Onde tudo se constrói



Capitulo 3:
Onde tudo se constrói

A cabeça pesava. Era como se tivesse batido em uma pedra com toda a força, porem não sangrava.
Sentou-se no chão branco segurando a cabeça com uma das mãos, enquanto a outra lhe dava forças para sentar.
Olhou para os lados e constatou que não era só o chão da cor branca: os lados, o teto.
Lado? Teto? Aquilo ali não tinha nem lado nem teto. Pra ser mais exato: nem chão!
Não enxergava nada. Alias, tudo o que tinha para ser enxergado era branco. Mas ela viu algo preto e amarelo logo adiante, largado ao chão.
Não era algo, era alguém. Claro, ele estava com ela: Draco Malfoy estava deitado mais adiante desacordado.
Andou até ele com receio que caísse a qualquer momento, pois não sabia se havia algo sólido para pisar. Era tudo branco. TUDO!
No meio do caminho até Draco ela viu o papel que segurava antes de ser transportada para aquele lugar.
Ignorou um papel e cutucou Draco. Ele parecia não acordar. Levou a mão ao bolso na busca da varinha. Não estava lá.
"Droga!" Pensou Virginia "Seja lá quem nos transportou para cá, não quer o nosso bem".
Sacudiu Draco, então, com mais força. Adiantou, pois ele começou a se mexer até acordar por completo.
- Ai minha cabeça, onde estamos? - perguntou o loiro olhando ao redor, tendo a mesma visão que a ruiva.
- Eu não sei. Como será que chegamos aqui? - ela sentou-se ao seu lado, mas ele levantou com o intuito de ver algo mais. Porem, a única coisa que viu a mais foi o tal papel que pegara junto com Virginia.
- Isso deve ser a chave de um portal. - ele pegou o papel que estava mais à frente no suposto chão.
- Por que alguém iria nos transportar para cá? - ela perguntou sem encara-lo.
- Não sei. Talvez por que você é uma Auror e eu entreguei três comensais.
- Seja lá quem for...
- Ou o QUE for. - ele a corrigiu.
- Ou o que for, nos fez o favor de retirar nossas varinhas...
Ele levou a mão às vestes e soltou um palavreado não muito decente. Ela tinha ração, eles estavam desarmados.
- Tem alguma coisa escrita aqui. Vê se você consegue ler. - ele entregou o papel a mulher.
Ela pegou com cuidado e viu que lá não mais existia o poema, e sim algumas letras em latim. E leu-as:
- Venire a nos, Eros, per adjutare problema amorosu. Jam quid nos sedere idiota o sufficiente per non assumere quid nos amare". - leu a ruiva em voz alta. Ela sabia que aquilo era Latim, porem não entendeu bulhufas.
Quando ela acabou de ler, um vento forte varreu o local, levando com ele o papel que Virginia segurava. Não se sabia se já havia parado de ventar, desde que não se sabia aonde acabava o "estabelecimento".
- Ah, finalmente. Achei que vocês dois nunca me chamariam! - disse uma voz fina e irritante, muito semelhante à voz de uma criança de sete anos de idade quando faz birra.
- Quem é você? - perguntaram os dois assustados em uníssono quando vira algo semelhante a um fantasma, porem de uma criança, flutuando á alguns metros acima deles.
O fantasma parecia ser uma garotinha de apenas sete anos de idade. Usava maria-chiquinha, vestido rosa infantil e tinha uma bolsinha nas costas. Segurava um arco e flecha. Poderia ser facilmente confundida com o cupido, sendo que ela tinha cabelos pretos e olhos azuis.
- Ai, calouros! - o fantasma deu um mergulho no ar até Virginia e esticou a mão para apertar a da outra. - Sou Eros. Eu sei que você é Virginia Weasley e você Draco Malfoy.
- Como você sabe nossos nomes? - Virginia perguntou espantada ao verificar que, ao contrario dos fantasmas de Hogwarts, sua mão não atravessou a de Eros. Apertou como se ela fosse de carne e osso.
- Isso não vem ao caso. Acho que vocês querem mais é saber o por que de estarem aqui. Acertei? - disse a criatura atendida pelo nome de Eros, depois de apertar a mão de Draco e voltar ao seu lugar, no ar.
- O que vocês querem com a gente? - perguntou Draco, até então, mudo.
- Vocês? Não, não são o que NÓS queremos com vocês, e sim EU. Só temos nós três aqui.
- E o por que de tirar nossas varinhas? - Draco perguntou grosseiro.
- Vocês não vão precisar delas aqui.
- Onde é aqui? - perguntou Gina.
- Aqui é aqui. - disse Eros em tom de obviedade.
- Qual o nome daqui? - Gina tentava arrancar alguma informação, mas Eros era mesmo uma criança, gostava de brincar com os outros.
- O nome daqui é daqui. Oras, menina faça perguntas inteligentes. Você pergunta "Onde é aqui?" E já está respondendo, aqui é aqui...
- Escuta aqui, sua fedelha, nós estamos perdendo tempo. Diga logo como sair daqui e pronto! - disse Draco, á ponto de bater em alguém.
- Ah é isso? Por que vocês não perguntaram antes?
Draco lançou um olhar a Virginia como quem diz: "Viu como se resolve as coisas?". E a criança continuou:
- Não tem como sair daqui!
Draco e Gina arregalaram os olhos.
- O que? Mas se nós entramos, tem que ter como sair. - choramingou Virginia.
Draco a abraçou, impedindo que ela chorasse.
- Calma Weasley, nós vamos sair dessa. - ele passou uma das mãos em seu cabelo ruivo, desajeitado.
- Se vocês continuarem desse jeito, vão sim. - disse Eros sinceramente.
- O que você quer dizer com isso?
- No momento certo vocês saberão.
- O que? - Draco olhou incrédulo para Eros.
- Vocês dois fiarão aqui até saberem exatamente o que fazer...
- O que nós fazemos aqui. Já que não tem saída. Quer dizer, como vamos sobreviver sem comida e água...
- Vocês precisam imaginar, mas os dois precisam concordar um com o outro. Depois é só apertarem as mãos e aparecera aqui... Eu não ficarei mais aqui. Já fiz a minha parte, só depende de vocês. - disse Eros, cansada.
- Já vai tarde! - murmurou Draco, quando Eros estava se retirando. Mas ela voltou.
- Ah, outra coisa. Vocês não podem, desejar outras pessoas, que elas não aparecerão. Nem a saída. Essa ó aparecerá no momento certo.
- E qual é o momento certo?
Mas ela não respondeu, apenas sumiu, deixando Draco e Virginia a sós.
- Que ótimo... E agora o que faremos?
- Que tal mudarmos essa cor? Branco já está doendo a minha vista... - reclamou Draco.
- E faremos o que?
- O que você prefere? Praia? Uma casa enorme?- ele propôs sorrindo.
Ela sorriu engraçada.
- O que foi? Já que podemos escolher temos que aproveitar...
- Hum... - ela pareceu ponderar - Que tal uma casa no campo?
- Boa escolha, Srta. Weasley. - eles sorriram e apertaram as mãos.
Imediatamente o branco sumiu e eles se viram no meio de um campo com algumas árvores, um lago próximo, um céu azul com algumas nuvens brancas que lembrava algodão-doce, o sol brilhava lindamente, refletindo nos cabelos ruivos de Virginia e loiros de Draco.
Parados sobre um capacho da porta de uma cabana de madeira. Não paravam de fitar um ao outro, percebendo que ainda estavam de mãos dadas, Virginia puxou sua mão bruscamente.
Draco abaixou a cabeça e abriu a porta.
- É, até que a sua imaginação tem um bom gosto... - disse Draco olhando para a sala:
Havia um sofá que aparentava muito macio. No chão, um tapete de animal. Uma lareira crepitava convidativa. Acima da lareira havia uma pintura de retrato de Draco e Gina, porem eles aparentavam crianças de dez anos de idade e usavam roupas de camponeses..
Havia uma escada atrás do sofá, onde Gina resolveu subir para explorar o andar de cima.
Draco foi à direção á uma porta que tinha mais à frente. Ele descobriu que era uma cozinha.
O fogão a lenha, uma mesa redonda, alguns armários de parede e uma pia. Abriu os armários: vazios.
Virginia viu que no andar de cima não havia porta. A escada levava direto á um quarto com uma cama de casal, duas mesinha de cabeceira e outra lareira, essa, porem, apagada.
A cama era forrada por um delicioso cobertor de pele, que mesmo aquele que não tivesse com nenhum pingo de sono adoraria deitar-se.
Uma mesa com duas cadeiras também habitavam o quarto. E ela não pode deixar de perceber que não havia banheiro naquele andar. Certamente teria no inferior. Desceu novamente.
- O que achou lá de cima?
- Não tem banheiro e somente uma cama...
- Banheiro tem aqui, mas os armários estão vazios.
- Eu estou morrendo de fome.
- O que você quer comer?
- Hum... - ela pensou por um momento - Que tal um peixe assado e um vinho?
- Ótima escolha.
Eles apertaram as mãos e em uma mesa que havia ali na sala apareceu o belo almoço - ou jantar, quem sabe? - e o vinho.
A comida estava deliciosa, porem, Virginia parecia não apreciar tanto assim. E Draco percebeu isso.
- O que foi Weasley? Não está gostando da comida?
- Não é isso... - ela empurrou o prato - É que estou preocupada em sai logo daqui... Estou com medo... - ela abaixou a cabeça escondendo uma lagrima que caia de seu rosto.
- Oh, Weasley... - Draco ficou desconsertado, ele não gostava de ver mulheres chorando, muito menos Virginia. - Não fica assim, eu vou tirar a gente daqui.
Ele foi até ela e a abraçou.
- Tirar como? Estamos presos aqui... Será que alguém está preocupado com a gente?
- Claro, aposto que a qualquer momento o Potter ou mais alguém vai nos encontrar. - é claro que ele falava aquilo só pra conforta-la, ele mesmo não tinha idéia de como sairiam dali. - Vamos, nós não sabemos a hora, mas deve ser tarde. O céu está escuro.
- Só tem uma cama lá em cima...
- Você pode dormir nela. Eu sei que você não vai querer dividi-la comigo. Eu durmo aqui no sofá.
- Obrigada Malfoy... - ela o olhou nos olhos.
- Boa noite, Weasley. - ele se afastou ao perceber que seus rostos estavam muito próximos e sentou-se no sofá.
Não que não quisesse beija-la, ao contrario, era o que mais queria, mas sabia que era cedo. O que ia adiantar beija-la naquele momento e no instante seguinte ela estar lhe xingando? Não, queria que ela o perdoasse primeiro. E era o que faria.


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