confuso.


Harry não respondeu. Sentiu uma dor no estômago como se houvesse acabado de levar um murro.

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